quinta-feira, 29 de março de 2018

Jessé: a Globo semeia o ódio e a mentira!

E a PF acha que o atentado contra a caravana não foi político...
publicado 28/03/2018
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O sociólogo Jésse Souza, autor do best-seller "A elite do atraso - Da escravidão à Lava Jato" publicou artigo na Carta Capital nesta terça-feira, 27 (antes do atentado contra a caravana do Presidente Lula).
O Conversa Afiada reproduz trechos:
(...) A criminalização da política como forma de possibilitar o governo diretamente pelo “mercado” e sua rapina, teve entre nós eficácia inaudita. Nossa elite já havia produzido, com base na construção de uma imprensa venal e na cooptação da inteligência nacional, como denuncio no meu livro A Elite do Atraso, toda uma interpretação preconceituosa do pais como uma raça de vira latas inconfiáveis e corruptos.
O lugar institucional da roubalheira do vira-lata brasileiro seria, no entanto, apenas o Estado patrimonial tornado o mercado, raiz e fonte real de todo roubo, o lugar paradisíaco do trabalho honesto e do empreendedorismo. Todo o ataque da rede globo e da lava jato para criminalizar a política foi grandemente facilitado por este trabalho prévio de distorção da realidade, que literalmente invisibiliza os interesses dos donos do mercado aqui e lá fora.
O outro ponto fundamental nesta estratégia é a suposta superação das demandas por igualdade pelas demandas por diversidade que o capital financeiro internacional defende desde os anos 90. Desse modo se cria não apenas uma divisão artificial nas demandas populares como confere um verniz emancipador ao capitalismo financeiro que, na realidade, passa a poder explorar indistintamente mulheres e homens, negros e brancos, gays e heterossexuais como se defendesse seus interesses. A apropriação da rede globo do assassinato de Marielle Franco mostra as consequências praticas desse engodo.
Mas a Globo não parou por aí. Criminalizou a própria demanda por igualdade que é a maior causa da cultura do ódio que grassa impune no país. A narrativa da Rede Globo, logo depois assumida pela própria Lava Jato, de tratar o PT como “organização criminosa” e de apenas “fulanizar” a corrupção dos outros partidos, significou rebaixar a demanda por igualdade, que o PT representava, de seu caráter de fim para mero meio de assalto ao Estado.
Sem a possibilidade de conferir racionalidade política à raiva justa que se sente pela injustiça social, parte do povo cai nas mãos da raiva e da violência em estado puro representada por Bolsonaro e pela onda de assassinatos políticos que grassa no país. Não ver a relação íntima entre a guerra cultural comandada pela rede globo e o clima de ódio e assassinato de lideranças que se alastra no país é cegueira.
O conluio com a Lava Jato, levando ao Estado de exceção e da suspensão das garantias legais, reforça a sensação de impunidade para a violência e ódio generalizado. O resultado é uma histeria punitivista com moralidade de fachada que promete impunidade para o ódio aberto e assassino. Os ataques com conivência policial à caravana de Lula, o assassinato de líderes do MST no hospital ou a chacina de jovens da periferia são todos consequência da lógica cultural de um capitalismo do saque e da rapina do qual a globo é a expressão máxima entre nós. A série de José Padilha na Netflix, com padrão global de qualidade, é mais um capítulo dessa distorção monumental da realidade.
(...)
Nesta quinta-feira, aparecem mais duas notícias que ajudam a entender o que está por trás do atentado contra o Presidente Lula:
PF fora de investigação dos tiros por ora
No Estadão:
Por ora, a Polícia Federal ficará de fora da investigação dos tiros desferidos contra a caravana do PT na noite de terça-feira no Paraná.
