segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Política

Eleições 2018

'De cima para baixo': Por que prévias partidárias são raras no Brasil?

por Caroline Oliveira publicado 18/12/2017 00h30, última modificação 15/12/2017 17h14
Ao contrário de legendas de países como Estados Unidos e Argentina, siglas brasileiras escolhem seus candidatos ao gosto de seus caciques

Gilberto Marques/A2img
Alckmin
Alckmin passou por Doria, agora Virgílio o convida para o confronto;
Embora Alckmin seja o preferido do partido para a disputa, Virgílio Neto ainda tem pretensões de concorrer pela legenda ao Planalto. Após nutrir o mesmo desejo do tucano manauara, João Doria, prefeito de São Paulo, tem pedido justamente o contrário. Recentemente, defendeu que o partido abra mão das prévias e lance a candidatura do governador paulista, seu padrinho político, sem a necessidade de uma disputa interna.
No Brasil, as prévias partidárias são raras. Em outros países, são instrumentos fortes que servem como funis para a escolha de políticos. Nos EUA, há estados em que todos os cidadãos, mesmo os não filiados, participam da escolha dos candidatos dos principais partidos, Republicano e Democrata.
Na Argentina, as prévias também servem como um termômetro eleitoral, já que no país vizinho o voto para a escolha dos candidatos dos partidos ao Legislativo é obrigatório. 
Aqui, as primeiras prévias após o fim da ditadura se deram no âmbito municipal durante a redemocratização, em 1988. Nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina disputou a candidatura do PT com Plínio de Arruda Sampaio, e ganhou.
Interessado diretamente em um processo interno, Virgílio Neto fez uma defesa apaixonada das prévias. "Declare, com a firmeza que o caracteriza, que elas acontecerão e serão amplas, irrestritas, livres e lisas". E continuou: “enfrente-me em campo aberto. Ou perderemos mais uma eleição e nos tornaremos cada vez mais irrelevantes na cena política brasileira.”
Os partidos deverão inscrever as chapas presidenciais até 15 de agosto de 2018. Até lá, o PSDB deverá ter definido o seu candidato, através das prévias ou do conhecido top down ("De cima para baixo", em tradução livre), quando os políticos mais influentes do partido definem os nomes.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a realização das prévias partidárias até março do ano que vem, quando a pré-campanha eleitoral tem permissão para começar.
O PSDB é um dos poucos partidos políticos que rastreia a possibilidade das prévias. Mas em outras ocasiões, algumas siglas também utilizaram esse procedimento no mesmo contexto. Em 2002, o PT fez prévias para decidir entre Eduardo Suplicy e Lula.
Antônio Imbassahy (à esq.), Arthur Virgílio (centro) e Aloysio Nunes (à dir.) durante a reunião da Executiva Nacional do PSDB, que avaliou o momento político e a permanência na base aliada em junho de 2017 (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Segundo o advogado Alberto Rollo, também professor de Direito Eleitoral na Universidade Presbiteriana Mackenzie, as prévias partidárias servem para pacificar o partido internamente e sanar qualquer dúvida antes da convenção eleitoral, quando o partido faz a homologação da candidatura.
O advogado explica que as prévias não têm previsão na legislação brasileira, cuja única demanda são as convenções. “O que define as prévias e a forma como serão feitas é o estatuto de cada partido, já quem vota são os filiados”, afirma.
De acordo com os dados de 2016 da Justiça Eleitoral, o PSDB tem pouco mais de 1,4 milhão de filiados e ocupa o terceiro lugar em número de integrantes. Na frente está o PT, com cerca de 1,5 milhão e o PMDB, com 2 milhões de inscritos.
No total, são mais de 16 milhões de brasileiros filiados a algum partido político. Nesse cenário, o tucano Alberto Goldman afirmou ser “tecnicamente inviável” executar prévias amplas.
O estatuto do PSDB aponta que os inscritos poderão votar somente após seis meses de filiação. Também destina aos diretórios nacionais, estaduais e municipais a responsabilidade de aprovar, realizar e definir as normas para a realização das prévias partidárias “sempre que houver mais de um candidato disputando a indicação do partido”.
“O objetivo das prévias também deve ser o de evitar as decisões da cúpula partidária para baixo e, assim, democratizar a escolha”, afirma Rollo.
Para o cientista político Humberto Dantas, as prévias podem ser um reflexo de democracia interna, mas é necessário enxergar como esse instrumento pode ser inserido, uma vez que “esconde alguns vícios da nossa política”.
“Precisamos saber quem são os filiados aptos a votar nas prévias. É só a Executiva Nacional? São todos os filiados? São aqueles que se filiaram há mais de seis meses, um ano? Existe a possibilidade de filiar muitas pessoas hoje e realizar as prévias amanhã? São perguntas para saber se isso é efetivamente democrático”, afirma Dantas. Para ele, “muitos partidos colocarão as candidaturas como consensuais. Mas não sabemos qual é o preço desse consenso”.
As prévias partidárias para a escolha de um tucano à Prefeitura de São Paulo, em 2016, mostram a fragilidade deste consenso. Nas eleições daquele ano, João Doria foi acusado, pelos concorrentes Ricardo Tripoli e Andrea Matarazzo, de comprar votos de filiados.
Aldo Fornazieri, cientista político e um dos apoiadores do movimento Quero Prévias, concebido inicialmente como um instrumento de organização dessa pauta, acredita que as prévias fazem parte de um processo mais complexo.
Para ele, o uso desse instrumento depende da formação de uma frente democrática e progressista reivindicadora de ferramentas como as prévias. “Mas a lógica partidária exclusivista é um obstáculo”, afirma Fornazieri.
“O partido define seus objetivos em torno de interesses de um círculo de pessoas. Não se leva em conta o conjunto das necessidades sociais e políticas, não só de filiados, mas num campo mais amplo”.

