quarta-feira, 31 de maio de 2017


Como os EUA passaram a controlar a Petrobras e a JBS

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A respeito do post “Xadrez de como Janot foi conduzido no caso JBS” (https://goo.gl/ubAHLX) recebo informações de leitores que complementam a questão geopolítica apresentada.
Há duas áreas estratégicas no Brasil, de interesse direto dos Estados Unidos. Uma, a área de energia/petróleo; outra, a área de alimentos. Nelas, a Petrobras e a JBS.
O interesse estratégico na JBS se deve ao fato de ter se transformado no maior fornecedor de proteína animal para a Rússia e a China. Na Petrobras, obviamente pelo acesso ao pré-sal.
Nos dois casos, o Departamento de Justiça logrou colocar sob fiscalização direta do escritório Baker & McKenzie, de Chicago, o maior dos Estados Unidos, o segundo maior do mundo, com 4.600 advogados e 13.000 funcionários mundo e com estrutura legal de uma sociedade registrada na Suíça (Verein) para pagar menos impostos. É considerado ligado ao Departamento de Estado e ao Departamento de Justiça e é visto em todo o mundo como um "braço" do governo americano, atuando em alinhamento com ele na proteção dos interesses essenciais dos EUA.
No Brasil, o nome de fachada da Baker & McKenzie é o escritório de advocacia Trench, Rossi & Watanabe.
Trata-se de uma nova versão originaria do primeiro escritório Baker & Mackenzie no Brasil, fundado como Stroeter, Trench e Veirano em uma pequena casa na Rua Pará em Higienópolis em 1973. O cabeça era o advogado Carlos Alberto de Souza Rossi, filho do empresário Eduardo Garcia Rossi, ligado à SOFUNGE fundição do grupo Simonsen. Depois o Veirano saiu e montou seu próprio escritório e entrou o desembargador aposentado Kazuo Watanabe, um dos pais dos Juizados de Pequenas Causas.
O Trench, Rossi & Watanabe foi indicado pelo Departamento de Justiça como fiscal dentro da Petrobras, serviço pelo qual já cobrou mais de 100 milhões de reais. Hoje a Petrobras está sob supervisão direta  do BAKER MCKENZIE, que analisa todos seus contratos, vasculha seus e-mails, tentando identificar novas áreas de atuação suspeita.
Agora, assumiu a defesa da JBS, inclusive nas negociações com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O Baker McKenzie é o principal escritório da JBS nos EUA. O caso JBS está sendo monitorado de perto pelo governo dos EUA porque os EUA poderão ter de graça sob seu controle a maior empresa de proteína animal do mundo.
Na realidade a JBS "salvou" a indústria de frigorificação de carne dos EUA, toda ela quebrada, e salvou com dinheiro publico brasileiro.
O Brasil praticamente "entregou" a JBS ao controle do EUA. Os Batista não têm saída a não ser virarem americanos. É mais um bom serviço prestado pelos  moralistas do Brasil.

sexta-feira, 26 de maio de 2017


Para prefeitos, crise política pode ter “consequências inimagináveis”

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
Jornal GGN - Manifesto divulgado pela Frente Nacional dos Prefeitos afirma que a “gravíssima” crise enfrentada pelo país pode levar a uma desestabilização social com “consequências inimagináveis”.
 
No documento, os prefeitos pedem uma saída rápida da crise, dizendo que ela pode causar o colapso financeiro dos municípios. "Defendemos uma saída consensuada, respeitando-se a Constituição Cidadã e a legislação vigente”, diz o documento,
 
A FNP pede que solução seja “célere para evitar o agravamento dos reflexos negativos que tal situação já projeta nas cidades e que temos constatado no nosso cotidiano: aumento do desemprego, desincentivo ao empreendedorismo e aos investimentos, paralisação de obras e a disseminação de um indesejável sentimento de fracasso".
 
Os prefeitos também afirmam que a falta de recursos para custear os serviços básico para a população provocar uma “grave crise social” no país. 
 
Leia a íntegra abaixo: 
 
"MANIFESTO DA FRENTE NACIONAL DE PREFEITOS
 
O país enfrenta momento de gravíssima crise política e econômica, que, ao ameaçar inclusive a estabilidade institucional, pode nos levar a um impasse e uma desestabilização social com conseqüências inimagináveis. Nós, governantes recentemente eleitos nas médias e grandes cidades, reunidos na Frente Nacional de Prefeitos (FNP), temos o dever de expressar nosso posicionamento. 
 
