sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Crise

Desemprego e violência levam calamidade ao Nordeste

por Carlos Drummond — publicado 28/08/2018 00h30, última modificação 27/08/2018 15h37
Crise econômica e corte de investimentos, mais que de benefícios sociais, afetam a região com intensidade redobrada
Bobby Fabisak/JC Imagem
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O desemprego está em torno de 13% no País, mas nas regiões metropolitanas do Nordeste chega a 17% e no interior tem oscilado entre 14% e 15%
Os males da recessão e da austeridade da política econômica do governo federal foram agravados no Nordeste pela intensificação da seca em 2015 e 2016 e a população agora sofre com um desemprego de 17% nas grandes cidades, muito acima da elevada média nacional, em torno de 13%.
A causa principal da crise devastadora do mercado de trabalho, acompanhada de aumento da miséria e explosão de violência inédita, não é, entretanto, o corte de recursos dos programas sociais, conforme apontam explicações mal informadas e com frequência preconceituosas, mas o quase estancamento dos investimentos na expansão da capacidade produtiva e, por consequência, do emprego, que compõe a maior parte do total acumulado de 853,5 bilhões de reais em recursos de política pública destinados aos estados nordestinos entre 2000 e 2015, dos quais 209,2 bilhões, ou 24,5% daquela soma, endereçados aos programas Bolsa Família e Benefícios de Prestação Continuada.
A forte contração de todos os aportes para a região gerou uma situação semelhante à do período da crise da dívida externa nos anos 1980, piorada em muito durante os governos de FHC, marcados por valorização do real, juros elevados, privatizações em massa, baixo crescimento e desmonte da capacidade estatal de atuação no planejamento do desenvolvimento regional. Estas são algumas das conclusões de especialistas em relação ao tema ouvidos por CartaCapital, relatadas a seguir.
Após uma década de redução dos desequilíbrios regionais, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE mostra no primeiro trimestre deste ano, em relação à população ocupada, uma diminuição de 1,7 milhão de pessoas no Nordeste e de 1,4 milhão no restante do Brasil, correspondentes a variações negativas de 7,6% nos estados nordestinos e de 1,6% nas demais unidades da federação.
O desastre ocupacional na região, detalha o economista Felipe Macedo de Holanda, presidente do Instituto de Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos, resultou na expulsão do mercado de trabalho de 933 mil empregados com carteira assinada e de 662 mil trabalhadores por conta própria.
No primeiro caso, destacam-se os declínios de 19,8% no contingente de empregados com carteira assinada em Pernambuco, 247 mil pessoas no total, e de 16,7% na Bahia, perfazendo neste caso 306 mil indivíduos. “O esfacelamento dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento no setor de óleo e gás e as agruras enfrentadas pela indústria de transformação explicam muito da destruição de ocupações urbanas, inclusive nos estados de Alagoas, Ceará e Rio Grande do Norte”, dispara Holanda.
Acrescente-se o fato grave de que, do total de 2,09 milhões de extremamente pobres surgidos entre 2015 e 2017 no País, 1,51 milhão, ou 72,3%, estão no Nordeste. São considerados extremamente pobres aqueles que vivem com menos de 5,89 reais por dia, o equivalente a 1,90 dólar à taxa de câmbio média de 2017. Holanda acredita que talvez seja necessário adotar medidas de política keynesiana tradicional, como frentes de trabalho de obras contra a seca, para lidar com o desemprego e a redução das transferências federais.
Alguns sinais indicam o risco de se chegar a esse ponto: “Há colapso das finanças na ampla maioria dos municípios, especialmente no Semiárido e no Maranhão. Prevê-se nova crise hídrica, o que, num contexto de queda abrupta dos gastos federais, elevará na região a mortalidade infantil, a violência e o consumo de crack, em uma escalada que deve atingir também municípios médios e provocar crise no sistema prisional, entre outros sintomas do agravamento da questão social”, acrescenta o economista.
“O desemprego médio no Brasil está hoje em torno de 13%, enquanto nas áreas metropolitanas do Nordeste é de 17% e no interior da região oscila em torno de 14% e 15%”, aponta a economista e consultora Tania Bacelar de Araújo, professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco e ex-diretora da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
O mercado de trabalho nordestino, diz, historicamente é mais difícil do que nas regiões mais dinâmicas do Brasil. “Nós temos 28% da população e 14% da economia nacional. Isso gera uma dificuldade estrutural de encontrar oportunidades de inserção na vida produtiva. É uma marca antiga, que deu uma melhorada, mas não mudou em profundidade. Recife e Salvador sempre lideravam as taxas de desemprego no País e isso continua acontecendo.”
