segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ditadura

Cerco ao torturador

O Ministério Público acusa o ex-coronel Ustra pela morte do jornalista Luiz Merlino em 1971
por Redação — publicado 28/09/2014 07:49
Wilson Dias / ABr
Carlos Alberto Ustra
O coronel reformado Carlos Alberto Ustra
Comandante do DOI-Codi entre 1970 e 1974, o coronel reformado Carlos Alberto Ustra volta a ser denunciado pelo Ministério Público Federal. Na segunda 22, o militar foi acusado de homicídio doloso pela morte do jornalista e militante Luiz Eduardo da Rocha Merlino, em 1971. Além do ex-coronel, foram denunciados o delegado Dirceu Gravina e o servidor aposentado Aparecido Calandra.
Merlino, diz o MPF, foi torturado por 24 horas ininterruptas. Na denúncia, os promotores destacam a inexistência de prescrição dos crimes relatados, por se tratar de delitos de lesa-humanidade. Com base nas decisões recentes da Justiça, a condenação é, contudo, improvável. Em janeiro deste ano, foi considerada extinta a punibilidade de Ustra pela morte do militante Hiroaki Torigoe em 1972.
Pela primeira vez desde o fim da ditadura, os militares reconheceram na sexta 19 não poder negar os crimes cometidos em instalações militares no período, apurados pela Comissão Nacional da Verdade. O ministro da Defesa, Celso Amorim, reconheceu as “lamentáveis violações de direitos humanos ocorridas no passado”.
Sociedade

Direitos Urbanos

Camaragibe pode ter um 'novo Estelita'

