quinta-feira, 26 de novembro de 2015

EVENTO DA AACC

Aconteceu nesta segunda e terça-feira, evento comemorativo dos 30 anos da AACC, em Santa Cruz, e aqui ressalto as visitas que foram feitas aos empreendimentos dos/as agricultores/as familiares dos municipios do trairi.
As experiências de dona Josefa, em serra do doutor, Campo Redondo; Antônio Juncundino, Coronel Ezequiel; Pedro Giliard, em Lajes Pintadas e Mayre em Santa Cruz, mostraram e animaram os visitantes com a qualidade e diversidade dos plantios e atividades.
No segundo dia uma conversa sobre o PRONARA e o mapeamento das sementes nativas, mostrando mais uma vez a diversidade e quantidade de sementes que temos no trrairi, com destaque para a cultura da fava, em parte pelo preço que a mesma está  alcançando no mercado atual.
muito bom o evento, gratificando todos/as que vieram de outras microrregionais.

LEGISLATIVO

" É IMPORTANTE DIZER QUE O NOSSO LEGISLATIVO AINDA REPRESENTA MAJORITARIAMENTE OS INTERESSES DA ELITE DO PAÍS, BANQUEIROS OU NÃO. NÃO SÓ POR FORÇA DO FINANCIAMENTO DE CAMPANHA DE PESSOAS JURIDICAS, MAS TAMBÉM PELA FORMAÇÃO DE OPINIÃO, SEJA ATRAVÉS DAS PROPAGANDAS PARA SUSTENTAR ESSES MEIOS DE COMUNICAÇÃO". ( José Eduardo Bernardes).

BANCOS

" OS BANCOS SÃO PRATICAMENTE INCÓLUMES E UMA CRISE SISTÊMICA, PORQUE SE ELA OCORRE É DE TAL GRAVIDADE QUE VOCÊ DESTRÓI A RIQUEZA DAS FAMÍLIAS, DAS EMPRESAS ETC. NÃO HÁ OUTRO JEITO SENÃO O SOCORRO DO BANCO CENTRAL". (Luiz Gonzaga Belluzzo).

terça-feira, 24 de novembro de 2015

LIÇÕES

LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL
Em função da longa estagnação da economia mundial, os fundamentos doutrinários neoliberais adotados pelos organismos internacionais,  consubstanciado no chamado tripé macroeconômico(câmbio flutuante, superavit fiscal e regime de metas de inflação), passaram a ser questionados até por instituições como o FMI e o Banco Mundial e diversas nações implantaram mecanismos mais flexiveis e algumas caracteristicas dessas experiências internacionais podem inspirar mudanças na institucionalidade desses regimes no Brasil:
Regime Fiscal: estabelecer "bandas" e prazos mais amplos.
. Retirar os investimentos do cálculo da meta do superavit primário.
. Alterar o ano calendário do regime de metas de inflação(RMI).
. Calcular a inflação pelo núcleo de preços.
. Ampliar o debate sobre as causas da inflação e os instrumentos para combatê-la.
.Estabelecer o duplo mandato do banco central:estabilidade de preços e emprego.
. Regular o mercado do câmbio.
(POR UM  BRASIL JUSTO E SOLIDÁRIO).


CARGA TRIBUTÁRIA

"TEMOS UMA CARGA TRIBUTÁRIA QUE ONERA DESPROPORCIONALMENTE O CONSUMO POPULAR E UM SISTEMA DE EVASÃO DOS IMPOSTOS POR MEIO DOS PARAISOS FISCAIS, QUE PROVOCA UM DRENO INSUSTENTÁVEL DE RECURSOS QUE EXPLICA QUE TENHAMOS UMA ALTA TAXA DE DESEMPREGO E UM PIB QUE ESTAGNA"
(Ladislau Dowbor).

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

SOPRO DE VENTO

                       NA QUADRA PERDIDA, NO VENTO  DA  JORNADA
                  NA CONFUSÃO DA  LUA NOVA, NUMA ESTRADA PERDIDA
                   DO VENTO QUE CHEGA AOS PÉS DO LOUVOR DA CORONHA
                         DE ANTIGAS CAMINHADAS DE ESTRELA CANDORA
                            NO OLHAR DO TELHADO COBERTO PELA NOITE
                                     COM OS OLHOS FIXOS NO AMANHECER
                   E CAMINHADAS NO UNIVERSO NOVO DE UM VENTO FORTE.

