domingo, 31 de março de 2013

O ENGMA

Editorial

29.03.2013 09:24

O enigma

Mino Carta
Leio o ensaio de Luiz Dulci, Um Salto para o Futuro, recém-publicado pela Editora Fundação Perseu Abramo. Destina-se a demonstrar que o governo Lula, do qual o autor participou ativamente, colocou o País no rumo do desenvolvimento. E demonstra. “Nem por isso os conservadores ressentidos – escreve Dulci – deixam de negar o óbvio. Democratizar a sociedade nunca será uma operação consensual. E já dizia Tocqueville que preconceitos de classe são antolhos formidáveis (…) Não espanta que se recusem a admitir o êxito deste plebeu impenitente.” E mais adiante: “Com efeito, o governo Lula inovou – e inovou profundamente. No conteúdo e na forma de governar. Implementou, na verdade, um novo modelo de desenvolvimento, inteiramente distinto do neoliberal, ainda que não se tenha preocupado em teorizá-lo, e outra modalidade de inserção no Brasil e no mundo”.
Luiz Dulci
Luiz Dulci. Aconselhamos uma conversa com o ministro Paulo Bernardo. Foto: Antônio Cruz/ABr
Observo que o governo de Dilma Rousseff seguiu pelo mesmo caminho, e de certos pontos de vista avançou mais ao desafiar os interesses das oligarquias financeiras, enquanto esboça, juntamente com os governos dos BRICS, a definição de uma área econômica e comercial livre das influências do ex-Primeiro Mundo. As pesquisas de opinião mais recentes provam com toda a nitidez que a presidenta iguala hoje a popularidade de Lula nos seus tempos de governo.
Dilma não é uma plebeia impenitente. Mesmo assim, as palavras de Luiz Dulci a respeito das reações dos “conservadores ressentidos” a Lula valem também para a sucessora. O substantivo conservadores me soa, contudo, muito condescendente, e até generoso. Há conservadores e conservadores, e sempre houve, alguns notáveis. No Brasil trata-se é dos senhores da casa-grande e dos aspirantes que vivem na mansarda. Qualquer tentativa de demolir de vez a senzala eles a encaram como ataque frontal. Aliás, segundo meus solertes botões, a demolição está apenas no começo.
Interessa-me sublinhar que o instrumento empregado pela casa-grande para manifestar suas resistências e ojerizas irreparáveis, quando não ódio no estado puro, é a mídia nativa, única no mundo por sua capacidade de se unir de um lado só, qual fosse o Forte Apache, e de mandar às favas a verdade dos fatos, como lamenta Luiz Dulci. Penalizado, entretanto, sou forçado a experimentar amiúde a estranha sensação de que autoridades situacionistas, inclusive parlamentares, gostam, com indisfarçável sofreguidão, de aparecer no vídeo da Globo, nas páginas dos jornalões e nas amarelas da Veja.
Situação contraditória. Ou não? A mídia ataca noite e dia, se for o caso inventa, omite e mente, e nem por isso tem êxito junto à maioria dos brasileiros. Haja vista os tais índices de popularidade. Se eleições fossem convocadas hoje, Dilma levaria no primeiro turno. É de estranhar, portanto, que o malogrado apar to comunicador fascine graúdos alvejados e goze de mesuras, afagos e contribuições em matéria. Polpudas. Aconselho aos interessados a leitura da reportagem de capa desta edição, sem se esquecer de passar os olhos sobre os números da publicidade governista garantida aos maiorais da mídia nativa. À Globo, uma enxurrada de grana. Uma enchente.
CartaCapital, que não hesitou em criticar com a devida aspereza a presidência de Fernando Henrique Cardoso, definiu seu apoio, a exemplo do que acontece em países civilizados e democráticos, antes a Lula, depois a Dilma. Escolha sincera, voltada em boa-fé aos interesses do País e dos leitores, normal por parte de uma publicação que não vende a alma. Por causa disso, fomos apresentados à plateia da casa-grande como “revista chapa-branca”. Talvez fosse conveniente saber a opinião das damas e cavalheiros que se incumbem da distribuição das benesses publicitárias governistas. Aposto em surpresas. A categoria fecha com quem agride o governo, em nome de critérios “técnicos” habilitados a transformar os agressores, estes sim em autênticos chapas-brancas. Ao menos, desse específico ponto de vista, iluminado pelo brilho do dinheiro.
Neste ínterim, deletam-se alegremente os planos do ex-ministro Franklin Martins, democraticamente empenhado em limitar os alcances dos oligopólios midiáticos. Não falta à mudança o pronto aval das piscadelas do ministro Paulo Bernardo, personagem da capa.

Suspeito de matar Che Guevara receberá Yoani Sánchez em Miami

Encontro entre blogueira e Félix Rodríguez ocorrerá durante o mês de abril e será organizado por grupo de exilados cubanos
Atualizada às 16h50

Um dos principais acusados de assassinar Che Guevara, Félix Rodríguez receberá a blogueira Yoani Sánchez em Miami no mês de abril, quando ela fará outra viagem aos Estados Unidos.

Wikicommons

Che Guevara foi morto no dia 9 de outubro de 1967, na Bolívia


De acordo com o site espanhol Terceira Informação, o encontro entre Yoani e o ex-agente policial da ditadura de Fulgencio Batista será organizado pela Associação de Veteranos da Baía de Cochinos, grupo de cubanos que vivem em Miami.

O evento chegou a ser questionado pelos membros da associação, depois que a blogueira defendeu o fim do embargo econômico à ilha caribenha, o que contraria a agenda desses exilados cubanos. No entanto, na semana passada, foi emitida uma nota de boas vindas a Yoani, na qual expõem as suas divergências, mas a classificam como “lutadora pela democracia e os direitos humanos”.

No debate interno na associação, Rodríguez foi um dos principais defensores da visita de Yoani à cidade.

