sexta-feira, 30 de junho de 2017

Entrevista

Márcio Pochmann: “A mão-de-obra brasileira não é cara”

por Sergio Lirio publicado 29/06/2017 10h42
Um trabalhador na China custa 16% a mais. E o gasto com um empregado nativo equivale a apenas 17% do desembolso nos EUA, compara o economista

Antonio Pinheiro
Operário
O custo do trabalho não é responsável pela crise.
O argumento que embasa a reforma é o mesmo que tem sido usado para atacar o arcabouço legal praticamente desde que Getúlio Vargas, no início dos anos 1940, reuniu toda as regras existentes na Consolidação das Leis do Trabalho. Um dos maiores especialistas brasileiros no tema, o economista Márcio Pochmann aponta as falácias dos argumentos contrários à CLT.
O trabalhador nativo não é caro, afirma na entrevista a seguir. Ao contrário. Atualmente a mão-de-obra chinesa custa 16% mais, enquanto o custo de um empregado nacional corresponde a apenas 17% daquele de um similar nos Estados Unidos. “Nosso problema neste momento é de demanda. O Brasil está sem rumo”, resume o professor da Unicamp e presidente da Fundação Perseu Abramo.
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CartaCapital: Os indicadores da economia não são nada conclusivos, apesar da tentativa do governo e da mídia alinhada a Michel Temer de vender otimismo. O que é possível afirmar sobre a situação do Brasil neste momento?
Marcos Pochmann: O movimento de recessão iniciado a partir de 2015 se constitui no terceiro período desse tipo no Brasil urbano e industrial. Primeiro, enfrentamos a recessão de 1981 a 83. A segunda ocorreu entre 1990 e 92. De certa maneira, existem pontos comparáveis. Em todos esses momentos houve uma queda profunda do nível de atividade, seguida de uma breve recuperação e de um novo mergulho da economia. Quando se olha os indicadores deste ano, tudo indica que paramos de cair. Talvez o Brasil cresça um pouco acima de zero, mas nada permite apostar em uma recuperação consistente de agora em diante. O aumento das exportações e a produção agrícola foram dois elementos importantes para uma certa reanimada.
 CC: Efeitos temporários...
MP: Sim. A política econômica aposta na contenção das despesas públicas, principalmente por meio da PEC do Teto dos Gastos. Isso significa que o Estado não poderá dar a sua cota para tirar o País da recessão.
 CC: E o setor privado?
MP: O sistema bancários enfrenta dificuldades na área de crédito. As famílias continuam endividadas. A taxa de juros rela permanece extremamente alta, pois ao corte da Selic corresponde um recuo da inflação, provocado em grande medida pela recessão. Pode ser que a economia empate em 2017, gire perto de 0%. Mas podemos caminhar para um novo recuo do PIB no próximo ano.

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Pochmann: 90% da CLT foi reformada ao longo do tempo (Foto: Wanezza Soares)
CC: A promessa dos apoiadores do impeachment é que a derrubada de Dilma Rousseff imediatamente estimularia a confiança dos empresários e reacenderia o “espírito animal” dos investidores. O que aconteceu?
MP: Como ter confiança? As reformas em tramitação no Congresso prolongam a insegurança jurídica. Vamos partir do pressuposto de que teremos eleições no próximo ano. As reformas estarão na pauta do debate eleitoral. Quem garante que o vencedor em 2018 não irá reformar as reformas? Tenho conversado com muitos empresários e eles expressam preocupação com, por exemplo, a lei de terceirização. Muitos acham que ela é ruim, mal elaborada. E se perguntam se não irão gerar um contencioso para o futuro se um próximo presidente revisar a legislação. Não vejo como as reformas garantirão a previsibilidade necessária para estimular os investimentos privados.
CC: Por que a terceirização não é considerada suficiente pelas grandes empresas?
MP: A terceirização é uma reforma trabalhista, pois abre uma série de possibilidades de universalizar a forma de contratação via terceirização. Isso vai atender certamente demandas relacionados a empregadores no setor público e para pequenas, no máximo médias empresas. No caso das grandes companhias, a terceirização avançou muito nos últimos anos. Há casos, inclusive, de corporações que voltaram atrás no processo. A terceirização responde a problemas concretos. No setor público, por causa da crise fiscal, prefeituras trocaram os concursos públicos por licitações para, por exemplo, contratar professores pelo menor salário. A grande empresa precisa de algo diferente, daí a proposta que altera mais de 300 dos pouco mais de 900 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho.
 CC: A CLT é mesmo tão antiquada, a ponto de ser eliminada ou totalmente reformada?
MP: Desde a consolidação das leis trabalhistas em 1943, quase 90% dos artigos da CLT foram modificados. A legislação brasileira é coetânea daquelas dos Estados Unidos e da maioria dos países da Europa. Não tem nada de diferente. É estranho o argumento de que a CLT é antiga e ultrapassada. O direito do trabalho no Brasil é dos anos 1930. O direito à propriedade privada é de 1850, mas ninguém diz que ele perdeu a função. Muitas das mudanças importantes no mercado de trabalho passam a largo da legislação e basicamente tem a ver com as relações no setor de serviços.
 CC: Que tipo de mudanças?
MP: Com o avanço da tecnologia da informação, o trabalho se tornou portável, pode ser realizado fora dos locais para os quais havia sido erigido o direito do trabalho. No passado, a jornada começava quando o empregado chegava à fábrica e batia o cartão de ponto e terminava quando ele saía de lá. Hoje é diferente. É possível exercer as funções fora do local de trabalho. A CLT não podia prever a revolução tecnológica. O mais importante seria incorporar à legislação a mediação dessas novas realidades.
 CC: O trabalhador brasileiro é caro como se diz?
MP: O custo do trabalho no Brasil até 2014 era 20% maior do que na China. Repetia-se o mantra de que era impossível competir com os chineses por causa disso. A partir de 2016, a mão-de-obra na China passou a custar 16% mais do que aqui. Igualmente até 2014, um trabalhador brasileiro custava um terço do equivalente nos Estados Unidos, atualmente vale 17%. Não há, portanto, como validar o argumento do custo alto da nossa mão-de-obra. O problema da economia é falta de demanda no mercado interno. O Brasil está sem rumo, os empresários não sabem o que fazer. Na última década, com as mesmas regras trabalhistas em vigor, geramos milhões de empregos.
"É estranho o argumento de que a CLT é ultrapassada"
CC: O quanto as desonerações fiscais promovidas pelo governo Dilma foram responsáveis pela crise econômica?
MP: Houve uma reorientação da política econômica a partir de 2011. Gradualmente ela chegou à recessão pelas mãos de Joaquim Levy, que havia quebrado o Rio de Janeiro e foi chamado para aplicar o mesmo modelo no plano nacional. A política anterior, no governo Lula, de estimular a demanda agregada, consumo e investimento, começou a apresentar limites em 2008. Gerava renda para os indivíduos sem reação do setor produtivo. Isso levou ao aumento das importações e a um rombo no saldo comercial dos produtos manufaturados. A reorientação sob Dilma tentou, de certa maneira, transitar para uma política de oferta agregada. As desonerações entram nesse contexto. Com custo menor, em tese as empresas investiriam mais e cortariam preços. Não aconteceu. E houve o represamento dos preços administrados...
CC: Da Petrobras, entre outros.
MP: Sim. A contenção dos reajustes dos preços dos combustíveis provocou sérios problemas para o caixa da petroleira. Foi parecido no caso do custo da energia elétrica, agravado pela seca no período, que esvaziou os reservatórios das hidrelétricas. Essas benesses não foram repassadas aos preços. Acabaram incorporadas à margem de lucro dos empresários.
CC: O que o próximo governo terá de fazer para reencontrar o caminho do crescimento?
MP: É difícil prever. Sem querer ser otimista em excesso, acredito que o Brasil sempre se moveu em momentos de crise, de recessão. Não faço aqui um juízo de valor, se os movimentos foram bons ou ruins. A recessão dos anos 1980 preparou o País para as exportações. A queda do PIB no governo de Fernando Collor levou às privatizações do período Fernando Henrique Cardoso. O complicado é saber o que esta recessão vai gerar, pois é a mais grave da nossa história, quase dez pontos percentuais de redução do Produto Interno Bruto per capita.
CC: O que o senhor indicaria?
MP: O Brasil precisa se reindustrializar, mas não só. Necessita se interiorizar, pensar em uma expansão para o oeste. Cinco séculos após a descoberta do País, continuamos colados ao litoral. Ao contrário do que muitos defendem, acho importante criar novas cidades e não reduzir o número delas. Os chineses criaram sete novos municípios e ancoraram ali seu salto econômico.
CC: Não temos muitas cidades financeiramente insustentáveis?
MP: De fato, 26% dos municípios são “cidades fantasmas”: não tem arrecadação ou população. Normalmente se tratam de áreas agrícolas com atividades econômicas que não se sustentam. Para interiorizar, é preciso acoplar uma política de estímulo à interiorização dos serviços. Por que tantos médicos não se mudam para o interior, apesar das ofertas polpudas de salários? Por conta da falta de boas escolas, de lazer, de restaurantes... Outro ponto: os casais têm cada vez menos filhos. O País vive uma transição demográfica, os habitantes ficam mais velhos. Por que temos de aceitar essa tendência como inevitável? Várias nações estimulam a elevação do número de filhos. Para um país continental como o Brasil, 230 milhões de habitantes são suficientes? Ainda estamos em construção, somos uma nação jovem.
CC: Como recuperar a força da indústria com a demonização dos instrumentos tradicionais de estímulo e com setores cruciais destruídos pela Lava Jato?
 MP: O PT tentou experimentar um modelo de capitalismo de Estado que deu certo na Coreia do Sul, que tem 12 grandes grupos econômicos organizadores da atividade produtiva. Até os liberais celebram o sucesso da Coreia. Não dispensaria a experiência de estimular a presença internacional das nossas companhias. Mas ela não gera tantos empregos internos. E não estamos preparados para estimular a geração de postos de trabalho em micro e pequenas empresas. Não há uma universidade para pequenos negócios e falta um banco especializado no setor, para citar duas lacunas. Não é imaginável uma reindustrialização para retornar ao modelo dos anos 1970, um parque diversificado. Mas existem setores que podem constituir núcleos importantes. Cito em particular a Defesa, a indústria associada ao agronegócio e o complexo da saúde. Só as encomendas do SUS são suficientes para sustentar um sistema industrial. E, apesar dos problemas, temos a área de petróleo e gás.