A decisão é para evitar a politização do caso: não há nada que aponte, até aqui, para um crime político. O Ministério da Segurança Pública mantém canal com o governo do Paraná, cuja Polícia Civil comanda as investigações e as perícias nos ônibus e nos projéteis. A única participação federal efetiva até aqui é da Polícia Rodoviária Federal.
***
Da Agência PT de Notícias:
O Ministério Público do Paraná acatou, na manhã desta quarta-feira (28), uma representação do Coletivo de Advogados e Advogadas pela Democracia (CAAD), que denuncia dez suspeitos do atentado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrido na tarde de ontem (27).
De acordo com o procurador de justiça do Paraná, Olympio Sotto Maior Neto, o atentado, três tiros dados contra dois dos ônibus da Caravana, foi uma “barbárie inaceitável”.
“Estamos diante de uma situação clara onde não há apenas falta de civilidade, mas a prática de crimes. A apologia e incitação a prática de crimes, e ações concretas que culminam até em uma prática de homicídio. O Ministério Público tem o dever legal de apurar, de fazer a investigação e buscar a punição dos culpados. A matéria será encaminhada imediatamente à procuradoria geral”, afirmou.
O documento, representado pelos advogados Ivete Caribé da Rocha, José Carlos Portella Junior e Tânia Mara Mandarino, traz as denúncias enviadas anonimamente por cidadãos para o CAAD até a segunda-feira (26). De acordo com a advogada Tânia Mandarino, o coletivo recebeu mais de cem emails com denúncias.
Parte delas traz prints de conversas no Whatsapp dos grupos “Caravana Contra Lula 26/03” e “Foz contra Lula26/03”, nos quais integrantes afirmam a intenção de trocar os ovos e pedras, que vinham sido atirados contra a Caravana desde seu início, por tiros de munição letal.
“Gente, vamos trocar os ovos por bala de borracha e munição letal, que vai ser bem mais eficaz”, diz um dos integrantes do grupo Caravana Contra Lula 26/03, em uma mensagem enviada às 9h50 da segunda-feira (26). “Gosto da ideia, seria o primeiro a atirar, mas aí nós seríamos os vilões”, responde outro integrante.
Posteriormente, acontece o seguinte diálogo:
— “Vou para o Paraguai comprar um fuzil, é o único jeito kkkkk”.
— “Vai na loja de arma, compra um puma 38 ou 44, é mais fácil do que você imagina”.
— “Aí é só se posicionar do outro lado do rio e mandar uma bala certa”.
Horas depois, às 23h38, um outro integrante enviou a seguinte mensagem: Tem que meter bala, aproveita que tá de noite, mirar nos pneus, motor e Bala”. Paralelamente, no grupo “Foz contra Lula 26/03”, às 10h53 da mesma segunda-feira, um integrante do grupo mandou a mensagem “Onde arruma esses miguelitos?”. Um segundo integrante respondeu: “Não vamos dar chance nem deles descerem do ônibus”.
Os miguelitos são uma espécie de cruz feita com pregos, e foram justamente utilizados para furar os pneus dos ônibus das Caravanas ontem, como parte da emboscada.
O coletivo solicitou ao Ministério Público que o atentado seja considerado crime federal e pediu a prisão preventiva dos suspeitos, principalmente de um deles que possui diversas armas regularizadas e participa de movimentos de extrema direita.
“Na denúncia, um suspeito é considerado de grande perigo, pois tem porte de armas e seria ligado ao MBL. Estamos considerando esse grupo como formação de quadrilha, pois eles planejavam um atentado contra a caravana”, alerta Tânia Mandarino.
Além dos casos registrados no Paraná, o CAAD também vai relatar outros incidentes ocorrendo em Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O pedido é que o Ministério Público do Paraná encaminhe as denúncias para os Estados vizinhos. A notícia crime identificou 29 suspeitos.
A Caravana segue seu percurso e termina nesta quarta-feira com ato político na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba (PR).