Este manifesto não se confunde com eventuais opiniões político-partidárias dos prefeitos e prefeitas enquanto agentes políticos. É notável que as cidades alcançam no Brasil e no mundo um protagonismo cada vez mais relevante. Também é sabido que orçamentos municipais estão desequilibrados. Há um expressivo aumento da demanda por serviços públicos básicos como saúde, educação e assistência social, combinado com a queda na arrecadação em função do baixo dinamismo econômico. Esta insuficiência de recursos públicos para sustentar os serviços básicos lá na ponta poderá levar o país a uma grave crise social. Por isso, e considerando que nosso país é uma federação, este documento torna-se um dever. A FNP reitera a importância da promoção e do aprimoramento do diálogo federativo por meio de uma mesa de negociação permanente entre União, estados e municípios, dentre outras medidas que venham ao encontro do fortalecimento da federação, das instituições e da própria democracia. Estudiosos têm apontado que se o século XX foi das nações, este seria o das cidades. Esta constatação precisa ser contemplada no nosso desenho federativo, garantindo o tratamento isonômico previsto na Constituição e promovendo avanços e o diálogo permanente com as autoridades locais.
 
Defendemos intransigentemente o Estado Democrático de Direito e o direito à livre manifestação. 
Defendemos uma saída consensuada, respeitando-se a Constituição Cidadã e a legislação vigente, que leve em consideração as diversas forças políticas da nossa sociedade e os três níveis de governo. Ao mesmo tempo, que seja célere para evitar o agravamento dos reflexos negativos que tal situação já projeta nas cidades e que temos constatado no nosso cotidiano: aumento do desemprego, desincentivo ao empreendedorismo e aos investimentos, paralisação de obras e a disseminação de um indesejável sentimento de fracasso. Reconhecemos ainda que o país precisa de reformas estruturantes, que sejam construídas em um ambiente democrático e de diálogo. Estamos convictos que esta é uma oportunidade para o Brasil se revisitar como nação. Observados os princípios do Estado Democrático de Direito, é preciso contemplar na pauta prioritária do país a busca constante pela melhoria da qualidade de vida do cidadão, a retomada do crescimento econômico com distribuição de renda, a geração de emprego e o combate e a prevenção à corrupção, com controle e participação social, promovendo um sentimento de superação das dificuldades e de esperanças renovadas em dias melhores. O Brasil não pode ficar 

As perguntas que a irmã e o primo de Aécio se negaram a responder à PF

Andrea Neves e Frederico Pacheco ficaram em silêncio sobre documento secreto e relação com doleiro

Foto: Paulo Fonseca/Agência EFE
Jornal GGN - No mesmo dia em que foi presa pela Lava Jato, Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB), foi interrogada pela Polícia Federal sobre os esquemas de corrupção revelados pela JBS, mas preferiu ficar em silêncio até que sua defesa tenha acesso a todas às acusações que existem no processo.
O relatório da Polícia Federal mostra que o mesmo ocorreu com Frederico Pacheco, primo de Aécio, que também está preso depois de ter sido flagrado retirando malas de dinheiro da sede da empresa da família Batista.
O relatório da PF mostra que Andrea foi questionada sobre as mensagens que trocou com Joesley Batista e os encontros do empresário com Aécio. A irmã do senador foi apontada pelo delator da JBS como a responsável por iniciar a conversa em torno do pedido de R$ 2 milhões, com a desculpa de que o montante ajudaria a pagar a defesa do tucano na Lava Jato.
O interrogatório de Andrea, contudo, releva outros pontos da investigação. A irmã de Aécio foi questionada sobre um documento secreto que teria entregue a Ricardo Cipriano Neto, assessor parlamentar do senador.
Em recurso ao Supremo Tribunal Federal, Andrea admite que buscou Joesley, mas afirma que foi com a intenção de vender um imóvel da família em troca dos R$ 2 milhões. Como o empresário não demonstrou interesse, Aécio continuou a negociação, sem a participação de Andrea. O delator confirmou a história do imóvel, mas alegou que pagou Aécio por sua influência em Brasília.
O documento abaixo mostra as perguntas da PF à irmã do senador:


Já as peguntas feitas pela Polícia Federal a Fred, como é conhecido o primo de Aécio, demonstram que a Lava Jato tem indícios de que o senador usadou não apenas uma empresa da família Perrela para lavar a propina da JBS, mas também um doleiro preso por tráfico internacional de diamantes.
Na Superintendência da Polícia Federal em Minas Gerais, o delegado Luiz Augusto Nogueira perguntou a Fred a razão de sua empresa, a Frederico Facheco Empreendimentos, ter recebido um depósito de R$ 165 mil da empresa da família Perrela. O primo de Aécio não quis responder.

Fred também usou o direito constitucional de permanecer em silêncio quando a PF indicou que o assessor de Aécio "realizou provisionamento de saque junto ao banco Bradesco, no valor de R$ 103 mil, da conta da empresa Tapera, cujo sócio majoritário é Gustavo Perrela (filho de Zezé Perrela)", dono do famigerado helicóptero apreendido com quase meia tonelada de pasta de cocaína em meados de 2013.

Segundo o relatório da Polícia, esse provisionamento ocorreu um dia depois da JBS ter pago a segunda parcela do montante combinado com Aécio.


