quinta-feira, 31 de outubro de 2013

É um dos maiores escândalos de São Paulo, diz Haddad sobre auditores presos

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DE SÃO PAULO
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), classificou a prisão dos quatro funcionários da prefeitura na operação conhecida como "Necator" como sendo "um dos maiores escândalos da cidade de São Paulo". Os detidos são apontados como sendo os responsáveis pelo desvio de ao menos R$ 500 milhões da prefeitura durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP).
Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para fornecer a elas certidões de quitação de ISS (Imposto Sobre Serviço) sem que pagassem tudo o que era devido.
O documento precisa ser emitido para que as construções obtenham o habite-se da prefeitura. Segundo a prefeitura, a quadrilha recolhia de 30 a 50% do ISS que deveria ser pago ao município em cada construção.
Há casos em que os depósitos realizados por construtoras na conta de um dos acusados chegaram a alcançar R$ 1,8 milhão em apenas um mês.
Em uma ocasião, uma construtora fez depósito de R$ 480 mil e conseguiu a certidão de ISS depois de pagar apenas R$ 12 mil.
De acordo com Haddad, juntos os presos acumularam um patrimônio de cerca de R$ 80 milhões. Com o grupo, a polícia apreendeu um Porsche e duas motos Ducati.
"Com um salário de servidor público dificilmente você consegue chegar a uma fração disso", disse Haddad.
Questionando se o ex-prefeito sabia do esquema, Haddad disse: "As informações preliminares não indicam que o esquema tinha ligação com o poder público".
O ex-prefeito diz que nenhum dos investigados foi indicado ao cargo por ele. "São técnicos, funcionários de carreira."
ESCÂNDALO
A operação, realizada hoje atinge em cheio a cúpula das finanças da gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD-SP). Ele é aliado de Dilma Rousseff no governo federal. A operação faz parte da ação 'Acerto de Contas', que será implementada por Haddad.
Um dos acusados das supostas falcatruas é o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues. Outro é Eduardo Barcelos, diretor de arrecadação do mesmo órgão. Eles eram da equipe do secretário Mauro Ricardo, de Finanças. Os outros presos são Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da divisão de cadastro de imóveis e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães.
O Ministério Público deve enquadrá-los nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva ou concussão, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa.
Divulgação/Ministério Público de SP
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação

Deputado recebe R$ 100 mil de empresa suspeita de fraudar licitações

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DE RIBEIRÃO PRETO
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Atualizado às 17h11.
Empresa do grupo apontado pelo Ministério Público Estadual como envolvido na chamada "máfia do asfalto" doou R$ 100 mil para a campanha eleitoral do deputado federal Devanir Ribeiro (PT) em 2010.
Informações obtidas junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que a doação foi feita pela Scan Vias Construções e Empreendimentos Ltda., empresa do grupo Demop, pertencente a Olívio Scamatti.
As investigações da Promotoria, da Procuradoria e da Polícia Federal na Operação Fratelli identificaram um suposto esquema para fraudar licitações e desviar recursos públicos.
Preso há quatro meses, Scamatti é apontado pelo Ministério Público como líder das operações. Ele nega a existência de irregularidades. Sua defesa informa que as licitações foram ganhas, as obras foram feitas, realizadas e entregues.
O nome de Ribeiro aparece numa lista encontrada num pen-drive obtido durante mandado de busca e apreensão na residência de Scamatti. A lista indica pagamento de propinas a políticos, segundo os promotores.
Na planilha, que pode ser uma parte da contabilidade da "máfia do asfalto", de acordo com os promotores, o nome Devanir Ribeiro teria recebido R$ 35 mil.
Além de Ribeiro, foram encontrados na lista também nomes, ou partes de nomes, de outros nove políticos, entre deputados federais e estaduais e prefeitos.
A planilha que a Folha teve acesso soma R$ 12,1 milhões de supostas propinas pagas. Só os valores que podem ter sido repassados aos políticos citados totalizam R$ 1,61 milhão. A grande maioria dos outros nomes da lista não foi identificada pela Promotoria.

Procurada, a assessoria de imprensa do deputado Devanir Ribeiro informou que ele não vai falar sobre o assunto.

Manifestação de artistas reúne 300 no centro do Rio

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DO RIO
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A manifestação Grito da Liberdade, convocada por artistas independentes e que depois receberam o apoio de atores e atrizes globais, reúne nesta quinta-feira (31) cerca de 300 pessoas na porta do Tribunal de Justiça do Rio, no centro da cidade.
O grupo começou a se deslocar por volta das 16h45 em direção à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) embalado por músicos do bloco de carnaval Nada Deve Parecer Impossível de Mudar.
Até o momento, passaram pela concentração artistas como o ator Luiz Henrique Nogueira, a atriz Tereza Seiblitz e o poeta Chacal.
A manifestação pede a liberação de presos durante as manifestações e reclama da violência do Estado.
Além de artistas que fazem performances pela rua, há militantes do PSTU e da FIP (Frente Independente Popular), que reúne diversos movimentos sociais, e anarquistas. Há poucas pessoas com máscaras.
A Polícia Militar acompanha o protesto que deve seguir para a Candelária, percorrer a avenida Rio Branco, passar pela Cinelândia e terminar na Lapa.
O contingente de policiais em frente ao Tribunal de Justiça é de cerca de 70 homens e há policiais espalhados pelas ruas do centro.

O clima é de tranquilidade até o momento.