Feminismo Negro

A justiça é branca e rica

Cada vez mais marginalizadas, expõem o racismo e a feminização da pobreza no Brasil
por Djamila Ribeiro publicado 22/10/2015 02h51

Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress
Juliana Cristina da Silva, 28
Juliana Cristina da Silva, 28, foi presa após atropelar e matar duas pessoas e tentar fugir. Levada ao DP, fez o teste do bafômetro, que comprovou 0,85 de álcool
No dia 15 de outubro Juliana Cristina da Silva, de 28 anos, responsável pelo atropelamento de dois operários que pintavam uma ciclo-faixa, foi libertada da prisão onde estava desde o dia do acidente, 18 último, para responder ao processo em liberdade.
Juliana terá de pagar um fiança de 20 salários mínimos, o equivalente a 15 mil reais, e comparecer ao fórum a cada dois meses. Foi comprovado que Juliana estava embriagada no momento do acidente.
José Airton de Andrade e Raimundo Barbosa dos Santos morreram vítimas do atropelamento. O primeiro deixa dois filhos e o segundo, quatro. Além de atropelar e matar os dois homens, Juliana fugiu do local do acidente e chegou a percorrer cerca de 3 quilômetros antes de ser parada pela polícia. E Juliana responderá em liberdade.
Dina Alves, advogada e ativista, concluiu uma pesquisa de mestrado nesse ano na PUC São Paulo, na qual analisou o modo pelo qual rés negras são tratadas pelo judiciário. A pesquisa Rés negras, Judiciário branco: uma análise da interseccionalidade de gênero, raça e classe na produção da punição em uma prisão paulistana, tinha o objetivo de oferecer uma análise interseccional de gênero, raça e classe sobre a distribuição desigual da punição no sistema de justiça criminal paulista e aprofundar a relação entre a feminização da pobreza e feminização da punição.
“A análise interseccional oferece possibilidades de descentralizar (ou complexar) os estudos sobre as prisões que têm privilegiado a perspectiva de classe social em detrimento de uma abordagem mais ampla e condizente com a realidade racial brasileira”, diz Dina.
“Embora as mulheres presas tenham sido objeto de crescente interesse entre pesquisadores do sistema penitenciário nacional, as mulheres negras não aparecem em suas discussões, ainda que constituam o principal grupo de presas no país. Alguns trabalhos têm mostrado que as mulheres, de modo geral, possuem uma vulnerabilidade específica, marcada por sua condição de gênero em uma sociedade estruturada a partir de desigualdades entre homens e mulheres", prossegue.
"Apesar de tais estudos ajudarem a entender a dimensão de gênero nas prisões – uma vez que elas têm o mérito de des-masculinizar as narrativas sobre o universo prisional - eles têm se revelado insuficientes no que diz respeito à especificidade da mulher negra”, conclui.
Para tal, Dina entrevistou algumas rés negras para que falassem de suas situações e eventuais violências sofridas e as histórias demonstram a parcialidade da justiça brasileira. Dina não colocou os nomes verdadeiros das mulheres, segundo ela o uso do nome fictício foi político “para preservar a imagem da entrevistada e para romper com a lógica burocrática que a reduziu a números, tanto nos seus prontuários que tive acesso, quantos nos processos criminais”. Dessas, se destaca a história de Joana.
“Eu peguei sete anos de novo e tou aqui com minha filha, e agora ela teve um bebê, meu neto. Quando fui presa, trabalhava como carroceira e morava nas ruas, embaixo do viaduto do Glicério. Eu tava na cracolândia e o policial me levou. Eu engoli três pedras de crack pra não ser presa. Já perdi as contas de quantas vezes vim pra cá. A primeira vez foi com 17 anos quando fui para a Febem, e hoje tenho 49 anos. Já vivi mais aqui do que lá fora. O que eu quero hoje é poder ficar com minha filha mais perto e meu neto. O pai do menino a polícia matou e eles querem levar meu neto para a adoção, mas eu não vou deixar. Já falei com a Pastoral”, relata uma entrevista realizada em 5 de outubro de 2014.
Sobre Joana, Dina diz: “Nos meus encontros com Joana percebi a figura de uma mulher negra, carroceira, sem dentes, obesa e dependente de drogas. A experiência de Joana como usuária e vendedora de drogas na Cracolândia ajuda a entender o que a socióloga norte-americana Julia Sudbury chama de “feminização da pobreza”.