Morte de Che

Che Guevara morreu na Bolívia em outubro de 1967. De acordo com documentos desclassificados do governo norte-americano, Rodríguez, que atuava sob os nomes de Capitão Ramos ou "O Gato", recebeu por um rádio a ordem para matar Che. Até então, o próprio agente imaginava que o argentino seria levado vivo aos Estados Unidos.

Segundo os mesmos documentos, Rodríguez passou a ordem de execução de Che para o sargento Jaime Terán, o que elemesmo admitiu em entrevista para uma revista espanhola em 1998. "Mandei Terán cumprir a ordem. Disse que ele deveria disparar embaixo do pescoço para que Che parecesse ter sido morto em combate."
 

O OLHO QUE TUDO VÊ

O olho que tudo vê

Orlando  Margarido
É Tudo Verdade – Festival Internacional de DocumentáriosQuinta (4) a 14 de abril
Cine Livraria Cultura, CCBB, Reserva Cultural, MIS e Cinemateca Brasileira
No pôster que anuncia sua 18ª edição, o festival internacional de documentários É Tudo Verdade lança mão da arte gráfica da vanguarda russa para nos remeter à urbe, aos seus ocupantes e ao olho que tudo vê. Evidente introdução ao grande homenageado na retrospectiva deste ano, o pioneiro russo Dziga Vertov (1895-1954). Nada pode começar a ser revisto no cinema documental, ou no cinema como um todo, sabe o diretor do evento, Amir Labaki, sem que se passe pela produção icônica do idealizador do chamado cinema-olho, o Kinoglaz, e o cinema-verdade, o Kino-Pravda. Entre a próxima quinta (4) e 14 de abril, sete longas-metragens do diretor e um programa de curtas serão exibidos em meio aos 82 títulos de 26 países da programação, que também acontece no Rio de Janeiro, em Brasília e Campinas.

A vida ao vivo. O Homem da Câmera de Filma (1929), de Vertov. Foto: Austian Film Museum
A vida ao vivo. O Homem da Câmera de Filma (1929), de Vertov. Foto: Austian Film Museum

Procedentes do Austrian Film Museum, que preserva o maior acervo de Vertov, as raras cópias em 35 milímetros trazem novidades na montagem e melhor compreensão do seu método. Cineasta da propaganda soviética, o russo não se deixou conter pela imagem burocrática e experimentou, como no clássico O Homem da Câmera de Filmar (1929), também conhecido como Um Homem com uma Câmera, no qual solta a máquina e seu olho para captar o fulgurante cotidiano na metrópole, ou, no dizer do crítico Jean Tulard, a vida ao vivo transformada em sinfonia visual. Vertov pode ser por demais engajado como em O Décimo Primeiro Ano (1928), mas também sensível e lírico em Entusiasmo (1930), em que acrescenta a noção ouvido-rádio à sua escola autoral, arrebatado pelo construtivismo que o cercava.
No recorte contemporâneo, o festival passa dessa apreensão de um período histórico de uma nação ao foco intimista. Temos, assim, na competição internacional, um estudo sobre o diretor teatral André Gregory, personagem de Louis Malle em Meu Jantar com André, em Antes e Depois do Jantar, de Cindy Kleine, também da reclusa pianista argentina Martha Argerich por sua caçula em Filha Problema, e, por fim, em Nosso Nixon, material inédito colhido por Penny Lane.
A seleção nacional faz jus ao formato com Ozualdo Candeias e o Cinema, de Eugênio Puppo, e O Universo Graciliano, de Sylvio Back, sobre Graciliano Ramos. São merecedoras de uma seção especial as discussões sobre a obra-prima de Ingmar Bergman em Fanny, Alexander e Eu, do crítico Stig Björkman, e a literatura em Philip Roth, Sem Complexos, de William Karel e Livia Marena.

O SOBERANO NÃO MORRE

Bravo! CD

31.03.2013 07:46

O soberano não morre

por Tárik de Souza
People, Hell and AngelsJimi HendrixSony Music
Mesmo disputado por hordas de novatos virtuosos, iconoclastas ou meramente pretensiosos, o reino da guitarra permanece ocupado pelo mesmo monarca, morto há 43 anos. E o americano de uma Seattle pré-grunge, James Marshall Hendrix, o Jimi Hendrix (1942-1970), não se mantém no trono por acaso.
Além do incontestável talento como guitarrista, cantor, compositor e performer, lançado ao sucesso massivo em plena era Woodstock, era obcecado por seu trabalho. Ensaiava compulsivamente, enfurnava-se no estúdio, pesquisava sonoridades com sua guitarra, pedaleira e caixas de som. Na contramão de mimadas estrelas pop a soldo de gravadoras, ele pagava pelos registros e era dono das matrizes.
Por isso, apesar de ter lançado apenas quatro discos em vida, Are You Experienced?, Axis: Bold as Love (ambos de 1967), Electric Ladyland (1968) e Band of Gypsys (1970), o atual People, Hell and Angels, catapultado ao segundo lugar da parada americana, é seu 12º título póstumo, coproduzido por sua irmã, Janie L. Hendrix, responsável pelo acervo.

Em People, Hell and Angels, Jimmy Hendrix volta ao segundo lugar da parada americana em seu 12º título póstumo, coproduzido por sua irmã, Janie L. Hendrix, responsável pelo acervo
Em People, Hell and Angels, Jimi Hendrix volta ao segundo lugar da parada americana em seu 12º título póstumo, coproduzido por sua irmã, Janie L. Hendrix, responsável pelo acervo

O álbum traz 12 inéditas registradas entre 1968 e 1970, após sua associação com o trio Experience, embora o baterista do grupo, Mitch Mitchell, participe de algumas sessões como Inside Out, em que Hendrix ainda atua como baixista.
O guitarrista Stephen Stills, do  Crosby, Stills, Nash & Young, foi convocado para o baixo na balada blues crivada de breques Somewhere. Billy Cox e Buddy Miles, da Band of Gypsys, alicerçam desempenhos devastadores de Hendrix, como em Hear My Train a Comin’.
A guitarra rítmica de Larry Lee pontua tanto o lamento Izabella quanto o encorpado Easy Blues. Embora as gravações soem desiguais,  têm um alinhavo comum. O traço requintado desse arquiteto que não se recusava a pôr as mãos na massa.