Há mais envolvidos no esquema de corrupção, diz Haddad

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CÉSAR ROSATI
DE SÃO PAULO
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O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta quinta-feira que há outros envolvidos no esquema de corrupção revelado ontem (30) na Secretaria de Finanças. Quatro auditores da prefeitura foram presos ontem sob suspeita de estarem envolvidos na cobrança de propina para a emissão de guias do ISS, imposto cobrado sobre construções.
Análise: Dificilmente a operação vai anular desgaste do novo IPTU
Defesa afirma que detidos em operação são inocentes
Incorporadora é citada outra vez por pagamento de propina

Operação do Ministério Público em SP

 
Jorge Araújo/Folhapress
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Policiais recolhem materiais no escritório usado por auditores da prefeitura Leia mais
A fraude, segundo as primeiras apurações, pode chegar a R$ 500 milhões e envolve a liberação de imóveis de alto padrão na cidade.
"Sim, há mais envolvidos no esquema. [...] Os servidores presos estão prestando depoimento, a rede pode ter se expandido", disse Haddad.
Segundo o prefeito, os nomes não podem ser revelados ainda, pois as investigações estão em andamento, mas o esquema de fraude está na mira da Controladoria Geral do Município.
A investigação, envolvendo prefeitura, Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Federal, resultou também na apreensão de centenas de documentos em escritórios na manhã de ontem, além de carros de luxo e motos.
Segundo o prefeito, as empresas envolvidas ainda serão ouvidas para tentar esclarecer em que "circunstâncias acontecia o esquema". Haddad não disse quando isso deve acontecer, mas espera a colaboração das construtoras.
O prefeito também admitiu que antes da criação da Controladoria Geral do Município não havia uma investigação prévia para a nomeação de servidores. Um dos detidos, Ronilson Bezerra Rodrigues, era diretor de administração e finanças da SPTrans em sua gestão e era investigado desde o final do ano passado.
"Em setembro [de 2012] o que houve foi uma apuração muito superficial que partiu de uma denúncia anônima. A partir da criação da CGM começamos a fazer cruzamentos para identificar o real patrimônio", afirmou.
Editoria de arte/Folhapress

CHAPADA DO APODI: A DEFESA DO TERRITÓRIO, DA AGROECOLOGIA E DA VIDA

3. Chapada do Apodi: a defesa do território, da agroecologia e da vida

A região está ameaçada pelo Projeto de Irrigação da Barragem Santa Cruz, que já tem 13 mil hectares desapropriados, onde vivem 800 famílias.
A Caravana Agroecológica e Cultural do Apodi começou nesta quarta-feira, dia 23, reunindo mais de 200 pessoas, a maioria agricultores e agricultoras de assentamentos e comunidades da região, incluindo ainda representantes de dezenas de entidades, dos estados da Bahia, Pernambuco, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte.
Não é um simples intercâmbio de experiências do povo que pratica outro modelo econômico no campo. E que, nesta região, está ameaçado pelo Projeto de Irrigação da Barragem Santa Cruz, que já tem 13 mil hectares desapropriados, onde vivem 800 famílias. A escolha do roteiro da Chapada do Apodi, que expande sua área pelo Ceará, não foi uma escolha técnica.
Mais de 150 famílias de agricultores e agricultoras de comunidades vizinhas aos assentamentos da região já tiveram suas terras desapropriadas pelo DNOCS (Departamento de Obras Contra a Seca), um órgão que iniciou vários processos de irrigação no Nordeste desde a ditadura, e que continua com o mesmo viés autoritário daquela época.
Os representantes das comunidades e de vários assentamentos já organizados e com produção econômica diversificada não foram ouvidos. Ou, se fizeram audiência pública, para discutir a questão, ninguém ficou sabendo. Uma parte da área foi invadida por cerca de mil famílias que formaram o acampamento Edivan Pinto, considerado o maior do MST no país, em solidariedade às comunidades agrícolas da Chapada do Apodi.
Dois anos de seca
A Caravana é uma iniciativa da Articulação Nacional do Semiárido (ASA), da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), da Marcha Mundial das Mulheres, do Sindicato dos Agricultores e Agricultoras do Apodi, do MST, da CPT, da CETRA, todas multiplicadas em dezenas de outros grupos agroecológicos e da agricultura familiar, totalmente enraizados na região e em todo o semiárido – uma área que envolve nove estados, além do norte de MG, com uma população de 25 milhões de pessoas, e que sofre há dois anos com uma seca terrível.
Na região de Mossoró choveu apenas 300 milímetros no ano passado, para uma média que já é muito baixa para o semiárido, que é de 600 mm. E com uma escala de desertificação em andamento. 
Ao longo dos 250 km que separa Fortaleza de Mossoró, o cenário de centenas de pés de carnaúba queimados é frequente. Uma área que era para estar cheia de água, como comentava o motorista Luciano, há 30 anos percorrendo os sertões do semiárido, agora deixa à mostra a areia quase branca em que se transformou o solo da região.
A Caravana é uma maneira de botar a boca no trombone, denunciar o conflito de dois modelos econômicos completamente antagônicos. Um totalmente concentrador, autoritário, industrial, mas com uma carga venenosa de resíduos deixados na terra e na atmosfera. O outro comunitário, diversificado, onde agricultores e agricultoras trabalham lado a lado, onde a esperança de um mundo melhor é uma causa real, não apenas um sonho distante. Produzir comida, manter a segurança alimentar da comunidade, conviver com as características próprias da região, é uma opção por outro modelo, onde em primeiro lugar está a vida, a cultura e a história das comunidades. Depois o lucro, o aparato tecnológico. (...)
No olho do furacão
Como disse na abertura Carlos Eduardo Leite, da executiva da ANA e trabalhando há mais de 20 anos na região de Juazeiro (BA): “assim como o povo foi para as ruas nas cidades, nós estamos vindo para o olho do furacão, para a zona de confronto, como no Apodi, para ressaltar as experiências e as vivências dos agricultores e agricultoras da região e mostrar que existe outro modelo, existe uma alternativa para fazer frente ao agronegócio”.
Nesta semana também se iniciou a Caravana Agroecológica e Cultural da Amazônia, saiu de barco no dia 22 de Santarém (PA), onde a Cargill instalou um armazém com capacidade de estocar 1,2 milhão de toneladas de soja.
No próximo mês será a vez da Caravana do Sul, iniciando por Porto Alegre, passando por Florianópolis e terminando em Curitiba, onde oito agricultores continuam presos acusados de desviar verba do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Mas será uma caravana temática, porque no Sul funcionam as redes de comercialização de produtos ecológicos. A ideia é mostrar trabalho e conflitos em todos os biomas brasileiros, acumulando uma rede de experiências, articulações de milhares de agricultores e praticantes da agroecologia, na sua maioria, componentes da agricultura familiar, será divulgada no III Encontro Nacional de Agroecologia, que acontecerá em Juazeiro entre os dias 26 a 29 de maio de 2014, no campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco. As centenas de entidades ligadas a esse trabalho resolveram ampliar o leque de apoio ao movimento, incluindo outros segmentos da sociedade civil, das áreas da economia solidária, saúde pública coletiva e segurança alimentar.
O povo rural continua comemorando a vitória do lançamento do Plano Nacional da Agroecologia e Produção Orgânica, realizado pela presidenta Dilma Rousseff no dia 17 último. E outro fato muito importante: o convênio assinado entre a ASA e o BNDES no valor de R$ 90 milhões para a multiplicações de tecnologia agroecológicas, formação de pessoas, gestão de recursos, ampliação dos bancos de sementes crioulas, no programa chamado “Uma terra – duas águas”. Não é recurso de mercado, é a título de desenvolvimento social mesmo, sem reembolso. (...)
Leia a reportagem na íntegra: Carta Maior, 24/10/2013.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Operação chegou à quadrilha de auditores a partir de declaração de bens
Comentários 38