Revide?

A suspeita de vingança de Temer contra Alckmin via Cade

por André Barrocal publicado 25/12/2017 11h49, última modificação 25/12/2017 16h08
Quebra do sigilo de investigação de cartel de empreiteiras em São Paulo abala sonho presidencial do governador
Beto Barata / PR e Gilberto Marques / A2img
Temer e Alckmin
Temer deve estar se deliciando. A vingança é mesmo um prato que se come frio....



A primeira votação na Câmara ocorreu em 2 de agosto. Temer escapou por 263 votos a 227. No PSDB, houve 22 a favor dele e 21 contra. A maioria dos 21 saiu da bancada paulista.
Naquele dia, um deputado do PSDB de Minas, grupo mais afinado com o presidente, comentava com a reportagem: o placar tucano seria visto pelo Palácio do Planalto e o “Centrão” como obra de Alckmin. O governador, continuava o mineiro, corria risco de ser isolado politicamente por Temer, talvez o PSDB inteiro.
Na época, o prefeito paulistano, João Doria Jr, do PSDB, ainda estava no páreo no tucanato para ser o candidato a presidente, mesmo que tivesse de derrotar o padrinho Alckmin. Cinco dias depois da votação, Temer viajava a São Paulo para reunir-se com Doria na prefeitura. Um gesto sobre seu presidenciável preferido no PSDB.
Foi em 3 de agosto, um dia após a votação na Câmara da primeira “flechada” em Temer, aquela a tratar de corrupção no caso da mala de 500 mil reais em propina, que o Cade instalou os dois inquéritos constrangedores para Alckmin e o PSDB paulista.
Estes inquéritos investigam um cartel de empreiteiras atuante em São Paulo para dividir obras públicas. Eles nasceram de denúncias feitas ao Cade pela Odebrecht em julho de 2017. Alckmin diz que o estado foi “vítima” do cartel e que vai processar as construtoras. Será que o conluio teria funcionado sem o conhecimento de ninguém do governo tucano?
A área do Cade responsável por abrir os inquéritos é a poderosa Superintendência Geral. Em 3 de agosto, esta era comandada em caráter interino por Diogo Thomson Andrade, indicado ao Cade por Dilma Rousseff.
Em setembro, Temer indicou para o cargo o advogado e economista Alexandre Cordeiro Macedo, que assumiu em outubro. Este nutre ligações com o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), de quem foi vice-ministro das Cidades entre 2012 e 2013, e o senador Ciro Ciro Nogueira (PI), ambos do PP, partido do dito “Centrão”.
O outro cargo importante do Cade, o presidente, também está sob a batuta de um indicado de Temer. Alexandre Barreto de Souza era do Tribunal de Contas da União (TCU), onde chefiava o gabinete do ministro Bruno Dantas, um apadrinhado de senadores do PMDB.
Foi Macedo, o superintendente-geral, quem resolveu tornar públicos os inquéritos sobre o cartel de empreiteiras em São Paulo, com despachos na segunda-feira 18. No mesmo dia, assinou outros dois despachos a liberar um histórico dos processos, um calhamaço de informações.
Quando da votação pelos deputados da segunda “flechada” em Temer, em 25 de outubro, o mesmo tucano mineiro que em agosto dizia que o Planalto veria Alckmin como um inimigo, dizia à reportagem: “O Geraldo é experiente, deve saber o que faz. Mas lá no Planalto o pessoal não esquece. A vingança é um prato que se come frio.”
Temer escapou dessa segunda  flechada" por 251 votos a 233. No PSDB, foram 23 deputados contra o presidente e 21 a favor.
A quebra do sigilo dos inquéritos é capaz de abastecer a mídia com informações bem no eleitoral ano de 2018. Até aqui, Alckmin parecia o presidenciável menos atingido por denúncias de corrupção. As denúncias contra ele na Operação Lava Jato repousam sem novidades no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Agora abre-se um novo flanco capaz de chamuscá-lo, o Cade.
No dia em que a decisão do Cade de quebrar o sigilo veio a público, houve uma reunião de emergência de tucanos em São Paulo. Uma reportagem do site da Folha de S. Paulo daquele dia dizia que o PSDB estava assustado e que já havia munição para ser usada contra o governador.
Leia também: Na disputa interna do PSDB não sobra pena sobre pena
A munição já foi usada. E por um tucano, o prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio. Disposto a enfrentar Alckmin para ser o presidenciável do PSDB, Virgílio afirmou ao Valor que a candidatura não pode ser definida antes de a denúncia do cartel de empreiteiras ser investigada no partido. “O PSDB tem que dar o exemplo e ouvir Alckmin. Temos uma comissão de ética para isso.”
Temer deve estar se deliciando. A vingança é mesmo um prato que se come frio...
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Parente, chega de mentir: a Petrobras não quebrou!