GARDÊNIA MARGARIDA

Hoje recebi a noticia do falecimento de Gardênia Margarida, uma tristeza, apesar de não saber que a mesma estava enfrerma e lutava ha algum tempo contra uma doença  cruel.
Fica o sentimento de perda e  vamos todos sentir este pesar e rezar pelo espirito desta espirituosa figura de convivi alguma tempo.
aquele abraço Gardênia.

O PODER À VISTA

Janio de Freitas
O poder à vista
O impasse sobre Feliciano é o 1º embate relevante em que os evangélicos se põem como um bloco orgânico
O impasse decorrente da presença do deputado-pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e de Minorias não é um caso político qualquer. Tanto expõe uma situação atual até aqui mal observada, como indica uma situação futura bastante problemática no Congresso, em particular na Câmara.
O caso em torno do pastor Marco Feliciano agrava-se mais, com sua decisão de afrontar os opositores e entregar a relatoria de projetos, na Comissão, a evangélicos notoriamente contrários a tais propostas, referentes a assuntos como aborto e sexo profissional.
Mas o comando da Câmara e a maioria dos líderes partidários estão acovardados, diante da dupla ameaça de reação do grupo de deputados-pastores à saída forçada de Marco Feliciano. Agora, tumultuariam a Câmara com ações deles próprios e com grandes mobilizações externas; depois, seriam campanhas acusatórias, nas eleições, aos autores de "perseguição religiosa" no Congresso.
Marco Feliciano está convidado para uma reunião, na terça-feira, com líderes das bancadas partidárias que tentariam demovê-lo da permanência como presidente daquela Comissão. Os sinais, até o final de semana, foram de provável ausência do convidado. E, a comparecer, seria para reafirmar a recusa à renúncia. É a posição transmitida por seus principais aliados entre os evangelistas da Câmara.
A reunião cordial foi adotada pelos líderes, ao fim de mais de duas horas de discussão, como alternativa à alegada falta de recurso do Regimento para a substituição compulsória de Marco Feliciano. A alegação é discutível, a começar de que a necessária atividade da Comissão está inviabilizada e, também para casos assim, a Câmara dispõe de Comissão de Ética e de Corregedoria. A alegação da falta de instrumentos resulta mais do temor de enfrentar o problema.
O impasse em torno do pastor-deputado Marco Feliciano, com suas manifestações racistas e anti-homossexuais, é o primeiro embate relevante em que os evangélicos se põem como um novo bloco orgânico, ideologicamente bem definido e poderoso. Este novo evangelista e o bloco ruralista não precisam estar de acordo em tudo para comprovar o adiantamento da direita, como bancada no Congresso, sobre os que se dizem "a esquerda".
A perspectiva dessa situação delineia-se neste fato incontestável: nenhum segmento político está em mais condições de crescer, nas eleições do ano próximo para o Congresso, do que os evangélicos. A contribuição que podem levar só é promissora para eles e seu projeto de poder político.

quinta-feira, 28 de março de 2013

NEM SEMPRE A VERDADE PODE SER DITA

Neste episódio de Joaquim Barbosa,sabemos que a atuação do nosso judiciário é realmente um entrelaçado de decisões e sentenças que de certo modo ferem os principios, o que Barbosa falou é a mais pura verdade, só que nem sempre podemos falar a verdade.
O nosso judiciário não é eleito pelo povo, são cargos de nomeação, não passa por nenhuma avaliação, nem prestação de conta.
Nestes julgamentos de politicos, são verdadeiras aberrações de decisões, todas em cima de evidências e mesmo assim em muitos casos os ditos julgados são absolvidos.
E aí fica no nosso descrédito em cima do judiciário, sabemos que não podemos falar a verdade, pois o corporativismo impera.

Para magistrados, Joaquim Barbosa foi 'desrespeitoso'

Irritados com críticas do presidente do STF, magistrados cobram dele um 'comportamento compatível' com cargo
As afirmações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, que em entrevista a correspondentes estrangeiros, na última semana, atribuiu aos juízes brasileiros "mentalidade mais conservadora, pró impunidade", provocaram forte reação da toga em todo o País. As lideranças dos três segmentos mais fortes da magistratura - juízes federais, estaduais e do Trabalho - contra-atacaram o ministro. Em nota pública, avisam que "não admitem que sejam lançadas dúvidas genéricas sobre a lisura e a integridade dos magistrados brasileiros".
É o primeiro embate entre o chefe do Judiciário brasileiro e os juízes desde que Barbosa assumiu o cargo, em novembro. O repúdio às suas declarações é subscrito pelos presidentes Nino Toldo, da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Henrique Nélson Calandra (Associação dos Magistrados Brasileiros, AMB) e Renato Henry Sant'Anna (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho). Eles se dizem perplexos ante "a forma preconceituosa, generalista, superficial e, sobretudo, desrespeitosa" com que Barbosa os tratou.
Ampla defesa. Os juízes dizem que esperam do ministro "comportamento compatível" com seu alto cargo. "As entidades de classe não compactuam com o desvio de finalidade na condução de processos judiciais e são favoráveis à punição dos comportamentos ilícitos, quando devidamente provados dentro do devido processo legal, com garantia do contraditório e da ampla defesa", diz a nota pública.
Na entrevista, o ministro disse que o Conselho Nacional de Justiça pode conscientizar o cidadão a "apontar o dedo para a ferida, juízes que prevaricam, juízes que têm comportamento estranho dentro ou fora de determinado processo". Ele defendeu um sistema de justiça penal mais consequente e pregou o fim das "regras de prescrição absurdas". "Aqui no Brasil foram inventando mecanismos ao longo dos anos. O próprio Judiciário! Foi se criando mecanismos para, no meio do processo, ocorrer a prescrição. Então, basta que um juiz engavete um processo contra uma determinada pessoa durante cinco, seis anos... Esqueça daquele processo e quando ele se lembrar já estará prescrito."
Nélson Calandra, da AMB - entidade que aloja cerca de 15 mil magistrados -, disse que sua classe não pode ficar em silêncio. "Queremos ser aliados do presidente do Supremo, as mudanças são necessárias para que a magistratura possa ajudá-lo. Mas não podemos nos calar quando atribuem a nós uma responsabilidade que não temos."