Juliana Cristina da Silva
(Foto: Mario Angelo/Sigmapress/Folhapress)
Cada vez mais marginalizadas do acesso às esferas de produção de consumo e direitos de cidadania, mulheres negras, como Joana, figuram na economia ilegal do tráfico de drogas como vendedoras, mulas ou simplesmente consumidoras. Joana tem uma história de uso de drogas que tem tudo a ver com o processo de racismo e feminização da pobreza no Brasil.
Sua história de aprisionamento começou aos 11 anos de idade quando viveu entre as ruas e abrigos do Estado. Foi apreendida aos 17 anos de idade na atual Fundação Casa (FEBEM) e hoje cumpre pena na penitenciaria Feminina de Santana com sua filha e seu neto recém-nascido. Entre a prisão e as ruas, Joana tem a vida marcada por um assalto patriarcal ao seu corpo que pode ser visto em sua aparência doentia e envelhecida, embora possua apenas 49 anos de idade”.
Joana não teve a mesma sorte de Juliana. Joana é negra, pobre e desde muito cedo sofre com a omissão do Estado. Juliana é branca e rica e, mesmo tendo matado duas pessoas, é beneficiada pela ação do Estado que concede privilégios ao grupo branco por conta do racismo estrutural. Joana, aos 49 anos seguirá encarcerada e sem oportunidades.
Juliana, após tirar a vida de dois trabalhadores por dirigir alcoolizada, o que também configura crime, vai passar o natal com a família porque na lógica desigual racista, foi só uma moça de bem que cometeu um erro.

Opinião

Para as meninas quilombolas a hashtag não chega

Diferentemente da comoção em torno de Valentina, do Masterchef Júnior, o caso das meninas negras abusadas no interior de Goiás foi logo esquecido
por Djamila Ribeiro publicado 27/10/2015 04h26
Reprodução / TV Record
Meninas quilombolas
O caso das meninas quilombolas caiu no esquecimento
Em abril deste ano, foi noticiada a denúncia de trabalho infantil e exploração sexual contra crianças e jovens negras da comunidade quilombola Kalunga, em Cavalcante (GO), cidade localizada na Chapada dos Veadeiros, a 310 km de Brasília.
Os relatos dos abusos, investigados pela Polícia Civil, foram à época transmitidos à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (hoje Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos) pelo presidente da Associação do Quilombo Kalunga de Cavalcante (GO), Vilmar Souza Costa.
O assunto veio à tona numa reportagem da TV Record e denunciava o possível envolvimento de vereadores e ex-vereadores do município em casos de assédio sexual cometidos contra crianças e adolescentes negras.
Segundo informações da Record, o inquérito dessas denúncias surgiu no final de 2014, a partir de apontamento do Ministério Público de Goiás e mostra que Cavalcante registra, em média, cinco inquéritos similares por ano.
Após o caso de Valentina, a menina de 12 anos participante do programa Masterchef Júnior, que foi vítima de comentários criminosos por pedófilos nas redes sociais, me lembrei desse caso das meninas kalungas. Como será que o caso está?
Houve uma grande repercussão à época da denúncia, mas nada parecido com o que ocorreu com Valentina. Com isso, não estou afirmando de modo algum que a violência contra Valentina não deveria ser denunciada e apurada, estou tão somente externando um incômodo por não ter visto grandes sites feministas criarem campanhas de apoio às meninas kalungas ou maior comoção das pessoas.
A realidade dessas meninas é bem diferente da de Valentina. Tratam-se de meninas pobres que desde muito cedo vão trabalhar e ser exploradas em casas de famílias onde trabalhariam em troca de alimentos. Nesses locais, sofreriam os abusos sexuais pelos patrões. Na comunidade onde vivem não há escolas e, ao viverem longe dos pais, vivenciam maior vulnerabilidade.
Meninas negras, por sofrerem machismo e racismo, estão muito mais vulneráveis a esse tipo de abuso. Segundo dados da Unicef na pesquisa Violência Sexual, o perfil das mulheres e meninas exploradas sexualmente aponta para a exclusão social desse grupo.
A maioria é de afrodescendentes, vem de classes populares, tem baixa escolaridade, habita em espaços urbanos periféricos ou em municípios de baixo desenvolvimento socioeconômico. Muitas dessas adolescentes já sofreram inclusive algum tipo de violência (intrafamiliar ou extrafamiliar).
Ainda segundo essa pesquisa, no Centro-Oeste, o estado de Goiás é o que apresenta a situação mais grave – exatamente onde as meninas kalungas vivem.
Toda campanha criada no sentido de denunciar esse tipo violência é válida e necessária, mas é urgente pensarmos a partir de um olhar interseccional para que seja possível contemplar meninas com maior vulnerabilidade, sobretudo negras.
Pesquisei sobre a situação dessas meninas e não encontrei nenhuma informação que falasse sobre o andamento do caso. No mundo delas, onde campanhas com hashtag não as alcançam, quem não vai deixá-las cair no esquecimento?

