segunda-feira, 30 de setembro de 2019

TV GGN: A lavagem de provas pela Lava Jato, por Luis Nassif

Como Dallagnol tentou legalizar provas irregulares e foi desmascarado pela Vaza Jato. E, agora, investem contra os críticos reiterando abusos.

Jornal GGN – Como Dallagnol tentou legalizar provas irregulares e foi desmascarado pela Vaza Jato. E, agora, investem contra os críticos reiterando abusos. A selvageria foi instalada no país. Se Rodrigo Janot tem sua casa revirada pela Polícia Federal, está experimentando de seu próprio remédio ou os abusos continuam no país? Não adianta fazer com que os abusos agora sejam cometidos por quem os cometeu anteriormente, é preciso que o país recupere seu rumo de respeito às garantias e leis. Um bando de irresponsáveis tomou conta do cenário nacional, agora é tempo de retornar à normalidade.

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Delegado da PF acusa Lava Jato de tentar destruir provas em inquérito

Defesa de agente que virou alvo da Lava Jato em Curitiba mostra mensagens que sugerem tentativa de obstrução no depoimento da doleira Nelma Kodama

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Em 2015, o delegado da Polícia Federal Mário Renato Castanheira Fanton era o responsável por conduzir um inquérito que tinha como objetivo apurar um suposto conluio entre delegados da Polícia Federal do Paraná e advogados para produzir um dossiê contrário à Lava Jato.
A denúncia foi levantada pela Lava Jato em Curitiba mas, a pedido da própria força-tarefa, foi engavetada na Justiça em 2017. “Os procuradores atipicamente requerem o arquivamento do inquérito policial, antes mesmo da realização de diligências básicas e da confecção do relatório final”, questionou na época o delegado Márcio Magno Carvalho Xavier, em manifestação à Justiça Federal.
Em agosto deste ano, os procuradores da Lava Jato denunciaram os policiais federais que dirigiram o inquérito para apurar o suposto conluio de agentes da PF contra a operação. Segundo os procuradores da força-tarefa, os delegados que comandaram o caso, teriam violado sigilo funcional e vazaram informações confidenciais desse inquérito, entre os denunciados está o delegado Fanton.
Nesta segunda-feira (30), o jornal Folha de S.Paulo publicou uma matéria com base nos documentos entregues pela defesa de Fanton à Justiça sugerindo a tentativa de destruição de provas da Lava Lato por colegas da PF que atuaram na operação e são ligados aos procuradores da força-tarefa.
“São anexadas capturas de tela de WhatsApp que a defesa diz ser de um conflito a respeito do assunto que ocorreu em 2015 entre Fanton e outro delegado, Maurício Moscardi Grillo”, escreve José Marques que assina a reportagem da Folha.

“Nas mensagens atribuídas a Moscardi, ele pede a Fanton que um depoimento da doleira Nelma Kodama não seja anexado em um inquérito que investigava policiais desafetos da operação. ​Moscardi também teria solicitado que esse depoimento fosse refeito com “pitacos” dele. As mensagens, diz a defesa, foram submetidas à perícia”, completa o jornalista.
Segundo a reportagem, os documentos estão na manifestação preliminar, protocolada pela defesa de Fanton na 14º Vara Federal de Curitiba, em setembro deste ano, contra a acusação que sofre de desvio de função por vazamento de dados.
Fanton e outros Policiais Federais, que se tornaram desafetos da operação Lava Jato, afirmam que a perseguição contra eles começou exatamente depois que eles revelaram uma escuta ilegal instalada na cela do doleiro Alberto Youssef, em 2014.
Além de Fanton, são alvos da força-tarefa o agente Dalmey Fernando Werlang e Fernando Augusto Vicentini, ex-presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Paraná, que teria recebido o material vazado.
Os documentos enviados pela defesa de Fanton recentemente à Justiça, mostram ainda que o delegado alertou o procurador Januário Paludo, membro da força-tarefa do Ministério Público Federal, sobre as suspeitas de irregularidades cometidas por colegas da PF da Lava Jato. A reportagem da Folha diz que uma captura de tela de conversa com Paludo sobre o alerta foi anexado no processo.
O advogado de Fanton, José Augusto Marcondes de Moura Jr., disse que irá contatar a OAB para acompanhar o caso relativo ao seu cliente.