No mesmo interrogatório, também há perguntas sobre a relação de Fred ou Aécio com o doleiro Gabi Amine Toufic Amad e com a empresa Emn Auditoria, de Euler Mendes Nogueira, alvo de busca e apreensão na operação Patmos. Euler é ex-auditor fiscal do Cruzeiro. Já o doleiro Toufic foi preso em 2016 por suspeita de participar de um esquema de tráfico de diamantes. Ele também foi alvo de busca e apreensão na Operação Lava Jato.
 O documento que mostra todo o roteiro de perguntas feitas a Fred e Andrea está em anexo, 
Foto: Fotos Públicas

Jornal GGN - O procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, para acelerar o interrogatório de Aécio Neves, Rodrigo Rocha Loures e Michel Temer por conta das revelações feitas pela delação da JBS. No caso de Temer, Janot ainda apontou que o presidente até já fez uma confissão pública ao admitir que conversou com Joesley Batista sobre Eduardo Cunha e sobre a compra de juízes e procuradores.
“Ocorre que, em que pese Michel Temer alegar ilicitude da gravação e questionar a integridade técnica desta, cumpre ressaltar que, em pronunciamentos recentes, o Presidente da República não negou o encontro nem diálogo noturno e secreto com o colaborador Joesley Batista, tampouco nega que o colaborador tenha lhe confessado fatos criminosos graves, o que demandaria, no mínimo, comunicação de tais crimes as autoridades competentes”, afirmou Janot.
Para o chefe do Ministério Público Federal, os depoimentos devem ocorrer em um curto prazo porque há pessoas presas desde a deflagração da operação Patmos. “Conjugando o regime preconizado pelo Código de Processo Penal e pelo Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal tem o prazo de 10 dias, contados da realização da prisão, para finalizar as investigações e remeter o inquérito para o Ministério Público Federal, que, por sua vez, possui o prazo de 5 dias para oferecer denúncia ou requerer o arquivamento”, disse Janot.
“Há a necessidade de ultimação de inquérito no prazo acima apontado em virtude de haver investigado preso, devendo ser efetivadas diligências a fim de angariar elementos a formação da opinio delicti”, completou.
Segundo o Estadão, no ofício a Fachin, Janot também traça um paralelo entre a situação de Temer, gravado por Joesley falando da Lava Jato, com a de Dilma e Lula na época em que Sergio Moro vazou o grampo em que a ex-presidente falava sobre termo de posse no Ministério da Casa Civil.
À época, Gilmar Mendes disse que, ao explicar o termo de posse, Dilma admitiu publicamente a diálogo com Lula e interpretou que "as confissões espontâneas tem força para provar a existência da conversa e do seu conteúdo”.

Temer, Aécio e Loures são investigados por corrupção passiva, constituição e participação em organização criminosa e obstrução à investigação.

As empresas não pagarão as dívidas

Calote da dívida em 2018!
publicado 26/05/2017
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Com a inestimável colaboração de Delfim Netto, Ministro (na sombra) do Governo (sic) Temer, o Conversa Afiada ousou afirmar que o próximo presidente vai dar o calote na divida, ou não governa.
Essa proposta parecia implícita na excelente entrevista que Luiz Gonzaga Belluzzo deu à TV Afiada, a propósito de seu livro “Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo", escrito com Gabriel Galípolo.
A ideia se reforçou com a leitura do esclarecedor ensaio de Luiz Fernando de Paula e Manoel Pires, no estupendo volume 89 da revista “Estudos Avançados" da USP, sob a batuta do mestre Alfredo Bosi, e coordenação do professor Luiz Carlos Bresser-Pereira – autor do manifesto “Brasil Nação".
Luiz Fernando e Manoel confirmam, primeiro, o caráter impagável da dívida pública, como observou Delfim Netto: 69,6% do PIB, em 2016.
Depois, demonstram que há um “circuito de overnight" na economia, herança do período de inflação alta, mantido no pós-Real, para onde são canalizadas as aplicações de alta liquidez dos agentes econômicos: firmas, bancos e rentistas.
Os títulos públicos hoje, 2015/2016, INDEXADOS, representam 30% da dívida pública!
E o mais grave, na modesta avaliação do ansioso blogueiro, é a crescente IMPOSSIBILIDADE de as empresas brasileiras pagarem o que devem.
O gráfico abaixo reproduzido mostra que, de 2013 para 2016, o percentual de empresas abertas excluída a Petrobras) cuja geração de caixa (EBITDA) NÃO cobre as dívidas PASSOU DE 30% PARA 55%!
Quer dizer: 55% das empresas brasileiras – abertas, imaginem as fechadas! - não ganham o suficiente para pagar o que devem aos bancos!
Sem falar na dívida das famílias!
Numa situação de recessão com cara de depressão, apesar dos heróicos esforços da Cegonhóloga, quando não há consumidor, logo, não há vendas.
Logo, não geram caixa para pagar o banco!
E as empresas progressivamente se asfixiam.
A dívida do Governo, das empresas e das famílias é impagável.
Ou o próximo Presidente, em 2018, dá um calote da dívida ou o Brasil não sai do atoleiro em que está desde 1990, desde quando não cresce consistentemente, como não se cansa de dizer o professor Bresser-Pereira.
27 anos de estagnação!
27 anos em que não se ousou contestar os princípios cardeais desse neolibelismo.
Como diria a Veja: basta!
PHA



Quanto maior a dívida em relaçao à receita, geração de caixa menor e menor a chance de pagar a dívida.

