terça-feira, 20 de setembro de 2022

BANIDOS NA EUROPA, MADE IN CHINA E USADOS NA SOJA: OS AGROTÓXICOS APROVADOS POR BOLSONARO

 
REPORTAGEM
Banidos na Europa, made in China e usados na soja: os agrotóxicos aprovados por Bolsonaro
Pixabay
Levantamento de pesquisadora mostra que quase metade dos agrotóxicos aprovados no governo são banidos na Europa

19 de setembro de 2022
10:00
Júlia Rohden
 ESPECIAL: POR TRÁS DO ALIMENTO
“Estamos trazendo para o nosso país o que os outros consideram lixo”, diz
Aprovações beneficiam empresas com sede na China
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PL do Veneno
A maior parte dos agrotóxicos liberados na gestão de Jair Bolsonaro são produzidos na China, quase metade tem ingredientes ativos proibidos na União Europeia e a maioria dos produtos são usados em plantações de soja, milho, cana-de-açúcar e algodão.

São essas as conclusões de dados sistematizados pela pesquisadora Sônia Hess e divulgados pela Agência Pública e Repórter Brasil. O levantamento traça o perfil dos 1801 produtos registrados entre janeiro de 2019 e junho de 2022, reunidos a partir de publicações do Diário Oficial.

“Estamos trazendo para o nosso país o que os outros países consideram lixo”, critica Hess que possui três pós-doutorados em Química (pela Universidade Estadual de Campinas, pela Universitá Cattolica del Sacro Cuore de Roma e pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde foi professora até se aposentar recentemente). O levantamento realizado pela pesquisadora está sendo compilado para publicação em revistas acadêmicas e também irá compor um capítulo de livro.

Bruno Fonseca/Agência Pública
Considerada uma das prioridades do Governo de Jair Bolsonaro, o Projeto de Lei 1459/2022, apelidado de PL do Veneno, está tramitando na Comissão de Agricultura do Senado e facilita ainda mais o registro de agrotóxicos no país. Uma das defesas de deputados governistas para aprovar o projeto na Câmara foi que a mudança na lei de agrotóxicos iria modernizar a agricultura.

Para Hess, a agilidade em novos registros não levaria à modernização dos produtos usados por agricultores, já que as recentes aprovações não são de ingredientes efetivamente novos. “Estão aprovando produtos velhos, banidos há muitos anos em outros países”, resume.

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