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Cinco séculos depois, continuamos grudados ao litoral (Foto: Tomaz Silva/ABr)
CC: O senhor enxerga algum horizonte de recuperação da economia?
MP: Só vamos ter uma recuperação de fato se mudarmos o eixo da política econômica. O Banco Central acaba de divulgar o relatório trimestral de inflação. Caminhamos rumo a uma depressão, pois deflação é sinal de que a economia não reage. Com o teto de gastos, enxergo um País estagnado, em situação pior do que aquela dos anos 1980. Os problemas sociais tendem a se agravar. O federalismo praticamente desapareceu com a crise nos estados. A maior parte da sociedade é contra o atual governo, contra o modelo econômico, do receituário das reformas. Mas falta articulação, lideranças e um projeto que unifique o campo progressista. Se tivermos capacidade de construir esse projeto, ele será vencedor, em um horizonte muito melhor do que o atual.

Protesto

Contra reformas de Temer, greve mira transportes e rodovias

por Redação — publicado 30/06/2017 11h16, última modificação 30/06/2017 11h17
As manifestações contra as reformas da Previdência e trabalhista foram registradas em todo o País

Divulgação / Facebook / CUT Brasil
Greve geral
Bloqueio na Rodovia do Xisto, em Araucárias (PR).
Até o fim da manhã, a manifestação parecia ter menos impacto que a realizada em 28 de abril, quando um protesto em Brasília terminou com ataques a prédios de ministérios e o governo convocando o Exército, um pedido desastrado que acabou sendo retirado horas depois.
No Distrito Federal, a greve desta sexta-feira teve adesão de diversas categorias, como metroviários, rodoviários, professores da rede pública e vigilantes. No caso dos transportes, o juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal Cível do DF, determinou na quinta-feira 29 que, no mínimo, 30% da frota dos dois meios de transporte sejam mantidos em circulação, mas a determinação não foi cumprida. O juiz fixou multa de 2 milhões de reais para cada sindicato que descumprir a ordem.
A Esplanada dos Ministérios foi alvo de uma intensa operação de segurança para evitar atos como o de 28 de abril, no qual edifícios governamentais foram atacados. A Esplanada ficou fechada para o trânsito desde a 0h desta sexta-feira, em uma interdição que começou na Rodoviária do Plano Piloto, sentido Palácio do Planalto. Os policiais militares montaram vários cordões de revista nos acessos de pedestres ao local ea té mesmo os funcionários dos ministérios foram abordados.
Além de 2,6 mil policiais militares na área central da cidade, 400 homens da Força Nacional estão, desde as 5 horas da manhã, fazendo a segurança patrimonial dos ministérios.
Por todo o Brasil, houve trancamento de vias, ou tentativas. Alguns dos alvos foram a BR-101, no Recife e em Sergipe, neste na altura do município de Maruim; a BR-110, na altura do município de Paulo Afonso (BA); a Rodovia do Xisto, entre Curitiba e Araucária (PR); a BR-287, na altura de Santa Maria (RS). Em Santa Catarina, durante ato na BR-101, na altura do município de Navegantes, dois manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) foram presos, "de forma arbitrária", segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Assim como em Brasília, o setor de transportes se mobilizou em Fortaleza e Belo Horizonte.
Na capital cearense houve paralisação de motoristas e cobradores de ônibus e um ato do sindicato dos trabalhadores da construção civil, que teve início na Praça Portugal, bairro da Aldeota, e terminou na Praça da Bandeira, no centro.
Em Belo Horizonte, os metroviários aderiram à greve e houve muitos protestos na região metropolitana, a maioria organizados pela CUT e pelo Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). No interior de Minas Gerais também houve atos em rodovias federais, como a BR-267 (altura de Juiz de Fora), BR-381 (em Itatiaiuçu) e BR-135 (em Montes Claros).
Em São Paulo, transporte não parou
Em São Paulo, sem a adesão do setor de transportes, que liderou o protesto de 28 de abril, ao lado de professores das redes pública e privada, o movimento foi fraco pela manhã na capital.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou, às 9h30, 11 pontos com interdições. Na Avenida São João, a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes.
Outro efeito visível da greve na cidade foi a paralisação nos bancos. Diversos bancos não funcionaram nesta sexta-feira 30 porque as entidades filiadas às federações e à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) decidiram paralisar sua atividades. A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal também aderiu ao movimento.
Na Grande São Paulo e no interior, houve manifestações em rodovias como a via Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP); a Dutra, na altura de Pindamonhagaba; e a Régis Bittencourt, entre Taboão da Serra e Embu das Artes.
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) bloqueou pela manhã a rodovia Helio Smidt, principal acesso ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, mas após negociação com a Polícia Militar decidiu não ocupar todas as faixas da via. O MTST também realizou um ato no saguão do aeroporto de Congonhas, que fica dentro da capital paulista.