Maria Silvia foge do BNDES

Falta o Parente da Petrobrax...
publicado 26/05/2017
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Rindo de quê, Maria Silvia?

A presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, pediu demissão do banco de fomento nesta sexta-feira, 26. A executiva será sucedida interinamente pelo diretor de operações Ricardo Ramos, funcionário de carreira da instituição. Maria Silvia alegou motivos pessoais para deixar o cargo. Em comunicado, ela diz que deixa o posto "com orgulho de ter feito parte da história da instituição". A executiva assumiu o cargo em junho do ano passado e era alvo de fogo amigo no governo.
Em nota, o presidente Michel Temer manifestou profundo agradecimento à executiva e afirmou que Maria Silvia presidiu o banco "de forma honesta, competente e séria". Em meios às críticas nos bastidores da classe empresarial de que a executiva estava fazendo uma gestão dura no banco, ampliando a dificuldade de acesso ao crédito, a nota ressalta que o trabalho de Maria Silvia "honrou o governo e moralizou um setor estratégico para o País".
(...)

Temer confessou: Janot quer interrogá-lo

Nem Gilmar salva o MT!
publicado 26/05/2017
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Da Fel-lha:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que Michel Temer fez uma "confissão" sobre ter participado de uma conversa na qual foram tratados possíveis crimes de corrupção de agentes públicos e pede para tomar o depoimento do presidente.
A afirmação faz parte de uma petição encaminhada ao ministro do STF Edson Fachin, responsável pelo inquérito aberto com base na delação da JBS para investigar se o presidente cometeu crimes de corrupção passiva, embaraço à investigação da Lava Jato e organização criminosa.
(...) "No decorrer do diálogo, o presidente da República também escuta do interlocutor informações de que este teria acertado sua situação com juízes e/ou procuradores", escreve o procurador. "O presidente confirma que fez parte do diálogo o possível crime de corrupção."
Janot cita a seguinte frase de Temer: "E por isso mesmo eu [Temer] devo dizer que, não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juízes, etc. Ele é um conhecido falastrão, exagerado".
"Mais uma vez o fato relevante não é negado, sendo, em realidade, objeto de confissão no sentido de que os interlocutores dialogaram sobre possível corrupção de agentes públicos", destaca o procurador.
(...)

quinta-feira, 25 de maio de 2017

De novo

Temer recua e anula decreto convocando as Forças Armadas

por Redação — publicado 25/05/2017 11h19, última modificação 25/05/2017 11h25
Planalto não conseguiu evitar a impressão de que convocou militares para continuar se sustentando mesmo em meio à crise da delação da JBS

Valter Campanato / Agência Brasil
Militares no Palácio do Planalto
Batalhão da Guarda Presidencial na rampa do Planalto em 24 de maio.
A decisão de Temer se dá após uma saraivada de críticas à medida, anunciada na tarde de quarta-feira 24 em meio ao protesto convocado por centrais sindicais e movimentos sociais que descambou para um ciclo de depredação e violência policial em Brasília.
A impressão quase generalizada era a de que o decreto foi publicado por Temer como uma tentativa de se salvar em meio à crise deflagrada pela delação de executivos da JBS. "Se esse governo não se sustenta, não são as Forças Armadas que vão sustentá-lo", disse na tribuna do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), que vem fazendo firme oposição ao Planalto, no início da noite de quarta.
Na Câmara e no Senado, oposicionistas chegaram a apresentar decretos legislativos que tinham o objetivo de contrapor o documento lançado por Temer, mas nenhum deles foi apreciado.
O decreto da GLO perdeu força e legitimidade minutos depois de ser anunciado pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS). Em seu pronunciamento, Jungmann afirmou que as tropas foram convocadas "por solicitação do senhor presidente da Câmara", mas Rodrigo Maia (DEM-RJ) imediatamente rechaçou a fala do ministro.
Preocupado com a péssima repercussão da convocação do Exército, Maia divulgou o ofício enviado à Presidência da República, no qual pedia a utilização da Força Nacional de Segurança Pública. E aproveitou para afirmar que Raul Jungmann mentiu. "Afirmo e reafirmo que não é verdade. Pedi para o ministro da Defesa repor a verdade", disse Maia em entrevista coletiva.
Na manhã desta quinta-feira, Jungmann afirmou que pediu desculpas a Rodrigo Maia e reafirmou que o governo decidiu convocar as Forças Armadas pois a Força Nacional de Segurança dispunha de um contingente insuficiente no Distrito Federal.
Ainda na quarta-feira, o governo tentou se safar da crise afirmando que os militares do Exército fariam apenas a segurança dos prédios ministeriais, enquanto a PM continuaria encarregada do policiamento repressivo.
Não foi o suficiente para dissipar o fato de que a GLO, geralmente usada em momentos excepcionais (como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 ou as crises carcerárias recentes no Espírito Santo e no Rio Grande do Norte) estava sendo invocada contra manifestantes.
Como justificativa para a revogação do decreto, o governo afirma que "considerando a cessação dos atos de depredação e violência e o consequente restabelecimento da Lei e da Ordem no Distrito Federal, em especial na Esplanada dos Ministérios", o trabalho do Exército não era mais necessário.
De acordo com o portal G1, a decisão foi tomada por Temer em reunião com Jungmann e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional).