Carlos Alciati Neto
Do UOL, em São Paulo
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Operação do MP prende agentes fiscais envolvidos em desvio da Prefeitura de São Paulo16 fotos

8 / 16
Quatro agentes ligados à subsecretaria da Receita da gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) foram presos por suspeita de integrar esquema de corrupção que causou prejuízos de pelo menos R$ 200 milhões aos cofres públicos nos últimos três anos, segundo o Ministério Público (MP), em São Paulo (SP), nesta quarta-feira (30). Seis veículos de luxo foram apreendidos em duas residências. Um Porsche, um BMW e duas motos foram levados para o 4º Distrito Policial Leia mais Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime de Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos) chegou até a quadrilha de servidores que faziam cobrança indevida do ISS (Imposto Sobre Serviços) por meio da declaração anual de bens que todo funcionário público deve fazer, explica o promotor Roberto Bodini, que presidiu a investigação.
Mesmo quando algum dos acusados tentou registrar os bens em nome de parentes e cônjuges, foi possível detectar a incompatibilidade de renda. "Houve a verificação da incompatibilidade e detectamos o aumento de patrimônio. Depois disso, tivemos de buscar a origem", explicou.
O Ministério Público do Estado de São Paulo afirma que o esquema contava com uma empresa de fachada exclusiva para as operações. No esquema, os fiscais da administração municipal envolvidos apuravam um valor devido do tributo ao fim da obra, davam até 50% de desconto às incorporadoras e cobravam uma parcela ínfima das companhias. O restante era desviado para a empresa de fachada.
O corregedor municipal Mário Spinelli explicou a divergência do prejuízo, entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, por uma eventual ação dos acusados desde a época em que estavam nomeados nos respectivos cargos de confiança. "Até outubro de 2010, não era identificado o responsável [pelo recolhimento do ISS na guia], só depois foi possível identificar a equipe, que está presa."
De outubro de 2010 até agosto de 2013, o cálculo do valor desviado é de R$ 200 milhões. "Se for estimado desde 2007 e mantiver a média, chega a este valor [de R$ 500 milhões]", afirmou.

Empresas usaram 'laranjas'

A investigação vai agora tentar identificar exatamente quais as empresas que pagaram as propinas e, dentre estas, quais foram relamente coagidas a entrar no esquema. "A vítima se comporta como tal, não se esconde, não mente. As empresas envolvidas terão de nos procurar, apresentar as notas fiscais, que comprovam estes pagamentos. Se alguma empresa disser que queria fazer o pagamento correto, mas não conseguiu, aí é vítima. Mas se ficar comprovado que algumas pagaram valor inferior a 50% (do imposto devido), como a gente tem notícia, aí, sim, elas serão enquadradas", avisou Bodini.
Os nomes das empresas não podem ser divulgados ainda, pois a investigação corre em sigilo para não interferir nos desdobramentos. No entanto, nem todos os responsáveis pelos empreendimentos foram identificados ainda, por conta de um recurso legal. As construtoras constituem um SPE (Sociedade de Projeto Específico), que funcionaria como uma outra fonte para a incorporadora. Em alguns casos, os pagamentos foram realizados por meio de SPE. "É um destacamento do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Agora, temos de investigar quais empresas criaram", explicou Bodini.
Em um exemplo citado pela investigação, uma empresa, cujo nome não foi revelado, recolheu R$ 17,9 mil em ISS. No dia seguinte, a mesma empresa depositou R$ 630 mil na conta de um dos acusados. "Antigamente as propinas erma menores e a taxa representava o maior valor pago. Eles inverteram: se recolhe um valor ínfimo e se paga uma propina vultuosa", ironizou Bodini.
Além de depósitos, transferências e saques de valores altos foram utilizados para pagar as propinas, aponta a investigação. De acordo com a promotoria, há registro de compra de dólares, e remessas de dinheiro para o exterior, além de bens apreendidos, como casas, carros de luxos e uma pousada em Visconde de Mauá (RJ).

Como foi a operação

A operação foi realizada em conjunto entre Ministério Público Estadual e a CGM (Controladoria Geral do Município), órgão criado por Haddad. O prejuízo ao cofres públicos é de ao menos R$ 200 milhões, segundo o Ministério Público.
"A minha administração também está sujeita a investigação da Controladoria. Eles têm total liberdade.  Temos uma nova instituição em São Paulo que não espera a denúncia chegar, mas, sim, vai procurar coibir práticas criminosas contra o patrimônio público. Essa é a novidade", disse o prefeito Fernando Haddad, que salientou que a operação que prendeu quatro ex-servidores públicos acusados de cobrar propina não se trata de uma devassa na gestão do seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD).
As prisões acontecem um dia após a aprovação, na Câmara Municipal,  do reajuste do IPTU, que opôs PT e PSD. Na esfera nacional, porém, o PSD de Kassab é aliado ao PT e apoia o governo da presidente Dilma Rousseff. Em maio, Guilherme Afif Domingos assumiu como ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, ato que selou o embarque do PSD na base aliada.
Haddad declarou que o trabalho feito pela Controladoria no desbaratamento da quadrilha justifica a criação do órgão.