Simone de Beauvoir e a imbecilidade sem limites de Feliciano e Gentili

A filósofa francesa realizou um estudo sério; se for pra criticar, ao menos façam comentários sérios e embasados, sem impedir ou rebaixar a reflexão
por Djamila Ribeiro publicado 03/11/2015 17h45

A total falta de conhecimento de como funciona a filosofia
A total falta de conhecimento de como funciona a filosofia
Na última semana assistimos a um grande show de horror no Brasil. Uma questão na prova do Enem que trazia uma frase da filósofa francesa Simone de Beauvoir e o tema da redação que versava sobre a persistência da violência contra a mulher, causou falsa indignação e respostas tenebrosas por parte de alguns membros da intelligentsia (muita ironia, por favor) brasileira.
Marco Feliciano, em sua página de Facebook, desaprovou a questão. Disse se tratar de tentativa de doutrinamento e completou:
“A primeira pergunta apresentado na prova do Enen (sic) deste sábado versa sobre um assunto em que em todas as esferas legislativas de nosso país foi vencida e jogada no lixo, a teoria de gênero, algo que sutilmente tentaram nos incutir de forma sorrateira e rechaçada pelos parlamentares eleitos democraticamente pela maioria da população e que todas as pesquisas apontam como maioria de fé Cristã e conservadora”, opinou.
“Essa frase da Filósofa Simone de Beauvoir é apenas opinião pessoal da autora, e me parece que a inserção desse texto, uma escolha adrede, ardilosa e discrepante do que se tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens.”
O promotor de Justiça de Sorocaba, Jorge Alberto de Oliveira Marun, também sobre Beauvoir escreveu em sua página de Facebook:
“Exame Nacional-Socialista da Doutrinação Sub-Marxista. Aprendam jovens: mulher não nasce mulher, nasce uma baranga francesa que não toma banho, não usa sutiã e não se depila. Só depois é pervertida pelo capitalismo opressor e se torna mulher que toma banho, usa sutiã e se depila”, escreveu.
A declaração fazia referência à célebre frase de Simone de Beauvoir, ”Não se nasce mulher, torna-se mulher”. O comentário ofensivo e desprovido de reflexão crítica rendeu uma nota de repúdio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para quem estuda a obra de Simone de Beauvoir como eu, foi uma alegria ver uma questão sobre sua obra numa prova de alcance nacional.
Beauvoir foi uma intelectual importante que, ao lançar O Segundo Sexo em 1949, colocou a mulher no centro do debate e rompeu com uma tradição filosófica que a mantinha invisível ou vista a partir do olhar do outro.
Quando lançou a obra, Beauvoir não se entendia como feminista ainda, nesse estudo em específico pensa a categoria de gênero por uma perspectiva existencialista e, como afirma Margaret Simons, uma das maiores especialistas em Beauvoir, posteriormente a obra adquire um caráter fundamentalmente político.
Estudar Simone de Beauvoir é de suma importância por conta de suas grandes contribuições filosóficas. Feliciano colocar a famosa frase de Beauvoir como “opinião dela” mostra seu total desconhecimento de como funciona um sistema filosófico. Maldita doxa, diriam os gregos.
Fora isso, houve uma tentativa de querer destruí-la como ser humano em vez de questionar cientifica e politicamente sua obra dentro das condições históricas a qual estava submetida.
Tanto Feliciano como Marum podem discordar do pensamento dela, mas que tenham competência crítico-argumentativa para fazê-lo em vez de destilarem machismo e burrice. Beauvoir realizou um estudo sério. Se for pra criticar, ao menos façam críticas sérias e embasadas. Não se pode impedir e nem rebaixar a reflexão crítica, por favor.
O que Beauvoir quis dizer com a frase “Não se nasce mulher, torna-se” não é de difícil entendimento. Explico: ao dizer que “não se nasce mulher, torna-se”, a filósofa francesa distingue entre a construção do “gênero” e o “sexo dado” e mostra que não seria possível atribuir às mulheres certos valores e comportamentos sociais como biologicamente determinados. Simples, não é? E faz todo sentido, o ser mulher se impõe; há uma imposição social de como as mulheres devem se comportar.
Diante das várias imbecilidades proferidas, Danilo Gentili, o imbecil mor ficou com inveja e não quis ficar de fora. Em seu programa The Noite, um de seus convidados fez piadas violentas escancarando o que há de pior no humor brasileiro.
Já escrevi sobre como o humor não está descolado dos valores da cultura, e o convidado descerebrado de Imbecili, Leo Lins, só comprovou isso ao dizer coisas do tipo: “Eu já li que a cada 12 segundos uma mulher sofre violência no Brasil, mas estou escrevendo a redação há 30 e não vi nenhuma apanhando”.
“Também é preciso ver quem fez a pesquisa... como saber se o sangue é de violência ou ciclo menstrual? Afinal, o sangue que sai de um corpo é o mesmo, não importa o buraco.”
Após esse show de desrespeito absurdo, uma fã de Imbecili criticou o fato de os “humoristas” debocharem de um tema tão sério e disse que não seria mais fã de Gentili. Ao que ele respondeu: “Mas vc jura por tudo que deixou mesmo de ser minha fã? Eu posso até depositar uma grana pra vc me enviar um contrato que nao é mais minha fa. É importante pra mim saber que nao tenho fã arrombada".
O cúmulo da falta de respeito e de civilidade.
O show de falta de respeito e de civilidade de Danilo Gentili
Gentili é o que há de pior na televisão brasileira. Debater temas como violência contra a mulher é importante para a sociedade, há inúmeras pesquisas sérias que comprovam o alto índice de mortes de mulheres por seus companheiros.
Logo debochar disso, além de mostrar que essas pessoas têm problema de caráter e revelar o que há de mais sujo e baixo, é uma forma de concordar com essa violência, de manter as coisas como estão. Gentili poderia fazer um favor à humanidade e permanecer calado até aprender a ser gente.
Apesar de toda a manifestação horrenda de Feliciano, Marun e Gentili, vejo algo positivo nisso tudo. É urgente que temas como esses sejam debatidos e ensinados, se estão incomodando é porque talvez estejamos no caminho da mudança.
Como disse Érico Veríssimo: “Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”.
As três figuras aqui citadas querem permanecer erguendo as barreiras da ignorância, do desrespeito e machismo. Façamos moinhos de vento.