Juízes e advogados criticam declarações de Barbosa

Acusados de "conluio pernicioso" nas relações em torno dos processos judiciais, juízes e advogados se uniram nesta...
Acusados de "conluio pernicioso" nas relações em torno dos processos judiciais, juízes e advogados se uniram nesta quarta-feira na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para um repúdio conjunto às declarações feitas no dia anterior pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Em entrevista coletiva, integrantes das entidades alertaram que as declarações de Barbosa afetam a credibilidade do Judiciário e o estado de direito democrático e remetem o País ao tempo da barbárie.
A Associação de Magistrados do Brasil (AMB), a Associação Nacional de Juízes Federais e a OAB informaram que vão pedir audiência a Barbosa para alertá-lo de que suas generalizações são um desserviço à justiça e uma ameaça à própria democracia. "Não podemos jamais fazer um discurso que possa retomar uma época de ditadura no nosso País, em que não havia respeito às garantias do magistrado, respeito à liberdade de imprensa ou à liberdade profissional do advogado", disse o presidente do conselho federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado.
Ele estendeu sua crítica aos rompantes temperamentais de Barbosa, que tem investido não só contra desvios de colegas mas também tem atacado a imprensa e a classe política. Recentemente ele mandou um repórter do jornal O Estado de S. Paulo ir "chafurdar no lixo". Furtado chamou a atenção, sobretudo, para o dano coletivo que o descrédito da justiça pode causar. "As pessoas necessitam do estado julgador para resolver os litígios, senão iremos voltar à barbárie, a um tempo antigo em que não havia justiça", observou.
Para o presidente da Associação dos Juízes Federais, Nino Oliveira Toldo, o pior da crítica de Barbosa é a generalização que ele faz quando insinua que o conluio entre juízes e advogados é uma rotina na Justiça. Durante sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), nesta terça (19), o ministro disse que há muitos juízes a serem punidos com expulsão e que o conluio deles com advogados é "o que há de mais pernicioso". Disse mais: "Nós sabemos que há decisões graciosas, condescendentes, absolutamente fora das regras".
"A magistratura está bastante indignada com atitudes assim, que não são muito sensatas, vindas de um presidente do STF", criticou o vice-presidente da AMB, Raduan Miguel Filho. Ele disse que há problemas na justiça, como em qualquer atividade, mas os casos pontuais devem ser levados às corregedorias e o próprio CNJ, que existem para julgar e punir desvios. "Mas não concordamos com colocações que põem em dúvida a lisura da magistratura, a idoneidade e a dignidade de todos os magistrados, de uma forma em que se generaliza um assunto tão delicado", explicou.

Ajuda de custo para juiz supera R$ 60 mil

A convocação de juízes de todo o País para trabalhar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ampliou as despesas...
A convocação de juízes de todo o País para trabalhar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ampliou as despesas do órgão e tornou-se, para alguns, um trampolim para outros cargos. Cada juiz chamado para o conselho recebe ajuda de custo para a mudança - valor que pode superar os R$ 60 mil e direito a duas passagens aéreas por mês para voltar à cidade de origem, mesmo que tenha vindo com a família para Brasília.
Levantamento feito pelo próprio CNJ a pedido do Estado mostra que a quantidade de juízes auxiliares que passaram pelo conselho aumentou progressivamente de 2008 para 2012. Em 2008, 19 juízes foram convocados para trabalhar no órgão em substituição a outros ou reforço de equipe. Em 2012, 36 juízes auxiliares foram chamados.
Quando vêm de outros Estados, os magistrados recebem ajuda para financiar a mudança, valor que pode chegar a três salários de magistrados a depender da quantidade de dependentes. Em 2012, os gastos com essas ajudas de custo superaram R$ 900 mil. Para morar em Brasília, esses juízes recebem também auxílio-moradia. Em 2012, 36 juízes auxiliares receberam quase R$ 700 mil para o pagamento de aluguel. O valor mensal, segundo o conselho, chega a R$ 3.384,15 por magistrado.
Passagens
Além disso, os juízes auxiliares têm direito a cota de passagens aéreas para voltar para casa. O valor gasto cresceu também progressivamente nos últimos anos. Em 2009 foram gastos apenas R$ 2.558 em passagens para juízes auxiliares. Em 2012 o valor superou R$ 151 mil.
A esses benefícios soma-se uma prática que o conselho já regulamentou, mas que nem sempre é seguida à risca.
Juízes auxiliares, inclusive do Supremo Tribunal Federal (STF), usam carros oficiais para levá-los a restaurantes, supermercados e aeroporto (mesmo que tenham recebido diária para pagamento de táxi). Seguranças e motoristas do CNJ dizem que os juízes auxiliares são os principais usuários de carros oficiais. Um deles, que assessorava o ex-ministro Carlos Ayres Britto, ficou conhecido por usar o carro para ir a bares e a shoppings. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