"Muitos duvidaram dos nossos propósitos quando criamos a Controladoria. Essa investigação é a demonstração cabal de quem foi um grande acerto a criação dela ", afirmou Haddad.
O controlador-geral da prefeitura, Mário Vinícius Spinelli, declarou que os quatro presos eram servidores efetivos, porém, ocupavam cargos de confiança durante a administração Kassab. Após o fim do mandato do ex-prefeito, eles foram exonerados de tais cargos, mas continuavam atuando como servidores na prefeitura.

"A quadrilha apropriou-se de alguma coisa entre 30% e 50% do imposto devido", disse Spinelli.
Questionado sobre se Kassab sabia do esquema, Haddad disse "essas pessoas tinham convívio social [com Kassab], mas, até aqui, não há nenhuma interface visível entre este esquema e o mundo político".

Kassab diz que desconhece fraudes

Em nota, o ex-prefeito Kassab afirmou que desconhecia a investigação e que "apoia integralmente a apuração e, se comprovada qualquer irregularidade, defende a punição exemplar de todos os envolvidos".
À colunista Mônica Bergamo, da "Folha de S.Paulo", Kassab declarou que os acusados de patrocinar do esquema são "técnicos, servidores de carreira que não foram indicados por mim".

Relembre o caso Aref

  • Reprodução/TV Durante a gestão Kassab, Hussain Aref Saab era diretor do Aprov (setor da prefeitura responsável por liberar construções). Reportagem da "Folha de S.Paulo", revelou um esquema comandado por Aref.

    Construções de médio e grande porte eram autorizadas depois de pagamento de propina. Aref adquiriu 106 imóveis nos pouco mais de sete anos em que permaneceu no cargo. Ele é réu em ações das áreas criminal e civil.

    Com renda mensal declarada de R$ 20 mil, entre rendimentos de aluguéis e salário bruto na prefeitura de R$ 9.400 (incluindo uma aposentadoria), o funcionário acumulou patrimônio superior a R$ 50 milhões.
De acordo com o ex-prefeito, os secretários de Finanças tinham total autonomia para montar as equipes. "E tenho certeza que os ex-secretários, que são pessoas corretas, terão total disposição para colaborar com as investigações".

O esquema 

Entre os envolvidos nas supostas cobranças indevidas, está o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues; o ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança Eduardo Horle Barcelos; o ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis Carlos Augusto di Lallo Leite do Amaral, e um agente de fiscalização. Os advogados dos acusados ainda não se manifestaram sobre o assunto.
De acordo com a denúncia, os acusados montaram um esquema de corrupção envolvendo os valores do ISS (Imposto Sobre Serviços) cobrados de empresários do setor imobiliário. A certidão de quitação era emitida sem que o valor do ISS fosse pago integralmente.
O documento é necessário para que uma construção obtenha o Habite-se. O grupo se reunia em um escritório a 300 metros da sede da prefeitura, no centro, apelidado de "ninho".
Os quatro servidores teriam acumulado um patrimônio que, somado, chegaria a R$ 100 milhões, de acordo com a investigação, com carros luxuosos, imóveis e contas bancárias no exterior. Para despistar a fraude, os bens estão em nomes de familiares e de empresas nas quais os acusados constam como sócios.
Como exemplo, uma grande empresa empreendedora recolheu, a título de ISS, uma guia no valor de R$ 17,9 mil e, no dia seguinte, depositou R$ 630 mil na conta da empresa de titularidade de um dos auditores fiscais.

Preso em operação foi nomeado diretor da SPTrans na gestão Haddad

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ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
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O auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, preso hoje sob a suspeita de participar de esquema de fraude aos cofres públicos, ocupou importante cargo na gestão Haddad até junho deste ano.
Rodrigues foi nomeado em fevereiro de 2013 como diretor de administração e finanças da SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal).
Ex-funcionários da gestão Kassab são presos após investigação de Haddad
"São técnicos, nenhum indicado por mim", diz Kassab
A gestão Fernando Haddad (PT) diz que o caso vinha sendo investigado há pelo menos sete meses (desde março deste ano). Mas a gestão Gilberto Kassab (PSD) afirma que já havia um procedimento formal de apuração envolvendo ele desde o segundo semestre do ano passado.
Rodrigues foi subsecretário da Receita Municipal na gestão Kassab. Segundo o corregedor do município na gestão anterior, Edilson Mougenot Bonfim, ele passou a ser investigado pela prefeitura entre setembro e outubro de 2012.
De acordo com ele, a atual administração sabia das suspeitas que recaíam sobre o servidor.
Procurada, a gestão Haddad ainda não se manifestou sobre o caso.

Na notícia divulgada no site da prefeitura, a gestão Haddad não informa que o auditor participou da administração petista. Diz apenas que ele foi exonerado do cargo ainda na gestão anterior.