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Em Fortaleza, uma das cidades mais perigosas do planeta, grupos criminosos expulsam das casas famílias que veem como ameaças aos seus planos (Foto: Jarbas Oliveira/Folhapress)
O mercado formal, prossegue, que vinha muito bem durante o ciclo de investimentos que a região viveu nos anos dos governos Lula e Dilma, mostra também uma dificuldade maior que a do Brasil. Parte do boom positivo decorria de investimentos tanto industriais quanto em infraestrutura, a exemplo de aeroportos que se modernizaram, da Transnordestina e da transposição do Rio São Francisco, um conjunto de obras que geraram muitos empregos, principalmente na construção civil.
A crise atingiu com força a construção civil e a região paga um custo humano muito alto, sobretudo no Nordeste Oriental (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará). No setor de petróleo e gás, há sérios problemas. A refinaria de Pernambuco não foi completada, as duas outras previstas para o Maranhão e o Ceará foram canceladas. A refinaria e as plantas a ela associadas da petroquímica em Suape serão desestatizadas. “Está tudo à venda. Aliás, o Brasil está à venda, infelizmente”, lamenta a economista.
A redução drástica do volume significativo de recursos de políticas públicas destinados ao Nordeste entre 2000 e 2015 é a principal explicação para o desastre econômico e social que se agrava dia após dia. O aporte total acumulado no período foi de 853,5 bilhões de reais, computa Aristides Monteiro Neto, técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) especialista em desenvolvimento econômico, economia regional e políticas públicas.
Desse montante apenas 25% são, entretanto, transferências do Programa Bolsa Família e dos Benefícios de Prestação Continuada, estes ligados à previdência rural, às aposentadorias e ao apoio a deficientes. Os dois programas sociais receberam 209,2 bilhões de reais. O principal instrumento de política regional explícita, diz, é o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), gerido pelo Banco do Nordeste (BNB), que totalizou 156 bilhões.
Somando-se 435 bilhões do BNDES, que não é regional mas cumpriu um papel importante, têm-se uma capacidade muito grande de financiamento da atividade produtiva, em geral de empreendimentos privados, embora o banco nacional de desenvolvimento financie também projetos públicos de infraestrutura como a refinaria em Pernambuco, chama atenção Monteiro Neto.
“Isso põe por terra a tese – e nisso eu sempre falo – de que o governo cuidou, no Nordeste e no restante do Brasil, apenas de transferir renda para as pessoas, fez só política social. Ele fez, mas procurou também transformar o parque produtivo. Se conseguiu fazer isso é outra discussão, mas colocou à disposição recursos nesse montante”, sublinha Monteiro Neto. Dados recentes, prossegue o economista, mostram que o investimento público do governo federal acumulado na região totalizou, de 2000 a 2015, 209 bilhões de reais, valor igual ao dos dois programas sociais mais importantes somados.
A ação do governo atual vai na direção oposta à do período de 2000 a 2015 e busca promover, por exemplo, uma “limpeza” no cadastro da política social e cortes tanto no Bolsa Família quanto nos Benefícios de Prestação Continuada, fontes de recursos importantes para o Nordeste. Caíram também os recursos do BNDES e do BNB, menos porque a fonte dos financiamentos diminuiu e mais por causa da queda da demanda por empréstimos. “Há um quadro grave em que os elementos alimentadores da dinâmica regional desfalecem”, analisa Monteiro Neto.
Revelador da aguda regressão social e econômica é o predomínio das cidades do Nordeste entre as 50 mais violentas do mundo, segundo a organização civil mexicana Segurança, Justiça e Paz. Natal (em 4º lugar no mundo, com 102,5 homicídios por 100 mil habitantes), Fortaleza, Vitória da Conquista (BA), Maceió, Aracaju, Feira de Santana, Recife, Salvador, João Pessoa, Campina Grande (PB) e Teresina somam 11 das 17 brasileiras incluídas entre as de maior violência no planeta, de acordo com a pesquisa.
O grupo brasileiro é o mais numeroso na amostra. Outro indicador da gravidade da situação é o aumento da desocupação armada de residências em Fortaleza por grupos criminosos rivais. Segundo a Defensoria Pública do Ceará, desde junho do ano passado 133 famílias informaram terem sido expulsas das suas casas por facções que dominam a periferia de Fortaleza.
Os expulsos são líderes comunitários que atrapalham a tomada de poder local pelos criminosos ou pessoas ligadas a moradores de bairros dominados por facções inimigas e por isso consideradas potenciais informantes, relatam os jornais.