Engenho e fábrica de Camaragibe, em Pernambuco, estão à mercê das construtoras, como ocorreu com o Cais José Estelita, no Recife
por Lucas Alves* — publicado 27/09/2014 07:46, última modificação 28/09/2014 16:53
Divulgação
Engenho e fábrica de Camaragibe
Fachada da antiga fábrica de tecidos no município pernambucano de Camaragibe
Pode não parecer, mas a imagem acima é de uma fábrica: a antiga fábrica de tecidos no município pernambucano de Camaragibe, onde um grupo de empresas, sob o nome Consórcio “Reserva Camará”, está implantando um grande empreendimento imobiliário. Sobre o terreno de 26 hectares em que está a fábrica do século XIX planejam fazer um megaprojeto de shopping center, estacionamento e vinte e tantos arranha-céus (22 residenciais, dois empresariais e um hotel) com muitas caixas de garagem. Um centro educacional em forma oval ocuparia o lugar da fábrica. Como de costume, o projeto é vendido como um grande presente para a cidade, uma promessa de modernidade que esconde sérios problemas.
A fábrica de tecidos foi construída nas terras do Engenho Camaragibe, que data de 1549. A casa grande do engenho, mais conhecida como Casa de Maria Amazonas, é o maior símbolo de Camaragibe, reconhecido como patrimônio histórico pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe e em processo de tombamento federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Se o projeto for levado adiante, sua paisagem será completamente descaracterizada.
O cotonifício é parte fundamental da história da cidade e um edifício marcante da arquitetura industrial. Com a implantação da fábrica, Camaragibe viria a se transformar em cidade, separando-se de São Lourenço da Mata e deixando de ser apenas parte da economia da cana-de-açúcar. Seus tijolos foram feitos em olaria própria, construída em 1890, da qual resta apenas a chaminé, destruída em uma das ampliações e hoje destinada a enfeitar um estacionamento.
A Companhia Industrial de Pernambuco criou, junto com a fábrica, uma das primeiras vilas operárias da América Latina. A Vila da Fábrica, planejada pela empresa, era um bairro residencial com os serviços urbanos essenciais: saneamento básico, abastecimento, saúde, serviço religioso e educacional. Tinha até um prédio para quem não era casado: a “República dos Solteiros”, que se mantém de pé até hoje. Foi a partir da fábrica que a cidade cresceu, trazendo a fundação de outros bairros, como o Alto da Boa Vista e a Vila Nova.
Camará Shopping
Sobre o terreno de 26 hectares em que está a fábrica do século XIX, planejam fazer um megaprojeto de shopping center, estacionamento e 22 prédios
A fábrica foi marcante também em sua organização e no legado social que deixou. Carlos Alberto de Menezes, primeiro diretor da fábrica, inscreveu no estatuto da companhia princípios de cunho cristão que conferiam benefícios aos operários e, segundo registros, teria estimulado a vinda de ordens religiosas da Europa (como os salesianos e os maristas) para capacitar operários e educar seus filhos. Promoveu a criação da Corporação Operária de Camaragibe, cujo pioneirismo no Brasil trouxe a visita do presidente Afonso Pena em 1905. Da organização operária iniciada na fábrica de Camaragibe surgiria a primeira legislação sindical urbana do Brasil, o decreto 1.637 de 1907.
Segundo Plano Diretor, a área do empreendimento está em Zona de Requalificação Urbana, que “compreende o Centro histórico-cultural do Município, e seu entorno, (...) apresentando características de degradação e risco de perda deste patrimônio”. Por isso, quase todas as diretrizes desta zona referem-se à preservação do patrimônio histórico-cultural, a saber: “a conservação integrada do patrimônio histórico-cultural incluindo ações específicas de proteção e preservação que compatibilizem uso e manutenção do acervo do patrimônio cultural municipal”; “o aproveitamento econômico sustentável do patrimônio cultural”; “a integração das ações públicas e privadas destinadas à proteção do patrimônio cultural existente”; “a sensibilização da comunidade local, dos proprietários e possuidores de bens de valor cultural, sobre a importância da conservação da identidade local para o desenvolvimento sustentável do município”; “a integração entre a educação pública municipal e as iniciativas de proteção ao patrimônio cultural".
Em vez de valorizar o patrimônio da cidade, como ordena o Plano Diretor, o Consórcio “Reserva Camará” quer cercar de altos prédios a fábrica, destruir sua planta original e deixar apenas duas fachadas, uma brincadeira de mau gosto com as boas práticas de preservação. Achando pouco, ainda inserem arranha-céus na paisagem mais emblemática de Camaragibe, a casa grande do Engenho Camaragibe, uma perspectiva que nunca é mostrada na propaganda do projeto.
Maquete do projeto do Consórcio “Reserva Camará”
Maquete do projeto “Reserva Camará” quer esconder casa grande do Engenho Camaragibe com altos prédios
Parte da esperança reside na Fundarpe, órgão no qual foi protocolado recentemente um pedido de tombamento da planta original da fábrica, com um polígono de preservação em seu entorno. A iniciativa é semelhante ao pedido do grupo Direitos Urbanos e de moradores do bairro da Torre, no Recife, que solicitaram ao órgão o tombamento do Cotonifício da Torre quando construtoras pretendiam ali construir mais de uma dúzia de torres e um shopping center. Nada impede, entretanto, que parta dos empreendedores e projetistas a iniciativa de fazer algo integrado à memória e às particularidades locais.
As cidades brasileiras, e em Pernambuco não é diferente, têm sido reféns de megaprojetos que prometem desenvolvimento atropelando a legislação urbanística e ambiental, esquivando-se da participação popular e da transparência, muitas vezes revelando arranjos público-privados nada impessoais. São projetos que geralmente ampliam a exclusão social, criando redutos de riqueza segregados do tecido urbano preexistente, e que se apoiam em paradigmas arcaicos de urbanismo, como o da mobilidade rodoviarista e carrocêntrica ou dos condomínios apartados do convívio social, cercados de desertos urbanos (ainda que “verdes”). Como no caso do projeto Novo Recife, no Cais José Estelita, grandes empresas se apropriam de espaços de interesse público e vendem privilégios que deveriam ser de usufruto comum, como as vistas para as belas paisagens de corpos d’água, áreas vegetadas e monumentos históricos.
Exemplos de aproveitamento comercial de instalações industriais preservadas não faltam: da LX Factory, em Lisboa, ao SESC Pompéia, em São Paulo, e à Fábrica Bhering, no Rio de Janeiro. Mesmo do ponto de vista imobiliário, é possível conciliar e até aumentar o lucro preservando o patrimônio histórico e ambiental. Para isso, é preciso que o poder público, a começar pela Prefeitura de Camaragibe, a Fundarpe e o IPHAN, assuma a responsabilidade pela resguardo da memória e pela gestão democrática das cidades.
*Lucas Alves é formado em Relações Internacionais e membro do grupo Direitos Urbanos Recife-PE