Ex-funcionários da gestão Kassab são presos após investigação de Haddad

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
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Atualizado às 11h35.
Quatro ex-funcionários da Prefeitura de São Paulo foram presos hoje acusados de um desvio milionário que pode chegar a pelo menos R$ 500 milhões. O Ministério Público comprovou um rombo de R$ 200 milhões ao longo de três anos. Mas a prefeitura estima que a fraude chegue a R$ 500 milhões pelo tempo em que o grupo atuou no esquema desvendado.
A operação, realizada hoje de manhã e apelidada de "Necator" (um tipo de parasita) pela prefeitura, tem potencial explosivo: iniciada pela administração de Fernando Haddad (PT-SP), ela atinge em cheio a cúpula das finanças da gestão de seu antecessor, Gilberto Kassab (PSD-SP). Ele é aliado de Dilma Rousseff no governo federal.
Um dos acusados das supostas falcatruas é o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues. Outro é Eduardo Barcelos, diretor de arrecadação do mesmo órgão. Eles eram da equipe do secretário Mauro Ricardo, de Finanças. Os outros presos são Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, ex-diretor da divisão de cadastro de imóveis e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães.
Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para fornecer a elas certidões de quitação de ISS (Imposto Sobre Serviço) sem que pagassem tudo o que era devido.
O documento precisa ser emitido para que as construções obtenham o habite-se da prefeitura.
O grupo se reunia em um escritório a 300 metros da sede da prefeitura, no centro, apelidado de "ninho".
MEDIDAS
A cgm (Controladoria Geral do Município) vai instaurar processo disciplinar para apurar as responsabilidades dos servidores envolvidos. Também vai determinar a instituição de uma força-tarefa para a adoção de medidas para o ressarcimento aos cofres municipais.
Os servidores também deverão responder pelos crimes de concussão/corrupção passiva, advocacia administrativa, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
PATRIMÔNIO
De acordo com a investigação, os quatro servidores teriam amealhado um patrimônio que, somado, chegaria a R$ 100 milhões. Ele seria formado por centenas de imóveis em várias cidades do país, além de carros de luxo e contas bancárias no exterior. Alguns são proprietários também de lotéricas.
Entre os bens adquiridos estão apartamentos de luxo, flats, prédios e lajes comerciais, em São Paulo e Santos, barcos e automóveis de luxo, uma pousada em Visconde de Mauá (RJ) e um apartamento duplex em Juiz de Fora (MG).
Na operação desta quarta-feira foram apreendidos com os quatro investigados motos e carros importados, grande quantidade de dinheiro (reais, dólares e euros), documentos, computadores e pen-drives.
Os bens localizados estão em nomes de familiares e de empresas nas quais os acusados figuram como sócios.
O Ministério Público deve enquadrá-los nos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva ou concussão, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa.
Divulgação/Ministério Público de SP
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação
Pousada em Visconde de Mauá (RJ) de propriedade de um dos agentes fiscais presos durante megaoperação
INVESTIGAÇÃO
A investigação começou em março, quando a CGM (Controladoria Geral do Município), criada por Haddad, passou a monitorar a evolução patrimonial de 140 mil funcionários públicos.
Cruzamentos feitos em diversas bases de dados, como a de registro de imóveis de SP e de outras cidades, detectaram servidores com patrimônio incompatível com os seus vencimentos.
A CGM passou então a acompanhar de perto a situação daqueles que ocupavam cargos considerados sensíveis, como os de fiscalização.
Foi então que identificou o grupo da Secretaria de Finanças, liderado, sempre de acordo com as investigações, pelo subsecretário da Receita Municipal de São Paulo.
A CGM passou então a compartilhar os dados com o Ministério Público, que solicitou à Justiça a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos envolvidos.
Além de grampo em telefones fixos e celulares, foi realizada também escuta ambiental no escritório apelidado de "ninho".
Há casos em que os depósitos realizados por construtoras na conta de um dos acusados chegaram a alcançar R$ 1,8 milhão em apenas um mês.
Em uma ocasião, uma construtora fez depósito de R$ 480 mil e conseguiu a certidão de ISS depois de pagar apenas R$ 12 mil.
A prefeitura calcula que a propina chegava em alguns casos a 50% do imposto que as empresas deveriam pagar.
A administração e o MP já solicitaram o bloqueio de bens dos funcionários. As empresas privadas envolvidas serão investigadas e intimadas a pagar o que deixaram de recolher aos cofres públicos municipais.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
O ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues é preso durante megaoperação; ele é suspeito de cobrar propina e provocar rombo nos cofres públicos
Ronilson Bezerra Rodrigues é preso durante megaoperação; ele é suspeito de participar de esquema e cobrar propina 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Marcos Palmeira nega candidatura ao governo do Rio

DO RIO
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O ator Marcos Palmeira negou nesta terça-feira (29) ter sido escolhido como candidato do PSB para disputar o governo do Rio nas eleições do ano que vem.
Recém-filiado à sigla, ele disse que apenas prestou apoio à ex-ministra Marina Silva, que não conseguiu viabilizar a criação da Rede Sustentabilidade, ao ser barrada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"A filiação ao partido foi um ato simbólico de apoio à Rede! Não estive com o governador Eduardo Campos (PSB-PE) e nem fui convidado a ser candidato a nada. Apenas participo das discussões com Marina Silva na Rede por um Brasil novo!", disse ele, por meio de nota de sua assessoria de imprensa.
A Folha revelou na semana passada que o ator havia sido sondado pelo governador de Pernambuco, pré-candidato à Presidência, para disputar o cargo no Palácio Guanabara. Palmeira seria um palanque "pop" para o peessedebista no Rio.
Outra possibilidade para o PSB é aderir à possível candidatura do deputado Miro Teixeira do Pros (Partido Republicano da Ordem Social), que saiu do PDT com o objetivo de disputar a sucessão ao Palácio Guanabara. Ele também auxiliou Marina na coleta de assinaturas para a criação da Rede.
Christian Gaul/Divulgação
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Ensaio sensual com o ator Marcos Palmeira na revista "TPM"

JOIAS RARAS

Neste nosso Brasil, elegemos cada figura, independente da região, vejo nesta matéria que circulei, um imbecil vereador dando uma declaração desta e dizendo depois que foi num momento  de contrariedade. É um verdadeiro absurdo das urnas.
Ontem em um programa de TV foi a vez de mostrar um deputado que é campeão de falta as sessões da câmara do Rio de Janeiro, olhe a alcunha: "samuquinha". É pra não viver estas joias raras que saem das urnas.