Rio teve diversos atos simultâneos
No Rio de Janeiro, houve diversos bloqueios em rodovias. A BR-101 tinha dois bloqueios. Em um deles, no quilômetro 484, em Angra dos Reis, por volta das 5h30, cerca de 40 pessoas interditaram totalmente as pistas. No quilômetro 72, em Campos dos Goytacazes, a pista foi interditada às 8h. No quilômetro 320, em Niterói, por volta das 5h50, manifestantes também atearam fogo a objetos na rodovia, mas a Polícia Rodoviária Federal já liberou a via.
Na capital do Rio, um protesto na altura do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) provocou a paralisação da Ponte Rio-Niterói (BR-101). Na Avenida 20 de Janeiro, que dá acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, uma faixa foi ocupada.
A reforma trabalhista
O texto da reforma trabalhista altera profundamente as relações de trabalho no Brasil, ao regulamentar o trabalho intermitente, acabar com a contribuição sindical, enfraquecer Justiça do Trabalho e fazer acordos coletivos prevalecem sobre a legislação, entre outros pontos.
Ainda que a maior parte da grande imprensa não aborde o impacto negativo das mudanças, como mostrou levantamento da ONG Repórter Brasil, inúmeros especialistas são contrários ao texto.
"Com a reforma trabalhista, o poder do empregado fica reduzido a pó", disse a CartaCapital Maria Aparecida da Cruz Bridi, professora de Sociologia da Universidade Federal do Paraná. Ricardo Antunes, da Unicamp, referência na sociologia do trabalho, fez duras críticas ao texto em entrevista a CartaCapital. "Na escravidão o trabalhador era vendido. Na terceirização, é alugado", afirmou ele.
Na terça-feira 27, o Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aprovou duas preliminares sobre a reforma nas quais repudia o regime de urgência com que a proposta tramita no Congresso Nacional e denuncia inconstitucionalidades encontradas no projeto de lei.
A reforma da Previdência
A reforma previdenciária também conta com intenso apoio da grande imprensa. Como mostrou outro levantamento da Repórter Brasil, os principais veículos jornalísticos brasileiros tendem a ignorar as críticas às mudanças na Previdência.
Ainda assim, há muitas vozes críticas às propostas do governo. Em entrevista a CartaCapital, a economista Denise Gentil, da UFRJ, lembrou que "é o próprio governo que provoca o déficit da Previdência" ao não cobrar sonegadores e conceder renúncias fiscais.
A economista Joana Mostafa, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacou que a "reforma da Previdência é muito perversa com as mulheres". Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp e colunista de CartaCapital, destacou que em um cenário de baixo crescimento, a explosiva combinação das mudanças trabalhistas e previdenciárias derrubará as receitas do INSS.

Corrupção

Rocha Loures, o "homem da mala" de Temer, será solto

por Redação — publicado 30/06/2017 17h18, última modificação 30/06/2017 18h06
Assessor do presidente da República usará tornozeleira eletrônica. A decisão é de Edson Fachin, relator do caso no STF

Rodrigo Rocha Loures
Rocha Loures está preso (Foto: Bruno Santos / Folhapress).
Fachin determinou quatro medidas cautelares a Rocha Loures. O ex-deputado terá de se recolher em casa das 20h às 6h e nos sábados, domingos e feriados e será monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele está proibido de manter contato com qualquer investigado, reu ou testemunha relacionados às investigações. Loures não poderá se ausentar do País e terá de entregar seu passaporte em até 48 horas. Por fim, é exigido que o ex-assessor de Temer compareça em juízo para informar e justificar suas atividades sempre que for requisitado.
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Rocha Loures estava preso desde 3 de junho e sua soltura coincide com a publicação de reclamações por parte de sua defesa a respeito das condições em que o assessor estava preso.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o advogado de Loures, Cezar Bitencourt, afirmou que seu cliente foi sempre muito bem tratado pela Polícia Federal, mas que a carceragem do órgão não está aparelhada para a permanência de um detento. Segundo o advogado, Loures está em uma cela sem janela, com pouca ventilação, sem banheiro nem chuveiro, na carceragem da PF em Brasília.
Rocha Loures, o pivô da acusação
Nas 60 páginas da denúncia por corrupção passiva que apresentou ao STF contra Michel Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, buscou conectar dois conjuntos de fatos para provar a culpa do presidente.
O primeiro envolve a negociação da propina semanal feita entre representantes do grupo J&F, de Joesley Batista, e Rocha Loures. O segundo conjunto compõe o estreito relacionamento entre Loures e Temer. Para Janot, há evidências de que, ao pedir e receber propina, Loures estava atuando em nome de Temer.
O primeiro conjunto de fatos, que diz respeito a Rocha Loures, deixa a situação do assessor, que também é suplente de deputado federal, muito complicada. A prova mais cabal contra Rocha Loures é a mala com 500 mil reais de propina que ele recebeu de Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, em um encontro entre os dois em 28 de abril deste ano, em São Paulo. Os dois se reuniram inicialmente no Shopping Center Vila Olímpia, na zona oeste da cidade, e depois foram para uma pizzaria na rua Pamplona, nos Jardins, zona sul.
Todo o encontro foi acompanhado, fotografado e filmado pela Polícia Federal em uma "ação controlada" autorizada pela Justiça. Há registro em vídeo de Rocha Loures correndo com a mala de dinheiro em direção a um táxi que o aguardava nas proximidades da pizzaria. Tanto a ação da PF quanto o depoimento do motorista de táxi confirmam que Rocha Loures entrou no restaurante sem bagagem e saiu de lá com a mala.