TERRITÓRIO SERRA DA CAPIVARA

Território Serra da Capivara se prepara para o IV Grito do Semiárido Piauiense
Elaine Dias - Comunicadora popular da Asa Brasil
São Raimundo Nonato - Piauí
24/09/2014
IV Grito do Semiárido Piauiense será dias 16 e 17 de outubro. | Foto: Cáritas São Raimundo Nonato
Entre serras e rios, ecos jovens e adultos reproduzem-se fortemente, com poder de alcance para além das fronteiras do verde-cinza da caatinga. Ecoa na consciência dos povos do Semiárido que vão às ruas denunciar as injustiças sociais que ameaçam a soberania, a vida e seus direitos de cidadania. Mazelas estas causadas pela ausência de políticas públicas efetivas que garantam a plenitude da cidadania desses povos. Eles dão o grito reivindicatório e de basta, o IV Grito do Semiárido Piauiense nos dias 16 e 17 de outubro, no município de São Raimundo Nonato.

Participarão do 4º Grito do Semiárido trabalhadores e trabalhadoras da região de São Raimundo Nonato e municípios adjacentes no Piauí, e famílias das áreas atingidas em Dirceu Arcoverde, Dom Inocêncio, Angico dos Dias e  Juazeiro (BA). A ação é realizada pela Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) em parceria com o Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, pastorais sociais da Diocese de São Raimundo e com apoio do Instituto Comrádio do Brasil.

O tema do encontro será “Política Pública para o Semiárido e a Intervenção da Mineração”. O Grito tem o intuito de pautar mais uma vez a problemática da mineração e a ausência de políticas públicas para o Semiárido. Dessa vez haverá um processo de informação e formação para empoderamento das famílias que estão nas áreas de atuação das empresas de mineração. Essas comunidades participarão de encontros de formação nos dias 27 e 28, com a assessoria do advogado Lucas da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O objetivo é criar subsídios para que eles mesmos possam falar, denunciar e ir à luta.

O IV Grito do Semiárido Piauiense configura-se em outra direção, na expectativa de desencadear uma agenda de esclarecimentos e providências relativas aos direitos das famílias das áreas atingidas e em prospecção. Neste sentido serão convidados para uma audiência os titulares do Ministério Público Federal e Estadual, incluindo a Promotoria Pública Ambiental sediada em São Raimundo Nonato.

Os preparativos para o IV Grito contaram com visitas às famílias das comunidades do entorno do morro do mel ( corredor ecológico), onde os moradores foram ouvidos e gravaram depoimentos para a produção de um documentário. As famílias relatam que a mineradora São Camilo já comprou mais de mil hectares de terra, e até o momento nenhum diálogo foi estabelecido com as comunidades do entorno.

A visita também foi realizada às famílias do quilombo Lagoas, onde pesquisas estão sendo realizadas em áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, Bonfim, Várzea Branca, Fartura e São Lourenço. Nesses municípios verificam-se grandes áreas de queimada de madeira, que segundo os executores está autorizada pela SEMAR, e isso dentro da área quilombola ainda sob responsabilidade do INCRA para regularização fundiária. Ao todo, 60 fornos funcionarão na comunidade quilombola Lagoa Nova, sendo que 42 já estão concluídos e 28 iniciados. Já há registro do início da atividade em um desses fornos.

O IV Grito do Semiárido Piauiense é o encontro de várias lutas em defesa de uma política efetiva e permanente para o Semiárido piauiense e deve ser pautado e construído pelo estado piauiense.  Soma-se com a Campanha em Defesa das Terras, das Águas e dos Povos do Piauí.

Retrospectiva da luta - A luta foi iniciada em maio de 2011, quando o Bispo Diocesano de São Raimundo Nonato, D. João Santos Cardoso convocou a representação das paróquias e dos setores pastorais, serviços e organismos da Diocese para discutir as consequências da seca na região. Dessa reunião, um documento foi elaborado e emitido às secretarias de Estado e ao gabinete do governador solicitando providências emergenciais e ações estruturantes.

Nenhuma resposta efetiva foi encaminhada. Então, com base no documento outras organizações sociais como Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato e Comissão Pastoral da Terra (CPT) entenderam como necessário ampliar uma manifestação de denúncia da ausência de ações sociais, como de uma política pública para o Semiárido. Realizou-se, então, o 1º Grito do Semiárido Piauiense reunindo numa audiência pública, em São Raimundo Nonato, mais de mil trabalhadores e trabalhadoras e secretarias de Estado como Defesa Civil, SDR, SEMAR e INCRA. E novamente nenhuma agenda de compromissos foi assumida.