Pacifismo

Dalai Lama sobre Paris: "Não esperem ajuda de Deus ou de governos"

Após os ataques terroristas em Paris, o líder espiritual tibetano disse que não se pode esperar que Deus resolva os problemas criados pelos homens
por Deutsche Welle publicado 19/11/2015 06h30

Pankaj Mistry
Dalai-Lama
"Não podemos resolver esse problema apenas através de orações", diz Dalai Lama
Para seus milhões de devotos no mundo todo, o Dalai Lama, líder espiritual do povo tibetano, é a personificação da humanidade e da compaixão.
Hoje aos 80 anos, Tenzin Gyatso, o atual Dalai Lama, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1989 e é conhecido por suas décadas de luta pela autonomia do Tibete.
Ele acredita que a sua tática do "caminho do meio", que evita extremismos, é a melhor maneira de resolver pacificamente a questão tibetana e promover a coexistência entre tibetanos e chineses.
O Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959 e, desde então, vive no exílio em Dharamsala, uma cidade no estado indiano de Himachal Pradesh.
Em entrevista à DW, ele fala sobre seu papel como o Dalai Lama, a questão tibetana e o aumento da violência global.
DW: Como você avalia os ataques terroristas em Paris?
Dalai Lama: O século 20 foi violento, mais de 200 milhões de pessoas morreram devido a guerras e outros conflitos. Vemos agora o sangue derramado no século passado transbordar para este. Se dermos mais ênfase à não violência e à harmonia, poderemos proclamar um recomeço.
A menos que façamos sérios esforços para alcançar a paz, continuaremos a ver uma reprodução do caos que a humanidade vivenciou no século 20.
As pessoas querem levar uma vida pacífica. Mas os terroristas têm vista curta, e esta é uma das causas dos desenfreados atentados suicidas. Não podemos resolver esse problema apenas através de orações.
Eu sou budista e acredito na oração. Mas foram os seres humanos que criaram esse problema, e agora estamos pedindo a Deus para resolvê-lo. É ilógico. Deus diria: resolvam-no sozinhos porque vocês mesmos o criaram.
Precisamos de uma abordagem sistemática para fomentar valores humanistas, que promovam unidade e harmonia. Se começarmos agora, há esperança de que este século possa ser diferente do anterior.
É do interesse de todos. Por isso, vamos trabalhar pela paz em nossas famílias e na sociedade, em vez de esperar pela ajuda de Deus, de Buda ou de governos.
DW: Sua mensagem principal sempre foi de paz, compaixão e tolerância religiosa, mas o mundo parece estar indo na direção oposta. A sua mensagem não ressoou nas pessoas?
DL: Eu discordo. Acho que apenas uma pequena porcentagem das pessoas adotaram o discurso da violência. Nós somos seres humanos, e não há base ou justificativa para matar outras pessoas.
Se você considera os demais como irmãos e irmãs, e respeita seus direitos, não resta espaço para a violência.
Além disso, os problemas que estamos enfrentando hoje são resultado de diferenças superficiais entre crenças religiosas e nacionalidades. Somos um só povo.

