As epopeias da espada de Bolívar
Ela encarna o sonho da Pátria Grande. Nos últimos 50 anos, foi expropriada pela guerrilha, escapou de marines, esteve sob custódia de Fidel e foi protegida por “ordem secreta”. Em sua posse, Gustavo Petro retirou-a do cofre estatal para reencontrar multidões
Por Pablo Solana, na Primera Línea, traduzida por Pedro Marin para a Revista Opera
Prontamente se escutou o canto entre a multidão: “Alerta! Alerta! Alerta que caminha, a espada de Bolívar pela América Latina!”.
Gustavo Petro havia desafiado a recusa do presidente cessante, Iván Duque. “Como presidente da Colômbia solicito à Casa Militar que traga a espada de Bolívar, é uma ordem do povo e deste mandatário”, disse no microfone. Os responsáveis pela segurança não souberam o que fazer. Em meio à cerimônia, não estava claro se quem seguia encarregado do governo era Duque, que tinha ordenado que a espada não fosse movida de lugar, ou se já correspondia a Petro, que ordenava o contrário, mandar.
O protocolo se deteve, enquanto alguns grupos avaliavam o que deviam fazer. Depois de meia hora de tensão e incerteza, a balança se inclinou a favor do novo presidente. Sua ordem foi acatada. A espada percorreu a distância que separa a Casa do Governo da Praça de Bolívar.
Foi a primeira vez na história que a arma do Libertador foi apresentada ante uma multidão. Na praça, o povo celebrou o fato. No palco, o rei da Espanha ofendeu o país que o havia convidado com um gesto de desprezo típico de sua pretensão colonialista: foi a única pessoa que não se levantou frente à chegada do símbolo pátrio, emblema da independência da Nossa América.
As batalhas de Bolívar são conhecidas. Mas sua espada as transcendeu. Ela tem sua própria história, mantida viva até nossos dias.
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