Atos - O II Grito do Semiárido foi reforçado pelo Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido – FPCSA e  realizado em Picos, em 2012. O III Grito aconteceu em 2013, novamente em São Raimundo Nonato, acrescentando a preocupação com o avanço das pesquisas de empresas mineradoras no território, que resultou no seguinte tema: “POLÍTICA PÚBLICA PARA O SEMIÁRIDO E A INTERVENÇÃO DA MINERAÇÃO”.

Pautou-se mais uma vez a dificuldade do debate em torno desta política discutindo agora como implantá-la, considerando os impactos sociais e ambientais previstos com a intervenção das possíveis áreas de extração de minério, além das já definidas como a GALVANI, no limite do Piauí com a Bahia, já com registros de consequências nocivas constatadas pelas famílias do entorno; a VALE, em Capitão Gervásio Oliveira, pronta para iniciar a atividade de exploração; e o processo de queimadas de madeira em mata virgem, dentro do Território quilombola Lagoas.
 

CASO ANA ALICE

Caso Ana Alice: dois anos após o crime, família ainda aguarda julgamento dos culpados
18/09/2014
Após o crime, foi formado o Comitê de Solidariedade e pelo Fim da Violência Contra a Mulher Ana Alice.
Nesta sexta-feira, 19 de setembro, dois anos após o crime que vitimou a jovem agricultora de 16 anos, Ana Alice de Macedo Valentin, do município de Queimadas, Agreste Paraibano, sua família e seus amigos ainda aguardam o julgamento do culpado, Leônio Barbosa de Arruda, preso no final de 2012.

Ana Alice era militante do Polo da Borborema e no dia 19 de setembro de 2012, quando voltava da escola, foi sequestrada e barbaramente violentada. Seu corpo foi enterrado na Zona Rural do município de Caturité, só sendo encontrado 50 dias após o crime. Desde o desaparecimento da jovem, foi formado o Comitê de Solidariedade e pelo Fim da Violência Contra a Mulher Ana Alice, composto por mais de 30 organizações rurais e urbanas. Foi por meio da pressão e da mobilização criada em torno do Comitê, que o caso Ana Alice pode ser investigado e solucionado, com a prisão dos envolvidos. O mentor e mais um adolescente, que teve participação no crime, está respondendo a processo para apuração de ato infracional.

Segundo Claudionor Vital, um dos advogados da família de Ana Alice que acompanha o caso, o processo criminal está aguardando a sentença de pronúncia por parte do juiz Antonio Gonçalves Ribeiro Junior, da 1ª Vara Mista de Queimadas, a quem cabe a condução dos processos para apuração dos crimes de competência do Tribunal do Júri. “Pelas provas existentes, estamos confiantes que o réu seja pronunciado e submetido ao Júri Popular”, afirma o advogado.

Entre os familiares, a expectativa é que o réu receba uma punição exemplar: “Esperamos que ele receba a pena máxima, até porque a gente precisa disso para se sentir segura e também para servir de exemplo para outros marginais. Infelizmente o que aconteceu com Ana Alice já aconteceu, mas a gente pode evitar que aconteça com outras mulheres”, desabafou Angineide Macedo, mãe de Ana Alice.

Em 2013, uma mobilização que reuniu mais de 300 pessoas em Queimadas, lembrou o assassinato da jovem. O objetivo foi o de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de medidas pelo fim da impunidade dos crimes de violência contra a mulher. Foi feita uma caminhada com uma parada em frente ao Fórum da Comarca do Município, onde estava sendo realizada uma das audiências do caso e no final, um ato público, no Centro da cidade. A este movimento se juntaram as famílias de Isabella Pajuçara e Michelle Domingues, as duas mulheres assassinadas em fevereiro de 2012, após o bárbaro estupro coletivo ocorrido também em Queimadas. No dia 25 de setembro, Eduardo dos Santos Pereira, acusado de planejar o crime e último envolvido a ser julgado, vai a Júri Popular na capital do estado, João Pessoa.

Uma mobilização como a de 2013 deve acontecer no dia 7 de novembro, data do sepultamento de Ana Alice e lembrando todas as mulheres vítimas de violência no estado. Neste dia 19 de setembro, às 19h, ocorrerá uma missa em memória de Ana Alice, na Capela da Comunidade Caixa D’água, celebrada pelo Padre Ivanilson, Pároco de Queimadas.