Na época da conversa com Moscardi, Fanton escreveu um documento chamado “despacho” onde relatava suposta tentativa de coação contra ele e outros colegas para editar os depoimentos.
“[Eles queriam] que o termo de depoimento que integrava o reconhecimento fotográfico fosse destruído e outro do interesse pessoal de mencionados delegados fosse feito”, diz a defesa de Fanton.
“Vale ressaltar que nunca foi praxe na Polícia Federal a destruição de diligências que não ficassem de acordo com a vontade pessoal de servidores, pois em casos como estes o correto é refazer a diligência mantendo-se a anterior e apontar as incongruências em confrontação com a posterior”, acrescenta.
O inquérito a respeito de “veiculação na imprensa de material depreciativo a policiais federais responsáveis pela Operação Lava Jato” e “confecção de um dossiê com o objetivo de atribuir a prática de ilícitos penais a determinados membros da Polícia Federal”, aberto pela Lava Jato, e onde Fanton era o delegado responsável, foi arquivado em 2017, a pedido da própria força-tarefa.
A reportagem da Folha mostra também que, nas conversas anexadas pelos advogados de Fanton no processo, o delegado Maurício Moscardi Grillo disse para ele não juntar o depoimento que tomou da doleira Nelma Kodama porque teria desagradado o delegado Igor Romário de Paula.
“Ideia era fazermos outro termo (de depoimento) já comigo junto”, diz mensagem atribuída a Moscardi.
“Ele (Igor) falou que iria prejudicar o avanço e eu também acho. Daí tive a ideia de fazermos outro comigo junto para confrontá-la (Nelma).” Igor, atualmente, é diretor da Polícia Federal em Brasília, promovido ao cargo após o ex-juiz Sergio Moro se tornar ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro.

Destaque


  • Lava Jato reconhece que julgamento de Lula é suspeito
    A conflagração entre Supremo e a Lava Jato já começa a produzir surtos de pragmatismo até entre os carrascos de Lula. Após a Lava Jato pedir Lula livre, procuradores envolvidos na Operação já pedem um julgamento justo para o ex-presidente. Mas não é por bondade… A decisão do Supremo contra a Lava Jato na semana passada foi de goleada. A rigor, até que o Tribunal imponha alguma condição para  a anulação de sentenças condenatórias emitidas pelo ex-juiz Sergio Moro ou pela juíza Gabriela Hardt, todas as decisões que tomaram contra réus delatados são passíveis de anulação e muitos […]

Frota espera ‘derrapada’ de Bolsonaro para pedir impeachment

Publicado em 30 setembro, 2019 6:08 pm
O presidente Jair Bolsonaro conversa com o deputado Alexandre Frota no plenário da Câmara durante solenidade em maio deste ano — Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados
O deputado federal Alexandre Frota definitivamente não apoia mais Jair Bolsonaro na presidência. Eleito pelo PSL, o parlamentar de São Paulo afirmou no último sábado (28), via Twitter, que aguarda “a primeira derrapada” para ir ao ataque com pedido de impeachment do presidente.
O deputado estava comentando uma reportagem que falava sobre o pedido de impeachment de Donald Trump nos Estados Unidos e lembrou que o mesmo pode acontecer no Brasil. “Por aqui estamos apenas esperando a primeira derrapada. E vamos para o ataque”, escreveu Alexandre Frota em seu perfil.