Homenagem-em-Paris
Homenagem em Paris aos mortos e feridos nos atentados da sexta-feira 13 / Vincent Gilardi/ Fotos Públicas
DW: Vemos líderes políticos obcecados com o crescimento econômico, mas que não se importam com a moralidade. Você se preocupa com essa tendência?
Nossos problemas vão aumentar se não posicionarmos princípios morais à frente do dinheiro. A moralidade é importante para todos, inclusive para religiosos e políticos.
DW: Você diz que a abordagem do "caminho do meio" ("middle way") é a melhor maneira de resolver a questão tibetana. Você acha que sua estratégia acabará sendo bem sucedida?
DL: Eu acredito que seja o melhor caminho. Muitos dos meus amigos, incluindo líderes indianos, americanos e europeus, acreditam que seja o caminho mais realista.
No Tibete, ativistas políticos, intelectuais e estudantes chineses apóiam a nossa política do "caminho do meio".
Quando encontro estudantes chineses, digo-lhes que não estamos buscando a independência da China. Eles entendem a nossa abordagem e sentem-se próximos da nossa causa.
Não é apenas no caso do Tibete; vivemos no século 21, e todos os conflitos devem ser resolvidos pelo diálogo, e não pela força.
DW: Quem vai sucedê-lo como Dalai Lama?
Eu não estou preocupado com isso. Em 2011, anunciei oficialmente que seria uma escolha dos tibetanos manter ou não a instituição do Dalai Lama. Se as pessoas acharem que essa instituição deixou de ser relevante, ela deve ser abolida.
Eu não estou mais envolvido em questões políticas, estou apenas preocupado com o bem-estar do Tibete.
DW: A Índia está passando por um aumento da intolerância religiosa. O que pensa sobre isso?
DL: Não é a imagem real da Índia. Apenas alguns indivíduos estão causando esse problema. As eleições no estado de Bihar provam que a maioria dos hindus acredita na harmonia e na coexistência.
Por Murali Krishnan 

Questão indígena

Guerra e omissão na Amazônia

A Funai é acusada de ignorar grave conflito entre duas etnias na Amazônia
por Felipe Milanez publicado 19/11/2015 11h09, última modificação 19/11/2015 11h55
Leonencio Nossa/Estadão Conteúdo
Índios-Corubo
Os corubo vivem isolados
Uma “guerra tribal”, após a omissão de agentes do Estado, teria provocado um massacre de índios isolados da etnia corubo. Servidores da Funai souberam do conflito no fim de setembro. As investigações ainda estão em curso.
Estima-se um total de 7 a 15 mortos. O incidente no Vale do Javari, no noroeste da Amazônia, fronteira com o Peru, teve início com o assassinato de dois integrantes da etnia mati em dezembro de 2014 e se desenvolve em meio a uma profunda crise na gestão do setor de indígenas isolados da Funai.
As informações até o momento indicam que os mati, após terem alertado a Funai e solicitado uma audiência com o presidente da fundação para discutir a pacificação da área, revidaram o ataque dos corubo de dezembro.
As duas etnias compartilham uma região na Terra Indígena Vale do Javari e, ultimamente, os encontros entre ambas têm sido marcados pela violência. Após o confronto mais recente, os próprios mati conduziram um contato forçado com os corubo nas proximidades da aldeia Tawaya, em 26 de setembro. Inicialmente eram dez indivíduos.
Mati
Lideranças da etnia Mati dizem ter pedido apoio, mas seus apelos não foram levados em conta / Funai
Em 10 de outubro chegaram mais 11. Segundo relatos, os corubo contraíram doenças respiratórias contagiosas e alguns têm pelo corpo marcas de tiros. Uma criança recém-nascida morreu na primeira quinzena de outubro. 
Os mati, afirma Marke Turu, da associação indígena da etnia, fizeram vários alertas à Funai sobre a extensão do conflito, pediram apoio à fundação e audiências em Brasília, o que não foi atendido até o momento.
“Se alguma coisa acontecer com os mati de novo, eles podem querer revidar. Precisa resolver a questão dos corubo isolados que estão lá. Se não providenciarem uma pacificação, pode ter mais violência”, alerta. 
O Vale do Javari é a região com a maior densidade de povos indígenas isolados no mundo. Uma área vasta, protegida, cujas principais pressões sobre o território atualmente partem de pescadores, caçadores, madeireiros e traficantes.
O primeiro contato com os corubo ocorreu em 1996, durante uma expedição liderada pelo sertanista Sydney Possuelo. Nenhum indígena perdeu a vida naquela ocasião, mas um funcionário da Funai foi morto pelos índios. Desde então, os encontros passaram a ser ocasionais. O mais comum eram os contatos visuais à beira dos rios.
Recentemente, aumentaram os conflitos entre isolados e outros povos contatados, assim como os relatos de epidemias, sobretudo malária, entre os isolados. No ano passado, um grupo de 16 corubo fez contato com agentes da Funai. Vários tinham malária ou gripe.
Travassos
Travassos: sem apoio dos sertanistas / Paulo Whitaker/Reuters