A cruzada contra o Ministério Público mineiro e a mão invisível dos Neves

O xeque-mate no promotor Eduardo Nepomuceno - do helicóptero do Perrella e aeroporto de Cláudio - levanta dúvidas sobre o caráter político de seu julgamento e revela que outros membros do Ministério Público mineiro estão sob constante vigilância
 
Foto: Agência Senado
 
Jornal GGN - Era uma vez um promotor que tentava desnudar as falcatruas por trás de escândalos que ameaçavam engolir políticos poderosos e intocados pela Justiça. Até que um dia o promotor sentiu o peso de uma mão invisível - atribuída à família Neves - e foi removido à força do cargo que ocupava há 14 anos, na Promotoria incumbida de zelar pelo patrimônio público.
 
Longe da imaterialidade dos contos de fadas, a história do promotor Eduardo Nepomuceno talvez seja o caso mais exemplar do que pode acontecer com quem tenta investigar desvios em Minas Gerais. Ele foi julgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por “ausência de racionalidade e de desrespeito à dignidade das pessoas submetidas a investigações que duraram anos sem que houvesse, desde o início, a presença de justa causa para a instauração [do inquérito]”. 
 
O processo levanta dúvidas sobre o caráter político do julgamento e revela que outros promotores do Ministério Público de Minas Gerais estão sob constante vigilância exercida por meio do CNMP.
 
Hoje presidido por Rodrigo Janot, o CNMP tem seus conselheiros avalizados pelo Senado.
 
Uma fonte do MP mineiro explicou ao GGN, sob condição de anonimato, os bastidores do xeque-mate em Nepomuceno e como isso impactou nos trabalhos da Promotoria. O relato expõe o suposto uso do CNMP para sufocar promotores.
 
"É uma vergonha que o Conselho Nacional do Ministério Público tenha submetido a instituição a interesses políticos escusos", disse a fonte.
 
Ventila-se que a devassa em Minas surtiu tanto efeito que matou na raiz o acordo de delação premiada de Marcos Valério, que prometeu delatar Andrea Neves por lavagem de dinheiro, em esquema envolvendo a Babycare. A redação não conseguiu localizar a defesa do publicitário para comentar o assunto.
 
A CRUZADA CONTRA O PROMOTOR
 
Foi em maio de 2014, ano em que Aécio disputaria a Presidência da República, que Zezé Perrella anunciou no Senado que havia acionado o CNMP com uma representação disciplinar contra Eduardo Nepomuceno - que, a título de exemplo, investigou o caso Copasa, o aeroporto de Cláudio e o helicóptero apreendido com quase meia tonelada de pasta de cocaína.
 
Mas Perrella "é só uma ponta em toda essa história. Ele quer faturar em cima desse afastamento, mas os interesses são vários." Eles partem, de um lado, de dentro do próprio Ministério Público e, de outro, da família Neves.
 
"Andrea Neves mandou muito tempo no Ministério Público de Minas Gerais. Com a nomeação dos procuradores-gerais, conseguiu um feito histórico: não existe um inquérito instaurado por procurador-geral no Estado contra os governos tucanos", disse a fonte no MPE. Ao contrário disso, há casos em que antigos chefes do MPE avocaram inquéritos que brotaram nas Promotorias só para arquivá-los.
 
Perrella - apontado como "laranja" dos Neves - usou politicamente o trancamento de um inquérito instaurado por Nepomuceno em 2004 para apurar diversas irregularidades envolvendo a gestão do Cruzeiro, envolvendo a compra e venda de jogadores e evasão de divisas.
 
Nesse mesmo inquérito, a possível relação promíscua de Perrella com o auditor Euler Nogueira Mendes - que caiu na Lava Jato sob suspeita de lavar a propina da JBS a Aécio Neves - já havia sido questionada. Mas esse braço da investigação não prosperou porque o Cruzeiro conseguiu derrubar na Justiça a obrigação de fornecer ao MP dados financeiros do clube.
 
Em 2007, Nepomuceno enviou para a Polícia Federal outra parte substancial do inquérito que poderia atingir Perrella, e ficou na expectativa de que a instituição abastecesse o que restou em suas mãos com informações que pudessem viabilizar ao menos uma ação na esfera cível pelo prejuízo aos clubes.
 
Mas a PF não deu retorno e o que restou com Nepomuceno não foi suficiente para fundamentar uma denúncia. O pedido de arquivamento do caso foi submetido ao CNMP e o conselheiro Rogério Felipeto concordou.
 
A reclamação disciplinar apresentada por Perrela (nº 000735/2014-47) foi distribuída à Corregedoria do CNMP em 12/05/2014. O vídeo em que o senador dispara contra Nepomuceno foi publicado um dia depois.
 
 
Em junho de 2015, a cúpula do próprio Ministério Público de Minas Gerais - então comandada por Carlos André Bittencourt, nomeado por Antonio Anastasia (PSDB) - decidiu instaurar, pela Portaria n.º 30/2015, um procedimento disciplinar contra Nepomuceno. Ao longo dos meses, a comissão sofreu várias mudanças em virtude do pedido de seus membros para abandonar a apuração.
 
Quem acompanhou o processo avalia que, ao analisar a reclamação de Perrella, em outubro de 2015, o CNMP decidiu avocar o processo 30/2015 contra Nepomuceno porque na esfera estadual não seria tão fácil condená-lo.
 
O Procedimento Avocado nº 1.00424/2015-30, no CNMP, teve diligências em abril de 2016.
 
O julgamento final saiu em 13 de dezembro de 2016: Nepomuceno foi condenado à remoção compulsória da Promotoria do Patrimônio Público.
 
O CNMP concluiu que restaram comprovados "a paralisação e o atraso no andamento de inquéritos civis, por longos períodos e sem motivação adequada", além da "ausência de racionalidade na condução de procedimentos de investigação", entre outras acusações.
 
Em 11 de janeiro de 2017, Nepomuceno entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal. Em 9 de fevereiro, Dias Toffoli negou o recurso. Nos corredores do MPMG também circula que interlocutores do ministro admitiram lobby contra Nepomuceno na Suprema Corte. E que Janot negou-se a receber o promotor.
 
O promotor agora trabalha na 12ª Promotoria de Justiça Criminal.
 
A FISCALIZAÇÃO NO MP MINEIRO
 
Em paralelo ao julgamento de Nepomuceno no CNMP, em dezembro de 2016, a Corregedoria decidiu fazer uma "Correição Extraordinária" na 17ª Promotoria de Justiça de Belo Horizonte.
 
Com isso, lançou tentáculos sobre Nepomuceno e mais outros 5 promotores, incluindo a responsável por um inquérito sobre os desdobramentos do Mensalão em Minas.
 
A insperação ocorreu em dezembro de 2016, sob supervisão do corregedor-geral Cláudio Henrique Portela do Rego.
 
O trabalho de Nepomuceno foi comparado quantitativamente ao dos outros 5 promotores. A avaliação que foi exatamente a mesma para todos. O CNMP copiou e colou seis vezes o seguinte comentário sobre problemas nos procedimentos e falta de "clareza na linha investigativa adotada".
 
 
Contrariando a base do julgamento de Nepomuceno no CNMP, duas informações chamam atenção no relatório:
 
A primeira é que ele foi o promotor que mais preencheu as expectativas da Corregedoria em termos de "ações civis ajuizadas e medidas resolutivas aplicadas" em 2016.
 
