Com vitória de Trump, Baku terá teste da resiliência do Acordo de ParisJá não ia ser fácil. A expectativa para as próximas duas semanas, quando será realizada a 29ª Conferência do Clima da ONU (COP29), era de que os países caminhariam em um terreno espinhoso. Com o objetivo principal de definir um novo mecanismo financeiro para mobilizar recursos para o combate ao aquecimento global nos países em desenvolvimento, a COP já corria o risco de fracasso. Agora as chances aumentaram.
Com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o país que historicamente mais contribuiu para o aquecimento global e hoje ainda é o segundo maior emissor de gases do efeito estufa do planeta deve pular fora desse esforço. Trump já disse que vai sair do Acordo de Paris. Mesmo que a delegação americana nesta COP ainda esteja sob o comando de Joe Biden, não tem muito o que eles podem fazer. Trump certamente vai desfazer assim que assumir a presidência.
A conferência que começa nesta segunda-feira (11) na capital do Azerbaijão, Baku, tem sido chamada de COP do financiamento, justamente porque tem como missão definir o que, na sopa de letrinhas habitual desse tipo de evento, recebeu a sigla NCQG, ou novo objetivo quantificado de financiamento climático.
Em bom português: vai ser preciso definir quanto dinheiro vai ser colocado na mesa para ajudar os países mais pobres a fazerem tanto suas transições para reduzir as emissões de gases de efeito estufa quanto as adaptações necessárias para os efeitos que já estão sendo sentidos e que ainda virão com as mudanças climáticas.
Esse é o grande nó dessas cúpulas basicamente desde que elas começaram a ser realizadas. Em 2009, na COP de Copenhague, foi definido que os países desenvolvidos mobilizariam US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020. Essa meta foi incorporada ao Acordo de Paris, em 2015, quando se combinou também que ela valeria por seis anos (até 2025) e depois, teria de ser revista. Exatamente o que precisa ocorrer em Baku.
Mas em 2020 e 2021, os dois primeiros de vigência, o valor não chegou nem perto de ser alcançado e há dúvidas das nações em desenvolvimento se ele realmente foi entregue em 2022, apesar de isso ter sido apontado em um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) neste ano.
Segundo a entidade – controlada pelos países doadores –, a meta teria sido até ultrapassada em 2022. Mas há desconfiança entre as nações em desenvolvimento sobre essas entregas, pois falta transparência e se considera que muita coisa é computada pelos ricos como ação climática, quando, de fato, não é. Nas últimas conferências, isso já foi sentido nas negociações e tende a se refletir de modo ainda mais intenso nas próximas duas semanas.
Agora é preciso ir além. Muito além. |
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