Sátira

Quadrinsta - Maia bloqueia Temer no Facebook após polêmica de decreto

por Quadrinsta — publicado 25/05/2017 15h08
Ministro da Defesa Raul Jungmann afirma que decreto para uso das Forças Armadas se deu a pedido do Presidente da Câmara Rodrigo Maia, que desmente

J. Batista/Câmara dos Deputados
Rodrigo Maia
O golpista não curtiu

Sátira

Quadrinsta - Base aliada lamenta ausência de ex-deputado federal Popó

por Quadrinsta — publicado 24/05/2017 12h29, última modificação 24/05/2017 15h24
Com ânimos exaltados, governo tentar aprovar matérias no parlamento. Sessão que analisava reforma trabalhista quase termina em pancadaria no Senado

J. Batista/Câmara dos Deputados
Rodrigo Maia
A violência contra o povo continua

Ruralistas e Temer fazem o loteamento da Amazônia

por Renan Truffi e Rodrigo Martins — publicado 24/05/2017 13h29, última modificação 24/05/2017 20h20
Senado aprova as MPs 756 e 758. Câmara aprova a MP 759. É o governo efetivando a ofensiva contra as áreas de proteção e abrindo caminho para a legalização da grilagem

Lalo de Almeida/The New York Times
Fronteiras Agrícolas
A região já sofre com a expansão das fronteiras agrícolas
Ao cabo, a ameaça paira sobre cerca de 10% do território preservado, em uma “estimativa conservadora”, destaca o WWF. “Pressões para desfazer ou diminuir o tamanho ou o status de proteção de Unidades de Conservação promovidas por integrantes da base parlamentar do governo Michel Temer e com forte lobby dos setores ruralista e de mineração têm encontrado espaço para prosperar, com o apoio do Planalto.”
Entre os ataques citados no relatório da ONG figuram as medidas provisórias 756 e 758, editadas por Temer no fim de 2016, aprovadas pela Câmara na semana passada e pelo Senado na terça-feira 23. Os textos ampliam as possibilidades de exploração econômica em vastas áreas da Amazônia, que sofrem com a expansão das fronteiras agrícolas e com a corrida de garimpeiros e empresas de mineração.
A Floresta Nacional do Jamanxim, localizada em Novo Progresso, no Pará, teve a sua extensão reduzida de 1,3 milhão para 557,5 mil hectares. Não é tudo. Relator da MP nº 756, o deputado José Priante, do PMDB, rebaixou a categoria de 486 mil hectares da floresta de unidade de conservação para área de proteção ambiental (APA). Na prática, isso permite a venda de terras, a extração de madeira e a exploração da agropecuária e mineração. Apenas o território aberto a atividades econômicas equivale a três vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
O peemedebista deu um jeito de incluir ainda um “jabuti”, como são chamadas as emendas parlamentares sem relação com o texto original. Graças à manobra, o Parque Nacional de São Joaquim, em Santa Catarina, perdeu 10 mil hectares ao ser rebatizado como “Parque Nacional da Serra Catarinense”.
Com as alterações feitas na MP nº 758, relatada pelo maranhense José Reinaldo, do PSB, outra unidade de conservação no Pará, o Parque Nacional do Jamanxim, perdeu 315 mil hectares. Desse total, 71 mil terão status de proteção maior, sendo incorporados à Floresta Nacional do Trairão, mas 265 mil hectares ficarão mais desprotegidos – se tornarão duas APAs, a do Rio Branco e a do Carapuça, também entregues ao desmatamento de “corte raso” para atividades econômicas.
Plenário do Senado
O Plenário do Senado na noite de terça-feira: MPs aprovadas