 
A segunda informação é sobre a promotora Elisabeth Cristina dos Santos Reis Vilella que, pelo relatório, é a responsável por investigar esquema de corrupção envolvendo Marcos Valério e os R$ 20 milhões. O inquérito, instaurado em 2005, ficou parado entre 2008 e 2013. Segue sem resolução até hoje. 
 
 
 
Embora os 6 promotores tenham tido a mesma avaliação, com destaque para a inconclusão do inquérito de Marcos Valério, só Nepomuceno foi sancionado por arrastar processos.
 
No final, a Corregedoria propôs a continuidade da marcação acirrada sobre os 6 promotores, individualmente, por no mínimo um ano.
 
Estão na mira do CNMP João Medeiros Silva Neto, Geraldo Ferreira da Silva, Julio Cesar Luciano, Raquel Pacheco Ribeiro de Souza e Elisabeth Cristina dos Reis Villela, além de Nepomuceno, cuja fiscalização permanente foi mantida mesmo após a troca de Promotoria.
 
Em 29 de janeiro, o jornal O TEMPO publicou a seguinte nota:
 
"Em Belo Horizonte, a mensagem intimidante já parece surtir efeito. Nessa quarta-feira, 25, saiu no “Diário Oficial” a transferência de uma colega de Nepomuceno, Raquel Pacheco Ribeiro de Souza, que pediu para sair do setor. Há rumores de que pode ainda haver mais defecção na malquista promotoria."

Fachin autoriza soltura de Rocha Loures

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Foto: Câmara dos Deputados
 
Jornal GGN - Luiz Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a soltura do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). O magistrado determinou que Loures deverá usar tornozeleira eletrônica e que o peemedebista fique em casa das 20h às 6h, e também aos finais de semana e feriados. 
 
O ex-assessor de Michel Temer também está proibido de entrar em contato com outros investigados e não poderá deixar o país. Ele foi preso preventivamente no último dia 3, após ser flagrado recebendo uma mala com R$ 500 mil de propina da JBS.
 
Ao pedir sua prisão, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, alegou que havia a possibilidade de prejuízo às investigações, e também que Loures pudesse cometer novos crimes. 
 
A procuradoria afirma que o dinheiro recebido pelo ex-deputado era destinado ao presidente Michel Temer para que a JBS fosse favorecida em um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).  Na segunda-feira, a PGR apresentou uma denúncia contra Temer e Rocha Loures por corrupção passiva. 
 
De acordo com a Folha de S. Paulo, a família do ex-deputado disse que ele estava sendo submetido a uma situação similar à tortura na prisão na carceragem da PF para ele fizesse um acordo de delação contra Temer. Eles afirma, que sua infração é igual a do primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), Frederico Pacheco de Medeiros, que cumpre prisão domiciliar.

Economistas neolibelês dão bye-bye, Brazil!

Só o que lhes interessa é a taxa real de juro
publicado 30/06/2017
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O Conversa Afiada reproduz notável artigo de Saul Leblon, na Carta Maior:

Bye, bye, Brasil


Economistas de bancos, gente bem sucedida de berço, executivos prestigiados estão se desfazendo de ativos e participações no país e rumam para temporadas sabáticas no exterior.

O comboio classe A reedita no ‘formato pessoa física’ o percurso que o patrimônio, o chamado dinheiro grosso, sempre fez e continua a fazer.

A explicação para o enfado é a resiliência dos impasses que o golpe tarda a resolver.

Nada contra o golpe, a nonchalance é ... com o Brasil.

O país secularmente marcado por crises recorrentes, desta vez não parece reunir tônus para superar seus gargalos.

Pelo menos não do ponto de vista descortinado do mirante dos que nunca sofreram na carne os efeitos dos reveses pátrios, embora sempre tenham se beneficiado dos ciclos de alta.

Persio Arida, o ex-menino prodígio do Plano Real, doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é um dos que afivela malas em direção ao embarque internacional.

Carrega na bagagem a tranquilidade financeira de quem presidiu o BNDES no governo do PSDB.

De lá migrou junto com a então esposa, Elena Landau (que dirigiu o plano de privatização tucano no mesmo banco) para o Opportunity, de Daniel Dantas. Ali, o casal de tucanos exerceria a republicana função de orientar o capital estrangeiro na compra de ações de estatais privatizáveis.

Arida está se desfazendo também da participação graúda no conselho do BTG-Pactual, o banco que presidiu quando o titular, André Esteves, foi preso por corrupção: compra de emendas no balcão de Eduardo Cunha.
Na juventude nos anos 70, o economista tucano, agora aos 65 anos, militou na resistência armada à ditadura como membro da VAR-Palmares, a mesma organização da ex-presidenta Dilma Rousseff, da qual diverge radicalmente hoje.

Definindo-se como um liberal completo, ele deixa para trás as pendências materiais produzidas por esse choque de ideias para um retiro em Oxford, na Inglaterra.

A partir de setembro ministrará workshops na Blavatnik School of Goverment aproveitando o tempo livre para escrever suas memórias.

Outro titã do Plano Real, André Lara Resende, já decolou há mais tempo.

Foi viver, pedalar, cavalgar e refletir sobre os impasses brasileiros longe do objeto em transe. Primeiro, como fellow scholar da Universidade de Oxford, na Inglaterra, para onde teria levado seus cavalos de corrida a bordo de aviões fretados; mais recentemente, como morador em Tribeca, nos EUA, e professor visitante da Columbia.

Sugestivamente, Lara Resende também recheou o currículo com uma passagem na presidência do BNDES, sob o governo tucano de FHC.

Em 1998 teve que deixar o cargo, ejetado pelo escândalo da privatização da telefonia brasileira.

Como se recorda, gravações envolvendo Fernando Henrique Cardoso e o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, vieram à tona, então. Num deles, Lara Resende fala em ‘acionar a bomba atômica’(FHC) para obrigar um fundo ligado ao setor público a apoiar um consórcio privado interessado nas teles.

Os diálogos demonstraram que o BNDES e o governo como um todo teriam atingido o ‘limite da responsabilidade’ (frase de Mendonça) nas articulações com grupos de interesses no rateio de um negócio milionário.

Apesar das suspeitas de favorecimento e enriquecimento ilícito de tucanos graúdos e seus parentes miúdos, Lara Resende foi absolvido nas investigações.

O economista –que já fora sócio de Luiz Carlos Mendonça de Barros na criação do banco Matrix, em 1993, de sucesso meteórico na era tucana-- está no país para lançar seu terceiro livro.

 Intelectual respeitado como uma das mentes mais inquietas do conservadorismo, ele inverte a relação convencional que explica a anomalia do juro sideral praticado aqui como consequência e remédio da inflação alta.

A tese do tucano, que num primeiro momento assustou seus pares do mercado, é que ‘no Brasil o juro alto virou o indexador de preços do mercado’.

Mas calma, não é uma guinada esquerdista.

A aparente heterodoxia converge por linhas tortas ao velho ninho seminal da narrativa conservadora.

A origem do juro alto --que indexaria a inflação-- é o déficit público.