O caso - Ana Alice foi sequestrada quando voltava para casa depois da aula, sendo estuprada e violentamente assassinada pelo vaqueiro Leônio Barbosa de Arruda, à época com 21 anos. Seu corpo foi enterrado próximo a residência do assassino, na fazenda onde ele trabalhava, na zona rural do município de Caturité. A adolescente permaneceu desaparecida até que nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher foi raptada e violentada, sendo encontrada apenas no dia seguinte com marcas de esganadura, inúmeras escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito traumatizada, ela foi capaz de reconhecer o criminoso (e vizinho) e o denunciou à polícia com a ajuda do Comitê de Solidariedade Ana Alice. Graças ao empenho do Comitê e à coragem desta vítima, o assassino foi preso e confessou o crime contra sua vizinha e contra Ana Alice. Confessou inclusive que, no crime contra Ana Alice, não agiu sozinho, teve a ajuda de um cúmplice, à época, menor de idade.

Ana Alice e a outra mulher, não foram as únicas vítimas. No início de 2012, ao sair de um baile de carnaval, ele violentou uma jovem de Boqueirão. De posse de uma arma, obrigou que ela entrasse em seu carro e a estuprou. Um mês depois, após prestar depoimento do primeiro caso na delegacia desse município, tentou fazer nova vítima também em Boqueirão, agora uma adolescente de 14 anos que teve sorte diferente, quando um amigo a libertou da tentativa de estupro.

Fuga - O assassino encontra-se preso no Complexo Penitenciário de Segurança Máxima Romeu Gonçalves de Abrantes, mais conhecido como PB-1, em João Pessoa. Ele foi transferido para esta unidade prisional este ano depois de ter fugido do Presídio do Serrotão, em Campina Grande, onde aguardava julgamento. 10 dias depois da fuga, e depois de muita pressão por parte do Comitê Ana Alice, o preso conseguiu ser recapturado, no mês de abril de 2014.

ASA BRASIL

ASA apresenta experiência em simpósio internacional da FAO na Itália
O Simpósio Internacional de Agroecologia para a Segurança Alimentar e Nutricional aconteceu em Roma, na Itália
Marilene Souza, coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais
Roma - Itália
19/09/2014
Com representação de diversos países, e 400 participantes, aconteceu em Roma, na Itália, nos dias 18 e 19, o Simpósio Internacional de Agroecologia para a Segurança Alimentar e Nutricional, organizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e que contou com a participação de diversas organizações brasileiras como a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

O discurso de introdução foi feito pela diretora adjunta geral da FAO, Maria Helena Semedo. A mesa de abertura foi coordenada pelo pesquisador da Universidade da Califórnia Stephen Gliessman, que destacou o papel dos ecossistemas locais e a etnociência no processo de construção da agroecologia. Ele encerrou sua fala afirmando que os sistemas alimentares atuais demonstram que estamos no rumo errado.

Esta mesa contou com diversos pesquisadores que abordam a temática da agroecologia. O Brasil foi representado pela Professora Irene Cardoso, da Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais, atual presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e que colabora com o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata de Minas Gerais (CTZ - Zona da Mata-MG). O debate ficou em torno das definições de abordagem e princípios da agroecologia. É ciência? É prática? E movimento? Ou são as três questões ao mesmo tempo.

O professor Pablo Tittonel da Universidade da Holanda acrescentou que “a prática e o movimento da agroecologia aliado a resistência de muitos é que influenciaram a ciência”. O Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica brasileiro (Planapo) foi citado pela Professora Irene e pelo professor Pablo como exemplos de construção participativa de um plano que, apesar da força política do agronegócio, representa um avanço para as políticas públicas e para aqueles que acreditam e fazem a agroecologia.

A experiência da ASA foi apresentada como exemplo de prática agroecológica adotada. ‘É possível praticar agroeocologia em regiões áridas e semiáridas?’ Esta pergunta foi feita durante as palestras de abertura. No primeiro momento da apresentação se apresentou a ASA e o Semiárido brasileiro enfocando a temática da convivência com a região. Também foi apresentado o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e a água para a família, na perspectiva construída no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional brasileiro (Consea), da água como alimento. Algumas tecnologias sociais e práticas agroecológicas ajudam a recuperar as fontes de água, através de manejo de solos, implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Portanto, a ação da ASA investe nos processos de captação de água de chuva, mas também se preocupa com as fontes de água das comunidades.

A ação do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), também da ASA, dialoga com a agroecologia, pois desenvolve processos de mobilização, formação, intercâmbios e tecnologias de captação de chuva para a produção de alimentos e segurança alimentar e para os mercados. Foram citadas e apresentadas todas as tecnologias desenvolvidas pela ASA através do P1+2, além de resultados da ação, como melhoria e ampliação da segurança alimentar das famílias agricultoras, produção excedente para mercados, ampliação de renda e outros.

O evento se encerrou com a apresentação de alguns desafios relacionadas a terra e território, crédito, assessoria técnica e extensão rural, pesquisas, beneficiamento e comercialização da produção.

CARTA/ SOBERANIA ALIMENTAR

O Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) articula um conjunto amplo de organizações, redes, movimentos sociais, instituições de pesquisa, indivíduos ligados aos campos da saúde, nutrição, direitos humanos, agroecologia, agricultura familiar, economia solidária, educação popular na luta pelo Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e pela Soberania Alimentar. O Fórum busca sensibilizar e mobilizar setores da sociedade para uma visão de sistema 
de SAN criando interações entre as organizações da sociedade civil e influenciando propostas de políticas públicas. 

Em 2014 o FBSSAN completa 15 anos de atuação permanente, com uma avaliação de que foram importantes as vitórias alcançadas na construção do marco legal do DHAA e de políticas públicas voltadas para a erradicação da fome e a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). A redução da pobreza e da desigualdade possibilitou maior acesso à alimentação pela população mais pobre. O acesso à alimentação adequada e saudável é um direito social previsto na Constituição Federal e na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional.

No entanto, ainda faltam mecanismos de efetivação desses direitos em face da persistência e mesmo agudização de ameaças que comprometem práticas alimentares saudáveis e respeitosas da diversidade cultural, bem como dão pleno curso a modelos de produção causadores de danos sociais e ambientais e que comprometem a sociobiodiversidade.

Assim como o FBSSAN, outros fóruns, coletivos e articulações da sociedade civil nacionais, estaduais e municipais têm participado ativamente do processo de construção da Política e do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN). Há uma atuação consolidada em espaços públicos de participação social como o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e os 
CONSEA´s estaduais, apresentando proposições de políticas, monitorando a implementação de programas públicos e apoiando experiências implementadas pelas organizações e movimentos sociais. 

As vitórias e conquistas no campo da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil têm a forte marca da atuação da sociedade e dos movimentos sociais. É, portanto, questão inegociável a manutenção e ampliação do apoio efetivo à participação popular e ao controle social em todas as três esferas de governo.

Com a presente carta pública, queremos instar os(as) candidatos(as) a todos os cargos eletivos em disputa neste ano a que se comprometam com a garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável para todos e todas, por meio do enfrentamento das causas estruturais da pobreza, da fome e de todas as formas de alimentação inadequada. Esperamos que seus programas de governo e plataformas políticas contemplem propostas concretas para garantir:

1- o direito à terra e a reforma agrária, com a regularização fundiária das terras e territórios dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais e com o reconhecimento destes como espaços de resistência histórica;

2- alimentos mais sadios, sem contaminação dos agrotóxicos e sem organismos geneticamente modificados, com a intensificação dos processos de transição agroecológica, atendendo aos diferentes eixos do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo);

3- o fortalecimento da agricultura familiar e a continuidade da expansão das compras institucionais por meio do PAA e PNAE, entre outros, bem como a adequação de normas e instrumentos que se configuram como obstáculos à participação dos agricultores/as, povos indígenas, povos e comunidades;

4- a defesa da agrobiodiversidade, requisito indispensável para a soberania e segurança alimentar; 
5- a instituição de uma política nacional de abastecimento alimentar que inclua os debates sobre acesso aos alimentos e padrões de consumo;

6- marco legal que garanta ampliação e aperfeiçoamento das ações de agricultura urbana e periurbana, assim como dos equipamentos públicos de SAN;

7- A implementação da Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle do sobrepeso e obesidade, nas três esferas de gestão do Sisan;

8- ações regulatórias que controlem a expansão das monoculturas e a ação das transnacionais, que mantenham a moratória ao uso de sementes “terminator” (à tecnologia Gurt), que garantam a observação do princípio da precaução no controle sobre liberação e comercialização de transgênicos e que assegurem a imediata implantação de um plano de redução de uso de agrotóxicos; 

9- ações voltadas a regulação da rotulagem, da publicidade e das demais práticas de mercado dos alimentos, visando em especial a proteção à infância, bem como dos cidadãos que necessitam de uma alimentação adequada às suas necessidades/especificidades orgânicas.

Em qualquer situação permaneceremos lutando por essas e muitas outras bandeiras.

Coordenação do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CRISE NA ÁGUA


O Comitê da Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu(CBH PPA) comunica aos irrigantes e a população em geral da PB e RN que a Agência Nacional de Águas (ANA), através da Superintendência de Regulação tomou a seguintes decisões em virtude da drástica redução do nível do rio Piranhas nas proximidades da sede do município de Jardim de Piranhas/RN, observada nos últimos 05 (cinco) dias: a) Fica suspensa, até o dia 29/09/2014 (segunda-feira), as captações de água no Açude Curema, no Açude Mãe-D’Água e no rio Piranhas (trecho compreendido entre o Açude Curema e o remanso do Açude Armando Ribeiro Gonçalves); b)Fica suspensa, inclusive, a operação do Canal da Redenção; c) As regras de restrição de uso de água estabelecidas pela resolução da ANA nº 641/2014 serão revistas, devendo haver redução do total de horas de irrigação por semana.
Atenciosamente
José Procópio de Lucena
Presidente do CBH PPA



--
Carine Santos
Assessoria Técnica
(81) 9831-5219/(84) 9932-2273

ANDANÇAS

Nestas andanças pelos municipios do nosso Estado, passo por um e vejo uma placa: " o prefeito severino vota assim... e aí o desfile dos nomes das pérolas que ele vota, e aí o desabafo: " quero saber em quem este ou estes canalhas votam".

terça-feira, 23 de setembro de 2014



Eleições 2014

Na Globo, Aécio é criticado por falta de projetos

Ausência de plano de governo foi chamado de "aberração" por Chico Pinheiro. "O senhor pede que eu acredite no senhor pela fé", disse Miriam Leitão
por Redação — publicado 23/09/2014 11:17, última modificação 23/09/2014 11:20
Reprodução
Aécio Neves
O candidato Aécio Neves (PSDB) em entrevista ao jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo
Botão Eleições 2014Em entrevista ao jornal Bom Dia Brasil nesta terça-feira, 23, o candidato à presidência Aécio Neves (PSDB) foi duramente criticado por não ter divulgado o plano de governo para o seu possível mandado no comando do País, menos de duas semanas antes das eleições. "Não apresentar o programa para que o eleitor possa discutir e debater, em uma sociedade democrática ou que se queira democrática, isso é uma aberração", afirmou o jornalista Chico Pinheiro. "Não há um tema sequer sobre o qual não tenhamos discutido amplamente", devolveu Aécio.
"O senhor está pedindo que eu acredite no senhor pela fé. Não tem um plano para apresentar", criticou Miriam Leitão.
O candidato afirmou que a proposta de seu governo é absolutamente clara, porque "aquilo que estamos propondo foi aquilo que nós praticamos ao longo de nossa vida". Sem confirmar a data exata da divulgação do plano de governo, Aécio garantiu que ele será entregue nos próximos dias, "no tempo correto", antes do dia 5 de outubro. "E não será um plano de governo feito a lápis, para que se passe a borracha em cima dele no momento em que se encontre um contencioso", disse, em referência às alterações que a candidata Marina Silva (PSB) realizou em seu plano de governo a respeito de suas propostas ligadas aos direitos LGBT.
A candidata Dilma Rousseff (PT) também não apresentou seu plano de governo.
Na economia, o ex-senador e ex-governador de Minas Gerais foi acusado de não explicitar como lidará com o baixo crescimento brasileiro. "Eu fui ousado: sinalizei quem será o ministro da Fazenda [Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e principal assessor econômico de Aécio] para apontar na direção de política fiscal absolutamente transparente, o oposto do que estamos vivendo." "Um nome não basta", rebateu a jornalista Miriam Leitão.
Em crítica ao governo, Aécio afirmou que o governo do PT "demonizou durante dez anos as PPPs, concessões, privatizações, quase que os considerando um crime de lesa pátria" e de se apoiar na crise internacional para justificar o baixo crescimento. A jornalista da Rede Globo rebateu novamente afirmando que a justificativa já foi utilizada pelo ex-presidente do PSDB Fernando Henrique Cardoso para explicar o seu baixo crescimento em seu segundo mandato - crescimento médio de 2% ao ano.
Aécio voltou a estabelecer a previsibilidade como um dos grandes pilares da sua gestão, além da reorganização das agências reguladoras e da diminuição da taxa de juros a longo prazo.
Fator previdenciário. Aécio negou ainda que tenha se comprometido com as forças sindicais a acabar com o fator previdenciário, criado no governo Fernando Henrique Cardoso. "Assumi o compromisso de discutirmos uma alternativa ao longo do tempo ao fator previdenciário". Aécio reconheceu que o fator previdenciário impacta nas aposentadorias dos trabalhadores. "A médio prazo é possível encontrar alternativas para substitui-lo por algo que impacte menos na renda do aposentado" e negou que esse discurso tenha fins eleitoreiros.

