domingo, 31 de julho de 2022

 

RN é uma das áreas com mais atividade sísmica do mundo dentro de uma placa tectônica, atesta geofísica

É ensinado nas escolas que o Brasil está no centro de uma placa tectônica e, por isso, não sofre abalos sísmicos mais intensos. Mas o Rio Grande do Norte é uma área estudada como exceção. Os tremores de terra que acontecem no estado não são novidade, atingindo grandes magnitudes na década de 1980.

A principal causa é a Falha de Samambaia, entre as cidades de João Câmara e Poço Branco, de acordo com a geofísica Victória Cedraz, doutoranda em Geodinâmica e Geofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A pesquisadora foi a entrevistada do Programa Balbúrdia nesta terça-feira (19), para falar sobre tremores no território potiguar. O assunto está em debate no 1º Geopotiguar, realizado de 18 a 22 de outubro pela Associação dos Geólogos do Rio Grande do Norte (Agern) e a Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo).

“A maior parte dos terremotos são gerados em bordas de placas. Só que 5% da energia de terremotos do mundo que acontece no interior de placas tectônicas e a gente faz parte desses 5%. O rio Grande do Norte é uma das áreas mais ativas que a gente tem no Brasil e no mundo dentro da placa tectônica”, detalha a especialista.

Victória Cedraz explicou também que os terremotos não são comuns, previsíveis e destrutivos como em outros lugares do mundo, a exemplo do Japão.

“A gente não deve se preocupar com terremotos tão grandes. Talvez nem aconteçam. Mas isso não quer dizer que a sismicidade não existe e a que destruição não possa vir”, disse a geofísica.

Cedraz tranquiliza ao dizer que o registro numeroso de pequenos abalos recentes pode estar relacionado à maior precisão dos novos equipamentos instalados para aferição. Apesar disso, alerta que a tecnologia usada pode ser perdida por falta de renovação dos projetos, já que o Brasil passa por constante desinvestimento na Ciência.

“O Laboratório de Sismologia atua hoje, junto com a Defesa Civil, com os órgãos de governo, pra assessorar a comunidade; quando acontece um evento desses, a gente se encaminha pra lá, faz a leitura, conversa com a população. É um preocupação muito grande. A população depende muito do Laboratório quando esses eventos acontecem”, lamenta.

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