VEREADOR SE DESCULPA POR DIZER QUE MENDIGO DEVE VIRAR"RAÇÃO PRA PEIXE"

Vereador se desculpa por dizer que mendigo deve virar 'ração pra peixe'
DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO
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O vereador José Paulo Carvalho de Oliveira, o Russo da Autopeças (PT do B-RJ), disse nesta terça-feira (28) que usará a tribuna da Câmara Municipal de Piraí (sul do Rio de Janeiro), para pedir desculpas por um discurso polêmico que fez no mesmo espaço no início do mês.
No dia 8 de outubro, durante uma sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição, Russo, eleito em 2012 para seu primeiro mandato, disse que mendigos não podem votar e deveriam virar ração para peixe, sugerindo que fossem mortos.
"Mendigo não tem que votar, mendigo não faz nada na vida. Aliás, acho que deveria até virar ração pra peixe", afirmou na ocasião.
Assista ao vídeo em tablets e celulares
O vídeo com a sessão foi publicado no perfil da Câmara de Piraí no YouTube no dia 10 de outubro, mas ganhou repercussão apenas nesta terça, quando foi reproduzido em sites de notícias e programas de TV.
O vereador disse à Folha que está arrependido da declaração. "Errei e vou publicamente pedir desculpas. Minha conduta não condiz com aquela fala", afirmou.
Ele contou ter feito o discurso "num momento de emoção por um fato que aconteceu com minha família". "Há uns 15 anos, não me lembro direito porque não gosto nem de pensar nisso, meu irmão acolheu uma família de andarilhos. Seis meses depois, eles o mataram", relatou.
Russo disse pensar "totalmente o contrário" do que expressou na Câmara. No vídeo, ele afirmava que se recusa a ajudar pedintes: "Eu não dou nada para mendigo, não adianta me pedir que eu não dou. Tem que trabalhar".
Agora, ele declara ser solidário. "Ajudo no que posso, faço tudo. Ajudo no anonimato, sem medir quanto, quando", disse, sem dar detalhes.
O vereador, no entanto, mantém algumas das opiniões do discurso, como a proibição do voto. "As pessoas que têm que votar são as pessoas que trabalham. Quem não fez nada não tem que votar, independente de ser mendigo ou outra classe social. Quem não faz nada pelo país não tem que opinar", conclui.
No vídeo, ele também disse ser favorável à pena de morte. "Quando acabaram com a pena de morte, eu achei uma pena isso. Deveria haver pena de morte. 'Ah, vai matar inocente'. Não vai. Ainda que matasse, ia morrer muito menos inocente do que morre hoje, porque se um bandido soubesse que ele ia ser morto, com certeza ele ia pensar mais um pouquinho antes de fazer as coisas", discursou.
Ele citou o traficante Fernandinho Beira-Mar como um exemplo de pessoa que "já era pra ter tomado um tiro na testa há muito tempo".
Assim como no caso do direito ao voto, Russo mantém o apoio à pena de morte. "Vivemos numa prisão enquanto os bandidos estão soltos", disse.

NO PARANÁ, DILMA ANUNCIA PELA 2º VEZ VERBA PARA A MESMA OBRA

No Paraná, Dilma anuncia pela 2ª vez verba para a mesma obra
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
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Em visita a Curitiba na tarde desta terça-feira (29), a presidente Dilma Rousseff anunciou, pela segunda vez, verbas para a mesma obra: o metrô de Curitiba, que ainda não saiu do papel.
Dois anos atrás, em outubro de 2011, Dilma anunciou R$ 1 bilhão para o projeto, que chamou, na época, de "um dos melhores do país". A verba, a fundo perdido (sem necessidade de contrapartida estadual ou municipal), integrava o PAC da Mobilidade.
A proposta, porém, passou por revisão técnica na gestão do atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), que concluiu que o custo estava subestimado e o método construtivo era inadequado. O projeto anterior era do prefeito Luciano Ducci (PSB).
De R$ 2,25 bilhões, o orçamento subiu para R$ 4,5 bilhões. Por causa disso, foi preciso uma nova negociação para que o governo federal ampliasse o financiamento.
A mesma situação aconteceu há duas semanas em Porto Alegre (RS). Na ocasião, Dilma também anunciou, pela segunda vez, verbas para o metrô da cidade, projeto que teve custos revistos e ampliados nos últimos dois anos. Resultado: o financiamento federal passou de R$ 1 bilhão para R$ 3,5 bilhões (incluindo empréstimos).
Em Curitiba, os recursos federais saltaram de R$ 1 bilhão para R$ 3,2 bilhões, incluindo financiamentos. A fundo perdido, o governo vai repassar R$ 1,8 bilhão para a obra, que nem sequer foi licitada até agora.
A previsão, agora, é que o metrô comece a operar em 2018. Outros R$ 408 milhões também foram liberados para outras obras de mobilidade urbana na cidade.
A Prefeitura de Curitiba comemorou o anúncio, disse que é "maior pacote de investimentos da história da cidade" e que, com ele, "o transporte de Curitiba vai entrar nos trilhos" e a cidade vai "voltar a ser modelo".

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Proteína de lagarta age contra vírus do sarampo e H1N1