‘O país é viciado no Estado’, diz o quadro tucano mais admirado por FHC.

 ‘O país gasta mais do que arrecada’, reiterou em entrevista tranquilizadora para os centuriões competitivos das mesas de operação.

A verdadeira inversão causal que seria dizer ‘o país arrecada menos do que gasta’ nunca esteve nas cogitações de Lara Resende.

Respiram aliviados os endinheirados que, segundo Estudos do Senado brasileiro, auferiram em 2016 cerca de R$ 334 bilhões em lucros e dividendos livres de qualquer tributação (leia nesta página: http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Rua-voto-e-politizacao-do-desenvolvimento/38252)

A lógica intocada está na origem de uma crise avaliada por outro bico longo, José Serra –um dos responsáveis por ela-- como ‘pior que a de 1964’.

Desta vez, no entanto, não são os perseguidos políticos que buscam os saguões do embarque internacional.

O movimento, na verdade, tornou-se perceptível porque atingiu, ademais de pavões e tucanos ilustres, justamente círculos bem postos da classe média alta, sem falar dos seus filhos, em eterna jeunesse dourée.

Fartos ou indiferentes eles se despedem de uma nação posta de joelhos, para retiros mais acolhedores, ainda que com menor grau acadêmico.

Miami e Lisboa lideram as preferencias aqui, sendo a capital portuguesa listada nas apreciações conservadoras, paradoxalmente, pelo bom momento econômico, social e cultural propiciado por políticas heterodoxas. Obra da coalizão de esquerda que, sugestivamente, assumiu o poder português depois do fracasso de um governo austericida.

Dados da Receita Federal contabilizam 20.469 Declarações de Saída Definitiva do país só em 2016.

O salto é graúdo se comparado às estatísticas do início da década: 8.510 saídas definitivas em 2011, por exemplo.

Mais que a escala, importa ressaltar aquia qualidade da resposta conservadora a um desmanche que ajudou a semear com afinco, mas de cuja colheita agora prefere manter-se à distância.

São tempos interessantes.

Na letra miúda do descaso elitista com a sorte da nação define-se, por contraposição, o verdadeiro lastro à pertinência da ideia de Estado, democracia e desenvolvimento em nosso tempo.

Quem de fato sustenta essa sobrevivência porque dela necessita como a corrente sanguínea precisa dos músculos cardíacos para não coagular é o povo brasileiro.

A maciça, esférica maioria de homens, mulheres, idosos, jovens e crianças do país não pode prescindir desses ‘anacronismos’, no dizer neoliberal, sob pena de se tornarem eles próprios anacrônicos na fila cada vez mais estreita e seletiva do ingresso ao estado das artes da civilização.

A indiferença dos de cima complica sobremaneira o acesso dos que dependem da construção uma república de todos nestes 8,5 milhões de kms2 de segregação e riquezas desigualmente auferidas.

Se vivo, o coronel Pedro Nunes Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), perfilaria ao lado dos Aridas e Resendes que se escafedem, a bradar o famoso bordão: ‘É tempo de murici, que cada um cuide de si’.

A evocação à debandada corresponde ao empoçamento do futuro para a grande Canudos cuja sorte está atada à superação progressista dos gargalos do desenvolvimento brasileiro.

Da servidão rentista do século XXI ela não se livrará pela lógica de mercado.

Pelo menos é o que se pode depreender da estratégia que gestores de fortunas reservam ao pecúlio sob a sua guarda.

Luis Stuhlberger, dirigente e estrategista do fundo Verde é um caso ilustrativo de exílio financeiro dentro do próprio país.

Ele tem a guarda de algo como R$ 20 bilhões em espécie de ricaços e empresas.

Mas não se dispõe a correr nenhum risco com investimentos de longo prazo, desses que o país necessita desesperadamente para sair do pântano recessivo.

Sua escolha alinha-se a lógica dos que batem asas de costas para a encruzilhada nacional, reduzindo os laços à frequência e intensidade do hotmoney de estadia curta.

 ‘A única coisa que tem no fundo hoje é uma posição grande --metade do fundo-- em NTN-B com ‘duration’ (prazo médio) curta. De Brasil é isso. Tenho CDI com NTN-B. Nem diria que é uma aposta (são papéis de autoproteção)’, explica o estrategista do ‘Verde’, um dos maiores fundos de ‘investimento’ do país.

O exílio do dinheiro grosso na dívida pública é um garrote vil.

Para garantir a remuneração da riqueza privada, que tem na dívida pública a sua contrapartida de miséria, o mercado, a mídia e a escória política fizeram uma sublevação e derrubaram uma Presidenta honesta.

Substituíram- na por um plantel de achacadores profissionais da política.

Agora, nem o Estado investe em infraestrutura, nem os gestores privados querem correr o risco, preferindo exortar as tarraxas do arrocho.

Câmbio favorável à exportação, previsibilidade fiscal, taxa de juro civilizada incluem-se entre os ingredientes da difícil calibragem macroeconômica de qualquer nação em luta pelo desenvolvimento.

Mas a verdade, a dura verdade, é que não bastam; sobretudo, não brotam jamais dos ‘impulsos’ do próprio sistema cantado pelos sacerdotes dos ‘mercados racionais’, como mostra o raciocínio dos gestores da riqueza na hora do aperto.

Enfim, a crise econômica atual não se explica nem se resolve nela mesma.

Atribuir a pasmaceira do país exclusivamente aos ‘erros da Dilma’ – ilusão ruminada inclusive por segmentos à esquerda; ou o cacoete daqueles que transpirando preconceito de classe acusam o ‘voluntarismo lulopopulista’ de responsável pelos gargalos estruturais de um dos sistemas econômicos mais injustos da face da terra, são miragens de quem se recusa a encarar o deserto a transpor e prefere retiros confortáveis enquanto a guerra civil se arma por aqui.

Os riscos decorrentes são enormes.

Num extremo encontram-se as saídas voluntaristas, de verbalização tão simples quanto falsa.

No outro, a ‘rendição dos sensatos’, esses que aparentando responsabilidade descartam irresponsavelmente qualquer alternativa ao armagedon recessivo exigido pelos mercados.

A colonização dos partidos de esquerda por essa lente embaçante de dupla película é uma das tragédias do nosso tempo.

'O ponto importante’, explica o pensador marxista István Mészàros, ‘é que eles (os mercados capitalistas) vêm praticando orgias financeiras como resultado de uma crise estrutural do sistema produtivo’.

Insista-se: a terra em transe resulta de um traço estrutural do sistema capitalista nos dias que correm.

Ou, na síntese iluminadora de Mészàros: ‘A acumulação de capital não pode mais funcionar adequadamente no âmbito da economia produtiva’.

Seu apetite só se satisfaz na voragem de uma dança financeira descolada da produção.

Essa que capturou o Estado brasileiro para ser a negação da alavanca permeável ao interesse popular na luta por desenvolvimento e justiça social.

Resulta daí o impasse protagonizado por endinheirados que nem investem, nem permitem a tributação da riqueza para que o Estado possa faze-lo.