PT a Jungmann: cumpra a sua obrigação!

Ou vão enterrar a Democracia e aceitar a barbárie?
publicado 28/03/2018
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"Fascismo, filho do Golpe", de Vitor Teixeira

O Conversa Afiada reproduz nota oficial da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados:
A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara conclama as autoridades do governo federal a investigar o atentado ocorrido no estado do Paraná contra o ex-presidente Lula e membros da caravana da democracia que percorre estados do Sul.
Trata-se de um crime político, cabendo, portanto, a federalização de sua apuração. Compete ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, enviar a Polícia Federal para investigar os tiros disparados na noite de terça (27) contra ônibus da caravana.
Diante da gravidade dos fatos, a Bancada do PT tomará uma série de medidas, entre elas, ações junto à Procuradoria-Geral da República para denunciar a tentativa de assassinato do ex-presidente Lula e de membros da caravana.
Gravações de áudio, fotografias e vários depoimentos de pessoas agredidas durante a caravana vão balizar as ações judiciais e comprovam que estamos enfrentando a ação de milícias organizadas, uma verdadeira ameaça à democracia, ao direito de ir e vir e à liberdade de manifestação de opinião.
A omissão das autoridades na apuração ou o estímulo à violência por parte de agentes de Estado que deviam zelar pela convivência democrática, como alguns parlamentares da base do governo Michel Temer, só servem como combustível para atiradores e defensores da barbárie que em vez de debaterem as divergência democraticamente preferem tentar resolvê-las à base de revólveres, tacapes e chicotes. O Brasil do século 21 não aceita esse tipo de comportamento.
O Partido dos Trabalhadores nasceu das lutas sociais e populares e da resistência e combate à ditadura militar. Desde sua fundação, o caminho escolhido foi a construção da democracia. O partido condena a organização de milícias paramilitares voltadas a interditar o debate político por meio da violência e da eliminação dos adversários.
Quando o diálogo e o debate são substituídos pelo som dos tiros e isso é tratado com normalidade, estamos enterrando a democracia e aceitando a barbárie.
O Partido dos Trabalhadores e suas lideranças não vão se amedrontar. As forças democráticas não podem hesitar, temos de defender a democracia, o Brasil e seu povo. Chamamos as lideranças políticas à razão. Os democratas não podem se resignar, a hora é de indignação, de restabelecer o Estado democrático de direito e de condenar a barbárie. E isso que o país espera de nós.
Brasília, 28 de março de 2018
Paulo Pimenta (PT-RS), líder do partido na Câmara dos Deputados

Gilmar manda editor da Fel-lha enfiar pergunta na bunda

Quem pagou passagem para Lisboa?
publicado 29/03/2018
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Da Fel-lha:

Gilmar Mendes afirma que pergunta de repórter da Folha é molecagem


O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), chamou de molecagem pergunta da Folha sobre os custos com passagem aérea de viagem sua a Lisboa.

O jornal questionou o ministro se voltaria para o julgamento do habeas corpus de Lula em 4 de abril e se o voo para Portugal tinha sido pago pelo STF.

A presença dele tornou-se incerta em razão de um seminário que será organizado em Lisboa pelo instituto do qual ele é sócio, o IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público).

“Devolva essa pergunta a seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é desrespeito, é desrespeito”, disse o ministro por telefone, de Lisboa, ao repórter.

O ministro negou que o STF tenha pago pelos bilhetes e não informou quem os custeou.

“Vocês vivem de patrocínio, se vocês quiserem, montem a Folha, façam um dia a Folha rodar sem patrocínio, eu estive lá esses dias, patrocínio Souza Cruz escondido. Quem pagou meu hotel, quem pagou minha passagem foi a Souza Cruz”, disse.

Ele se referiu ao 2º Encontro Folha de Jornalismo realizado em fevereiro, em São Paulo, em que foi um dos convidados. O evento teve patrocínio da Souza Cruz, como constava do material de divulgação e de amplo painel atrás dos convidados.

Gilmar manda editor da Fel-lha enfiar pergunta na bunda

Quem pagou passagem para Lisboa?
publicado 29/03/2018
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Da Fel-lha:

Gilmar Mendes afirma que pergunta de repórter da Folha é molecagem


O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), chamou de molecagem pergunta da Folha sobre os custos com passagem aérea de viagem sua a Lisboa.

O jornal questionou o ministro se voltaria para o julgamento do habeas corpus de Lula em 4 de abril e se o voo para Portugal tinha sido pago pelo STF.

A presença dele tornou-se incerta em razão de um seminário que será organizado em Lisboa pelo instituto do qual ele é sócio, o IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público).

“Devolva essa pergunta a seu editor, manda ele enfiar isso na bunda. Isso é molecagem, esse tipo de pergunta é desrespeito, é desrespeito”, disse o ministro por telefone, de Lisboa, ao repórter.

O ministro negou que o STF tenha pago pelos bilhetes e não informou quem os custeou.

“Vocês vivem de patrocínio, se vocês quiserem, montem a Folha, façam um dia a Folha rodar sem patrocínio, eu estive lá esses dias, patrocínio Souza Cruz escondido. Quem pagou meu hotel, quem pagou minha passagem foi a Souza Cruz”, disse.

Ele se referiu ao 2º Encontro Folha de Jornalismo realizado em fevereiro, em São Paulo, em que foi um dos convidados. O evento teve patrocínio da Souza Cruz, como constava do material de divulgação e de amplo painel atrás dos convidados.
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PF prende Yunes, laranja do Temer

É a patranha do Porto de Santos
publicado 29/03/2018
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O ladrão e o laranja

Do G1:

Polícia Federal prende José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer


A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (29), em São Paulo, o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer e, em Monte Alegre do Sul (SP), o empresário Antonio Celso Greco, dono da empresa Rodrimar, que opera no porto de Santos.

As prisões são parte da Operação Skala, deflagrada nesta quinta pela PF em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também foi preso na mesma operação o ex-ministro e ex-deputado Wagner Rossi, que foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo, administradora do porto de Santos.

A operação foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga se Temer, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de propina.

(...) Em 30 de novembro do ano passado, Yunes prestou depoimento à Polícia Federal, no inquérito dos portos. Na ocasião, ele relatou uma operação de venda de imóvel para o presidente Michel Temer. No mesmo inquérito, o ministro Luís Roberto Barroso autorizou em março a quebra do sigilo bancário de Temer.

Yunes é apontado pelo operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava Jato, como um dos responsáveis por administrar propinas supostamente pagas ao presidente. De acordo com Funaro, para lavar o dinheiro e disfarçar a origem, Yunes investia valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária. (...)
Em tempo: o ladrão presidente visitou o laranja Yunes nessa segunda-feira em São Paulo - PHA
Em tempo2: quem mandou prender o laranja do presidente ladrão foi o Ministro Barroso, que nutre especial apreço pelo Ministro Gilmar - PHA
Em tempo3: o cel. Lima, outro laranja do ladrão presidente ainda doente em casa, sem condução coercitiva - PHA

Boulos quer uma frente de esquerda contra o Fascismo

Quem semeia o ódio é um bandido sem-vergonha!
publicado 29/03/2018
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Manuela, Lula e Boulos unidos contra os fascistas (Créditos: Ricardo Stuckert)

O candidato do PSOL a Presidente, Guilherme Boulos, esteve no palanque com Lula, em Curitiba, ao lado de outra candidata a Presidente, Manuela d'Ávila, do PCdoB.
Boulos começou de forma clara, ao se referir aos fascistas que atiraram na caravana do Lula: "quem semeia o ódio é o Jair Bolsonaro, esse bandido, criminoso sem-vergonha".
(Bolsonaro também foi a Curitiba nessa quarta-feira 28/III e reuniu meia dúzia de gatos pingados, ao lado de um ex-chefe de polícia do tucano Richa, que fugiu dos professores.)
Boulos pediu à plateia um "Marielle, presente!", a vereadora do PSOL negra, socialista e homossexual assassinada no Rio.
Boulos observou que entre ele e Lula e Manuela há divergências – o que é natural, disse, mas essas divergências não impedem que todos da Esquerda defendam a Democracia contra o fascismo.
Por isso, ele pediu uma frente contra o fascismo.
"Porque com o fascismo não se brinca, não se conversa, mas se combate com unidade!", disse.

Cel. Lima, amigo do MT, vai em cana!

Temer é Lima, Lima é Temer
publicado 29/03/2018
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João Baptista Lima, o coronel Lima (Créditos: Jefferson Coppola/Veja)

Do G1:

Coronel Lima é preso pela Polícia Federal em São Paulo


O coronel João Batista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer, foi preso na manhã desta quinta-feira (29) em São Paulo pela Polícia Federal.

Ex-coronel da Polícia Militar, Lima é apontado pela Procuradoria Geral da República (PGR), com base na delação da JBS, como um dos intermediários de propina que supostamente seria paga ao presidente no caso do decreto de portos. (...)

Vitória ruralista

Governo publica decretos que regulamentam a Lei da Grilagem

por Luiza Dulci — publicado 29/03/2018 16h50, última modificação 29/03/2018 15h17
Medidas de Temer abrem as portas para a regularização fundiária de terras griladas e jogam pá de cal sobre a política de reforma agrária

Nelson Feitosa/Ascom Ibama/PA
Governo publica decretos que regulamentam a Lei da Grilagem
Na prática, cede-se terras ao capital privado nacional e internacional.
A lei derivada da MP expressa o projeto do atual governo em relação ao ordenamento territorial do País, enquanto os três decretos autorizam os órgãos públicos a por a mão na massa para executá-lo.
A publicação da MP 759 no apagar das luzes de 2016 obteve grande repercussão nos fóruns dos movimentos sociais do campo e da cidade, pois o governo alterava sumariamente leis e políticas construídas a custo de suor, saliva e até mesmo sangue de lideranças populares da cidade, do campo, das florestas e das águas.
Seis meses depois, a medida foi transformada em lei pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República. O primeiro e o terceiro decretos (9.309 e 9.311) dispõem sobre a regularização fundiária rural e o segundo (9.310) sobre a regularização fundiária urbana.
Tratamos neste breve artigo dos assuntos relativos ao rural[1]. Sobre essa matéria não é exagero afirmar que em pouco mais de um ano de tramitação burocrática, as medidas abrem as portas para a regularização fundiária de terras griladas em todo o país e jogam a pá de cal sobre a política de reforma agrária.
O Decreto 9.309 autoriza a ampliação das ações de regularização das terras, por meio da extensão do Programa Terra Legal. Criado em 2009, pela 11.952/2009, o programa era inicialmente circunscrito à região da Amazônia Legal e para a realidade de proprietários com apenas um imóvel, com terras ocupadas até 2004 e área de até 1500 hectares.
Com a ampliação promovida pela nova lei e pelo novo decreto, o programa é estendido a ocupações fora da Amazônia Legal nas áreas rurais do Incra e da União sob a gestão do Incra e a áreas remanescentes de projetos com características de colonização criados até outubro de 1985.
Passam a ser regularizadas ocupações anteriores a 2008, com área de até 2,5 mil hectares e de proprietários com mais de um imóvel. Para fins de comprovação de ocupação da terra até mesmo o desmatamento é aceito.
O decreto 9.311, por sua vez, se volta à reforma agrária, mais especificamente ao processo de seleção, permanência e titulação das famílias beneficiárias do Programa Nacional de Reforma Agrária. Ele desonera o Incra das obrigações para com as famílias assentadas, por meio de alterações nas leis n. 8.629/1993 (Lei da Reforma Agrária) e n. 13.001/2014 (que trata dos créditos para assentados).
Isto é, oficializa o entendimento de que não cabe ao governo estruturar as áreas destinadas à reforma agrária por meio da oferta de infraestrutura física e de políticas de crédito e assistência técnica. Como nos anos 1990, caberá aos entes federais competentes a responsabilidade de prover os serviços.
Outra alteração significativa diz respeito aos critérios de seleção das famílias. Até então, os assentamentos eram criados para atender as demandas das famílias e acampados, muitos dos quais se organizavam em movimentos de luta pela terra (as entidades representativas legitimadas pelo Estado), como o MST, a Contag e outros.
A partir de agora, haverá editais municipais de seleção das famílias que demandam lotes em assentamentos da reforma agrária, nos quais as famílias acampadas não terão preferência, ainda que possam receber pontuação por esta condição no edital.
Não é difícil constatar que esta medida visa a enfraquecer os movimentos sociais do campo e terá como consequência a submissão das populações rurais a pressões ainda maiores das oligarquias agrárias locais, adversárias históricas da política de reforma agrária.
Outra alteração que merece destaque tem a ver com a liberação da celebração de contratos de integração nos assentamentos. A proibição das atividades em regime de integração visa a preservar a busca pela autonomia produtiva dos agricultores, de maneira que eles não se tornem trabalhadores terceirizados de grandes empresas do sistema agroalimentar.
Com o decreto, mais esse entendimento se vê deturpado.
Das mudanças mais drásticas e repercutidas da MP 759, agora regulamentadas pelo decreto, tem a ver com a titularização dos lotes da reforma agrária. Medida essa que visa a ampliar – e aquecer – o mercado de terras.
Estimuladas e avaliadas por meio de um titulômetro, as superintendências estaduais do Incra e o órgão como um todo parecem se preocupar somente com a emissão de títulos de posse, sejam temporários ou definitivos. Tanto é assim que, em 2017, foram 123 mil títulos emitidos, ao passo que a média dos anos de 2003 a 2016 era em torno de 20 mil títulos/ano.
Para melhor dimensionamento da questão, lembramos que ao titularizar os lotes dos assentamentos de reforma agrária, o Decreto 9.311 coloca mais de 80 milhões de hectares de terra à disposição do mercado imobiliário privado. Uma extensão territorial equivalente à do estado do Mato Grosso e da soma dos territórios da Espanha e da Alemanha juntos.
A titularização tem sido vendida pelo governo – e comprada por muitas/os assentadas/os – como um grande feito, pois em princípio os agricultores terão a posse de suas terras. Esse discurso tem, contudo, motivações muito perversas que logo serão sentidas por meio das flutuações do preço das terras, do sobreaquecimento de nosso mercado fundiário e das consequências gentrificadoras que levarão à expulsão das famílias assentadas – e agora tituladas – por força das pressões de grandes fazendeiros e de imobiliárias rurais.
Para concluir estes breves apontamentos, lembramos ainda que esse conjunto de alterações não se vê descolado dos interesses de abertura do mercado fundiário brasileiro a investidores estrangeiros, matéria em discussão no Congresso Nacional prioritariamente pelo Projeto de Lei 4.059/2012.
Assim como o petróleo e parte expressiva do patrimônio nacional, o governo cede ao capital privado nacional e internacional (se é que ainda é possível distinguir suas fronteiras) as terras que abrigam a produção agrícola, as riquezas minerais, a abundância hídrica (que é também energética) e, o mais importante, a vida do nosso povo, com toda a riqueza de patrimônio imaterial e cultural que possuímos.
*Luiza Dulci é economista (UFMG), mestre em sociologia (UFRJ) e doutoranda em Ciências Sociais, Desenvolvimento e Agricultura (UFRRJ)


[1]             Parte das reflexões aqui expostas foram suscitadas pelas notas sobre os Decretos publicadas por Sergio Sauer e Acácio Leite e pelo artigo de Julianna Malerba.

IBGE: desemprego é apavorante. 13 milhões de brasileiros

12,6%! Nem a Cegonhóloga salva o Golpe
publicado 29/03/2018
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Via IBGE:

Desemprego volta a crescer com 13,1 milhões de pessoas em busca de ocupação


A taxa de desocupação voltou a crescer, no trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro de 2018, atingindo 12,6%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), divulgada hoje pelo IBGE. No trimestre encerrado em novembro, a taxa era de 12,0%.

Em números absolutos, o resultado representa mais 550 mil pessoas em busca de emprego, entre um trimestre e outro, totalizando cerca de 13,1 milhões de desocupados. (...)

A pesquisa mostrou que a população ocupada nesse período caiu em cerca de 858 mil postos de trabalho, com redução de 407 mil empregos no setor privado sem carteira e de 358 mil no setor público. (...) A queda de postos de trabalho foi verificada principalmente no grupamento que reúne as atividades de administração púbica, defesa, seguridade, educação, saúde e serviços sociais (menos 435 mil ocupados); Construção (menos 277 mil) e Indústria (menos 244 mil). (...)
Em tempo: sobre a Cegonhóloga, favor visitar o imperdível ABC do C Af.

AS CHUVAS

 ESTÃO VOLTANDO AS CHUVAS PARA ALEGRAR O CENÁRIO, RENOVANDO AS ESPERANÇAS DO VERDE E DA LAVOURA PLANTADA NAS PRIMEIRAS CHUVAS. DESDE O DOMINGO PASSADO O CLIMA MUDOU COM ALGUMAS CHUVAS. HOJE NOVO DIA DE CHUVA  EM TODO O ESTADO. ESPERAMOS A CONTINUIDADE PARA AUMENTAR O ESTOQUE DE ÁGUA E AUMENTAR AS PASTAGENS.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Suspeitos de atacar caravana de Lula são denunciados ao Ministério Público do Paraná


Reprodução
Cenas de violência marcaram passagem de Lula pelo Sul.

Um grupo de dez pessoas foi denunciado nesta quarta-feira (28) ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) por suspeita de participação em atentados contra a caravana que o ex-presidente Lula promove na região Sul. Uma queixa-crime foi entregue ao procurador Olympio de Sá Sotto Maior pelo Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (Caad), que reuniu e-mails e mensagens de grupos de WhatsApp em que os acusados tramaram ações contra a caravana.
Nos últimos dias, petistas e simpatizante de Lula foram atacados com pedras, ovos e outros tipos de hostilização por moradores de cidades como Bagé e Caxias do Sul. Até tiros foram disparados em um dos ônibus e há relatos de que uma janela foi quebrada ao lado da poltrona em que estava sentada a ex-presidente Dilma Rousseff. Em outra ocasião, produtores rurais levaram tratores e automóveis para barrar a passagem dos ônibus, interrompendo o fluxo em rodovias. Houve confrontos físicos em alguns casos.
Segundo a Secretaria de Segurança do Paraná, um inquérito policial já está em curso para apurar as circunstâncias dos disparos. O ataque a tiros ocorreu em Laranjeiras do Sul, município paranaense. Por meio de nota, o órgão informou ainda que duas equipes da unidade de elite da Polícia Civil do estado, o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), foram à cidade para reforçar as investigações. O laudo pericial do ônibus atingido deve ser concluído em poucos dias, prevê a secretaria.

Reprodução
“Caravana contra Lula”: troca de mensagens mostrou suspeitos combinando atentados

Membro do Caad, a advogada Tânia Mandarino informou que o coletivo recebeu mais de cem mensagens eletrônicas com relatos de ataque à caravana – por meio do Facebook e outras redes sociais, o Caad disponibilizou e-mail para denúncias e garante que a identidade dos denunciantes será preservada. Em uma dessas mensagens, em que são reproduzidas conversas entre integrantes de grupos de WhatsApp, os suspeitos combinam ações contra os apoiadores de Lula e até falam sobre a arma a ser usada no atentado. Há a referência a uma estrutura conhecida como “miguelito”, usada em blitze policiais para furar o pneu de motorista em fuga.
“Onde se arruma esses miguelitos?”, pergunta uma participante do grupo intitulado “Caravana contra Lula 26/03″. “Nao vamos dar chanse nem deles desseren do onibus”, responde um interlocutor, com erros de português. Outro participante do grupo virtual ensina a comprar a arma. “Vai na loja de arma compra uma puma 38 ou 44 é mais fácil que do q vc imagina”, escreve, com abreviações típicas da linguagem comum às redes sociais. Os suspeitos têm o nome mantido em sigilo.

Reprodução
Marca de tiro em um dos ônibus da caravana: “Barbárie”, diz PT

Congresso em Foco confirmou, junto ao MP-PR, que a denúncia já está em trâmite no MP-PR. Em relação aos disparos que deixaram marcas em um dos ônibus, Olympio de Sá disse não descartar a hipótese de tentativa de homicídio.
“Há tipos penais específicos em relação à incitação do crime e há muito disso nas redes sociais. Por outro lado, há a apologia dos crimes que já foram praticados. Há as ações concretas, direcionadas à prática de lesões corporais, quando se quer estourar os pneus de um ônibus. Pode lesionar até a tentativa de homicídio porque os atos podem culminar com a morte de alguém, assumindo-se o risco, portanto, de produzir a morte”, disse o procurador, que coordena o Centro de de Apoio de Direitos Humanos do MP-PR.
“Grande perigo”
O Caad pede enquadramento dos ataques como crime federal e a prisão preventiva dos denunciados. O grupo aponta que um dos suspeitos tem armas regularizadas e é militante de movimentos de extrema direita. “[...] um suspeito é considerado de grande perigo, pois tem porte de armas e seria ligado ao MBL [Movimento Brasil Livre]. Estamos considerando esse grupo como formação de quadrilha, pois eles planejavam um atentado contra a caravana”, argumenta Tânia Mandarino.
Mas a denúncia não se limitará aos registros de ataque no Paraná. O grupo de advogados informou ainda que vai apurar ocorrências em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, por onde o g. O pedido é que o Ministério Público do Paraná encaminhe as denúncias para os Estados vizinhos. A notícia crime identificou 29 suspeitos.
Revólveres, tacapes e chicotes
Por meio de nota (íntegra abaixo), o Partido dos Trabalhadores conclama autoridades a reagir aos atentados e cobra providências. Os petistas reclamam ainda do posicionamento de membros da base aliada de Michel Temer, que têm se manifestado em plenário sobre o assunto.
“A omissão das autoridades na apuração ou o estímulo à violência por parte de agentes de Estado que deviam zelar pela convivência democrática, como alguns parlamentares da base do governo Michel Temer, só servem como combustível para atiradores e defensores da barbárie que em vez de debaterem as divergência democraticamente preferem tentar resolvê-las à base de revólveres, tacapes e chicotes”, diz trecho da nota assinada pelo líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS).

Reprodução
Manifestantes anti-Lula arremessaram objetos e votos contra ônibus da caravana

Leia a nota do PT:
Em defesa da democracia e da Constituição
A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara conclama as autoridades do governo federal a investigar o atentado ocorrido no estado do Paraná contra o ex-presidente Lula e membros da caravana da democracia que percorre estados do Sul.
Trata-se de um crime político, cabendo, portanto, a federalização de sua apuração. Compete ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, enviar a Polícia Federal para investigar os tiros disparados na noite de terça (27) contra ônibus da caravana.
Diante da gravidade dos fatos, a Bancada do PT tomará uma série de medidas, entre elas, ações junto à Procuradoria-Geral da República para denunciar a tentativa de assassinato do ex-presidente Lula e de membros da caravana.
Gravações de áudio, fotografias e vários depoimentos de pessoas agredidas durante a caravana vão balizar as ações judiciais e comprovam que estamos enfrentando a ação de milícias organizadas, uma verdadeira ameaça à democracia, ao direito de ir e vir e à liberdade de manifestação de opinião.
A omissão das autoridades na apuração ou o estímulo à violência por parte de agentes de Estado que deviam zelar pela convivência democrática, como alguns parlamentares da base do governo Michel Temer, só servem como combustível para atiradores e defensores da barbárie que em vez de debaterem as divergência democraticamente preferem tentar resolvê-las à base de revólveres, tacapes e chicotes. O Brasil do século 21 não aceita esse tipo de comportamento.
O Partido dos Trabalhadores nasceu das lutas sociais e populares e da resistência e combate à ditadura militar. Desde sua fundação, o caminho escolhido foi a construção da democracia. O partido condena a organização de milícias paramilitares voltadas a interditar o debate político por meio da violência e da eliminação dos adversários.
Quando o diálogo e o debate são substituídos pelo som dos tiros e isso é tratado com normalidade, estamos enterrando a democracia e aceitando a barbárie.
O Partido dos Trabalhadores e suas lideranças não vão se amedrontar. As forças democráticas não podem hesitar, temos de defender a democracia, o Brasil e seu povo. Chamamos as lideranças políticas à razão. Os democratas não podem se resignar, a hora é de indignação, de restabelecer o Estado democrático de direito e de condenar a barbárie. E isso que o país espera de nós.
Brasília, 28 de março de 2018