Coutinho: Temer e Parente fazem terror e se ajoelham às multinacionais
publicado 24/12/2017
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O Conversa Afiada publica afiado artigo de Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET):

PETROBRÁS 2017: O ANO EM QUE A VERDADE É ACEITA COMO EVIDENTE POR SI PRÓPRIA


“Caiu a ficha! ”. Nos telefones públicos, orelhões, quando se completava a ligação a ficha caia. A expressão quer dizer que esse é o momento em que se passa entender alguma questão. Esse é o fato marcante para a Petrobrás em 2017. A verdade passou a ser aceita por si própria, sem ser ridicularizada ou rejeitada com violência. A maioria dos petroleiros e dos brasileiros percebeu a "Construção da Ignorância sobre a Petrobrás". A partir de agora é evidente que a Petrobrás não está (e nunca esteve) quebrada, que não precisa vender seus ativos para reduzir a dívida, que a privatização prejudica o fluxo de caixa e compromete o futuro que já se torna presente. (Coutinho, A construção da ignorancia sobre a Petrobrás, 2017) (AEPET, Existe alternativa para reduzir a dívida da Petrobrás sem vender seus ativos, 2017)
“Toda verdade passa por três estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria. ” Arthur Schopenhauer
Agora está na cara “O mito da Petrobrás quebrada”, é óbvio que houve uma propaganda de choque e terror, a serviço das multinacionais do petróleo e dos agentes do sistema financeiro que as controlam. Estão desmascarados os executivos que giram através de portas giratórias entre a administração pública e corporações privadas. Eles são os modernos feitores e capitães do mato, a serviço do novo ciclo colonial da exportação de petróleo cru, que só podem debater em ambientes controlados do cartel midiático. Interventores e porta vozes do capital internacional se entendem bem. Antes desfilavam seus egos como os salvadores da pátria, agora se escondem e só oferecem entrevistas para microfones amigos. (Oliveira & Coutinho, O Mito da "Petrobras quebrada", 2017) (AEPET, Editorial: Portas giratórias, 2017)

Alguns leitores cuidadosos podem agora se perguntar, será? Será que realmente a maioria dos petroleiros percebeu? Será que os brasileiros tomaram consciência do que se passa com a Petrobrás e o petróleo brasileiro?

Penso que sim, vamos as evidências.

Com relação a percepção dos petroleiros podemos recorrer a pesquisa de ambiência realizada pela Petrobrás. A última pesquisa foi feita em janeiro/17. Pedro Parente e seus executivos, confiantes, incluíram duas perguntas inéditas:


“71 - O Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 está na direção certa. 

Resultado: 37% favoráveis 

72 - Confio nas decisões tomadas pela Direção Superior diante dos desafios da companhia. 

Resultado: 31% favoráveis” (Petrobras, 2017)

O percentual de respondentes foi muito baixo, apenas 64% do total.

Apenas 31% dos 64% que responderam, em janeiro de 2017, confiavam nas decisões tomadas pela “Direção Superior”. Ou seja, menos de 20%, um em cada cinco, responderam favoravelmente e confiantes nas decisões do presidente, conselheiros e diretores da Petrobrás. Veja bem, a pesquisa foi realizada em janeiro de 2017. Ao longo do ano, a confiança certamente piorou diante do resultado das privatizações da malha de gasodutos (NTS), do campo de Carcará etc. (AEPET, NTS: crônica de um prejuízo anunciado, 2017) (AEPET, Voto AGO-AGE da Petrobras em 15/12/2017, 2017)

Em dezembro de 2017, a “Direção Superior” anunciou que não haverá pesquisa de ambiência em janeiro de 2018. Para um bom entendedor... essa decisão basta, para afirmar que a verdade sobre a Petrobrás foi revelada e já é auto evidente para os petroleiros em 2017.

E os brasileiros? Será que perceberam que o impeachment foi um golpe para “estancar a sangria da lava jato... com o Supremo, com tudo”? Como dito pelo senador Jucá. Notaram que tomaram o poder para aumentar a exploração dos trabalhadores e penalizar aposentados e estudantes, com as reformas trabalhistas e da previdência, em benefício de megaempresários e banqueiros? Entenderam que serviu para o capital internacional se apropriar dos ativos da Petrobrás e do petróleo brasileiro?