Frota rachou com o governo depois de criticar Bolsonaro por não dar explicações sobre as candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018 e o envolvimento do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio no caso. Depois, o parlamentar se isentou na votação da reforma da Previdência.
(…)

“Nossa voz ficou forte demais para que possam ignorá-la”, diz Greta Thunberg

 
Publicado no Unisinos
Greta Thunberg. Foto: Reprodução site UN
Ela diz que se sente emocionada com a recepção em Montreal e com as dezenas de milhares de pessoas que mataram aula ou faltaram ao trabalho para marchar pelo clima na cidade canadense. E, de fato, a Greta Thunberg, que está se preparando para participar da manifestação aos pés do Mont Royal, parece emocionada. Longe está a raiva com que no Palácio de Vidro havia criticado os líderes mundiais para que “se envergonhassem” por sua falta de ação. Mas a mensagem não mudou. Seja falando do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau ou dos líderes das Nações Unidas, a jovem ativista sueca não tem dúvidas: os políticos fracassaram e, após tantas cúpulas internacionais e muitos discursos, ainda não o admitiram.
A jovem de 16 anos, que chegou a Montreal de Nova York com o pai Svante a bordo de um carro elétrico emprestado por Arnold Schwarzenegger (um detalhe que ela acha “muito engraçado”), promete continuar, porque os ataques que ela recebe, com mais e mais frequência, mostram que a voz do movimento a favor do meio ambiente se tornou “forte demais para que os políticos a possam ignorar”.
A entrevista é de Elena Molinari, publicada por Avvenire, 28-09-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

Greta, há milhares de jovens no mundo nas ruas pelo clima. Por que você acha que seu protesto chegou ao ponto de se tornar um fenômeno mundial?
Eu não sei. Talvez tenha algo a ver com o fato de eu ter uma forma de autismo. Não me adapto às normas sociais, não me interessa fazer o que os outros fazem, sigo o meu caminho. Talvez os adultos tenham visto que eu não iria parar e eles começaram a prestar atenção.
O clima para você vem primeiro? Você trancou a escola, sua mãe praticamente abandonou sua carreira como cantora de ópera, porque parou de viajar de avião, sua existência mudou completamente. Você não sente falta da sua vida anterior?
Sim, mas isso é mais importante. Caso contrário, eu teria uma moral dupla, se eu falar que algo é importante, mas não o fizer, é uma dissonância cognitiva. Quando se acredita em algo, precisa fazê-lo.
Você acha que os jovens são imunes a essa dupla moral?
Para nós, é uma ameaça direta. Os mais idosos já estarão mortos quando as piores consequências dessa crise forem sentidas. Em vez disso, nós as veremos de perto, durante as nossas vidas: é por isso que os jovens estão tão preocupados.
Depois de ouvir os discursos dos líderes mundiais na ONU e ter participado da Cúpula Mundial sobre o Clima no Palácio de Vidro, você tem mais esperança de que as coisas mudem?
Ainda há muito o que fazer, ainda tudo. Nada mudou por enquanto. Nenhum líder realmente admitiu que tenha fracassado na proteção do planeta. Ainda não se tornou uma prioridade.
O que você aprendeu ou o que mais impressionou durante a sua estadia nos Estados Unidos?
O que me deixou assombrada nos Estados Unidos é que as pessoas se dividem entre aquelas que acreditam na mudança climática e aquelas que não acreditam. Mas não é uma escolha, são fatos.
Qual foi a sua mensagem para Justin Trudeau (que encontrou na semana passada, ndr). Como você sabe, a indústria de petróleo e gás, especialmente a extração do óleo de xisto, é muito importante para o Canadá e tem efeitos desastrosos no clima …
Minha mensagem para todos os políticos do mundo é a mesma. Escutem a ciência. É fácil apontar o dedo contra uma única pessoa, mas todos os políticos falharam e devem começar a ouvir a ciência.
Em Montreal, você foi recebida pelos líderes das Primeiras Nações Indígenas e os convidou para as manifestações. O que levou você a procurar essa colaboração?
As populações indígenas protegeram a natureza por séculos. Elas sempre estiveram na linha de frente, por isso temos que ouvir suas vozes, é importante que elas deem sua contribuição para essa luta.
O que você quer dizer para todas as pessoas que participam das marchas pelo clima em todo o mundo?
Que o movimento se tornou muito grande, e isso é comovente. A principal coisa a fazer é se informar e depois agir. Por exemplo, eu sei que em breve haverá eleições no Canadá e espero que todos assumam suas responsabilidades. Não devemos subestimar nossa força coletiva.
Você foi atacada por homens poderosos. O último, recentemente, o vice-primeiro-ministro húngaro, definiu você como “uma criança doente”. Por que você acha que isso acontece?
Não sei e não entendo por que eles fazem isso, quando poderiam usar seu tempo para fazer algo de bom. Talvez porque sintam que seu mundo, sua visão de mundo está ameaçada. Mas é um elogio para nós, saber que temos tal impacto. Nossa voz ficou forte demais para que eles a possam ignorar e então tentam silenciá-la.