Na prática, o Congresso reduziu a proteção de uma das áreas mais vulneráveis do País. Segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o desmatamento na região atingiu 8 mil quilômetros quadrados em 2016, número 28,7% superior ao do ano anterior. Em números absolutos, o Pará figura como recordista no ranking da devastação. Perdeu 3.025 quilômetros quadrados de cobertura vegetal.
Para reduzir a proteção dessas áreas, o governo e os ruralistas apontam a necessidade de construção de uma ferrovia conhecida como “Ferrogrão”, entre Mato Grosso e Pará, e a regularização fundiária de pequenos produtores rurais. Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho afirmou, em entrevista a CartaCapital, não ver “retrocesso ambiental por enquanto”.
A Medida Provisória nº 759, que trancava a pauta do plenário da Câmara e foi aprovada na noite desta quarta-feira 24, prevê alterações em mais de uma dezena de leis brasileiras e muda profundamente as regras relacionadas ao Programa Nacional de Reforma Agrária, como veremos adiante.
“Em 2009, o governo identificou que as ocupações legítimas poderiam ser regularizadas com a desafetação de 80 mil hectares. Depois disso, várias operações da Polícia Federal revelaram que a grilagem e o desmatamento aumentaram na região, sob o controle do crime organizado”, explica Ciro Campos, biólogo e analista do Instituto Socioambiental. “Nesse cenário, regularizar todos, sem diferenciar famílias com ocupações legítimas e grileiros, é uma mensagem de que o crime compensa e um incentivo à invasão de terras públicas.”
No discurso do Planalto, as mudanças vão propiciar aos assentados os títulos definitivos das terras onde vivem. Mas o resultado prático deve ser o aumento do assédio de grandes fazendeiros sobre pequenos assentamentos e agricultores familiares beneficiados pelo programa nos últimos 30 anos. A MP nº 759 autoriza o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a conceder o título de domínio das terras a todos os assentamentos com ao menos 15 anos de implantação.
O prazo poderia até ser considerado razoável, se não fosse contado a partir da data de regularização do assentamento. Pela lei agrária atual, esse prazo só poderia ser contabilizado a partir da concessão de créditos de instalação e da conclusão dos investimentos nos locais. Ou seja, mesmo assentamentos sem equipamentos mínimos de infraestrutura podem ser emancipados.
Com os títulos em mãos e sem condições básicas para viver no local, pois as áreas padecem de falta de saneamento básico e acesso a insumos e meios para escoar a produção, os agricultores familiares podem se ver forçados a vender essas propriedades para o agronegócio.
“Essa titulação proposta pelo governo veio para tirar o homem do campo e reconcentrar a terra na mão do latifúndio”, resume Alexandre Conceição, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. “A medida provisória como um todo é o retrocesso da reforma agrária. A Constituição garante que a titulação tem de ser feita a partir da emancipação do assentamento: 80% dos assentamentos não têm a infraestrutura resolvida e acesso a todos os créditos.”
Desde 1995, 88 milhões de hectares foram adquiridos ou desapropriados para fins de reforma agrária no Brasil. O resultado é que todo esse território, equivalente a uma vez e meia o tamanho da França, pode entrar de vez no mercado de terras em alguns anos se os assentados ficarem sujeitos ao assédio de latifundiários.
Edimilson Rodrigues
O objetivo é vender o território a estrangeiros, diz Rodrigues (Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados)

“A alteração na Lei Agrária tem um objetivo claro: livrar-se dos assentados da reforma agrária”, lamenta o engenheiro agrônomo e presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Gérson Teixeira.
Em nota técnica enviada aos parlamentares, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao Ministério Público Federal, sustenta que a proposta é inconstitucional por não ter “elementos que evidenciem urgência para sua edição”, preceito básico para uma medida provisória.
“Causa enorme espanto a adoção de medida extraordinária pelo presidente da República para modificar mais de uma dezena de leis ordinárias aprovadas pelo Congresso, algumas das quais são fruto de processos legislativos que envolveram grande participação popular, o que representa grave distorção do sistema democrático”, diz o texto.
Em dezembro de 2016, o deputado petista Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, já havia denunciado outra armadilha da proposta: a municipalização do processo de regularização fundiária de assentamentos. “A nossa história demonstra que a grande força contrária a reformar o campo sempre foi a das oligarquias rurais locais, costumeiramente ligadas aos poderes políticos locais”, observou à época, em manifesto a alertar para o risco de legalização da grilagem.
O colega Edmílson Rodrigues, do PSOL do Pará, acrescenta: o principal objetivo é permitir a venda de terras rurais a estrangeiros, como prevê o Projeto de Lei nº 4.059/2012. “A aprovação desta medida provisória somada à extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário representa a consolidação do rojeto de estrangeirização de nossas terras”, escreveu Rodrigues, em recente artigo publicado pelo site de CartaCapital.
Segundo o parlamentar, 2,81 milhões de hectares já estão nas mãos de estrangeiros, o que representa mais do que todo o território de Alagoas. O governo Temer busca apenas retirar os entraves para a alienação do território nacional. “Entregam o patrimônio público e distribuem senhas ao agronegócio, provocando intensa violência social.” 

