quarta-feira, 24 de agosto de 2022

COMO O TELEGRAM BOLSONARISTA ESPALHOU DESINFORMAÇÃO SOBRE DOM PHILLIPS E BRUNO PEREIRA

 Como o Telegram bolsonarista espalhou desinformação sobre Dom Phillips e Bruno Pereira
Ao longo de mais de um mês, canais espalharam fake news sobre as vítimas, repetiram falas do governo, criticaram STF e defenderam militares na Amazônia

24 de agosto de 2022
12:28
Bruno Fonseca
Primeiro argumento que tentou responsabilizar as vítimas pelo crime surgiu através de entrevista na Jovem Pan
Com entrada de STF e Senado nas buscas, bolsonaristas levantaram tom de xingamentos
Grupos levantaram suspeitas até que os indígenas seriam os assassinos e apelaram para "violação" da soberania nacional
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“O inglês Dom Philips… este aí tem uma outra história, que é a ponta de um iceberg que a esquerda mundial, o PT, PSOL e a mídia farão de tudo para desviar a atenção, pois foi um tiro no pé, tal qual o caso Marielle”. Essa foi uma das mensagens de Marconi Souza, dono da Valeshop, no grupo de empresários bolsonaristas que discutiam apoio a um golpe, como revelou reportagem da coluna de Guilherme Amado. Ele e outros donos de empresas compartilharam no WhatsApp conspirações, mentiras e acusações sobre o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, em junho deste ano, no Vale do Javari (AM).

As mensagens dos empresários não foram um episódio isolado: a Agência Pública apurou em dezenas de grupos de Telegram bolsonaristas e descobriu que as mesmas conversas circularam nesses canais nas mesmas datas. A apuração mostra que, um dos argumentos usados para atacar as vítimas ganhou força através do compartilhamento de uma entrevista do presidente da Funai Marcelo Xavier na Jovem Pan.

Os grupos bolsonaristas também acusaram Bruno e Dom de associação ao tráfico, invasão do território brasileiro e que o crime teria sido praticado por indígenas. Ao todo, a reportagem encontrou mensagens sobre a morte dos dois em 36 grupos no Telegram de apoiadores de Bolsonaro, armamentistas, religiosos, veículos de direita ou ligados a políticos governistas. O tema mobilizou 170 mensagens de 6 de junho a 6 de agosto. Elas foram vistas 483 mil vezes e encaminhadas 1.076 vezes.

Reprodução
Reação dos grupos bolsonaristas após entrevista do presidente da Funai na Jovem Pan

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