domingo, 29 de setembro de 2019

Lula sai da prisão e não volta nunca mais

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Lula “nunca mais será preso se for libertado”, dizem os fascistas. O Blog da Cidadania concorda. O processo do sítio de Atibaia vai recuar DOIS ANOS. Até lá, tudo terá mudado no Brasil, como dizem os nazibolsonaristas.
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sábado, 28 de setembro de 2019

“Personagens da política são de comédia”, diz Juca

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O teatro nasceu da religiosidade: o primeiro ator foi Téspis, um sacerdote. O que leva as pessoas ao templo é ouvir o discurso do sacerdote, que é uma reflexão sobre sua vida pessoal e sua relação com a comunidade. Você sai da oração achando que está melhor do que pensava. E o teatro tem exatamente a mesma função, por isso seu caráter mágico.
Tenho uma gratidão enorme a um dos maiores escritores da história, que é Shakespeare. Tive o privilégio de fazer quatro tragédias shakespearianas. “Júlio César” em 1966, “Ricardo 3º” em 1975, “Otelo” em 1982 e “Rei Lear” em 2014.
A mais importante, sem dúvida nenhuma, foi “Júlio César”, que me marcou muito por um número infinito de razões. E provavelmente estimulou que eu começasse a escrever.
Foi uma montagem muito conturbada, dirigida pelo grande Antunes Filho, marcada por conflitos de bastidores. Mal conseguíamos ensaiar. A peça é sobre uma luta política, e foi uma luta para fazê-la.

Na história, o imperador Júlio César está comemorando a vitória numa grande batalha e, de repente, os conspiradores Brutus e Cássio resolvem derrubá-lo. E como seria possível derrubar Júlio César? Só através de um assassinato. Cássio consegue convencer Brutus e os outros generais, que vão à praça pública com os demais conjurados e assassinam o grande chefe.
A personagem que eu fazia era o Marco Antônio. Ele recita o discurso mais importante da literatura mundial: o discurso da tragédia de Júlio César. Eu ainda o tenho todo de cor.
Marco Antônio era ligado a Júlio César, fã e aliado dele. Após sua morte, ele pede licença para dizer algumas palavras ao cadáver. Brutus concede, desde que ele não fale absolutamente nada contra os revolucionários da hora. Ele faz um discurso brilhante, sem falar mal de ninguém. E acaba levando todo aquele povo, que aceitava a subida de Brutus e Cássio, a se voltar contra os revolucionários. Parte-se para a luta e os dois conspiradores se suicidam.