Crise política

Perdeu o dia de caos em Brasília? Entenda o novo episódio da crise

por Redação — publicado 24/05/2017 20h05, última modificação 24/05/2017 20h21
Temer iniciou o dia querendo demonstrar o "clima de normalidade" do País e terminou convocando as Forças Armadas

Andressa Anholete / AFP
Confronto Brasília
Com pedras na mão, manifestante se prepara para enfrentamento. Nada de normalidade
A delicada situação de Temer, e do País, ficou exposta desde cedo em Brasília. Diante da manifestação "Fora, Temer" convocada por movimentos sociais e centrais sindicais, a capital federal acordou nesta quarta-feira 24 preparada para uma operação de guerra, coordenada por meio de um obscuro acordo repressivo firmado em 27 de abril por representantes do governo federal, do Congresso e do Distrito Federal.
Como mostrou CartaCapital, o acordo, chamado Protocolo Tático Integrado de Manifestações, era preparado fazia um ano, desde a abertura do impeachment de Dilma Rousseff pela Câmara, mas, coincidentemente, só foi concluído na véspera da greve geral de 28 de abril deste ano, símbolo de um acirramento maior no País.
O protocolo é uma espécie de manual a definir o papel do aparato estatal repressivo em protestos. Traça 110 cenários e especifica como a polícia deve agir em caso de distúrbios. Prevê revista nos participantes e os proíbe de portar objetos como hastes de bandeiras e fogos de artifício.
Mesmo neste clima, ao menos 35 mil pessoas se juntaram para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência, contra Temer (ainda que algumas centrais sindicais estejam poupando o peemedebista) e por eleições diretas. Por quatro horas, das 13h30 às 17h30, a Esplanada dos Ministérios foi palco de violência.

Manifestante
Com estilingue, manifestante atira contra policiais (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)
Manifestantes provocaram fogo na entrada do Ministério da Agricultura, que foi pichado com a inscrição "Morte à burguesia" e o símbolo comunista da foice e do martelo. Os manifestantes atacaram diversos outros prédios, como os dos ministérios do Turismo, da Fazenda, do Planejamento e de Minas e Energia. No Ministério da Cultura, documentos e computadores foram roubados e jogados na rua.

Brasília
Policiais atiram contra manifestantes em Brasília (Foto: Andressa Anholete / AFP)
A repressão foi violenta. Com tiros de bala de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, policiais militares avançaram contra os manifestantes, deixando dezenas de feridos. Houve uma série de "batalhas" em diferentes pontos da Esplanada, com grupos de policiais tentando prender e dispersar os manifestantes, o que só ocorreu de fato por volta das 18 horas. Reportagem do jornal O Globo mostrou dois policiais militares atirando com armas de fogo contra manifestantes.

Brasília
Manifestante ferido é socorrido em Brasília (Foto: Andressa Anholete / AFP)
A tensão no Palácio do Planalto diante das manifestações era tanta que, no início da tarde, a Casa Civil emitiu uma ordem para evacuar todas os prédios da Esplanada, alegando a necessidade de garantir a integridade física dos servidores públicos.
Em nota, a Frente Brasil Popular, uma das organizadoras do protesto, criticou a repressão policial na manifestação.
“O uso das Forças Armadas, de bombas de gás lacrimogêneo e bala de borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel Temer e seus aliados, ainda mais instável após as inúmeras denúncias de corrupção que envolvem o próprio presidente", afirmou a organização.
Congresso em conflito e Exército convocado 
Ao longo do dia, ficou claro que a estratégia do governo para mostrar a "normalidade" no período pós-delação da JBS era fazer avançar no Congresso suas propostas legislativas. Para isso, entraram em cena os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e principalmente o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ambos tentaram levar votações à frente.
Na Câmara, o clima esquentou no início da tarde, quando deputados oposicionistas tomaram a Mesa Diretora e ergueram uma faixa com a inscrição "Fora Temer" em frente ao plenário. Revoltado, o deputado Mauro Pereira (PMDB-RS) arrancou a faixa das mãos dos parlamentares da oposição, provocando gritaria e troca de insultos entre os parlamentares. Nas palavras de ordem dentro da Câmara, ficou exposta a crise política. O "Temer na cadeia" era respondido com "Lula na cadeia".
Mesmo sem a faixa, a oposição manteve a ocupação física da Mesa Diretora e impediu a continuidade dos trabalhos até que fosse decretada a suspensão da sessão.
O avanço das pautas legislativas acabou sendo prejudicado pelo próprio governo. Por volta das 16h20, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS), fez um pronunciamento no qual anunciou a assinatura de um decreto, por parte de Temer, lançando uma missão de Garantia da Lei e da Ordem, por meio da qual o Exército fará a segurança de todo o Distrito Federal até 31 de maio.