Como formular e implantar uma política de desenvolvimento focada na construção de uma democracia social nesse ambiente de beligerância constitutiva?

Como fazê-lo contra um adversário capacitado a exercer, como de fato exerce pelas prerrogativas midiáticas e financeiras de que dispõe, seu poder de veto sobre as urnas, partidos, governos e o discernimento social?

O resultado dos desencontros é a crise.

Sobra capital especulativo no fundo Verde atado a títulos de ‘duration’ curta, de um lado.

De outro, a sociedade carece de infraestrutura, serviços, emprego e renda.

No arremate, a retração da atividade reduz ainda mais a margem de ação fiscal do governo.

Não por acaso, o golpe que veio corrigir a ‘gastança’ debate-se em sérias dificuldades para conter o déficit fiscal dentro da meta de R$ 139 bilhões, dependendo para isso de receitas extras que compensem a arrecadação aguada pela retração econômica.

Sem consertar o motor do desenvolvimento brasileiro o comboio não sairá do atoleiro.

Não se trata de uma falha mecânica, porém, mas de um desastre deliberado.

Decorridos 53 anos do golpe militar de 1964, quando tentou pela última vez modelar um país à sua imagem e semelhança, as elites se conformaram em fincar no endividamento público que tanto criticam seu porto seguro histórico.

 Essa escolha custa 7% do PIB ao ano.

Juros e rolagem pagos em detrimento de outras prioridades cuja postergação gera múltiplos desse custo, conduzindo a espiral do apartheid em curso nas vísceras da nação.

A tolerância conservadora com quase uma década de políticas progressistas esgotou o prazo de validade quando ficou claro que a crise de 2008 marcava o crepúsculo da ordem neoliberal no mundo.

 O comércio internacional cuja expansão feérica, duas vezes maior que a do PIB global, funcionou como força acomodatícia dos conflitos de classe secou seu poder lubrificante.

A consequente atrofia da receita fiscal deixou três opções ao passo seguinte do desenvolvimento brasileiro: I) endividamento público desestabilizador; II) reformas progressistas com taxação adicional da riqueza, ou III) um arrocho fiscal drástico.

‘O Brasil gasta mais do que arrecada’ tornou-se o bordão da opção que partiu para inviabilizar a ação do governo petista, declarando guerra aberta à Presidenta Dilma Rousseff já na metade final de seu primeiro governo.

 O estopim foi a decisão presidencial, em 2012, de contornar a saturação do gasto público impondo ao mercado financeiro uma queda expressiva do juro e do crédito, a partir dos bancos estatais.

A manchete garrafal do jornal O Globo do dia sete de maio de 2012 trazia como resposta uma declaração de guerra ao governo: ‘Bancos reagem a Dilma e não garantem crédito maior’.

Em pronunciamento em horário nobre seis dias antes, no 1º de Maio, a Presidenta criticara o que chamou de ‘lógica perversa’ do sistema financeiro.

Foi além: qualificou de ‘roubo’ as tarifas cobradas para administrar fundos de investimento e pediu queda urgente das taxas de juros.

Ato contínuo, o Banco do Brasil anunciaria o seu terceiro corte indutor nas linhas de empréstimo.

A resposta do sindicato dos banqueiros (a Febraban) desaguava na insolência: não garantiria a oferta de crédito pedida pelo governo para assegurar o crescimento econômico. E espicaçava: ‘Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber a água’.

Era a ordem unida à greve branca do capital, contra o projeto de desenvolvimento com cidadania para todos.

Uma parte da adesão ao lockout explica-se pela existência efetiva desequilíbrios macroeconômicos acumulados desde os anos 90.

Um exemplo: o câmbio valorizado.

Ademais de incentivar importações baratas, ele atrofiou a exportação, subtraiu demanda à indústria local, levou a uma integração desintegradora com as cadeias globais de suprimento e tecnologia.

Em vez de investir, fabricantes trocaram máquinas por guias de importação. E se tornaram sócios do endividamento público, aplicando sobras de capital em títulos, não em capacidade produtiva, empregos ou inovação.

As distorções explicam em parte os impasses da industrialização e do desenvolvimento nos dias que correm.

Mas não explicam tudo.

Quem vê no capitalismo apenas um sistema econômico, e não a dominação política intrínseca ao seu funcionamento derrapa no economicismo.

Ele subestima aspectos cruciais da encruzilhada atual.

Destravar um novo ciclo de investimento no país envolve –ademais da retificação de distorções desindustrializantes-- uma disputa para mudar o comando do sistema financeiro na economia.

Que se completa com uma nova relação fiscal do Estado com a riqueza da plutocracia.

Essa que aderiu à ciranda rentista e dela não abdicará espontaneamente, necessitando ser tangida por instrumentos fiscais e de controle da conta de capitais --para evitar fuga de recursos e queima de reservas.

O que se instalou com o golpe de agosto de 2016 foi o oposto disso.

Uma democracia garroteada, humilhada e tutelada, de um lado, por juízes e mídia partidarizada; de outro, por uma escória parlamentar a serviço do mercado, que transformou o Congresso em uma assembleia permanente contra o povo.

O arrocho contido na PEC do Teto, que congela em termos reais orçamentos de serviços públicos subfinanciados, como é o caso da saúde, ilustra essa deriva programada do futuro da sociedade.

O banqueiro Roberto Setúbal explicitou a dissociação elitista com as consequências dessa engrenagem ao declarar ao jornal Valor Econômico no último sábado (24/06): ‘O momento é difícil, complexo, bem atrapalhado. Mas a economia está funcionando; as políticas são corretas, mantendo mais ou menos as coisas bem equilibradas. Houvesse políticas confusas, o problema seria maior’.

Às favas o fato de o país rastejar no fundo do precipício com um governo composto de achacadores, abrigar uma bomba social de 14 milhões de desempregados, ter R$55 bilhões em obras públicas paralisadas e um presidente aprovado por apenas 7% da sociedade.

 Dá para levar, diz o dono do maior banco do país: ‘Houvesse políticas confusas, o problema seria maior’.

É tempo de murici, grita igualmente o sujeito oculto do golpe de 2016, o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso.

Diante de um Brasil em ponto de desmanche, ele atualiza a teoria da dependência que defendeu como sociólogo nos anos 60 e personificou como presidente da República nos 90.

Agora, dando ao entreguismo uma dimensão salvacionista.

‘“O que puder privatizar, privatiza, porque não tem outro jeito. Essa não é minha formação cultural, mas não tem mais jeito, ou você realmente aumenta a dose de privatização, ou você vai ter de novo um assalto ao Estado pelos setores políticos e corporativos’, disse em declaração oportunista à imprensa dia 22/06.

É esse Brasil mantido em um formol de iniquidade, congelado fiscalmente pelo custo de uma dívida contraída junto a quem deveria ser taxado, decepado de ferramentas estatais indutoras do desenvolvimento que explica o descrédito popular na política e no futuro, emulado pela panaceia de um combate à corrupção cuja finalidade principal –que nem Moro disfarça mais-- consiste em excluir o nome de Lula da cédula de 2018.

