Com apoio de redes bolsonaristas, senadores reagem à ação do STF contra empresários
Parlamentares promoveram audiências para criticar a decisão de Alexandre de Moraes no Senado e na Câmara
31 de agosto de 2022
18:10
Laura Scofield
No Twitter, parlamentares governistas aproveitaram para engajar sua base
Evento do Senado foi transmitido ao vivo por canal bolsonarista e teve público online de mais de 9 mil
O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) teme possíveis impactos da decisão do STF na campanha de Bolsonaro
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Mais de 30 pessoas ficaram por mais de cinco horas e meia ouvindo falas repletas de “juridiquês” em uma sala apertada do Senado Federal nesta terça-feira (30). O público estava engajado, e, passadas quase seis horas de debate, o presidente da sessão, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) teve que pôr fim à reunião.
Online, o evento foi acompanhado por cerca de 1,5 mil pessoas no canal do Senado no Youtube, e mais de 9 mil no canal Folha Política, que também transmitiu a audiência. O Folha Política já foi acusado de propagar informações falsas. No ano passado, o canal teve sua monetização temporariamente suspensa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito do inquérito sobre ataques ao sistema eleitoral.
Criada para “debater o conflito de opiniões” sobre o Inquérito das Fake News e “a violação do devido processo legal, dos direitos e garantias individuais e o do sistema acusatório”, a audiência foi um sucesso para os governistas.
Embora visasse abordar o inquérito como um todo, o tema que prevaleceu foi a busca e apreensão sofrida por empresários que defenderam o golpe militar em um grupo privado de WhatsApp, como revelou o Metrópoles.
Pedro França/Agência Senado
Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) durante audiência pública para debater o conflito de opiniões sobre o Inquérito das Fake News
Entre os convidados, o advogado-geral da União, Bruno Bianco Leal, o jurista Ives Gandra e o ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que hoje é candidato a deputado federal pelo Paraná pelo Podemos, foram os mais elogiados nas falas dos presentes. Dos três, apenas o advogado-geral compareceu presencialmente, Dallagnol e Gandra participaram por videoconferência. O deputado federal Daniel Silveira (PL-RJ) também apareceu de surpresa e, online, fez uma fala de seis minutos.
Silveira acusou o ministro Alexandre de Moraes, que ordenou que o deputado fosse preso em fevereiro de 2021, de cometer crimes “deliberadamente e reiteradamente”. Em março deste ano, o deputado colocou uma tornozeleira eletrônica e somente pôde transitar entre o Rio de Janeiro e o Distrito Federal.
“Peço aos senhores senadores e senhoras senadoras que, independente do viés político, vocês tenham a noção do que vai acontecer com esse desdobramento do ativismo judicial aqui no Brasil. O Legislativo representa legitimamente o povo e está sendo solenemente ignorado por alguém que foi catapultado ao cargo de ministro, indicado por um presidente, e não respeita aquilo que deveria ser preconizado, as leis constitucionais que estão acima de tudo”, disse.
Alexandre de Moraes foi convidado, mas não compareceu.
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