24/10/2013
Por Thereza Venturoli
Agência FAPESP – Mais da metade de todas as espécies animais conhecidas são insetos. Mas como espécies com um sistema imune tão pouco desenvolvido – principalmente se comparado aos mamíferos – evoluíram ao longo de 350 milhões de anos e sobrevivem hoje nos mais diversos ambientes do planeta, até nos mais hostis?
Estudos indicam que o segredo está em substâncias presentes na hemolinfa, o fluido que exerce a função de sangue nos insetos. Trata-se, no geral, de substâncias que, nesses animais, têm a capacidade de combater vírus, bactérias e fungos. Tem, portanto, potencial para reduzir a ação dos microrganismos em humanos. Conhecer essas substâncias e seu mecanismo de ação é um grande passo para o desenvolvimento de medicamentos.
Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, têm identificado substâncias promissoras em lagartas. “Há muito se produz substâncias antivirais originárias de organismos e produtos animais ou vegetais, como ouriço-do-mar e própolis. Mas pouco se investiga em insetos, e menos ainda em lagartas”, disse à Agência FAPESP o virologista Ronaldo Zucatelli Mendonça, responsável pela pesquisa “Bioprospecção de proteínas de interesse farmacológico e biotecnológico na hemolinfa de lagartas da família Megalopygidae", que conta com apoio da FAPESP.
A equipe de Mendonça encontrou substâncias de alta potência antiviral em lagartas da família Megalopygidae. “Ainda não sabemos exatamente a composição química dessa substância”, disse. “No entanto, ela já demonstrou ter ação inequívoca: tornou 2 mil vezes menor a replicação do picornavírus (parente do vírus da poliomielite) e 750 vezes menor a do vírus do sarampo, além de ter neutralizado o vírus da influenza H1N1.”
Segundo o coordenador da pesquisa, esses dados são preliminares. “Até a conclusão do trabalho, podemos chegar a uma redução ainda maior”, disse.
O estudo com a Megalopygidae dá sequência a uma pesquisa anterior, na qual a equipe isolou e purificou uma proteína em outra lagarta, da família Saturniidae, a Lonomia obliqua.
A proteína encontrada na Lonomia tornou a replicação do vírus da herpes 1 milhão de vezes menor e a replicação do vírus da rubéola, 10 mil vezes menor. O trabalho foi publicado na revista Antiviral Research, em 2012.
As duas pesquisas, sobre a Lonomia e sobre as lagartas da família Megalopygidae, têm foco em substâncias que apresentam duas propriedades específicas: ação apoptótica e antiviral. A primeira promove a apoptose (morte celular programada ou desencadeada para eliminar de forma rápida células desnecessárias ou danificadas), um processo importante no mecanismo para controle do câncer. O foco atual da pesquisa com as lagartas Megalopygidae é sua ação antiviral.
As proteínas em estudo são produzidas pela tecnologia de DNA recombinante. O gene codificador da proteína é extraído da hemolinfa, clonado em um baculovírus (vírus que ataca insetos). Depois, é replicado em células de insetos, que, por sua vez, produzem as proteínas de defesa (as chamadas proteínas recombinantes) em grande quantidade.
“A principal vantagem em produzir a proteína recombinante é que isso torna possível a extração da substância de maneira mais simples e em maior escala”, comentou Mendonça. “Antes de chegar à indústria, porém, é preciso verificar sua ação em organismos, em testes in vivo, e avaliar sua viabilidade econômica”.
As lagartas estudadas pela equipe de Mendonça estão entre as taturanas urticantes que fazem mal ao homem. Suas cerdas liberam veneno capaz de levar à morte. A escolha delas para as duas pesquisas se deveu ao acúmulo de centenas de carcaças desses insetos no Instituto Butantan, que sobram depois da retirada do veneno para a produção de soro contra queimaduras. É dessas carcaças que é retirada a hemolinfa, de onde se extrai o gene codificante das substâncias de defesa.
A família Megalopygidae engloba mais de 200 espécies, entre elas a Megalopyge lanata e a Megalopyge albicollis.

Segundo Mendonça, os estudos com a Lonomia e com as lagartas da família Megalopygidae constituem uma porta para outras pesquisas de grande relevância. “O Brasil tem uma megabiodiversidade em insetos. E todos podem ter substâncias desse tipo, de ação até maior do que as encontradas até agora”, disse o pesquisador, que realizou três pós-doutorados com bolsa FAPESP, dois em Portugal e um no México.

MILHO

Mais uma vez assistimos a paralisação do programa do milho, segundo informações dos funcionários da CONAB, a questão é a falta de recursos. É no minimo um absurdo este argumento por parte do governo, podemos dizer: " que este programa do milho não está dentro das prioridades do governo, é uma especie de fim da fila, depois de tudo é que se pensa nele. Com a palavra os representantes dos/as trabalhadores/as.

Para Erundina, PSB e Rede manterão identidades

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DE SÃO PAULO

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Escolhida pelo PSB e pela Rede Sustentabilidade para participar da abertura do encontro de hoje entre os dois partidos em São Paulo, a deputada socialista Luiza Erundina terá a missão de explicar a "inusitada" aliança entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva.
A ex-prefeita de São Paulo fará uma das cinco "falas inspiradoras" que darão início ao evento, em que 120 integrantes dos dois partidos vão começar a discutir um programa em conjunto. Mesmo com a aliança, ela acha que PSB e Rede manterão suas identidades distintas.
"Marina veio se juntar ao PSB para construir um caminho comum às duas forças, mas cada uma delas mantendo identidades e compromissos. É algo inusitado, novo na nossa história política, e pode ser o diferencial no processo eleitoral", diz Erundina.
Alan Marques - 5.out.13/Folhapress
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Marina Silva anuncia sua filiação partidária no PSB e fecha acordo politico com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para a corrida presidencial de 2014
A filiação de Marina ao PSB e a consequente aliança com Campos, formalizadas no início de outubro, ainda não foram assimiladas por integrantes dos dois partidos.
Fundadores da Rede chegaram a abandonar o projeto por considerar que a união ao PSB desviava o grupo da proposta de novas práticas políticas. Ao mesmo tempo, socialistas enfrentam resistência dos novos aliados para dar sequência a projetos em curso, como o apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.
Bem vista por integrantes da Rede, Erundina foi uma das escolhidas para tentar aparar as arestas restantes.
Ela tem respaldo dos militantes da Rede em São Paulo, que, críticos da aliança do PSB com os tucanos, defendem uma candidatura própria. A ex-deputada chegou a ser objeto de uma campanha interna da Rede para ser lançada candidata ao governo.
Hoje, com a presença de Campos e de Marina, os partidos fazem a primeira reunião para estruturar o documento que deve servir de base para a candidatura presidencial do PSB em 2014.
Partirão de um texto referência com três eixos: a preservação de conquistas dos governos FHC (PSDB) e Lula (PT) --a estabilidade econômica e a inclusão social--, a necessidade de novas práticas políticas e a promoção de um desenvolvimento sustentável.
Os participantes serão divididos em grupos, que estabelecerão os cinco principais desafios para o Brasil.

A ideia é que haja ao menos mais um encontro nesse formato até o fim deste ano. Erundina diz também que o grupo quer "levar o programa à sociedade, para que não seja algo só para a campanha".