Não dispomos de pesquisas recentes que tratam de todas as questões. No entanto, podemos recorrer a pesquisa do Ibope, realizada em novembro/17, para aferir a percepção dos brasileiros. Perguntados se o impeachment significou melhora ou piora em relação ao governo Dilma, apenas 6% responderam que foi uma “melhora”, contra 52% que afirmaram que foi uma “piora”. (Rosário, 2017)

A banda do Titanic não para

Enquanto a maioria dos petroleiros e dos brasileiros toma consciência, Temer e Parente perseguem seus objetivos.

A meta de redução do endividamento da Petrobrás é temerária. Não é um indicador estratégico recomendável para uma empresa com potencial de crescimento, como é o caso da Petrobrás. O indicador e a meta são arbitrários, assim como a antecipação do seu alcance de 2020 para 2018. A redução da alavancagem é desnecessária, mas poderia ser alcançada sem vender ativos até 2021. (Oliveira & Coutinho, A principal meta da Petrobras, na gestão Parente, é temerária, 2017)

Insistir na atual estratégia de focar na produção de petróleo cru e privatizar os ativos que aumentam seu valor é confrontar a realidade. Mais sensato é mudar a estratégia, agregar valor ao petróleo, interromper a venda de ativos e preservar a atuação corporativa integrada, o que garante a geração de resultados diante da variação dos preços do petróleo. Enfim, é preciso entender a realidade, mudar o plano estratégico e parar de enfrentar desnecessários desafios auto impostos. Ao invés de errar no planejamento, culpar a realidade e insistir no erro esperando que a realidade mude, é melhor compreender a realidade e mudar o rumo estratégico. (Oliveira & Coutinho, A realidade desafia a estratégia atual da Petrobras, 2017)

Desde que Temer ascendeu ao poder, o governo assumiu a agenda das multinacionais do petróleo e de seus controladores. Trata-se da agenda do sistema financeiro internacional e dos países estrangeiros que controlam as multinacionais, privadas e estatais.

Mas o que exatamente desejam as multinacionais e seus controladores? Querem a propriedade do petróleo brasileiro, ao menor custo possível, com total liberdade para exportá-lo. Querem acesso privilegiado ao mercado brasileiro. Querem comprar os ativos da Petrobrás a preço de banana. Querem garantir a segurança energética dos seus países, no caso das estatais. Querem maximizar o lucro no curto prazo, no caso das privadas. (Coutinho, Temer assume agenda das multinacionais do petróleo e desgraça o Brasil, 2017)

A Petrobrás adotou nova política de preços dos combustíveis, em outubro de 2016. Desde então, foram praticados preços mais altos que viabilizaram a importação por concorrentes. A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, dos EUA por 3,6. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 deve chegar a 82% do total importado pelo Brasil. (AEPET, Política de preços de Temer e Parente é “America First! ”, 2017

Soberania e desenvolvimento

O petróleo é uma mercadoria especial, na medida em que não tem substitutos em equivalente qualidade e quantidade. Sua elevada densidade energética e a riqueza de sua composição, em orgânicos dificilmente encontrados na natureza, conferem vantagem econômica e militar àqueles que o possuem. (Coutinho, A energia é o meio e a Petrobras é a chave para o desenvolvimento soberano do Brasil, 2017)

Não há substituto para o petróleo barato de se produzir, mas ele acabou e a humanidade vive as consequências econômicas e sociais deste fato. Informações da indústria mundial, o investimento em Exploração e Produção (E&P) e a produção agregada desde 1985 evidenciam o aumento do custo médio de se encontrar e produzir cada barril adicional de petróleo, com severas consequências para a indústria e a sociedade. (Coutinho, O fim do petróleo barato e do mundo que conhecemos, 2017)

O desenvolvimento do Brasil depende da utilização dos nossos recursos naturais em benefício da maioria dos brasileiros. Temos que superar a sina colonial e condenar as elites que servem aos interesses estrangeiros, em prejuízo da maioria. Os antigos senhores de engenho e seus feitores, são hoje os 0,01%, os rentistas, os executivos vassalos das corporações multinacionais e, no topo da cadeia parasitária, os banqueiros. (Coutinho, A energia e o desenvolvimento soberano em 10 lições, 2017)

A tomada de consciência é condição necessária, porém insuficiente, para que a maioria dos brasileiros se unam e se organizem para tomar a direção da História e assim promover as mudanças desejadas e urgentes.

Negra não-cotista enfrenta Lula em 2018!