Líder da Alemanha: nada me impede de confiar em Lula

Schulz foi líder da social-democracia alemã e presidente do Parlamento Europeu
publicado 31/08/2018
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Martin Schulz (E), representante dos social-democratas da Alemanha, e Fernando Haddad (Créditos: Juca Varella/Rede Brasil Atual)
Conversa Afiada compartilha a 193a edição do Boletim do Comitê Popular em Defesa de Lula e da Democracia:

Boletim 193 – Comitê Popular em Defesa de Lula e da Democracia

Direto de Curitiba – 30/08/2018 – 20h15

1. O ex-presidente do Partido Social-Democrata da Alemanha e ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e o vice na chapa de Lula, Fernando Haddad, visitaram o ex-presidente na tarde desta quinta-feira (30/08), em Curitiba. Schulz frisou que o Brasil está muito bem orientado e deve cumprir a determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU de garantir o direito de Lula a disputar o cargo de presidente. “Nenhum poder desse mundo poderá me impedir de confiar nesse homem”, disse Schulz, lembrando que tem com Lula um grande histórico de cooperação. Leia mais: https://lula.com.br/sobre-lula-martin-schulz-afirma-nenhum-poder-desse-mundo-podera-me-impedir-de-confiar-nesse-homem/ (...)
TV Afiada
Lula já está na TV com Haddad

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Do campo à mesa, o perigo dos agrotóxicos

por Anna Sophie Gross* — publicado 29/08/2018 00h20, última modificação 28/08/2018 15h01
Riscos não se restringem aos trabalhadores rurais e chegam também aos consumidores de alimentos brasileiros em todo o mundo