CNJ eleva gastos e reproduz vícios dos tribunais

Criado para combater vícios da magistratura e melhorar a gestão do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)...
Criado para combater vícios da magistratura e melhorar a gestão do Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) começa a reproduzir os mesmos problemas dos tribunais brasileiros. São processos que andam a passos lentos, pressões políticas, inchaço da máquina, aumento de gastos com passagens aéreas, contas de telefone e diárias, além de pequenos, mas simbólicos, malfeitos, como o uso de carro oficial por ex-conselheiros.
Dados pedidos pelo Estado com base na Lei de Acesso à Informação mostram, por exemplo, aumentos progressivos nos gastos com diárias, passagens, auxílio-moradia e ajuda de custo, como pagamento de despesas de mudança. Com pagamentos de mudanças de servidores ou juízes convocados para trabalhar em Brasília, o CNJ gastou mais de R$ 1 milhão em 2012.
Com auxílio-moradia para servidores convocados ou juízes auxiliares, as despesas subiram de R$ 355 mil em 2008 para R$ 900 mil no ano passado. Em valores corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado no período, o gasto mais do que dobrou.
Os gastos com diárias praticamente quintuplicaram em quatro anos. Em 2011, o conselho despendeu R$ 5,2 milhões com o pagamento para servidores, conselheiros e juízes auxiliares que viajaram para participar de seminários, reuniões, workshops, projetos ou para tocar as dezenas de programas do conselho.
Viagens
As despesas com passagens de avião também aumentaram progressivamente em razão da ampliação de programas. Em 2008, foram gastos R$ 901 mil com viagens aéreas. O valor subiu para R$ 2,3 milhões no ano passado. Mesmo quando corrigido pelo IPCA, o valor de 2008 é a metade do gasto de 2012.
Reservadamente, conforme assessores, o presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa, critica a quantidade de programas e projetos abertos no conselho e que demandam gastos com passagens e diárias. De acordo com esses assessores, Barbosa considera que os conselheiros se valem desses programas para se autopromoverem.
A lista de programas inclui ações voltadas, por exemplo, para doação de órgãos, combate ao crack e gestão socioambiental. O site do CNJ já indica a quantidade de projetos em curso no órgão. O link "Programas de A a Z" mostra que há programas na área fundiária, de saúde, meio ambiente, direitos humanos, capacitação e execução penal.
Alguns deles geraram impactos positivos e serviram para suprir lacunas nem sempre preenchidas pelo Executivo. No entanto, estão em compasso de espera. Um dos programas foi voltado para dar efetividade à Lei Maria da Penha. Assim que entrou em vigor, a lei foi contestada inclusive em decisões judiciais.
Os mutirões carcerários também sofreram uma paralisia. Há mais de três meses o CNJ não faz uma inspeção em presídio, mesmo com a crise que atingiu o sistema carcerário de Santa Catarina no início do ano.
Aos gastos elevados, verificados pelo CNJ em vários tribunais do País, somam-se duas novas suspeitas. Na semana passada, o Estado revelou o pedido feito pelo então conselheiro Tourinho Neto para que um colega julgasse rapidamente um processo de interesse de sua filha.
E partiu de um conselheiro a denúncia em plenário de que o CNJ estaria protegendo poderosos e punindo apenas juízes sem ligações políticas.
"Quem tem poder alto tem dificuldade de ser punido nesse plenário", afirmou o conselheiro Jefferson Kravchychyn, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em sessão no início do mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja mais:

Psicólogo com atrofia muscular cria método para digitar e conclui mestrado

Flávio Ilha
Do UOL, em Porto Alegre

  • Thiago Cruz/UFRGS
    Cláudio Luciano Dusik defendeu nessa terça-feira (26) dissertação de mestrado na UFRGS Cláudio Luciano Dusik defendeu nessa terça-feira (26) dissertação de mestrado na UFRGS
O psicólogo Cláudio Luciano Dusik, 36, defendeu na manhã dessa terça-feira (26) dissertação de mestrado em que aplica a metodologia que ele mesmo criou para superar as limitações de uma doença congênita. Dusik, 36, tem atrofia muscular espinhal, doença genética que causa degeneração dos neurônios motores.
A dissertação "Tecnologia virtual silábico-alfabético: tecnologia assistida para pessoas com deficiência" foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ele foi o primeiro aluno com deficiência física a concluir mestrado no programa.
Desde a infância, o psicólogo vem paulatinamente perdendo os movimentos de pernas e braços – hoje ele conserva ativos, e ainda assim parcialmente, apenas a cabeça e a mão esquerda. A atividade cognitiva permanece intacta.
A tecnologia exposta na dissertação de mestrado permite que ele utilize o mouse para digitar e acessar conteúdos na internet apenas com o movimento de um dedo. O aplicativo desenvolvido por Dusik, um autodidata em computação, é usado por outras cinco pessoas com limitações físicas a partir de pequenas adaptações.  Atualmente, ele atua como tutor em cursos da Universidade Aberta do Brasil.
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Conheça histórias de gente que se superou26 fotos

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Em 1994, no momento em que foi anestesiado para uma cirurgia nos olhos, Valdemir Pereira Corrêa enxergou pela última vez. Nasceu com glaucoma, mas "uma sucessão de erros médicos" em clínicas de Campinas (SP) e São Paulo lhe tirou definitivamente a visão, aos 24 anos. Após entrar em uma escola de surfe e redescobrir o prazer do aprendizado, Corrêa decidiu prestar vestibular para educação física e, aos 43 anos, formou-se pela Unisanta (Universidade Santa Cecília), em Santos (SP) Leia mais Francisco Arrais/Divulgação - Prefeitura de Santos

Difícil inclusão

Na dissertação, Cláudio detalhou o teclado virtual que utilizava em casa para superar as limitações da doença. Diagnosticado ainda criança, o agora mestre em educação enfrentou inúmeras dificuldades para estudar junto com alunos normais e superar a expectativa de morte iminente. Sob orientação da professora Lucila Maria Costi Santarosa, a dissertação sistematizou a nova tecnologia assistida – o aplicativo de um teclado virtual – e relatou os casos de cinco usurários que se beneficiam do método.