Conto de Natal faz de Moro um bebê!
publicado 24/12/2017
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O Conversa Afiada publica uma afiada crônica de Natal, por Antonio Prata:
Começa com um post no Facebook. Digamos, um político do PT sendo escrachado por ela no aeroporto. O post viraliza. Em alguns dias, alguns milhões de visualizações.
Ela é bonita. Ela é jovem. Ela é morena. Não tão morena que possa ser considerada negra por um racista, nem tão branca que não possa entrar por cota numa universidade. Mas ela não entrou por cota, ela "quis entrar pelo próprio mérito", é o que descobrimos na estreia do canal aberto por ela no YouTube depois do sucesso do post no Facebook.
Ela faz a estreia no canal com um cachorrinho no colo. Ela chama o cachorrinho de "meu bebê". "Meu bebê" veste uma touca vermelha de Papai Noel e uma camisetinha com a bandeira do Brasil. De novo, milhões de visualizações. No segundo vídeo, postado na noite do 24, ela aparece com algumas amigas –todas bonitas, saradas e com cabelos lisos e longos– distribuindo ceias de Natal para cachorros abandonados pelas ruas de São Paulo. Quando um jornal descobre e publica a notícia de que ela participou do ataque a um laboratório em São Roque, em 2013, no qual ativistas contra testes com animais libertaram cem beagles, vem o convite para que ela se candidate a presidente.
Ninguém sabe o que ela pensa sobre economia, saúde, segurança, mas odiar o PT e amar os beagles é o suficiente para que, na primeira pesquisa que inclui seu nome, ela apareça em quarto. Em sua conta no Instagram ela posta, a cada dia, uma foto do "seu bebê" com uma roupinha contendo uma frase diferente. "Eu 'au'credito no Brasil!". "Vai, L'au'va Jato!". "Ordem, progresso e Royal Canin!". O nome do bebê, digamos, é "Moro".
É impensável que ela ganhe. É uma bolha, ela vai sumir, vai tropeçar sozinha, todos pensam. Quando, contudo, ela posta no Facebook uma montagem de um hamster comendo um minitemaki e recebe 55 milhões de likes, um cientista político sublinha, apreensivo, que é mais like do que o número de votos que qualquer presidente eleito já recebeu no Brasil. Surge um boato de que Fernando Henrique estaria negociando uma frente suprapartidária para enfrentá-la, mas todos os nomes envolvidos nos boatos negam veementemente.
Aos poucos, pelas redes, ela vai dando seus pitacos. É descendente de negros e entrou na faculdade sem cota, então é contra as cotas. É mulher e sempre soube se dar o respeito, tem muita mulher aí que não se dá, depois vem com "mimimi" feminista. Já teve mais de 20 cachorros e nunca viu um cachorro gay, então esse negócio de gay não é natural. Ela mantém o equilíbrio fazendo meditação e não comendo carne. Seus ídolos são Kéfera, Whindersson Nunes e Jesus, "porque os três se fizeram sozinhos. É claro que Jesus, hoje, seria youtuber".
Ela passa para o segundo turno contra o Lula. O país fica dividido entre o sapo barbudo e o hamster do temaki. Lula viaja pelo país, fantasiado de Lula, repetindo que "ninguém-jamais-tanto-ou-menos-ou-mais-qualquer-coisa-do-que-ele".
Ela posta uma coreografia com as amigas dançando o hino nacional em versão K-pop. Há dúvidas sobre se ela irá ou não ao debate da Globo. Quando ela é chamada por William Bonner, o "bebê Moro" entra no palco vestindo uma camisa com o desenho da mão com quatro dedos sob o símbolo de proibido. É o vídeo mais assistido na história da internet brasileira.
Ela vence.

Juiz Brêtas vai fugir do Ataulpho?

O SENAC já mandou ele devolver a grana gorda, mas até agora...
publicado 25/12/2017
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O amigo navegante já conhece o risco de o Juiz Brêtas fugir do Ínclito banqueiro.
(O Dr Brêtas, como se sabe, é a versão carioca do Judge Murrow)
Agora, há o risco de o Dr Brêtas fugir do Ataulpho Merval de Paiva.
O ansioso blogueiro suspeita que o Ataulpho passou um Natal miserável.
Foi apunhalado pelas costas por um colonista de seu próprio Globo Overseas:
"Honorário investigados
A Lava Jato no Rio (ou seja, o Dr Brêtas - PHA) está intimando todos os escritórios de advocacia que receberam honorários da Fecomércio-RJ a prestarem esclarecimentos..."
Como se sabe, o SENAC-RJ pertence à Fecomércio-RJ.
E quem recebeu "honorários investigados" do SENAC-RJ, ou seja da Fecomércio sob investigação do Dr Brêtas?
Ele, o Ataulpho!
A Intercept localizou honorários de R$ 375 mil do Ataulpho no SENAC-RJ: dá para comprar uma quinta em Portugal!
Aparentemente, o Ataulpho recebia a grana gorda só para ler em voz alta o que diz no Globo Overseas, na rádio que troca a notícia, e na Globo News, para desespero dos insones...!
Uma nova direção do SENAC já mandou o Ataulpho devolver a grana gorda, mas, até agora... nada!
O Ministro Joaquim Barbosa e o Judge Murrow fugiram do Daniel Dantas como se fosse Satanás!
Vamos ver se o Dr Brêtas é de outra estirpe!
PHA

domingo, 24 de dezembro de 2017

Quem descasca?