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Minha Princesa

Gilberto Gil

Minha princesa
Quanta beleza coube a ti
Minha princesa
Quanta tristeza coube a mim
Na profundeza
O amor cavou
O amor furou
Fundo no chão
No coração do meu sertão
No meu torrão natal
Meu berço natural
Meu ponto cardeal
Meu açucar, meu sal
Oh, meu guerreiro
O teu braseiro me queimou
Oh, meu guerreiro
Meu travesseiro é teu amor
Meu cangaceiro
Que me pegou
Me carregou
Que me plantou no seu quintal
Me devolveu
Minha casa real
Minh'alma original
Meu vaso de cristal
E o meu ponto final
Nossos destinos
Desde meninos dão-se as mãos
Nossos destinos
De pequeninos eram irmãos
E os desatinos
Também tivemos que vivê-los
Bem juntinhos
E os caminhos
Nos trouxeram para este lugar
Aqui vamos ficar
Amar, viver, lutar
Até tudo acabar

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Após decisão do STF, AGU vai orientar governo a seguir Raposa Serra do Sol

Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
A AGU (Advocacia-Geral da União) irá orientar os órgãos do governo federal a seguir as 19 condicionantes estabelecidas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do processo sobre a terra indígena Raposa Serra do Sol, realizado em março de 2009.
Nesta quarta-feira (23), ao analisar os recursos sobre o julgamento, o Supremo concluiu que as 19 condicionantes só são determinantes no caso de Raposa Serra do Sol e não podem ser tratadas como obrigatórias para outras terras. No entanto, a Corte entendeu que as regras devem servir de parâmetro para novas demarcações e de jurisprudência quando o tema for tratado pela Justiça.
Desde março de 2009, o Judiciário e os órgãos responsáveis por demarcações conviviam com a dúvida se as regras estabelecidas no julgamento valem apenas para o caso de Raposa Serra do Sol ou devem ser aplicadas a todos os processos demarcatórios e a terras já existentes.

STF define posição sobre terras indígenas

A AGU publicou no ano passado a Portaria 303, que orienta os órgãos do governo federal a seguir as 19 condicionantes nos processos de demarcação. Pouco depois, a portaria foi suspensa até que o STF se pronunciasse sobre o assunto. Agora, a portaria será reativada e irá orientar a atuação dos órgãos públicos nos processos demarcatórios assim que for publicado o acórdão (resumo dos votos) da sessão de hoje, segundo informou a assessoria de imprensa da AGU --órgão com status de ministério.
Os órgãos responsáveis pelas demarcações de terra são a Funai (Fundação Nacional do Índio), que faz os estudos e delimita as áreas; o Ministério da Justiça, que faz a declaração da terra; e a Presidência da República, que a homologa.
A decisão do STF ocorre no momento em que ruralistas tentam aprovar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para transferir ao Congresso a responsabilidade pelas demarcações. A proposta provocou revolta entre os povos indígenas, que organizaram uma série de protestos no início do mês.

Regras para demarcações

Na sessão de hoje, o STF analisou sete embargos de declaração, tipo de recurso para apontar contradições, omissões ou obscuridades no acórdão, documento que resume o julgamento. Apresentaram embargos a Procuradoria-Geral da República, o governo do Estado de Roraima, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o ex-senador Augusto Botelho (sem partido-RR), comunidades indígenas e até a Ação Integralista Brasileira, organização fundada na década de 30 por Plínio Salgado.
Por nove votos a dois, a Corte entendeu que todas as 19 condicionantes são válidas. Apenas os ministros Joaquim Barbosa, presidente da Corte, e Marco Aurélio Mello divergiram do relator Luís Roberto Barroso.
 
Entre as regras obrigatórias para Raposa Serra do Sol e que devem servir de parâmetro para novas demarcações estão o impedimento da ampliação de terras já existentes; a garantia de que a União tenha livre presença, inclusive com as Forças Armadas e a Polícia Federal, na terra indígena, sem consulta às comunidades; a proibição do garimpo por índios sem autorização prévia do poder público; a permissão à União em explorar riquezas minerais e energéticas sem consulta aos indígenas.
 
O Supremo também concluiu que comunidades indígenas precisam de autorização da União e do Congresso Nacional para fazer garimpo quando a atividade gerar lucro. Nos casos que o garimpo estiver associado a "formas tradicionais, mais primitivas, de extrativismo", conforme dito por Barroso, não há necessidade de autorização. Além disso, a Corte entendeu que a União não precisa pedir autorização para os índios para executar ações de interesse nacional dentro das terras.
 


Não índios e escolas

Entre outras as questões que os embargantes disseram que não estão esclarecidas está a presença de não índios ou de miscigenados, de missionários cristãos e templos religiosos dentro da Raposa Serra do Sol; o trânsito de não índios em vias públicas que cortam a terra; e a oferta de serviços públicos de educação e saúde. Todos os recursos foram rejeitados pela maioria dos ministros porque, na avaliação deles, já foram tratados no acórdão.
No entendimento do relator Luís Roberto Barroso, que foi seguido pela maioria dos magistrados, a presença de não índios e miscigenados não está vedada, uma vez que, segundo ele, é o aspecto "sócio-cultural", e não ou "genético", que define esta questão.
"Pouco importa quantos ancestrais índios a pessoa tenha (...) o que interessa é a sua comunhão com o modo de vida tradicional com os índios da região", afirmou Barroso. Para o relator, a mesma lógica vale para a presença de missionários e templos não indígenas. A decisão sobre a presença de não índios, para Barroso, cabe às próprias comunidades.
Quanto às escolas e demais serviços públicos, a Corte entendeu que estes devem ser prestados com acompanhamento da Funai (Fundação Nacional do Índio). Sobre o uso de vias públicas, o STF decidiu que os índios não podem cumprir papel de polícia e impedir ou cobrar pedágio de transeuntes que utilizem vias públicas.
Todos esses entendimentos são obrigatórios apenas para Raposa Serra do Sol, mas, para o Supremo, devem servir de parâmetro em outras terras indígenas e em processos demarcatórios futuros.