Titãs do mercado financeiro, competitivos estrategistas de fundos e bancos são assertivos em dizer que o futuro vai demorar muito para visitar de novo os trópicos.

 A estagnação secular do mundo ricos, prevista por Larry Summers, ex-conselheiro econômico de Obama, como resultado de mudanças estruturais na economia e na sociedade coaguladas pela desordem neoliberal, chegou antes.

E durará tanto quanto seu cicerone político quiser um conservadorismo que se protege entre a dívida pública –em títulos de ‘duration’ curta-- e o aeroporto.

Deixa aos da terra o emprego instável, informal e mal remunerado, característico da recuperação atual na Europa e nos EUA –aqui replicada a ferro e fogo pela reforma trabalhista que pretende implodir a CLT.

O engessamento de um Estados endividado e sem espaço para promover investimentos contracíclicos é outro garrote, cuja cristalização local representa a própria razão de ser do golpe.

A existência de elevada capacidade ociosa na indústria mundial e chinesa desautoriza, ao mesmo tempo, expectativas de expansão pela alavanca das exportações.

Sobra o quê?

O saldo desse capitalismo deixado à própria sorte – livre mercado- é o ‘murchamento’ produtivo, coroado por desigualdade crescente, uma regressão ordinária do trabalho e a tensão social permanente, embebida em nitroglicerina de marcas variadas: ódio de classe, xenofobia, guerra de tráfico, racismo, intolerâncias de gênero e outras ressurgências nazistas.

Mas pode ser diferente.

O Brasil tem trunfos com escala e densidade suficientes para ocuparem o motor de um novo ciclo de expansão industrializante, em sintonia com a revolução 4.0 que combina biotecnologia, informatização e robótica.

A reciclagem de seu sistema agrícola em práticas e manejos agro-sustentáveis é um exemplo; outro, o potencial de inovação e de transição para uma matriz verde contido no desenvolvimento da cadeia do pre-sal.

 O requisito capaz de interligar esse potencial a um novo ciclo de desenvolvimento é a soberania na condução de suas possibilidades industrializantes.

 Sem isso o futuro se esfarela nas remessas imediatistas das grandes corporações

 Como está planejado para acontecer, graças ao projeto de liberação de terras aos estrangeiros, por exemplo; e do desmonte do modelo soberano de partilha do pre-sal.

 Retomar os espaços de soberania e planejamento democrático constitui, assim, o requisito de vida ou morte diante desse cerco.

Para retirar essa chance do reino das ideias é vital reconhecer que os ciclos históricos tem um começo e tem um fim.

Vivemos essa intersecção típica em que o novo ainda não emergiu e o velho já não tem o que propor ao futuro.

O golpe é a manifestação mórbida mais explícita dessa encruzilhada.

Sacrificar 90% da sociedade para gerar riqueza em benefício de 1% é o que os donos do dinheiro tem a oferecer ao século XXI brasileiro. Alguns o fazem da forma mais cínica acenando da escada do avião.

 Não há nada mais importante nesse momento do que organizar a capacitação do campo progressista para enfrentar a severidade dessa quadra histórica.

Ela requer o desassombro político para enxergar na debandada dos ‘entediados’ mais que um traço pitoreco da crise.

O auto-exílio financeiro aqui dentro mostra que é muito mais grave que isso.

Políticas de congelamento fiscal da nação em nitrogênio de arrocho por décadas informam a dimensão totalizante da revoada dos bacanas para remansos sabáticos no exterior.

Definitivamente, as elites abdicaram das responsabilidades e valores compartilhados que distinguem um ajuntamento demográfico de uma nação democrática e inclusiva.

Aquilo que nos devora, que nos faz girar em círculos até a prostração, é a hesitação diante da tarefa incontornável que essa abdicação cobra.

Em 12 anos de governos de centro esquerda foram dados passos efetivos na construção da nova fronteira de soberania por aqui: aquela calcada na justiça social e em alianças internacionais progressistas.

Descuidou-se, porém, do indispensável: a contrapartida da organização popular para sustentar e adicionar avanços a esse percurso.

O armagedon penetrou por essa fresta.

O Brasil só retomará seu desenvolvimento se esse erro for retificado sem hesitação, nem sectarismos, por uma frente democrática e popular que se proponha, claramente, a assumir a frente da nação e o comando do seu desenvolvimento.

Inclua-se nisso a disposição de negociar uma repactuação do desenvolvimento com todos os segmentos empresariais locais e estrangeiros; mas a partir dessa condição hegemônica organizada e programática.

Dotada dos instrumentos democráticos de Estado necessários ao exercício dessa hegemonia.

Portanto, não é obra que se possa atribuir a uma liderança ou a um partido isolado.

O Brasil necessita urgentemente viabilizar um novo braço coletivo.

Que seja maior do que a soma das partes, capaz de sacudir o torpor da esquerda, afrontar a soberba da direita, abrir espaço à organização popular e assim preencher o vácuo de futuro e esperança no qual a elite pretende asfixiar o destino de mais de 200 milhões de pessoas na oitava maior economia do planeta.

A travessia requer a força e o consentimento que só podem ser obtidos se a tendência à fragmentação for substituída pela construção urgente de um amplo palanque presidencial progressista.

Trata-se de reunir desde já todos os potenciais candidatos das forças democráticas, populares, socialistas, comunistas e nacionalistas.

Para fazer da campanha contra o golpe não o subtexto de uma gincana fratricida.

Mas a definição de uma nova referência de credibilidade histórica na vida da sociedade.

 Na qual a nação se reconheça.

Porque reúne projeto e densidade organizativa para conduzir a reconciliação de todos os segmentos sociais interessados no sonho irresistível que é desfrutar uma verdadeira democracia social em seu próprio lugar e em sua própria vida.

Globo detona o Ministro Gilmar

Almoço na casa do boca mole costuma sair caro...
publicado 30/06/2017
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Reprodução: O Globo

O ex-Procurador Claudio Fonteles está no Supremo para exigir o impeachment do Ministro Gilmar Mendes.
A causa deve prosperar, rapidamente.
Até a Globo Overseas saiu da toca e resolveu detonar o ilustre Ministro.
Com a prestimosa, agora, colaboração do Chico Caruso - o único caricaturista que tenta fazer humor a favor de um Governo corrupto... - , a Overseas recorre ao sub-do-sub da Janaina Descabelada, o jurista golpista Miguel Reale Junior; a José Robalinho, presidente da Associação dos Procuradores da República; Gilson Dipp, que foi do STJ e da Comissão da 1/2 Verdade (aquela que o zé da Justiça conseguiu desmoralizar); e o professor Roberto Romano, que colocou a Ética a serviço do Golpe contra a Dilma, uma mulher honesta.
Todos criticam o Ministro Gilmar, que se encontrou com o presidente ladrão na noite anterior à escolha da nova Procuradora.
E foi almoçar na casa do boca mole (ver a Navalha).
Um colosso!
O que une o Ministro Gilmar ao Imparcial de Curitiba, que toma uma surra no TRF-4?
O que os une geneticamente?
Gilmar e Moro não podem ser juízes porque têm lado, partido.