Algo interessante de observar é que os antagonistas de César se matam. Assim, eles se colocam quase
na lista dos heróis trágicos —os que preferem a morte a viver sem honra. Quando eles escolhem o suicídio, salvam-se eticamente. Aqui, você está no clima da tragédia.
Agora vamos apanhar o “Édipo Rei”, de Sófocles. Nela, o Oráculo convoca Édipo para dizer-lhe sobre uma tragédia que estava fazendo morrer doentes os habitantes de Atenas: tudo porque um homem havia matado o pai e se casado com a própria mãe. Édipo fica enlouquecido e sai para interromper imediatamente a maldição da Grécia.
Começa a pesquisar incansavelmente, mas à medida que vai avançando, os detalhes o vão aproximando dele mesmo —que, sem saber, se casou com a mãe. Mas ele não cessa em nenhum momento a investigação, pelo contrário, acelera conforme se aproxima da sua própria culpa —o que caracteriza o herói trágico. Ele vai às últimas consequências e prefere morrer a viver sem honra.
A comédia é exatamente o oposto.
Certa vez eu fiz um comentário sobre o Brasil, em uma época na qual vários membros do governo foram apanhados em enorme corrupção e estavam acabando com a administração pública.
O presidente partiu para investigar quem eram essas pessoas, puni-las e botá-las na cadeia. À medida que aprofundou sua investigação, percebeu que as pessoas eram ligadas a ele, membros do seu partido. E qual a atitude desse chefe de Estado? Esquecer o fato, apagar a investigação e deixar tudo por isso mesmo. Essa é uma personagem de comédia.
Quando tive essa descoberta, notei que esse é o problema da política: a falta de integridade daqueles que se locupletam do avanço no poder e, quando apanhados, conseguem de alguma forma embaralhar a história, recorrer ao Supremo Tribunal Federal, apagar tudo.
Aqueles que tinham culpa passam a ser, às vezes, vistos como heróis. A personagem defeituosa leva à comédia. A personagem íntegra, à tragédia. Isso tudo eu aprendi com “Júlio César” e “Édipo Rei” —e a maioria das personagens brasileiras são de comédia.
Nas minhas peças eu escrevo sobre o que me apaixona e o que me indigna. E o que mais me indigna é a falta de caráter do ser humano, um elemento básico para o conflito teatral. Não se escapa do vilão, um membro que suscita o riso e não a lágrima.
Enquanto a lágrima pega sua paixão, o riso suscita sua inteligência e sua reflexão. Sempre que você assiste a uma tragédia, sai do teatro muito emocionado. Mas quando assiste a uma comédia que trata desses temas, sai de algum modo melhor como ser humano. Você assistiu à mecânica nefasta da política e saiu consciente —tocou seu raciocínio, não seu coração.
Então se revela a função absolutamente genial do teatro, que é a de melhorar o homem. Torná-lo mais afetivo, generoso, solidário. Eu escrevo não exatamente com esse objetivo, mas mergulhado nessa proposta.

De FSP

Atenção para o Toffoli: ele estaria propenso a rasgar a Constituição para agradar ala bolsoneira do STF





