A América Latina e a Ordem da espada
por:outrasmidias
Em 1986 o M-19 buscou reforçar a solidariedade das organizações de todo o continente. A organização estava debilitada após o fracasso da tomada do Palácio da Justiça. Para consolidar as relações políticas para além das fronteiras, promoveram uma espécie de grupo secreto continental para cuidar da arma do Libertador. Convocaram diversas personalidades e organizações populares. A proposta ficou conhecida como “Ordem da espada”.
No arquivo do Centro de Memória Histórica há uma cópia digital da revista 2010, publicada anos depois por integrantes do Eme nos tempos da Constituinte (1991). Ali dizem que a Ordem contou com doze membros, dentre os quais oito pediram para manter o compromisso oculto. Aqueles que aceitaram tornar público o apoio à iniciativa foram o panamenho Omar Torrijos (através de seus descendentes), escolhido por seu compromisso antiimperialista na defesa do Canal do Panamá; o ex-presidente da Costa Rica, José Figueres Ferrer, fundador da Segunda República em seu país; o bispo mexicano Sergio Méndez Arceo, valorizado pelo seu compromisso com o povo pobre; e, na Argentina, as Mães da Praça de Maio, em reconhecimento por sua luta contra a ditadura militar. A ideia era entregar a cada membro da Ordem uma carta, um pergaminho e uma réplica da espada (embora haja dúvidas de que esta última ideia tenha se concretizado). O jornal El Tiempo consultou Enrique Carrera, o mais próximo colaborador do presidente da Costa Rica, que confirmou a história: “Sim, agora eu sou o depositário da carta, do certificado e da réplica da espada”. O blog de ex-combatentes do M-19 Oiga, hermano, hermana, reproduz uma imagem do diploma com o qual se reconheceu, ademais, a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador. Outros meios mencionam entre os possíveis ordenados os uruguaios Eduardo Galeano e Mario Benedetti.
Segundo o jornal El Tiempo, havia um registro do encontro do M-19 com as Mães da Praça de Maio em Buenos Aires, realizado em algum momento depois de 1986: “Uma delas, que queria ter uma recordação desse dia, filmou a cerimônia”, afirmam os jornalistas María do Rosario Arrazola e Arturo Jaimes. O feito, no entanto, não foi reconhecido pelas Mães até hoje.
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