CANALHAS SOLTOS/AS

Esta eleição como as anteriores está se notabilizando por cada dia pior nas suas representações:
governo: henrique e robson
joão maia sai e entra irmã
mota pai e filho
jacome pai e filho
sai henrique alves entra walter
fabio dantas sai entra cristiane dantas
fora outras canalhas que saem e entram outros

ESTORIAS DO SERTÃO

Dizem os mais velhos que o veado come a vagem do jucá como impermeabilizante quando recebe tiro do caçador. " o tiro bate e o animal não morre.."

ASA 15 ANOS

Como todos já devem saber, a ASA está com uma campanha de comemoração de seus 15 anos, e muitas ações serão realizadas por todos os estados de forma coordenada.

Uma dessas ações é um conjunto de 11 programas de rádio que serão produzidos registrando a história da ASA em cada estado.

Apesar do roteiro ser finalizado pela comunicação, é fundamental a participação de toda a rede na construção desse programa, de forma que ele venha a ter a cara e personalidade do estado.

Para isso, circulo esse e-mail com objetivo de animar a rede para cumprir algumas demandas necessárias para a elaboração desse roteiro por parte da comunicação.

Vamos lá:

1. Um texto que resuma a história da ASA no Rio Grande do Norte:  Esse texto vai ser base para a elaboração do roteiro, escolha de entrevistas e locução. Deve ser resumido mas conter todos os elementos importantes que devem ser destacados no programa de rádio.Sugiro que a Coordenação Estadual encaminhe esse resumo, com colaboração da rede.

2. Sugestão de temas a serem abordados no programa de rádio: Que temáticas devemos abordar no programa de rádio? Que elementos são bem enraizados com a história do Rio Grande do Norte na convivência com o semiárido? Que assuntos caracterizam o nosso estado dentro dessa rede? Quais são nossas bandeiras? Sugiro que todos colaborem com essas sugestões, de forma a podermos assumir essas temáticas com a maior segurança e propriedade possível.

3. Sugestão para entrevistas: Quais são as figuras emblemáticas na convivência com o semiárido potiguar? Que personagens chamaram a atenção ao longo da história do estado nesses 15 anos? Que pessoas podem relatar com propriedade nossas ações, sentimentos, sotaques e saberes? Que agricultores/as, líderes comunitários/as, artistas populares, cisterneiros/as, ou outras figuras seriam uma grande contribuição ao nosso programa? Sugiro que todos colaborem com essas sugestões.

4. Música da ASA Potiguar: O programa também inclui a escolha de uma música para cada estado. A música deve refletir a personalidade e identidade do Rio Grande do Norte. Peço a todos que sugiram alguma música icônica que possa representar nosso estado.


Acredito que esses elementos já darão uma boa base para a elaboração desse roteiro. Peço a todos que tirem um tempinho para pensar nesses 4 pontos, pois precisamos construir esse roteiro a partir do coletivo até o final de setembro.

Dessa forma, peço que todos enviem suas contribuições até o sábado (27/09) às 18h00, para que possamos iniciar a redação já na segunda feira que vem.


Certo do entendimento da importância dessa atividade para a ASA Potiguar, agradeço desde já as contribuições.


Atenciosamente,