Os mati haviam avisado a Funai da presença dos isolados em roças, beira dos rios, em encontros eventuais em caçadas, e estavam preocupados com a possibilidade de confronto. Em 5 dezembro do ano passado, um grupo de seis corubo atacou os mati nas imediações da aldeia Todawak, no Rio Coari.
No embate morreram Ivan e Dame Matis. A União dos Povos Indígenas do Javari pediu formalmente o apoio da Funai na mediação e solicitou uma reunião em Brasília para traçar uma estratégia de pacificação.
Em carta, indígenas afirmam que o “problema deveria ser resolvido entre as etnias na forma tradicional”. Com os apelos ignorados, a associação dos mati atribui as mortes a erros da Funai cometidos no contato com os 16 corubo anteriores ao assassinato dos dois integrantes de sua etnia. 
Há muitas queixas em relação à fundação. Mesmo ciente dos riscos de confrontos sangrentos no Vale do Javari e da necessidade de mais técnicos em campo, Carlos Travassos, coordenador-geral de índios isolados, deslocou funcionários especializados para prestar assistência à filha do ministro Aloizio Mercadante, que produz um documentário sobre índios isolados em Mato Grosso.
Um dos mais experientes sertanistas da Funai, em vez de ser enviado para apoiar os trabalhos emergenciais, foi deslocado para dar suporte às filmagens de Mariana Mercadante, amiga pessoal de Travassos, e da cineasta Renata Terra, que tentava encontrar outro agrupamento indígena de recente contato, os piripkura, um subgrupo tupi-kawahiwa.
Mapa

Segundo apurou CartaCapital, a tentativa de contato, que serviria apenas para preencher cenas do documentário, não se concretizou.
A Coordenadoria de Índios Isolados vive uma crise interna. Sertanistas antigos, alguns aposentados e outros em atividade, formalmente acusaram Travassos de cometer uma série de irregularidades e de má gestão e pediram em agosto a sua saída do cargo.
Entre os problemas apontados estava justamente a falta de atenção para o iminente conflito no Vale do Javari, além de um projeto de cooperação com a organização Centro de Trabalho Indigenista a partir de um contrato com o BNDES por meio do Fundo Amazônia.
“Estão privatizando a área de índios isolados”, acusa Possuelo. O presidente da Funai, João Pedro da Costa, não atendeu ao pedido de entrevista. Travassos também não quis se pronunciar.
Todos os indígenas recém-contatados precisam de assistência especial. No Javari foram 37 corubo ao todo: 21 em setembro, 16 no ano passado. No Acre, dos 38 sapanawa contatados em junho de 2014, ao menos um foi atingido por pneumonia.
Sem alimentação, parte mudou-se para perto de uma comunidade não indígena, o que a deixa mais vulnerável. Também nesse caso antropólogos e indigenistas acusam a Funai de omissão.
O descaso ainda põe em risco os funcionários da fundação que atuam em campo. Um servidor enviado para investigar o massacre chegou a ser mantido refém pelos mati, que estão zangados com o pouco caso do órgão público.
O Ministério da Saúde informou em nota que os casos de contato com indígenas isolados são tratados como emergência sanitária e que estabeleceu um plano de contingência para o caso dos corubo.
O isolamento para evitar epidemias é fundamental em situações de contato, mas politicamente delicado. Por isso a organização deveria ter sido feita pela Funai, que até agora não colocou em campo uma equipe para a segurança dos indígenas e dos funcionários. 