O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
O presidente do STF, Dias Toffoli, prepara uma voto que descaracteriza a decisão da maioria dos ministros da corte quanto à questão das alegações finais.
Pelo menos é o que foi vazado para o site que é porta-voz da Lava Jato, Antagonista.
Para ter a condenação anulada, o réu terá que demonstrar que fez a reclamação na primeira instância.
O ministro também deve propor que a defesa comprove que ficou prejudicada por não ter se pronunciado por último.
Dias Toffoli acolhe, com este último ponto, o que defendeu Luís Roberto Barroso, derrotado no plenário.
É o que estabelece o princípio “pas de nullité sans grief”, invocado por ele.
Significa que um processo ou ato processual só pode ser anulado se houver comprovação de que houve prejuízo.
A jurista Sylvia Steiner diz que esse princípio se aplica principalmente em ações civis, não criminais.
“Por ferir garantia fundamental da ampla defesa, o prejuízo é presumido”, afirmou, em seu perfil no Facebook.
“Juiz tem que julgar de acordo com as leis e os princípios constitucionais. Não de acordo com o clamor público. Aprendi com o primeiro Juiz Federal perante quem oficiei: Quem julga para agradar a platéia devia ir julgar concurso de miss”, escreveu.
Sylvia Steiner foi procuradora da república e desembargadora federal, antes de ser indicada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso para o Tribunal Penal Internacional, em Haia.
O desembargador aposentado Dyrceu Cintra comentou:
“Concordo integralmente. O Barroso também concordava antes de ser ministro… Afinal, um constitucionalista não pode desprezar os princípios da ampla defesa e do contraditório.”
O jurista Tales Castelo Branco foi na mesma linha:
”Realmente, a nulidade é absoluta, fere dispositivo constitucional expresso (art. 5, IV). Não sei o que os bolsoneiros querem. Certamente uma constuiçãozinha só para o Lula.”
Sylvia Steiner arrematou:
“Exato, e de preferência sem o artigo 5o”.
O artigo 5o é o das cláusulas pétreas (não podem ser alterados), que asseguram, por exemplo, os princípios da ampla defesa e da presunção de inocência, flagrantemente desrespeitados nos processos contra Lula conduzidos pela Lava Jato.
Se Toffoli confirmar o vazamento do órgão lavajateiro, contribuirá com os que, desde 2014, têm se empenhado na tarefa de rasgar a Constituição.
Nesse caso, o plenário tem o dever de resistir.

Crônica para alucinados, por Rui Daher

O que mais assusta, no entanto, é a sequência de alucinados, que se revelou no Brasil, depois da ascendência ao poder incumbente de um mito teratológico.
Foto BBC

Crônica para alucinados, por Rui Daher

Acerta a capa da edição impressa de CartaCapital ao mostrar uma foto de Jair Bolsonaro, discursando na ONU, e em letras garrafais a manchete qualitativa: “Alucinado”.
Sem dúvida. Já era esperado que os desatinos cometidos pelo Regente Insano Primeiro, em território nacional, ficassem planetários depois que discursasse na Assembleia Geral da ONU.
O que mais assusta, no entanto, é a sequência de alucinados, que se revelou no Brasil, depois da ascendência ao poder incumbente de um mito teratológico.
Não haveria neste BRD espaço para tantos fatos e citações. É um triste histórico de traições, vinganças, alinhamentos espúrios, equívocos de política econômica, que se inicia em 2013, a direita embarcando na Arca de Noé de confusos movimentos de ruas, passa pelo golpe de Estado, forjado no impeachment de Dilma Rousseff, e “desemboca no açude” de fezes em que, hoje em dia, estamos mergulhados.
Repito, ainda com maior susto: é demoníaca a velocidade com que acontecem os desatinos. Nem à base de alucinógenos, seria admissível entender um povo tão letárgico aos malefícios que estão nos sendo impostos.
Revelações, pelo The Intercept Brasil, da sordidez na essência da força-tarefa da Lava-Jato, de seu âmago restrito à prisão de Lula, e de suas extensões às várias instâncias do Poder Judiciário.
Confissões e arrependimentos públicos de quem se alvoroçou em desacreditar nos políticos, equivocadamente deixando isso se estender à Política, e trocando um projeto de soberania e inserção social, por outro, neoliberal, entreguista e inerme às diversidades que abrigam os mais diversos povos no mundo moderno.
Representam a Antiguidade e caminham para as cavernas, ao se mostrarem, alucinadamente, até a enésima figura.
Não são mais aqueles a quem podíamos dedicar uma marcha-rancho, saudando “pais de santo, paus de arara, passistas, flagelados, pingentes, balconistas, palhaços, canibais, lírios pirados, ou faraós embalsamados”.
Nunca a genialidade de João Bosco e Aldir Blanc, os permitiria compor um “Rancho da Marmelada”, em marcha até mesmo militar, que saudasse um governador alucinado saltando de um helicóptero, no Rio de Janeiro, para comemorar a morte de uma pessoa, ou avalizar tiros indiscriminados da polícia, matando uma criança com dois tiros e um músico com mais de cem.
Alucinado, um Procurador Geral da República, Janot ou Janota, que confessa publicamente ter ido armado ao Supremo Tribunal Federal para matar um de seus ministros. Se não me engano, certo Gilmar, a nos lembrar o excelente goleiro que, como o ministro, vez ou outra também engolia uns frangos.
E confessou por quê? Quem iria saber? Dizem que para promover seu livro.
Estranho. É como se eu, quando do lançamento do “Dominó de Botequim”, confessasse que o jogo de dominó é de azar e traz má sorte e doenças para quem o pratica ou que frequentava botequins para me embriagar e depois fazer cocô nas pias de seus banheiros.
Não é mesmo de alucinar?