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Claudio, que mora na região metropolitana de Porto Alegre, conta que desenvolveu o sistema para poder concluir os estudos de psicologia, já que a doença se agravou nesse período. O estudante começou a pesquisar alternativas em compêndios de informática que lia nos intervalos da aula e nas madrugadas. O método consiste num programa que seleciona letras, sílabas e palavras na tela a partir de apenas um toque no mouse.
O estudante pretende agora colocar sua criação livremente à disposição de pessoas que, a exemplo dele, necessitam do recurso para poder escrever com apoio do computador e interagir virtualmente.
O uso da cadeira de rodas não impediu Dusik de levar adiante sua pesquisa. Nos deslocamentos de Esteio até Porto Alegre, o estudante contou com a companhia da mãe no transporte especial. Muitas orientações da professora Lucila foram realizadas pelo Skype para que ele não precisasse se deslocar até a Faculdade de Educação.
A mãe de Cláudio, Elza Arnoldo, festejou a conquista. "Ele é um exemplo de que é possível às pessoas com deficiência vencer o medo, a vergonha e o receio e enfrentar as batalhas do mundo. Quando criança, os médicos diziam que o Cláudio teria de sete a quatorze anos de vida. Vivíamos em luto. Ele foi para a escola só para brincar e ter amigos. Hoje está defendendo seu mestrado", disse Elza.

Diretor da UFRJ chama outras regiões do país de "atrasadas culturalmente"

Léo Rodrigues
Do Portal EBC

Um e-mail enviado na última segunda (25) pelo diretor da Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ericksson Rocha e Almendra, gerou repercussão entre o corpo discente da instituição. A mensagem, que trazia um alerta sobre as punições cabíveis a organizadores de trotes, foi encaminhada a todos os estudantes de graduação matriculados nas variadas engenharias.

Trotes

  • Reprodução/Facebook Trote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG gera acusações de racismo
  • Divulgação/Frente Feminista Alunos da USP hostilizaram feministas durante trote em São Carlos. Alguns estudantes chegaram a ficar pelados
  • Mauro Vieira/Agência RBS Aluna pode ter visão comprometida depois de trote em escola no RS
O trecho do texto que gerou polêmica chama atenção para a existência de alunos que chegam à matrícula com cabelos raspados e que parte deles deseja levar trote, "uma mostra de quão atrasadas culturalmente são suas regiões". O diretor também aponta o risco da retomada dos trotes com a chegada de novos calouros, "sobretudo alunos do interior do país onde tal prática ainda é generalizada".
A reação ao e-mail foi imediata, tanto no grupo interno de mensagens como nas redes sociais, o que ocasionou um segundo e-mail de Ericksson Almendra, no qual reafirma a opinião de que "trote é sinônimo de atraso cultural" e que o uso do termo fora "intencional".
Ele mencionou outros exemplos de atrasos culturais, como as touradas da Espanha e os escorpiões na China, qualificados como "uma aberração gastronômica". Mas ressaltou: "não que a intenção tenha sido ofender, longe de mim, peço desculpas se isso ocorreu, mas tive sim a intenção de provocar. Espero sinceramente que mais, muito mais, alunos tenham se sentido incomodados ... e ... reflitam".

Ofendidos

Dois dias após a mensagem, alguns estudantes continuam trocando e-mails de indignação na lista fechada da Escola Politécnica. No grupo do Facebook, já são quase 250 manifestações. Um estudante do 7º período respondeu prontamente ao diretor:
"Sou contra esse tipo de recepção dos calouros. Mas não posso deixar de dizer que nesse e-mail o senhor fez alguns comentários que considero ofensivos. Tenho amigos fora do Rio, e nos estados deles às vezes a própria família ou amigos próximos raspa a cabeça dos aprovados. Conheço rapazes que tiveram a cabeça raspada, e meninas que rasparam a sobrancelha e saíam com curativos coloridos sobre os olhos, com orgulho de terem passado para uma universidade. Não se sentiam ofendidos. E acima de tudo, não são pessoas culturalmente atrasadas".
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Festa para calouros, trotes têm histórico de violência; reveja casos10 fotos