"Me colocaram numa mesa chamada Navio Negreiro"; veja 5 relatos de racismo

Flávio Ilha
Colaboração para o UOL, de Porto Alegre
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Os relatos de racismo sempre envolvem ocorrências traumáticas, quando não violentas mesmo. São histórias que ficam para a vida inteira, caso da cantora Elza Soares que presenciou sua primeira experiência nos anos de 1940. Ou no caso do Frei David, que mudou radicalmente sua postura pessoal depois de ser humilhado junto aos negros de sua turma de seminário.
Confira abaixo alguns registros dramáticos de racismo. 
Divulgação
Elza Soares, 85, cantora que lançou "A Mulher do Fim do Mundo"
  • "Eu era uma criança, não tinha nem dez anos, mas já ajudava a minha mãe, que lavava roupa para fora. Como era comum naquela época [início dos anos 1940], não podíamos usar o elevador social dos prédios, só o de serviço. Uma coisa estúpida. Mas naquele dia, que eu nunca esqueci, o elevador de serviço estava dando defeito. Com uma trouxa de roupa nos braços, minha mãe não viu que a cabine estava em outro andar quando abriu a porta e se esborrachou no fosso. Foi uma cena desumana. O porteiro não avisou sobre o defeito e tampouco nos deixou usar o elevador social. Empregados, quase sempre negros, não podiam. Minha mãe se machucou bastante, mas mesmo assim ninguém foi solidário com ela. Teve que sair pelos fundos, para não incomodar os moradores. Só muitos anos depois, já adulta, é que consegui processar essa imagem. Eu sabia o que era o racismo, mas não desconfiava que podia tomar essa dimensão. É uma doença que continua até hoje. E para a qual, infelizmente, não tem vacina."
Divulgação
Cleiton Silvestre Munhoz de Freitas, 54, vereador (PDT) em Porto Alegre
  • "Era estudante de direito e combinei com um amigo de universidade, como sempre fazíamos nas sextas-feiras, de nos encontrarmos depois da aula. Ele era branco e estudava engenharia. Tínhamos uns 20 anos, mais ou menos. Desci do ônibus e fui caminhando pelo Bom Fim [bairro boêmio de Porto Alegre nos anos de 1980], que estava cheio de gente, até dar de cara com uma patrulha da Brigada Militar. Eles vieram direto em mim. Perguntaram o que eu estava fazendo, para onde ia, o que levava na pasta. Diziam que eu não tinha que estar ali. Quando informei que era estudante de direito, que ia encontrar um amigo, riram. Mostrei o que tinha pasta, mas eles não se satisfizeram e jogaram tudo o que tinha dentro no chão, incluindo minha marmita e uma versão do Código Civil – que virou meu amuleto. Ninguém me ajudou. Quando pedi que juntassem meus pertences, ficaram furiosos. Fui salvo pelo comandante da operação, um capitão negro que juntou minhas coisas sozinho e me devolveu a pasta. Percebi ali que a violência policial contra os negros é uma exigência da sociedade."
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Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro
  • "Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos convidados a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais."
Rodrigo Lobo/Roi Roi Filme
Fabiana Moraes, jornalista e socióloga, autora do livro "No país do racismo institucional"
  • "Fui a primeira pessoa da minha família a entrar numa universidade. Na minha turma, de 40 alunos eu era uma das duas negras. Foi justamente a partir desse lugar que comecei a perceber com mais nitidez os olhares que tinham como base a cor da minha pele. Comecei a ser tratada como 'nega', o que não acontecia no Alto José Bonifácio [bairro da periferia de Recife], onde meu pai ainda mora. Comecei a estagiar no sétimo período do curso de jornalismo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Estava no lugar que queria, começando a fazer o que queria: escrever sobre a cidade, sobre cultura, sobre política. Tempos depois fui contratada. Aí um colega veio me parabenizar e falou que era muito legal que eu tivesse conseguido emprego em um lugar de prestígio. Ele me contou: 'Uma colega da turma disse que estagiar no jornal seria o máximo que você conseguiria na vida'. A explicação dessa pessoa é que eu 'não tinha base' para mais. Aquilo me doeu muito. E tenho certeza de que esse comentário não seria destinado a alguém que viesse de um colégio famoso, alguém branco, de sobrenome conhecido."
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Nayce Samara, 22, modelo que relatou seu caso de racismo no Facebook
  • "Estava voltando para casa depois de um desfile e, dentro do ônibus, que ia para a Celândia [cidade-satélite de Brasília], havia duas senhoras sentadas. Eu estava em pé ao lado delas, com um turbante, que eu costumo usar bastante. Como elas cochichavam sobre mim, tentei ouvir. Diziam que eu até era bonita, mas que com aquele lenço de macumbeira para cobrir o meu cabelo ruim, eu ficava feia. Fiquei muito triste e com raiva também, rebaixada, enojada, mas apenas consegui dizer para elas que ruim era o preconceito que tinham, não o meu cabelo. Elas ficaram sem graça e tentaram se explicar, mas eu disse que não era preciso. Como já estava próximo do meu ponto, fui para a parte de trás do ônibus e engoli. O racismo é diário, comum. Ruim é sobreviver dia a dia nessa sociedade doente, racista, homofóbica, machista e preconceituosa. Mas ficar calada, para mim, não é mais uma opção. Chega."  
     
(Colaborou Cristiane Capuchinho)
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Com 'selfies' da própria mão, artista questiona racismo e intolerância no Instagram12 fotos

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O artista plástico paulistano Moisés Patricio, 26, oferece a mão --quase literalmente-- a seus seguidores no Instagram (@moisespatricio). Há quase dois anos, ele se impôs o desafio de publicar uma foto por dia na rede social, como parte de um projeto que questiona o racismo e a intolerância religiosa de cada dia, motivado pela própria experiência Reprodução/Instagram