Um “abacaxi’ no STF chamado Gilmar Mendes

por André Barrocal publicado 19/12/2017 00h30, última modificação 19/12/2017 13h14
Reprovado por 83%, colecionador de brigas com colegas, na mira de impeachment, ex-dono de faculdade estatizada...

Nelson Jr. / ASCOM / TSE
Gilmar Mendes
Mendes é um dos do cinco figurões mais rejeitados pelos brasileiros.
Além disso, corre uma investigação a respeito da estatização de sua faculdade na sua Diamantino (MT), um negócio suspeito descrito por CartaCapital na reportagem “O juiz empresário”, em novembro de 2016.

Mendes é um dos do cinco figurões mais rejeitados pelos brasileiros, conforme pesquisa do instituto Ipsos. Perguntados a respeito na primeira quinzena de novembro, 83% de 1,2 mil entrevistados disseram “reprovar” o juiz.
Leia também:
Quanto mais os brasileiros o conhecem, pior para ele. Em abril, sua rejeição era de 43%, e 53% diziam desconhecê-lo. Em agosto, estes percentuais eram de 67% e 30%, respectivamente. Agora, só 14% ignoram quem seja.
Mais rejeitado que Mendes, só o presidente Michel Temer (95%), o corrupto condenado Eduardo Cunha (94%) e os senadores Aécio Neves (93%) e Renan Calheiros (88%).
Com ibope tão diminuto, não é à toa que há um movimento chamado Tomataço a caçá-lo pelo Brasil para acertar-lhe uns frutos. Nem que quatro juízes do Supremo tenham cumprimentado o colega Luís Roberto Barroso no fim da sessão em que ele e Mendes protagonizaram um barraco, em 26 de outubro.
Mendes foi acusado por Barroso de “normalmente não trabalhar com a verdade”, de fazer “comício” nos julgamentos, de ficar “destilando ódio”, de “leniência em relação à criminalidade do colarinho branco” e de ser juiz que decide por “compadrio”, conforme o réu.
Edson Fachin foi um dos que cumprimentaram Barroso. Luiz Fux, outro. Este ainda comentou: “Nessa quem se deu mal foi o Gilmar, não foi você”.
O vexame popular chamado Mendes causa desconforto em gabinetes no STF. Motivo: a contaminação da reputação da corte pela (péssima) imagem dele.
Há alguns dias, a presidente do Supremo, Carmem Lúcia, participou de um evento de operadores do Direito e foi abordada por cinco participantes com igual preocupação: o STF devia tomar alguma providência em relação a Mendes, por conta de suas diatribes.
Uma boa coleção destas diatribes consta do último pedido de impeachment do juiz levado ao Senado, em junho.
Leia também: O impeachment de Mendes e a pantomima de Curitiba
Mendes é acusado de crime de responsabilidade pelo ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles, o advogado Marcelo Neves, ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça, e Hugo Cavalcanti Melo Filho, ex-presidente da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho, entre outros.
A principal acusação é de "partidarismo”, que teria ficado explícito no telefonema com Aécio Neves no qual o senador tucano pede a Mendes para dar uma palavrinha com outro tucano sobre a votação de um certo projeto. A Lei do Impeachment, de 1950, veda o exercício de “ atividade político-partidária” a juízes.
O pedido também acusa Mendes de “quebra de decoro”, devido a ataques verbais ao colega de STF Marco Aurélio Mello, a ministros do Tribunal Superior do  Trabalho e a procuradores.
O pedido foi arquivado pelo presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE), em 13 de setembro, em decisão solitária. No fim de novembro, os autores ingressaram no STF com um mandado de segurança contra o peemedebista, no qual alegam que Oliveira não poderia ter agido só, deveria ter decidido juntamente com a mesa diretora do Senado. O mandado está nas mãos de Celso de Mello.
Existe alguma possibilidade de Mendes ser alvo de acusações mais graves? Que o STF terá razões para ficar ainda mais constrangido?
Decidido a enterrar a Operação Lava Jato desde o momento em que ela aproximou-se de seus amigos no PSDB e no governo Temer, Mendes comprou briga com o Ministério Público e a Polícia Federal.
No Mato Grosso, o MP investiga a esquisita estatização da faculdade que Mendes tinha em Diamantino.
A estatização começou em dezembro de 2012, quando o então governador Silval Barbosa (PMDB), hoje autor de uma “delação monstruosa” segundo Luiz Fux, propôs ao Legislativo mudar a Constituição local para ampliar o repasse financeiro à universidade estadual, a Unemat.
A Assembleia deu sinal verde em maio de 2013 e três meses depois a Unemat comprava a faculdade de Mendes por 7,7 milhões de reais.
Barbosa é amigo de Mendes. Em maio 2014, o peemedebista foi um dos alvos da Operação Ararath, de combate a um esquema de corrupção, e falou com Mendes no mesmo dia, por telefone. A ligação partiu do juiz, que disse: “Governador, que confusão é essa?”, “que absurdo!”, “meus Deus do céu!” e, no fim, hipoteca “um abraço aí de solidariedade”.
Também informou que iria procurar o colega de STF Dias Toffoli. Este fora o responsável por autorizar a operação Ararath.
Será que Barbosa e a estatização foram decisivos para dar, digamos, certo fôlego financeiro a Mendes?
Em 2010, o Instituto de Direito Público, escola de Mendes em Brasília, foi palco de uma disputa societária que acabou nos tribunais. O caso foi arquivado em julho de 2012. Em artigo publicado em 13 de junho daquele ano na Folha de S. Paulo, o jornalista Elio Gaspari escreve, informado pela assessoria de imprensa de Mendes, avisa que a disputa terminou com um acordo pelo qual o magistrado pagaria 8 milhões de reais ao ex-sócio Inocêncio Martires Coelho.
Recorde-se: no ano seguinte, Mendes venderia sua faculdade de Diamantino ao estado do Mato Grosso por 7,7 milhões de reais. Um processo que tinha começado em dezembro de 2012, sete meses após o fim da disputa judicial societária no IDP.
Em junho de 2017, a Agência Pública informou que a estatização era investigada pelo promotor Daniel Balan Zappia, empenhado em descobrir o motivo da estatização.