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Nessa época do ano, é comum que alunos veteranos preparem a "recepção" dos novos colegas em faculdades e universidades. Do tradicional corte de cabelo aos banhos de tinta, os trotes costumam ser apenas uma brincadeira saudável. No entanto, são frequentes os casos de trotes violentos em todo o país. Um dos mais trágicos foi o que levou à morte do estudante Edison Tsung Chi Hsueh, em 1999. Calouro da Faculdade de Medicina da USP, ele foi encontrado morto dentro de uma piscina após um churrasco de recepção. Quatro pessoas chegaram a ser acusadas por sua morte, mas o caso foi arquivado em 2006. Veja outros Leia mais César Rodrigues/Folhapress
Confira os e-mails na íntegra:
Prezados
Esta mensagem se dirige a todos os alunos da Escola Politécnica, calouros e veteranos.
Estamos recebendo uma nova leva de calouros, 615 neste primeiro período. Assim, nunca é demais lembrar que na Escola Politécnica
- é proibido dar trote
- é proibido levar trote
- é proibido assistir trote
Há um código disciplinar e ele é aplicado. Há cinco anos foram 25 os punidos e mais da metade eram calouros. Submeter qualquer pessoa a constrangimentos é crime. Tratar isso, não como o crime que é, mas como um problema disciplinar é uma opção da Escola, é uma atitude educativa, não repressiva. Mas, punido, um aluno perde acesso a quaisquer benefícios concedidos pela Universidade, bolsas, iniciação, intercâmbio, viagens, etc.
Vejo entretanto, com muita satisfação, que não há punições já há três anos. Mais ainda, vejo surgirem formas muito mais positivas de receber os novos colegas. Há gincanas, há churrascos, há palestras, há o mangue. Veteranos de um de nossos cursos criaram até mesmo uma forma de "mentoring" com os calouros: cada veterano voluntário torna-se conselheiro acadêmico de um calouro. Em suma, estamos fazendo jus ao conceito de grande escola que temos.
Mas os trotes não acabaram e há risco de retomarem alguma força com a chegada de grande quantidade de calouros de outras regiões, sobretudo alunos do interior do país onde tal prática ainda é generalizada. Acabamos de ver alunos de um determinado Estado chegarem à matrícula com os cabelos raspados. Em geral, uma parte de tais alunos querem, desejam, "levar trote", uma mostra de quão atrasadas culturalmente são suas regiões. Juntar alunos que querem levar trote com outros que querem dar, esse é o risco.
Ficam apenas dois alertas. Primeiro: em atividades do tipo churrasco, mangue, chopadas, etc. há a possibilidade de surgirem brincadeiras, competições, joguinhos, ...  São ótimas, mas se forem impostas e/ou se se destinarem apenas aos calouros, ultrapassa-se uma fronteira perigosa. Qual seria então a diferença para um trote? Segundo: impor aos calouros a tarefa de esmolar em esquinas longe do Fundão é algo muito, muito arriscado. Pode além de crime de constrangimento, pode ser considerado uma extorsão, além de submeter os colegas a risco de atropelamento. Há 6 anos os 25 punidos o foram pois um transeunte os fotografou no Largo da Carioca com um celular e as fotos nos foram enviadas. Houve quem propusesse encaminhar os envolvidos para a Justiça comum.
Já houve o caso de um veterano punido porque um calouro sofreu um pequeno acidente, não relacionado com as brincadeiras, mas como se tratava de um trote, estava sob a responsabilidade de quem o promovia, que não cuidou de sua segurança. E, neste momento, há um processo policial em andamento apurando as responsabilidades por uma briga, e a consequente lesão corporal, numa dessas chopadas pois a segurança dos frequentadores é responsabilidade dos organizadores.
Atenciosamente
Prof. Ericksson Rocha e Almendra
Segundo e-mail
Prezado alunos
Recebi já algumas mensagens sobre meu texto e a menção que fiz aos atraso cultural. Recebi as mensagens como uma crítica construtiva.
Sou piauiense, tenho irmãos e sobrinhos universitários lá e em Pernambuco, regiões em que os trotes são ainda comuns. Não generalizo a observação, mas acho sim que trote é sinônimo de atraso cultural. Não é rito de passagem, não é coisa de estudante, não é natural ...
Pensei bastante quando inclui essa observação no meu texto. Não foi ideia minha, mas de um calouro. Sim, de um calouro que ao ser perguntado por mim sobre a cabeça raspada respondeu "sabe como é... sou de um Estado atrasado".
Há várias formas de lutar pelo que acreditamos ou contra o que achamos errados. Uma delas é dizer de forma franca e aberta
- touradas são um atraso cultural da Espanha
- lançamento de anões é uma barbaridade Australiana
- escorpiões são uma aberração gastronômica da China
- farra do boi é um vexame catarinense
- trotes são um atraso cultural de muitos Estados do Brasil
Acho a Espanha um país maravilhoso, Austrália idem, acho a cultura chinesa fantástica, adoro o maracatu e o frevo de Pernambuco. Florianópolis é uma lindeza. O Piauí tem um dos melhores cursos de medicina do país, mas pratica trotes medievais.
Serem selecionados para a UFRJ é sinal de competência acadêmica, atraso cultural é outra coisa. O rapaz que me deu a ideia, ao mesmo tempo estava feliz por ter levado o trote dos amigos. De minha parte não será admirado por isso, mas por suas notas. Disse isso a ele.
Finalmente, quando escrevi aquilo, imaginei e esperei exatamente reações como estas. Foi intencional. Não que a intenção tenha sido ofender, longe de mim, peço desculpas se isso ocorreu,  mas tive sim a intenção de provocar. Espero sinceramente que mais, muito mais, alunos tenham se sentido incomodados ... e ... reflitam.
Não creio que se conseguirá extinguir essa prática fugindo da discussão, considerando-a natural, etc. etc.
At.
Prof. Ericksson Rocha e Almendra

Esporte contra o bullying


Estudante propõe aula de educação física voltada para a convivência social em escolas de ensino básico. Seu projeto conquistou o segundo lugar na categoria ‘Ensino Médio’ do 26º Prêmio Jovem Cientista.

Por: Camille Dornelles

Publicado em 11/03/2013 | Atualizado em 11/03/2013

Esporte contra o bullying
Projeto premiado propõe incorporar diversos estilos esportivos às aulas de educação física e, em esportes coletivos, compor os times de forma a estimular a interação de diferentes grupos. (foto: Aristeu Chagas/ Agecom – CC BY 2.0)

Com os olhos em 2014 e 2016, o Brasil está voltado para o esporte. Tanto nos grandes eventos mundiais quanto nas quadras escolares, a prática esportiva pode ajudar a resolver problemas sociais. É isso o que sugere o trabalho de Izabel Souza de Jesus Barbosa, segundo colocado na categoria ‘Ensino Médio’ do 26º Prêmio Jovem Cientista, que teve como tema a inovação tecnológica nos esportes.
A proposta da estudante do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj) é adaptar as aulas de educação física para combater o bullying através do esporte. O método formulado por Izabel, com orientação da bióloga Débora de Aguiar Lage, sua professora na instituição, é simples: incorporar diversos estilos esportivos às aulas e, em esportes coletivos, compor os times de forma a estimular a interação de diferentes grupos.
Os esportes oferecidos nas aulas seriam escolhidos de modo a refletir a diversidade dos alunos, “iriam do futebol, para estimular o trabalho em equipe, até o xadrez, para inserir os jovens mais afeitos ao raciocínio lógico do que à atividade física”, afirma Débora.
A distribuição dos alunos em grupos nas práticas esportivas seria feita por um conselho de professores, de acordo com o esporte praticado e com base em um mapeamento das ‘tribos’ e das características relacionais de cada aluno. A proposta é formar grupos heterogêneos, que não se formariam naturalmente.
Prêmio Jovem Cientista
A jovem cientista Izabel Souza de Jesus Barbosa recebe, da presidente Dilma Rousseff, o prêmio de segundo lugar pelo projeto 'O esporte no combate ao bullying nas escolas'. (foto: Fundação Roberto Marinho)
A leitura de artigos sobre dislexia despertou o interesse de Izabel por métodos de inclusão de alunos especiais nas escolas e acabou influenciando sua proposta para o prêmio. “Como o projeto tinha que ser voltado ao esporte, ela propôs esse trabalho, aplicando suas ideias de inclusão às aulas de educação física”, explica a orientadora.

