quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Em sabatina, Janot se irrita com Collor e responde: "não sou vazador" 

Do UOL, em Brasília
 Ouvir texto
 
0:00
 Imprimir Comunicar erro
No momento mais tenso da sabatina nesta quarta-feira (26), o senador Fernando Collor (PTB-AL), denunciado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta participação no esquema da Lava Jato, fez diversas acusações ao representante do Ministério Público Federal, como a de ter omitido o período em acumulou funções de subprocurador e advogado. Collor também disse que Janot "falseou informações" e disse que um parente de Janot teria sido alvo da Interpol.
As acusações foram feitas durante sabatina nesta quarta-feira (26) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, parte do processo da tentativa de Janot de ser reconduzido ao cargo.
Janot rebateu cada uma das acusações de Collor e chegou a levantar a voz ao ser interrompido pelo parlamentar em sua resposta. "Queria ter meu direito de manifestação assegurado", disse Janot.
Sobre as acusações de ter atuado como advogado, Janot disse a atuação como advogado é permitida para procuradores que ingressaram no Ministério Público antes da Constituição de 1988, como ele.
Collor disse que Janot é "catedrático" em vazar informações, e perguntou se Janot usou a empresa Oficina da Palavra para passar informações sob segredo de Justiça para a imprensa, como a lista de políticos envolvidos na Lava Jato segundo as delações premiadas. "Não foi vazamento. O que houve foi uma especulação enorme [sobre as delações premiadas]. Alguns meios de comunicação deram a chamada 'lista do Janot'. Alguns acertaram nomes, outros erraram nomes. Não se vaza nome errado. A lista não é do Janot, é dos colaboradores [delatores]", rebateu. 
"Nego que seja vazador contumaz. Sou discreto, não tenho atuação midiática", rebateu Janot, que disse ainda que os contratos com a empresa são regulares.
Ainda sobre a empresa, o procurador disse que a Oficina da Palavra "presta consultoria e treinamento de media training a membros do Ministério Público Federal".
O senador também disse que Janot tem um parente que já foi alvo de um alerta de prisão da Interpol. "Quanto à questão levantada de uma pessoa que seria um contraventor, essa pessoa a que o senador se refere é meu irmão. Enquanto membro do MPF, tenho impedimento legal de atuar em casos de parentes", respondeu.
Ao responder, Janot se irritou e disse que a pessoa em questão é seu irmão falecido há cinco anos. "Eu não vou me referir a esse episódio em respeito aos mortos. Não participarei dessa exumação pública que se quer fazer de um homem quem nem sequer pode se defender."
Janot respondeu ainda sobre o aluguel de uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília, dizendo que o contrato foi rescindido quando se soube das irregularidades, e sobre a contratação da chefe de cerimonial do Ministério Público Federal.
O procurador disse ainda que não responderia às petições de Collor que pedem seu impeachment do MPF. "Também em respeito ao Parlamento e à dignidade de meu cargo, não vou fazer qualquer referência sobre eventual impeachment meu ou não."
Collor ainda fez uma réplica, e Janot respondeu: "não há pais possível sem respeito à lei. Não há futuro possível se condescendermos com a corrupção". "A chamada espetacularização da Lava Jato nada mais é do que a aplicação de princípio fundamental da República, todos são iguais perante a lei", disse aos senadores.
O senador deixou a sala da CCJ após as respostas do procurador e não falou com os jornalistas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário