REPORTAGEM
Governador do MT pressionou Agência Nacional de Águas por hidrelétricas no Pantanal
Rogério Florentino/Agência Pública
Flexibilização da legislação defendida por Mauro Mendes beneficia a empresa Maturati e uma Pequena Central Hidrelétrica que pertence ao filho do governador
1 de agosto de 2022
06:00
Lázaro Thor
ESPECIAL: EMERGÊNCIA CLIMÁTICA
A Maturati planeja construir seis PCHs no rio Cuiabá
O filho do governador herdou do pai o projeto de uma PCH no Pantanal
Existem 133 hidrelétricas previstas com influência direta na região
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No dia 10 de maio, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, chamou de “lamentável” a lei aprovada pela Assembleia Legislativa do Mato Grosso que proibiu a construção de hidrelétricas no rio Cuiabá, um dos principais rios do Pantanal.
“Isso é uma coisa técnica, e acho lamentável a Assembleia Legislativa ter feito esse tipo de lei a toque de caixa. Tem muito deputado querendo ganhar voto nesta eleição. Isso tem que ser feito com estudo técnico e não podia ter feito assim”, afirmou, após o Projeto de Lei (PL) 957/2019 ter sido aprovado. Dois meses depois, em 4 de julho, Mendes vetou o texto.
Alan Santos/PR
Mauro Mendes pressiona por hidrelétricas no Pantanal
Essa não foi a primeira vez que o governador se mostrou favorável a empreendimentos na bacia hidrográfica que compõe o Pantanal, maior planície alagável do mundo. Documentos obtidos pela Agência Pública mostram que, ao longo de seu mandato, Mendes pressionou entidades, órgãos públicos e políticos para flexibilizar leis que poderiam viabilizar a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas, as PCHs, na região. A pressão foi liderada pela empresa Maturati Participações S.A., que planeja construir seis PCHs no rio, com apoio de Mendes, do senador Carlos Fávaro (PSD) e do suplente de deputado federal Valtenir Pereira (MDB). Além dos negócios da Maturati, da flexibilização da lei depende a construção de uma PCH que pertence ao filho de Mendes, Luiz Antônio Taveira Mendes, e a parentes do ex-secretário da Casa Civil do estado Mauro Carvalho.
Considerado um dos biomas mais sensíveis do Brasil, o Pantanal depende de rios que nascem em planaltos e serras, na bacia do alto Paraguai, e sofreu muito com queimadas nos últimos anos. Segundo dados do MapBiomas Água, a região perdeu 74% da superfície de água desde 1985, e cientistas denunciam que existem poucos estudos sobre os efeitos de várias usinas em um espaço tão frágil.
Rogério Florentino/Agência Pública
Pantanal vem sofrendo com a degradação ambiental nos últimos anos.
*Esta reportagem faz parte do especial Emergência Climática, que investiga as violações socioambientais decorrentes das atividades emissoras de carbono – da pecuária à geração de energia. A cobertura completa está no site do projeto.
*Colaborou Rogério Florentino
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