Thomas Bauer
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Franciana, mãe de sete filhos e à espera do oitavo, foi atingida grávida pela pulverização de agrotóxico.
Antônio Luís trabalhava em uma fazenda de soja no Maranhão onde preparava a mistura de substâncias para aplicação na lavoura. Em 2009, quando sua máscara de proteção parou de funcionar, ele alertou a chefia, mas foi instruído a voltar ao trabalho e parar de reclamar. Três dias depois, desmaiou. Um ano mais tarde, teve um derrame. O médico confirmou: Luís havia sofrido intoxicação por agrotóxicos. A receita preparada todas as manhãs era um composto de Zap, 2,4-D e Cobra.
Em abril, Franciana Rodrigues, então estava grávida de 5 meses, saiu de casa na motocicleta do irmão. Enquanto se afastava de sua comunidade, cercada por duas grandes fazendas de soja, um avião pulverizou uma substância que a atingiu. No mesmo instante, suas pernas começaram a doer e vieram enjoo e tontura. Franciana foi levada para um hospital local e exames de sangue revelaram o envenenamento por agrotóxicos.
Transferida às pressas para um segundo hospital, a 5 horas de distância de Araguaína (TO), onde vive, ficou sete dias internada. “Eu não conseguia respirar, quase morri”, recorda. Na época, o médico advertiu que ela tinha pressão alta, sofria de infecção nos rins e que o parto precisaria ser por cesariana devido à falta de ar de Franciana. “Se eu não estivesse usando um capacete, teria sido meu fim”.
O proprietário da terra em que os pesticidas foram pulverizados visitou Franciana logo depois que ela chegou do hospital e se ofereceu para pagar as despesas médicas e custos com alimentação durante os meses que antecederam o nascimento do bebê. Em troca, pediu silêncio.
Zap é um nome comercial para o glifosato, ingrediente ativo do Roundup da Monsanto, o mais usado no mundo, mas ligado a problemas de saúde humana e animal e ao declínio da biodiversidade. Apesar de liberado na maioria dos países, os resíduos máximos permitidos nos alimentos para consumo são drasticamente mais altos no Brasil do que na Europa: 10 vezes maior no café; 20 vezes maior na cana-de-açúcar; e 200 vezes maior na soja.
Cobra é uma marca registrada de Lactofen, substância proibida na União Europeia e usada legalmente no Brasil. Em 2008, após grande pressão de ONGs e acadêmicos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou a reavaliar seu uso, mas depois de oito anos determinou que o Cobra poderia permanecer no mercado sem alterações.
O veredicto não surpreende os críticos do processo de avaliação de agrotóxicos no Brasil. De acordo com o último relatório da Anvisa, apenas onze substâncias foram proibidas no Brasil apesar de dezenas delas terem sido banidas na UE, nos EUA e em outros países à medida que surgiram novas evidências científicas de danos.
O Brasil é hoje um dos consumidores mais vorazes de agrotóxicos do mundo, perdendo apenas para os EUA, e é o maior usuário entre os países em desenvolvimento, com gastos que chegam a 9,6 bilhões de dólares por ano. O perigo não coloca em risco apenas trabalhadores agrícolas e populações que vivem nas regiões pulverizadas: muitos agrotóxicos permanecem no meio ambiente e nos alimentos consumidos.
Existem hoje 150 substâncias autorizadas para uso no Brasil apenas na cultura da soja, 35 deles proibidos na Europa, segundo a professora da Universidade de São Paulo (USP), Larissa Bombardi. Entre os considerados mais perigosos e amplamente utilizados nas fazendas brasileiras estão acefato, atrazina, carbendazim e lactofen - todos proibidas na Europa.
Silvia Fagnani, diretora executiva do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg),  grupo a favor dos agrotóxicos, defende as diferenças entre as regulamentações da UE e brasileira. Para ela, “os produtos usados aqui podem não ser necessários em países com inverno rigoroso - frequentemente com neve - que reduz naturalmente as pragas e seus danos”.
As pesquisas feitas pelos órgãos reguladores mostram que uma parcela significativa dos alimentos cultivados e vendidos no Brasil viola as regulamentações nacionais sobre resíduos. A última análise da Anvisa revelou que de 9.680 amostras coletadas entre 2013 e 2015 - com testes feitos em culturas que vão de arroz a maçãs e pimentões - 20% continham resíduos além dos níveis máximos ou continham substâncias proibidas.
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Agroquímicos que serão misturados e aplicados na cultura de soja (Thomas Bauer)

