Uber: o racismo por trás do sistema de avaliação
Pesquisadora colhe relatos de notas abaixo da média, sem nenhuma explicação, a motoristas negros. Também crescem discriminação e assédios. Muitos são bloqueados e ficam sem fonte de renda. Plataforma mal reage às denúncias
Por Naiara Evangelo, no Intercept Brasil
A sua tatuagem foi feita na cadeia?”. Essa foi a pergunta ouvida por Jorge Cardoso, motorista da Uber, após aceitar uma corrida de quatro turistas brancas em Salvador, Bahia. Cardoso, que tem uma tatuagem com a palavra “fé” nas costas, conta que parou por alguns segundos para entender aquele questionamento e, em seguida, respondeu: “Não, por quê?”.
A passageira seguiu rindo da situação, mesmo sendo alertada pela amiga sobre o comportamento. “Eu fiquei bastante constrangido. Não consegui dar nenhum tipo de resposta e finalizei a viagem normalmente. Eu fiquei me perguntando: ‘Será que eu tenho cara de criminoso? Por que ela acha que fiz a minha tatuagem na cadeia? Porque eu sou negro?’”, me disse o motorista.
Ele narra que a atitude seguinte foi reportar o que havia acontecido no aplicativo da Uber, relatando o comportamento racista. A solução da empresa: enviar uma mensagem dizendo que faria com que ele não se encontrasse mais com a passageira. “Eu acredito que isso não é suficiente para um caso de violência racial”, opinou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário