domingo, 13 de dezembro de 2020

 

Um país patético à beira do abismo

"Agora, se sabe que dentro da própria Abin foi criado um esquema para proteger Carlos e Flavio, envolvidos até a medula em desvio de dinheiro público e em uma organização criminosa", aponta o jornalista Eric Nepomuceno. "Essa nova revelação poderá apertar o laço em volta de seu esganiçado pescoço. Assim vive este pobre país", avalia

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Correa/PR | Reprodução)
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Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia 

Os números são, na melhor das hipóteses, aterrorizantes.

Estrondosamente aterrorizantes.

No sábado, dia 12, o total de mortos pela Covid superou a casa dos 182 mil. O de contaminados se aproxima rapidamente aos seis milhões e 900 mil. São números trágicos, e que não param de crescer.

Nos últimos dias, se manteve – a cada 24 horas – um total superior a 50 mil infectados. Mais de dois mil por hora. Uns 35 por minuto. Mais de dois por segundo.  

E diante desse quadro, o que faz o governo do Aprendiz de Genocida?

Uma sequência formidável de confusões, deixando mais do que claro que o general que ocupa o ministério da Saúde não vale o que a sola de sua botina volta e meia pisa, se é que me entendem.

Em menos de duas semanas essa figura patética anunciou cinco iniciativas diferentes e contraditórias. Gaguejou, depois quis mostrar macheza, e não fez mais que deixar clara a sua olímpica estupidez.

Não explicou, por exemplo, como pretende conseguir as mais de 400 milhões de seringas com suas correspondentes agulhar para vacinar os 212 milhões de brasileiros.  

E esse detalhe é só um da pirâmide que mostra como Eduardo Pazuello, essa bizarra figura, consegue puxar a imagem das Forças Armadas – afinal, ele é um general da ativa – para o chiqueiro que é esse governo.

Inventou que agora mesmo, em dezembro, talvez janeiro, chegariam toneladas de vacinas da Pfizer.  

Foi cruelmente desmentido pela farmacêutica, que informou que em agosto mandou uma proposta de compra de imunizantes e que nunca teve resposta.

Sobram exemplos da inércia, da ineficácia, da criminosa irresponsabilidade do governo do Aprendiz de Genocida.  

Sobram, e todos e cada um deles são trágicos.

E enquanto isso, o que faz o Ogro Sanguinário?

Pois deixa mais e mais evidente que, entre as suas preocupações, três ocupam espaço especial.

A primeira: manter viva a campanha eleitoral para um hipotético 2022. Por isso viaja sem parar, de preferência visitando bases militares. Logo ele, que foi expelido do Exército, não perde oportunidade de demonstrar sua proximidade com as Forças Armadas. E que se o seu governo não é militar, é militarizado, graças às sinecuras distribuídas a granel entre fardados e empijamados.

A segunda: manter um discurso dirigido diretamente à boiada de seus acéfalos seguidores incondicionais. Exemplo: anunciar, no mesmo dia em que se chegou aos 180 mil mortos pelo corona, que liberou de impostos a importação de revólveres e pistolas. E as vacinas?

A terceira: o esforço ilimitado para proteger os filhos envolvidos em um sem-fim de falcatruas.  

Que, aliás, também poderão envolve-lo diretamente, bem como a vistosa figurinha de sua esposa, que aceita sorridente depósitos injustificados em sua conta bancária.

Agora, se sabe que dentro da própria ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência, hierarquicamente submetida a essa figura bizarra chamada Augusto Heleno, um reacionário desenfreado, foi criado um esquema para proteger Carlos e Flavio, envolvidos até a medula em desvio de dinheiro público e em uma organização criminosa.

O Ogro vive desfraldando aos quatro ventos a mentira de que em seu governo não há corrupção. Há, e muita.

Ela, aliás, começa em sua própria casa, em sua própria família.

Essa nova revelação poderá apertar o laço em volta de seu esganiçado pescoço. Assim vive este pobre país.  

Neste domingo, 13 de dezembro, se cumprem 52 anos da decretação do Ato Institucional Número 5, o famigerado AI-5, auge da sangrenta ditadura que o Aprendiz de Genocida diz que não aconteceu.

Tomara que ele não queira aproveitar para celebrar a data baixando alguma outra medida assassina. Tomara.

 

General Heleno ataca Janio de Freitas, um dos maiores jornalistas brasileiros

Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, o colunista Janio de Freitas disse que o general Augusto Heleno, inexpressivo e associado ao desgoverno Bolsonaro, é um “velho mentiroso” ao negar sua participação no esquema envolvendo interferência na Abin para beneficiar Flávio Bolsonaro

Ministro Augusto Heleno 10/07/2019
Ministro Augusto Heleno 10/07/2019 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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247 - O secretário do GSI, general Augusto Heleno, usou suas redes sociais neste domingo (13) para atacar o colunista do jornal Folha de S.Paulo Janio de Freitas, após ele dizer que o militar é um “velho mentiroso” ao negar sua participação no esquema envolvendo interferência na Abin para beneficiar Flávio Bolsonaro. 

Heleno irritou-se e postou uma mensagem em sua conta no Twitter chamando-o de “medíocre, insosso e inexpressivo”. 

“Jorn Jânio de Frestas.Já provei  sua desonestidade intelectual. Outra vez,vc me acusa de mentiroso. Mentiroso é vc, que, por um distúrbio mental, me atribui fatos que nunca aconteceram. Trate-se. Vc é medíocre, insosso e inexpressivo profissionalmente. Pior ainda,como ser humano”, disse o principal escudeiro de Jair Bolsonaro. 


Logo pela manhã, Janio escreveu em artigo: "O general Augusto Heleno Pereira negou a revelação da revista Época. É um velho mentiroso. Isso está provado desde os anos 90, quando me escreveu uma carta negando sua suspeita ligação com Nicolau dos Santos Neto, o juiz da alta corrupção no TRT paulista. Tive provas documentais para desmenti-lo. Estava então no Planalto de Fernando Henrique. Com Bolsonaro, além de desviar a Abin em comum com Alexandre Ramagem, que a dirige, Augusto Heleno já esteve em reuniões com os advogados de Flávio, que é agora quem o desmente".

"Ramagem, por sua vez, é o delegado que Bolsonaro quis na direção da Polícia Federal, causando a saída de Sergio Moro do governo. Fica demonstrado, portanto, pelas figuras de Augusto Heleno e Ramagem no desvio de finalidade da Abin, que Bolsonaro tentou controlar a PF para usá-la na defesa de Flávio, de si mesmo, de Carlos, de Michelle, de Fabrício Queiroz e sua mulher Márcia e demais componentes do grupo”. 

“Se nem essa corrupção institucional levar à retirada de toda a corja, será forçoso reconhecer um finalzinho. Não da pandemia, como disse Bolsonaro. Do Brasil, mesmo” acrescentou Jânio.