Todas as tribos

A pesquisa de Izabel teve duas etapas. Na primeira, 44 estudantes do ensino médio da Escola Técnica do Arsenal de Marinha (Etam), com média etária de 18 anos, responderam, de forma anônima, um questionário apontando os esportes de preferência dos estudantes, os ambientes escolares com mais casos de bullying e ações da diretoria escolar para combater essa prática. “A maioria disse que a escola não fazia nada”, revela Débora.
Também se perguntou o que os alunos consideravam como bullying e quais os principais motivos que levavam a ele. Nas respostas, a dupla percebeu que a maior parte dos alunos apontava a existência de diferentes grupos sociais e a intolerância entre eles como as maiores causas do bullying nas escolas. Assim, foi elaborado um segundo questionário, sobre a existência de tribos urbanas.
Este trazia uma lista com 23 nomes de tribos que iam desde as mais abrangentes, como ‘alternativos’, até as mais específicas, como ‘otakus’ (fãs de animações japonesas e mangás). “Esses nomes partiram de observações da aluna sobre o que normalmente se falava dentro das escolas; havia alguns nomes que eu nem sabia o que significavam”, confessa Débora.
Cerca de 60 estudantes do CAp-Uerj e mais duas escolas particulares do Rio de Janeiro, com idades entre 13 e 18 anos, responderam ao novo questionário, indicando em que tribo ou tribos se encaixavam.
A partir dos resultados, Izabel verificou que os ambientes da sala de aula, pátio e corredores tiveram a maior incidência de bullying, e que o futebol e o voleibol foram os esportes mais populares entre os alunos ouvidos. Ela percebeu também que, mesmo em escolas onde a diretoria não se envolvia em ações antibullying, as aulas de educação física abriam espaço para a interação dos diferentes grupos.
Izabel verificou que os ambientes da sala de aula, pátio e corredores tiveram a maior incidência de bullying, e que o futebol e o voleibol foram os esportes mais populares entre os alunos
Além de incluir esportes de menor popularidade nos testes (como badminton e críquete), a estudante criou um sistema de avaliação em que dois terços da nota atribuída ao aluno deveriam ser referentes à sua capacidade de desenvolver atividades em equipe.
Em seu projeto, ela também ressalta a importância da interação entre a coordenação das escolas e as famílias, tanto daqueles que sofrem quanto dos que praticam o bullying.
Após publicarem os resultados da pesquisa em periódico acadêmico, Izabel e Débora pretendem promover a divulgação do projeto para que o método proposto comece a ser adotado nas escolas.

Pacto para alfabetização até os 8 anos é aprovado; texto vai a sanção

Do UOL, em São Paulo

O Plenário do Senado aprovou no início da noite desta terça-feira (26) a medida provisória que criou o Pnaic (Pacto Nacional para a Alfabetização na Idade Certa), que prevê uma série de ações envolvendo União, Estados e municípios para garantir a alfabetização dos alunos da rede pública de ensino até os 8 anos de idade até 2022. O texto segue agora para sanção da presidente Dilma Rousseff.

Saiba mais

  • Alfabetizadores da rede pública terão formação para melhor preparar aulas de 1º a 3º anos
  • Fernando Donasci/UOL Ano letivo tem meta de alfabetizar crianças até 8 anos em 90% dos municípios
Na votação de hoje foi rejeitada por 38 votos a 24, com uma abstenção, uma emenda apresentada por senadores de oposição que defendia a meta de alfabetização aos 6 anos de idade. A base de apoio do governo defendeu que o pacto deveria considerar a realidade de regiões pobres do país que estão atrasadas e não conseguiriam alcançar uma meta mais ambiciosa.
Durante o debate, senadores mencionaram que a meta de 6 anos pode ser incluída no PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelecerá 20 metas para a educação brasileira na próxima década e ainda em tramitação no Senado (PLC 103/2012).
O Pnaic prevê o apoio do governo federal para financiar a formação continuada dos professores; as bolsas oferecidas aos profissionais e outras atividades voltadas ao cumprimento dos objetivos do pacto. A estimativa é que sejam investidos cerca de R$ 3 bilhões até 2014.
Para cumprir o objetivo, o governo promete liberar R$ 1,1 bilhão neste ano, dinheiro previsto no projeto de Lei Orçamentária Anual, que está em análise pelo Congresso.

Bolsa para cotistas

No texto aprovado com o parecer do relator Eduardo Amorim (PSC-SE) foi incluída uma emenda que cria uma bolsa permanência para alunos que ingressarem nas universidades federais por meio de cotas sociais e raciais.
Caberá ao MEC (Ministério da Educação) regulamentar a bolsa. O ministro Aloizio Mercadante já anunciou o valor da bolsa em R$ 400 por mês. Terão direito ao benefício os alunos que entraram no ensino superior como cotistas de baixa renda e estão em cursos com mais de cinco horas diárias
O dinheiro para o programa virá do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O ministério ainda não estimou o custo total do programa nem quantos estudantes deverão ser beneficiados.
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Veja quais são as 20 metas para a educação na década; PNE ainda não foi aprovado20 fotos

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Meta 13 - Professores titulados: Elevar a atuação de mestres e doutores nas instituições de ensino para 75%, no mínimo, do corpo docente, sendo, do total, 35% de doutores Leia mais Silvia Zamboni/Folhapress