Lava Jato

Aécio Neves: 50 milhões em propinas

por Redação — publicado 24/12/2017 09h14
O senador tucano teria recebido dinheiro da Odebrecht e da Andrade Gutierrez em uma conta em Cingapura em troca da defesa dos interesses das empresas

Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Aécio Neves: 50 milhões em propina
Aécio Neves, identificado como "Mineirinho" na lista da Odebrecht.
Pelo “apoio”, Aécio teria recebido 50 milhões de reais. A Odebrecht, delataram os ex-executivos, pagou 30 milhões. A Andrade Gutierrez, 20 milhões. Segundo a reportagem, os delatores apresentaram comprovantes de depósitos em uma conta em Cingapura operada por um laranja, cujo nome ainda não foi revelado. Henrique Valladares, um dos delatores, afirmou que a conta está vinculada ao empresário Alexandre Accioly, padrinho de um dos filhos do senador e um de seus mais próximos amigos.
Valladares disse ainda ter orientado Dimas Toledo, emissário de Aécio Neves, a depositar parte dos valores em uma outra conta em Cingapura. Toledo foi presidente da estatal Furnas e é famoso por ter produzido uma lista com o repasse de propinas a quase uma centena de políticos. Os tucanos sempre insistiram que a “lista de Furnas” era uma fraude, mas perícias da Polícia Federal comprovaram que o documento não foi “montado ou rasurado”.
Interlocutores da Odebrecht informaram a procuradores e integrantes da Polícia Federal que a conta de Cingapura é da offshore Embersy Services Limited, sediada nas Ilhas Marshall, país com pouco mais de 60 mil habitantes, localizado no Oceano Pacífico. A empresa está vinculada ao codinome “Mineirinho” no chamado departamento de propinas da Odebrecht.
Ainda segundo o jornal, executivos Andrade Gutierrez confirmaram as denúncias.
O senador afirmou que as acusações são falsas e absurdas. Que jamais recebeu qualquer recurso ilícito e que as doações para campanhas eleitorais dele jamais tiveram contrapartida.
Alexandre Accioly declarou que a Andrade Gutierrez é sócia na holding que administra a rede de academias Bodytech. E que a documentação apresentada pela Odebrecht vai provar que ele nunca foi titular ou beneficiário de conta em Cingapura.
Dimas Toledo, por meio de advogados, afirmou jamais ter intermediado recursos para Aécio Neves ou a pedido dele. E que não orientou quem quer que seja a efetuar depósitos em favor de Alexandre Accioly.