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“Nós somos guerreiras e vamos lutar pelos defensores da floresta”!, por Luisa Barreto

Alessandra Munduruku e Vandria Borari marcam presença na marcha global pelo clima que reuniu cerca de 270 mil pessoas nas ruas de Berlim
“Nós somos guerreiras e vamos lutar pelos defensores da floresta”!

por Luisa Barreto

Alessandra Munduruku e Vandria Borari marcam presença na marcha global pelo clima que reuniu cerca de 270 mil pessoas nas ruas de Berlim e seguem em ação junto a ativistas e coletivos de artistas na capital da Alemanha.
Domingo, 22 de setembro de 2019, dois dias após a maior manifestação pelo clima ocorrida em diversos lugares do mundo na última sexta-feira, 20 de setembro de 2019, duas líderes indígenas, Alessandra Munduruku e Vandria Borari, participaram de uma conversa na galeria Savvy Contemporary em Berlim, com mediação da artista, cineasta e escritora Barbara Marcel e da jornalista e pesquisadora Camila Nóbrega.
“Os Mundurukus estão sofrendo com os agrotóxicos; os igarapés, as águas e os animais estão sendo contaminados; pássaros, macacos, preguiças são encontrados mortos pelos pesticidas. Estamos perdendo as abelhas da floresta, que são fundamentais para produzir comida. Minha terra está sendo grilada, loteada e vendida a empresas internacionais”, diz Vandria Borari.
Assim começou a falar Vandria, sobre os motivos da vinda à Europa. Cobrando a interferência da Alemanha e de países europeus na Amazônia, Vandria pediu que os alemães controlassem as empresas com negócios na região. A conversa, cujo título era “O que mais queima quando a Amazônia queima?” chamou atenção para o envolvimento internacional na devastação da Amazônia.
“O Brasil assinou um acordo com a Europa que legitima a destruição da Amazônia”, disse Vandria, após explicar o projeto de exploração em curso em Tapajós. Segundo ela, o plano que divide a região em zonas de exploração é a continuação de um projeto iniciado durante a ditadura militar para construção de estradas.
À época, 14 milhões de hectares de floresta foram destruídos por uma bomba, hoje, estão sendo construídas novas ferrovias, hidrovias, portos e hidroelétricas financiadas por empresas europeias e norte-americanas, completa Vandria.
A região do Médio-Tapajós de onde vem Alessandra Munduruku está sendo massivamente invadida por madeireiros e garimpeiros e o Baixo-Tapajós, terra de Vandria Borari, além do garimpo e da indústria madeireira, campos estão sendo abertos para produção de soja e especulação imobiliária.
“Para falar de queimada precisamos falar de invasão”, disse Alessandra Munduruku.
Em seguida a fala de Vandria, Alessandra destacou em números, que mais de 43 hidroelétricas estão sendo planejadas na região do Tapajós, sendo que quatro já foram construídas: a Teles Pires, Sinop, São Manuel e Colíder. “O Rio Tapajós é o mesmo, o que mudam são os nomes do rio, o rio Juruena e o Teles Pires são parte do mesmo Rio Tapajós, eles estão ligando esses rios”, explica Alessandra.
Isto afeta 14.000 Mundurukus somente no Pará, mas existem muitos outros também no Amazonas, Mato Grosso, em Roraima, disse ela. Além disso, a retomada da “Ferrogrão”, novo corredor ferroviário de exportação de milho, soja, farelo e óleo de soja; fertilizantes, açúcar, etanol e derivados do petróleo que irá ligar, em 933 km de extensão, Sinop, no Mato Grosso a Miritituba, no Pará, afetará a vida de três populações indígenas: os Munduruku, Kayapó e Paraná.