O poder das empresas
Os dez maiores fabricantes faturaram 7,9 bilhões de dólares, muitas delas corporações transnacionais que legalmente fabricam agrotóxicos em países desenvolvidos onde os produtos químicos tóxicos são proibidos para uso e os exportam para países em desenvolvimento, onde o uso é legalizado. Syngenta, Bayer e Basf são três exemplos.
A Syngenta produz atrazina e paraquat, ambos proibidos pela UE e comercializados no Brasil. Embora a Anvisa considere que o paraquat representa "riscos inaceitáveis à saúde e o proibirá no Brasil a partir de 2020", a Syngenta defende a manutenção da oferta do produto.
Procurada pela reportagem, a Bayer admitiu que vende carbendazim. Já a Basf esclareceu que “no Brasil” não produz atrazina, paraquat, acefato ou carbendazim, mas não confirmou se produz ou não essas substâncias na UE ou em outro lugar e depois as vende no Brasil.
A ameaça à saúde e ao meio ambiente que essas substâncias representam não estão restritos ao Brasil. Os alimentos que recebem os defensivos são exportados para o mundo todo. A soja brasileira, cítricos, uva e café são consumidos em grande escala na UE e nos Estados Unidos, enquanto que a soja brasileira alimenta a pecuária e a avicultura no Brasil e em diversos países.
Por esse motivo, os resultados da Anvisa em relação aos resíduos em alimentos levantam sérias preocupações com relação aos produtos brasileiros vendidos e consumidos no exterior. Essa é uma questão em particular que a China talvez queira questionar, já que avalia mudar suas principais compras de soja e carne bovina dos EUA para o Brasil devido à guerra comercial entre os países.
No ano passado, o Comitê de Especialistas do Reino Unido sobre Resíduos de Pesticidas em Alimentos (Prif, na sigla em inglês), um órgão independente que presta assessoria ao governo, encontrou carbofuran  acima do limite legal em limões importados do Brasil.
O relatório do Prif indicou que, se todo o fruto contaminado fosse consumido, “as pessoas poderiam apresentar sinais transitórios de toxicidade colinérgica, como dor de cabeça, distúrbios do estômago, salivação e resposta reduzida da pupila”.
O carbofuran é proibido no Reino Unido desde 2001 e banido nos EUA há quase uma década por apresentar “um risco alimentar inaceitável, especialmente para as crianças, de consumir uma combinação de alimentos e água com resíduos”. Ele só foi proibido no Brasil no segundo semestre do ano passado, daí sua recente aparição nos limões no Reino Unido.
“É um duplo padrão que a União Europeia está satisfeita em importar produtos que são cultivados com pesticidas que foram considerados inseguros para uso na UE, como resultado de preocupações com a saúde humana ou danos ambientais”, afirma Nick Mole, diretor de política da Pesticide Action Network do Reino Unido.
*Este artigo foi publicado originalmente em Mongabay.com. Para ler a versão ampliada em inglês clique aqui.

Apoiador de Bolsonaro ameaça campanha de Guilherme Boulos

Suspeito apontou arma contra militante
publicado 29/08/2018
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Reprodução: Facebook/Guilherme Boulos

Do Facebook de Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo PSOL:

Nota oficial da campanha Boulos e Sônia


Na tarde desta quarta-feira, 29 de agosto, um incidente grave ocorreu em um dos nossos comitês de campanha. Por volta das 16h30, uma colaboradora da campanha de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara foi ameaçada com arma de fogo por um apoiador de Jair Bolsonaro.

Essa colaboradora – cujo nome preferimos não mencionar por razões de segurança – estava em frente ao comitê Boulos e Sônia, na rua Cardeal Arcoverde, em São Paulo, quando o motorista de um veículo Chevrolet Classic preto, placa EXS 0031, apontou contra ela uma arma de fogo, proferindo gritos em defesa do candidato Jair Bolsonaro e contra as candidaturas de Boulos e Sônia.

O fato já foi registrado junto à 14ª Delegacia de Polícia, em São Paulo, e nossa campanha está prestando toda a assistência necessária à colaboradora vítima dessa agressão. Exigimos apuração imediata por parte das autoridades competentes e responsabilização dos envolvidos neste grave ato.

A violência, o medo e a intolerância não podem ter espaço na democracia. O discurso de ódio de Jair Bolsonaro estimula atos dessa natureza, sejam eles premeditados ou não. Nossa campanha não será intimidada por agressões, ameaças ou violência. Seguiremos firmes lutando por democracia, direitos e liberdade. A violência não prosperará.

Coordenação da campanha Boulos e Sônia 50
São Paulo, 29 de agosto de 2018
TV Afiada

O "mercado" da Míriam já tem candidato
TV Afiada

Se o Lula demorar, o Bolsonaro atropela o Haddad

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Eleições 2018

'Inimigos de Lula não querem julgamento justo, mas vitória política'

por Redação — publicado 22/08/2018 18h37, última modificação 22/08/2018 18h52
Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, une-se a Socrátes, de Portugal, e Castañeda, do México, para defender ex-presidente