Polêmica sobre indulto natalino é desserviço à causa da Justiça, por Luiz D'Urso


Por Luiz Flávio Borges D'Urso
No Conjur
Vivemos um momento histórico muito estranho. Parece que tudo pode dar origem a uma polêmica nacional. Qualquer coisa provoca as expressões "isto é contra a lava jato" ou, pior, quando nos deparamos com a máxima "isso vai destruir e inviabilizar a lava jato, pois é a favor dos corruptos e da corrupção".
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Na maioria das vezes, essas expressões são exaustivamente proferidas por integrantes do Ministério Público Federal e policiais federais, responsáveis pela “lava jato”. Até o juiz Moro já as proferiu.
Diante do novo Decreto de Indulto, novamente o MPF se apressou em propagar suas manifestações absolutas, sentenciando os riscos que atingirão a “lava jato”.
Nada mais fora de propósito.
O Decreto de Indulto, anualmente assinado pelo presidente da República, tem origem no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão colegiado, do Ministério da Justiça, composto pelo Ministério Público, magistratura e advocacia, dentre outros.
Integrei esse colegiado por oito anos e testemunhei a forma isenta como se conduz na elaboração do projeto de indulto. Ele elabora um texto básico que contempla o indulto, a comutação de pena, as condições para sua concessão, os casos em que é vedada sua aplicação etc.
Após, o texto é encaminhado à Presidência da República, que o aprova, adapta e assina.
O instituto do indulto natalino tem fundamento humanitário, é impessoal, seus critérios são abstratos, generalizados e jamais se dirigem a determinado condenado.
Importante salientar e repetir à exaustão que o indulto não é automaticamente concedido, mas examinado, caso a caso, depois de ouvir o Ministério Público, pelo juiz da Vara de Execuções Criminais, a quem cabe aplicar ou não a benesse.
Portanto, não é o presidente da República que decide quem será indultado, mas um dos milhares de juízes competentes para tal.
De todo modo, a forma como se ataca o instituto do indulto natalino e como tal ataque é repercutido pela mídia e redes sociais, polemizando e confundindo a opinião pública, revela-se um grande desserviço à causa da Justiça, que jamais poderá se divorciar da misericórdia e das raízes humanitárias que a fundamentam num Estado Democrático de Direito.

A Lava Jato quer preservar o poder de prender e soltar sem prestar contas, por Luis Nassif

O Jornal de todos Brasis

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As declarações dos procuradores da Lava Jato contra o indulto de Natal são ilustrativas do seu amadorismo.
Segundo Deltan Dallagnol, o indulto acaba com a Lava Jato, por comprometer sua maior arma: a possibilidade de manter o sujeito preso até que abra o bico.
Com essa afirmação, Dallagnol dá razão a todos os que apontavam essa característica da delação – que atropela qualquer princípio de direito. Dallagnol confirma que a delação se vale dos mesmos recursos da ditadura, de torturar o preso até que delate – em um caso, através de tortura física; no outro, com a privação da liberdade e com as visitas de procuradores praticando terror psicológico.
E, olha, o Ministério Público Federal gastou bits e bytes com suas campanhas para demonstrar que a maior parte das delações foi obtida de forma espontânea, sem uso de ameaças. O craque Dallagnol, que conseguiu desmoralizar a Lava Jato com um Power Point, agora desmoraliza a delação com um mero Twitter.
O segundo ponto relevante surge da comparação entre os apenados da Lava Jato e os beneficiados do indulto de Natal. Os principais agentes da corrupção estão ou soltos, ou em prisão domiciliar, gozando de parte da riqueza acumulada no período. É só conferir Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, João Santana.
Qual a razão da indignação, então, com o indulto? O fato da Lava Jato querer preservar para si o monopólio dos benefícios aos condenados. É a capacidade de prender e soltar, sem prestar contas, que garante o poder de juiz e procuradores. É por isso que agitam as redes sociais e as manchetes da imprensa amiga a cada tentativa de prestação de contas, mesmo aquelas exigidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Dispondo desse poder absoluto, com definições puramente subjetivas sobre penas e benefícios, quem garante a lisura do processo? O procurador cujo irmão enriqueceu com as delações premiadas? O juiz cujo primeiro amigo tentou entrar nessa seara? O advogado que atuava com a esposa do Juiz nas ações das APAEs?
Hoje em dia, já existe um acervo considerável de indícios, provas e dúvidas sobre a atuação da Lava Jato. O que a sustenta exclusivamente é a perspectiva de bloqueio da candidatura de Lula – a grande fatura que permitiu à Lava Jato todos os abusos e extravagâncias.
Daqui a algum tempo, haverá uma de duas possibilidades: ou Lula inocentado, ou a candidatura Lula interditada. Em qualquer hipótese, não haverá mais blindagem à Lava Jato.
Aí, haverá um enredo já conhecido. Gradativamente, as matérias engrossando as suspeitas contra a operação sairão dos rodapés para o meio das páginas. Mais algum tempo, para as manchetes principais.
Na série sobre a indústria da delação, puxamos vários fios da meada. Quando começar a debandada, as torneiras das fontes em off jorrarão sem parar, com cada fonte querendo montar sua própria blindagem comprando apoio do jornalista por denúncias.
E, aí, aprenderão sua última lição. Só existe uma categoria mais volúvel do que a de delator: a de jornalista. Em pouco tempo verão famílias de donos e famílias de jornalistas pulando fora do barco e, assumindo contra a Lava Jato o tom mais radical dos neo-convertidos.
Está certo Dallagnol em dizer que, ampliando o indulto de Natal, Michel Temer está resguardando seu próprio futuro. Mas sua sagacidade não chega ao ponto de entender que, quanto mais radicalizar o discurso agora, maior será a volta do cipó de Aroeira.