“Antes éramos livres como os pássaros para circular, antigamente era assim, saíamos de um lugar e íamos para outro, agora não podemos mais”, diz Alessandra.
A construção de portos graneleiros de soja associam-se a exploração madeireira e às queimadas e junto com a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), que cortam o fluxo natural dos rios, e a garimpagem formam um grande complexo de intervenção. O projeto de construção de hidrovias, que envolve a construção de três barragens nos rios São Luiz do Tapajós, Jatobá e Chacorão, que promete alagar uma grande extensão das terras do povo Munduruku, faz parte do mesmo projeto.
Alessandra conta que em 2017, a comunidade da qual ela faz parte conseguiu barrar uma audiência formada por seis usinas hidrelétricas pequenas e uma maior no Rio Cupari, mas que atualmente o processo de consolidação dessas usinas está sendo retomado. Ela diz que hoje existem mais de 100 projetos de PCHs sendo realizados nos rios menores na bacia do Tapajós.
“Existem projetos maiores e menores. Nesse ano conseguimos enfrentar os madeireiros sozinhos, junto com os parceiros de confiança, mas agora eles voltaram com armas”, disse Alessandra Munduruku. Diversas aldeias e lugares sagrados serão alagados para servir a projetos de construção de hidrelétricas e hidrovias, mas o Brasil não faz isso tudo sozinho, disse ela.
“A companhia que faz as turbinas para as hidrelétricas brasileiras é alemã”. “É a mesma que fez as turbinas para Belo Monte, completa Vandria. Além de tudo, há também a interferência de ONGS e agências internacionais que querem ensinar aos índios o manejo florestal, como a The Nature Conservancy (TNC), a World Wide Fund for Nature (WWF), além da atuação de agências como a United States Agency for International Development (USAID), advertiu Alessandra.
Alessandra Munduruku e Vandria Borari terminaram a conversa reforçando que a luta pela demarcação das terras indígenas vai continuar. Proteger as terras e os povos originários, difícil em governos anteriores, ficou ainda pior no governo Bolsonaro. Vandria, formada em direito na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), ressaltou como o aspecto jurídico é extremamente importante e falou ainda sobre a dificuldade de impedir a atuação da máfia que atua na compra de títulos de terra e registros ilegais, no caso, o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Vandria, que escreveu em seu trabalho de conclusão de curso de graduação sobre a Lei de Acesso a Informação (LAI- 12.527/2011) e os procedimentos demarcatórios das terras Borari, diz que o processo de demarcação já tramita há mais de 10 anos e que algumas terras esperam há mais de 30 para ter a demarcação concluída.
A força das comunidades e principalmente das mulheres na luta pela vida é imensa, mas precisa de reforço. “Agora somos mulheres que filmam, essa é a arma que estamos usando agora, estamos documentando tudo. Estamos atuando também pela internet, em associação com movimentos nacionais e internacionais e com os ribeirinhos, nossos amigos de aliança. Vamos lutar com nossos corpos e cânticos”, é tudo o que temos, finaliza Alessandra.
Luisa Barreto é jornalista, colaboradora do portal GGN e do Outras Palavras mestre e doutora em Comunicação e Semiótica (PUC/SP), mestranda em Estudos Africanos na Universidade Humboldt de Berlim e professora do curso Técnica Klauss Vianna (PUC/SP).