Claudio Kbene
Ernesto Samper
Ernesto Samper, ex-presidente da Colombia e ex-secretario-geral da Unasul, após conversa com jornalistas, em São Paulo.
"Os inimigos de Lula não buscam uma sentença justa. Buscam uma vitória política. Esse é um tema político, mais que judicial. Mas é preciso ganhar no âmbito da Justiça porque lamentavelmente eles estão usando uma matéria-prima muito importante [contra o ex-presidente], que é a liberdade", afirmou. 
O colombiano veio ao Brasil para fazer uma visita a Lula na superintendência da Polícia Federal do Paraná, programada para quinta-feira 23. Antes de ir para Curitiba, ele passou por São Paulo para conversar com jornalistas e participar de um debate sobre futuro da América Latina no Instituto Perseu Abramo.
"Não é necessário ser advogado para perceber que não há nenhum dos princípios universais do devido processo legal que não foram violados no caso do presidente Lula." Entre as violações que a Justiça brasileira vem cometendo, segundo o ex-presidente colombiano, estão o desrespeito à presunção de inocência, do direito a intimidade, à controvérsia da prova e ao direito de uma segunda instância que não seja contaminada pela visão partidária do juiz Sergio Moro.
Outras duas figuras públicas falaram sobre como o julgamento ao que o petista vem sendo conduzido no Brasil. No jornal português Público, José Sócrates, ex-presidente do país, questionou as respostas do governo Temer ao não reconhecer a decisão do Comitê da ONU e manter o impedimento de Lula ter seus direitos políticos para se mostrar como candidato à Presidência.
No The New York Times, o ex-secretario de Relaciones Exteriores do México Jorge Castañeda escreveu, nesta terça-feira, 22, que ter Lula nas urnas desta eleições é uma questão de respeito à democracia e ao Estado de Direito.
O colombiano ressaltou que o papel dos partidos políticos na América Latina vem perdendo representatividade, abrindo espaço para o cenário atual de judicialização da política. A solução, diz, é fazer com que os partidos voltem as suas origem e dialoguem de fato com os movimentos sociais.
Saída da Unasul
Samper deixou a presidência da Unasul no início de 2017. O motivo, segundo ele, foi por não ver espaço para debater uma posição do grupo  sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“A carta democrática de Unasul estabelece que, quando há evidências de uma ruptura democrática de um dos país que compõem a Unasul, os países integrantes podem pedir que se constitua uma comissão para, de maneira, preventiva viajar ao país que existe essa ameaça e aplicar corretivos", explica. No entanto, não houve consenso, critério necessário para iniciar essa ação.
“Em uma conversa que tivemos com os representantes da Unasul, apresentei que no Brasil havia uma ameaça de ruptura no caso da presidenta Dilma Rousseff, a maior parte dos representantes sustentou a tese que tudo se estava fazendo no Brasil dentro do ordenamento legal brasileiro e que seria um ato de intervenção se fosse enviada essa comissão”, conta.
Ele conclui que o impeachment de Dilma e a ausência de um norte dentro da comunidade foi determinante para a perda de relevância do bloco. “No momento que se produziu o golpe no Brasil começou a crise da Unasul.”
Desde a saída de Samper da secretaria-geral da Unasul, a comunidade não conseguiu preencher o cargo. 

Dólar explode em R$ 4,03! Culpa do Lula...

Primeira vez em 30 meses! Um colosso!
publicado 21/08/2018
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O Dólar finalmente chegou à marca de R$ 4.
A moeda disparou 2,01% nesta terça-feira, 21/VIII, e fechou o dia cotada a R$ 4,037.
É o maior valor desde março de 2016, quando o Golpe dos canalhas e canalhas estava em marcha.
Em casas de câmbio de São Paulo, o Dólar já é vendido a R$ 4,21 (dinheiro vivo) e a R$ 4,42 (cartão pré-pago).
(No Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o Dólar já custa R$ 4,68, em dinheiro vivo, e R$ 4,73, no cartão pré-pago).
Como o Conversa Afiada  mostrou ontem, os resultados das pesquisas CNT/MDA e IBOPE, que mostram a vigorosa ascensão do Presidente Lula e a estagnação do Santo do Alckmin, o candidato do "mercado", deixaram os economistas de cabelo em pé.
E, como lembra um atento amigo navegante, ainda falta sair o Datafalha.
Se o Datafalha confirmar o Ibope e a CNT/MDA, os colonistas pigais poderão dizer que a culpa é do Lula!
Como era culpa da Dilma...
Em tempo: nesta terça-feira, até o Ninfomoney caiu na real. O site constata que "Haddad está virtualmente no 2º turno e Bolsonaro 'joga pelo empate' contra Alckmin".

jornal nacional anuncia que vai esconder o Lula

Ainda bem que será a Eleição do celular contra a TV...
publicado 21/08/2018
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A TV Globo anunciou, na noite desta segunda-feira (20), qual será sua estratégia para tentar diminuir a popularidade de Lula, que cresce dia a dia.
Após repercutir os resultados da pesquisa Ibope, que mostram o ex-presidente como líder isolado nas intenções de voto para a presidência, o “Jornal Nacional” mostrou a agenda de campanha dos candidatos e informou que não vai cobrir a agenda do PT, que tem como representante o vice da chapa, Fernando Haddad.
William Bonner disse, ao vivo, que o programa não divulgará nada da agenda do PT pois o titular da chapa, que é o ex-presidente Lula, está preso.
(...)
TV Afiada

Vídeo emocionante abre campanha de Haddad no NE
TV Afiada

Datafalha enterra o Alckmin

Democracia exige que Lula seja candidato

Castañeda prefere defesa da Democracia a respeito ao Moro
publicado 22/08/2018
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O Conversa Afiada reproduz do New York Times artigo do mexicano Jorge Castañeda, professor, ex-chanceler, autor de uma biografia sobre Guevara e "Utopia desarmada" sobre a Esquerda latino-americana:

Por que devem permitir que Lula concorra à Presidência


O Brasil terá uma eleição presidencial no dia 7 de outubro - o oitavo pleito desde o retorno da Democracia em 1985. Essa eleição representa o fundamental embate entre Democracia e Estado de Direito, entre eleições livres e justas e o devido processo legal. Parte desta contradição foi explicada recentemente por Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente e candidato conhecido por todos como Lula, que registrou sua candidatura, da cadeia, no dia 15 de agosto.
O sistema eleitoral e judicial do Brasil, confuso, deve decidir nos próximos dias se deve aceitar sua candidatura ou, o mais provável, se irá irá barrar sua chance de concorrer. Isso seria um erro. Ter Lula na urna irá fortalecer a Democracia no Brasil - uma condição necessária, ainda que insuficiente, para o Estado de Direito.
Os apoiadores de Lula e o próprio Lula afirmam que ele lidera as pesquisas; que é impedido de disputar a eleição por conta de uma acusação relativamente menor, obtida através de delações premiadas, um método contestado por muitos juristas; e que o sistema jurídico do Brasil, através de uma série de leis anti-corrupção, tornou-se o árbitro das eleições do país.
Seus oponentes, assim como os juízes que o sentenciaram a doze anos de cadeia, assim como parte da mídia do Brasil, insistem no conteúdo da acusação, não no processo em si. De acordo com esses personagens, Lula foi condenado por corrupção - um caso menor ou não - e perdeu o recurso ao Supremo Tribunal Federal para permanecer em prisão domiciliar até o fim de todos os recursos. Além disso, dizem, Lula será julgado em relação a outros seis casos, ainda que os recursos do primeiro julgamento ainda não se esgotaram. Por fim, há também a chamada Lei da Ficha Limpa, posta em vigor pelo próprio Lula, que determina que qualquer pessoa condenada por corrupção não pode disputar uma eleição. Portanto, ou por ele estar na prisão ou por ser condenado por corrupção, ele quase certamente não estará na urna.
Os que apoiam Lula dizem que um dos juízes envolvidos no caso, Sérgio Moro, conduz uma vingança política contra o ex-presidente e o partido que ele fundou há quarenta anos. Segundo eles, o apartamento de frente à praia, supostamente entregue a Lula por uma empreiteira que ele teria favorecido, não pertencem a ele ou à sua falecida esposa. Os adversários, por sua vez, dizem que Lula enfrenta um processo justo e não deveria ter qualquer privilégio especial apenas por ser popular, ou por ser ex-presidente, ou por desejar concorrer à presidência.
