terça-feira, 6 de setembro de 2022

RURALISTAS MOBILIZAM ÔNIBUS, TRATORES E REDES PARA ATOS BOLSONARISTAS

 Ruralistas mobilizam ônibus, tratores e redes para atos bolsonaristas

Representando lideranças do agronegócio que apoiam Bolsonaro, o líder do Movimento Brasil Verde e Amarelo, o produtor rural Antonio Galvan e sua esposa, Paula Boaventura, se reuniram em agosto de 2021 com a então Secretária de Articulação Social, Gabriele Araújo, no Palácio do Planalto. A reunião foi revelada pelo portal Uol. De acordo com o registro, Galvan pediu que o ofício do Foro Conservador fosse entregue ao presidente, “para que possam ser recebidos e formalizem seu apoio, inclusive em relação ao voto impresso e auditável”.


À época, Galvan era presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja). Ele foi alvo de busca e apreensão pela PF pela participação nos atos, que pregaram invadir o Congresso e depor os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As contas da Aprosoja chegaram a ser bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Galvan se licenciou este ano da entidade para disputar as eleições. Ele é candidato ao Senado pelo PTB, no Mato Grosso.


Neste ano, o Movimento Brasil Verde e Amarelo afirmou que irá enviar 28 tratores para desfilar na Esplanada dos Ministérios, junto aos tanques militares. O movimento foi responsável por financiar outdoors espalhados na capital federal convocando a população para as ruas amanhã com dizeres: “É agora ou nunca” e “Brasileiros pelo país”.


Principal líder do movimento, Antonio Galvan informou à Pública, por meio de nota, que não está participando da organização dos atos deste ano, e que irá ao evento a convite de Jair Bolsonaro. Ele publicou na última sexta-feira, no entanto, uma postagem em suas redes sociais convocando as pessoas para o ato: “Ouvimos o chamamento do presidente @jairmessiasbolsonaro para irmos às ruas comemorar os 200 anos de independência do #Brasil e garantir a nossa #Liberdade”, escreveu.


Apoiador de Galvan, um dos líderes regionais do Movimento Verde Amarelo no Mato Grosso, Alfredo Acácio Nuernberg, disse à reportagem que cinco ônibus partiram ontem de Tangará da Serra (MT) rumo à capital federal, totalizando 250 pessoas. Elas deverão ficar hospedadas em uma casa de retiro na Asa Sul. O número de manifestantes é mais que o dobro do ano passado, quando eles disseram ter mobilizado 85 pessoas para os protestos de 7 de setembro.


No Instagram do Movimento há um post de um dos fundadores, Jeferson Rocha, do dia 24 de julho, convocando as pessoas a irem a Brasília: “Organizem-se em suas cidades, em seus estados, vamos a Brasília. Essa data é uma data nossa, do povo brasileiro. Vamos buscar unidade nacional em torno de uma mobilização ordeira, uma mobilização que vai mostrar valores e princípios que formam a família e a sociedade brasileira. Candidato à Câmara dos Deputados pelo PROS de Santa Catarina, ele disse à reportagem, assim como Galvan, não estar este ano à frente da mobilização.


Grupo de empresários faz chamado tímido para participação em atos

“Eu dizia que os empresários tinham que sair da moita. Hoje eu já digo o contrário, para ficar na moita mesmo”, disse em entrevista neste mês o dono da Riachuelo, Flávio Rocha, um dos fundadores do grupo Brasil 200 e entusiasta da campanha de Bolsonaro em 2018. Apesar de ter saído do grupo em 2020, a fala de Rocha pode estar surtindo algum efeito: o perfil oficial do Brasil 200 — cujo próprio nome é uma referência ao bicentenário da independência —, se manifestou apenas na véspera da data sobre a participação nos atos deste ano.


Reprodução

Publicação do Brasil 200 em rede social convocando para o 7 de setembro

Nas redes sociais do grupo, uma publicação nesta terça-feira diz “O Brasil 200 convida você brasileiro para comemorar o 7 de setembro onde quer que você esteja. Viva os 200 anos de independência”. Antes disso, apenas uma postagem de 25 de agosto sobre a convocação feita por Bolsonaro para o 7 de setembro durante um comício no dia anterior em Belo Horizonte. O presidente do Brasil 200 e sobrinho de Flávio Rocha, Gabriel Kanner, também não chamou seus 55 mil seguidores do Instagram para os atos.


Já o outro integrante do grupo, o dono da Havan, Luciano Hang, confirmou ao Valor que aceitou o convite de Bolsonaro e participará dos atos no Rio de Janeiro e em Brasília. Apoiador de primeira hora do presidente, ele era membro do grupo de WhatsApp onde empresários disseram preferir um golpe militar à vitória de Lula e exaltaram as manifestações de 7 de setembro, segundo revelou o site Metrópoles.


Reprodução YouTube

Instituto de empresários bolsonaristas fez convocações para os atos. Luciano Hang, da Havan, já fez parte do grupo

De acordo com o STF, nos autos da investigação foram juntadas provas e indícios de possível participação de empresários, anteriormente do grupo “Brasil 200 Empresarial” e que atualmente participam do grupo “Empresários & Política” na divulgação de notícias falsas e na organização de atos antidemocráticos. Alguns empresários foram alvo de operação de busca e apreensão, sofreram quebra de sigilos bancários e tiveram suas redes sociais bloqueadas. Essa última medida foi chamada de “censura” por Hang, que teve sua mensagem reproduzida no Instagram do Brasil 200. Hang está com as contas nas redes sociais suspensas desde o final de agosto.


Mesmo sem Bolsonaro, grupos de direita organizam manifestações na Paulista

Apesar do presidente Bolsonaro ter confirmado que irá participar apenas dos eventos em Brasília e no Rio de Janeiro, é para a avenida Paulista que o movimento Movimento Avança Brasil — outro integrante do Foro Conservador — tem convocado sua militância. As páginas do grupo têm chamado ativamente para os atos de 7 de setembro ao menos desde julho.


Já o “Reaja Brasil” tem feito poucas publicações nos últimos meses sobre os atos em seus canais oficiais. Contudo, a organizadora do movimento, Anete Pizzimenti, tem convidado seus apoiadores para irem às ruas. Em uma das postagens, ela usa a hashtag #Avenidapaulista e #AvPaulista.


Pizzimenti, que é candidata a deputada federal pelo PRTB em São Paulo, se descreve como ativista, conservadora e “100% anti-esquerdista”. Ela concorreu como vereadora em 2020, quando convocou um ato na Avenida Paulista pós eleições alegando fraude nas urnas e dizendo que “todos os conservadores foram aniquilados”.


Em 2020, Anete estava entre os organizadores de carreatas contra o isolamento social em São Paulo. Na época, em entrevista para a Pública, ela afirmou ver uma espécie de teatro na quarentena e que os hospitais de campanha estavam vazios.  Nossa cobertura eleitoral é financiada por leitores como você. Ajude doando mensalmente ou faça um pix para contato@apublica.org. 


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