A convocação do Exército ensejou novos debates ainda mais acirrados no Congresso, e revelou como o grupo aliado a Michel Temer está batendo cabeça em meio à crise. Firme parceiro de Temer, Rodrigo Maia foi apontado por Jungmann como autor do pedido para a convocação do Exército, mas não aceitou ficar com o ônus político. Ainda assim, o governo tentou enfiar este ônus goela abaixo de Maia.
Logo após a fala de Jungmann, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) tomou a palavra e colocou em debate o papel de Maia no decreto. "O Palácio [do Planalto] tá dizendo que as tropas foram convocadas por pedido do senhor", afirmou o petista.
Imediatamente, Maia negou, dizendo que pediu a chamada da Força Nacional de Segurança. "Eu quero deixar claro que o meu pedido ao governo foi das forças nacionais, do apoio da Força Nacional", afirmou Maia. "A decisão tomada pelo governo certamente tem relação com aquilo que o governo entendeu relevante para garantir a segurança", concluiu o presidente da Câmara.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello manifestou preocupação com a decisão de Michel Temer de convocar a presença das Forças Armadas em Brasília após as manifestações contra o seu governo. "Espero que a notícia não seja verdadeira", declarou durante sessão do Supremo.
A notícia do decreto chegou rápido ao Supremo Tribunal Federal. "Voto um pouco preocupado com o contexto, e espero que a notícia não seja verdadeira. O chefe do Poder Executivo teria editado um decreto autorizando uso das Forças Armadas no Distrito Federal no período de 24 a 31 de maio", afirmou o ministro Marco Aurélio Melo. O comentário, porém, não provocou maiores reações dos demais ministros do Supremo, que decidirão o destino de Temer.

Brasília
Deputados discutem e se empurram após governo determinar reforço de tropas federais (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
Preocupado com a péssima repercussão da convocação do Exército, Maia divulgou o ofício enviado à Presidência da República, no qual pedia, de fato, a utilização da Força Nacional de Segurança Pública. E aproveitou para afirmar que Raul Jungmann mentiu. "Afirmo e reafirmo que não é verdade. Pedi para o ministro da Defesa repor a verdade", disse Maia em entrevista coletiva.
Em protesto contra o decreto de Temer, os deputados da oposição deixaram o plenário. O líder do PT, Carlos Zarattini (SP), afirmou que se inaugura uma nova fase na história do Brasil, que, para reprimir uma manifestação popular com mais de 100 mil pessoas, coloca-se o Exército na rua. “Isso é um retrocesso com o qual nós não podemos compactuar”.
Maia recebeu a solicitação de que a sessão fosse encerrada, o que aconteceu por volta das 17h30. Pouco menos de uma hora depois, no entanto, a sessão foi retomada, sem a presença da oposição. Do lado de fora do plenário, no salão verde, os deputados se manifestaram com gritos de “Fora Temer” e "Diretas Já”.

Com o abandono do plenário pelos partidos de oposição, porém, aliados do governo conseguiram aprovar o texto-base da Medida Provisória 759, que estabelece regras para regularização fundiária urbana e rural. Outras sete medidas também aguardam análise dos deputados.
Senado
No Senado, também houve embates a respeito do decreto. Um dos senadores mais indignados era Renan Calheiros (AL), peemedebista que vem fazendo firme oposição a Temer. Renan colocou em palavras o sentimento de muitos em Brasília, o de que a convocação do Exército é mais uma estratégia de Temer para continuar no Planalto. "Se esse governo não se sustenta, não são as Forças Armadas que vão sustentá-lo", disse Renan.
Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, rebateu Renan e também foi para cima de Rodrigo Maia, afirmando que ele tinha, sim, pedido as tropas. Coube a Jungmann tentar explicar o decreto. "Nós não temos tropas da Força Nacional suficientes aqui, então usamos as Forças Armadas. Esse é o procedimento, já ocorreu em outras ocasiões", disse.
Para a oposição, o bate-cabeça revelou que a decisão foi um erro. "Ninguém tem coragem de assumir essa decisão, de tão absurda que é", afirmou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), autor do primeiro pedido de impeachment contra Temer após a delação da JBS.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto de Temer. Para Randolfe, a medida é autoritária e se trata, na verdade, da decretação de estado de defesa, com a desculpa da manutenção da lei e da ordem.
O PSOL também havia protocolado um projeto com o mesmo objetivo na Câmara, por meio do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). 
O senador Randolfe lembra que, neste caso, seria preciso ouvir os Conselhos de Defesa Nacional e da República e submeter o decreto à apreciação do Congresso. Além disso, não há calamidade de grandes proporções ou instabilidade institucional que justifique o estado de defesa.
Por volta das 19 horas da quarta 24, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência afirmou que o decreto que solicita a presença das Forças Armadas em Brasília será revogado quando houver o restabelecimento da "ordem".
Citando atos de "violência e vandalismo" durante o protesto, a nota diz que Temer decidiu empregar os efetivos devido a "insuficiência dos meios policiais" para conter os manifestantes.
O objetivo, segundo a nota, é garantir a integridade física dos servidores e proteger o patrimônio público. "Restabelecendo-se a ordem, o documento será revogado", diz o comunicado, ressaltando, porém, que o presidente "não hesitará em exercer a autoridade que o cargo lhe confere sempre que for necessário".