Não existe uma solução fácil para tal problema, especialmente em um país que tem uma classe política extremamente desacreditada e que acaba de emergir da pior crise econômica em décadas. Jair Bolsonaro, um candidato de extrema-direita aparentemente assessorado por Steve Bannon (ex-conselheiro de Donald Trump), está atrás apenas de Lula nas pesquisas. Ele apela aos nichos racistas, homofóbicos e sexistas, sempre presentes na sociedade brasileira, e também a um crescente sentimento anti-establishment. Com certeza, Bolsonaro é uma ameaça maior à Democracia brasileira do que os supostos excessos de Lula, ainda que fossem todos confirmados.
Permitir que Lula concorra acalmaria seus apoiadores, que são muitos, mas seriamente enfraqueceria o sentimento de que, após dois séculos de privilégios, corrupção, aplicação seletiva das leis e a queda dos poderosos, o Brasil estaria finalmente a adotar métodos modernos em um aspecto que a América Latina patina: o Estado de Direito. Entretanto, negar a dezenas de milhões de eleitores de Lula a possibilidade de ter o ex-presidente de volta ao Palácio do Planalto seria o equivalente a tirar-lhes o direito ao voto.
A causa de Lula é apoiada por grandes figuras internacionais. Mais de uma dúzia de membros do Congresso dos EUA, incluindo o senador Bernie Sanders, recentemente escreveram uma carta ao embaixador do Brasil em Washington. Eles pedem liberdade para Lula enquanto seus recursos ainda podem ser julgados e condenaram o discurso da luta contra a corrupção como uma arma para perseguir políticos de oposição. O Papa Francisco recebeu um pequeno grupo de apoiadores de Lula do Brasil, do Chile e da Argentina e atentamente ouviu seus receios.
Enquanto Lula insiste que sua única opção é sua própria candidatura, seu partido, o PT, tem um Plano B. Nesse cenário, o ex-prefeito de São Paulo e atual candidato a vice-presidente, Fernando Haddad, assumiria a cabeça da chapa caso os apelos a favor de Lula não tenham resultado. Se o ex-sindicalista puder transferir votos suficientes para seu substituto, ele poderá vencer o segundo turno, marcado para 28 de outubro. Se tal transferência não se cumprir e a vitória for negada ao PT, de alguma forma, os desafios para o Brasil serão enormes.
Outra complicação vem do contexto regional no qual esse drama se desenrola. Em muitos países da América Latina, governos vêm impedindo oponentes de disputar as eleições. Na Nicarágua em 2016, Daniel Ortega atacou ou intimidou um número suficiente de rivais - especialmente o mais forte, Eduardo Montealegre - para finalmente vencer com 72% dos votos, virtualmente sem oposição. Na Venezuela este ano, Nicolás Maduro se assegurou de que os principais candidatos da oposição, Henrique Caprilles e Leopoldo López, fossem impedidos de concorrer. Apenas um candidato fraco disputou contra Maduro.
Em outros países, também houve tentativas de desencorajar ou proibir candidatos de terem seus nomes nas urnas - de Andrés Manuel López Obrador no México em 2005 (ele finalmente foi eleito neste julho) a vários candidatos da Guatemala, barrados por acusações de corrupção, nepotismos e violação de direitos humanos.
Como no Brasil, muitos desses casos - obviamente não todos - são complicados. Alguns candidatos são desqualificados por motivos óbvios ou, ao menos, legais. Outros são, sem dúvida, vítimas de perseguição política. É difícil contestar o argumento de que o caso de Lula se assemelha mais aos exemplos de Venezuela e Nicarágua que aos demais. A exceção é que a Democracia no Brasil não está em colapso, manifestantes não são atacados nas ruas, estudantes não vão para a cadeia e a mídia não sofre censura. Como disse o The Economist há alguns meses, "pode haver um governo de juízes no Brasil, mas não uma ditadura".
No fim das contas, ainda que eu acredite que o escândalo da Lava Jato, assim como o comportamento de juízes como Moro, tenham feito bem para o Brasil e para a América Latina, eu prefiro ver Lula na urna do que na cadeia.
As acusações contra Lula são tão fracas, o suposto crime tão pequeno, a pena tão desproporcionais e o que está em jogo é tão importante que a Democracia deve prevalecer sobre o discurso da Lei. Num mundo ideal, os dois deveriam andar lado a lado e não um contra o outro. No Brasil, é o contrário atualmente. Prefiro estar com a Democracia.