sábado, 30 de julho de 2022

CHOQUE LIBERAL NA ECONOMIA

 Seis anos depois

Passados seis anos da adoção do novo modelo de crescimento para a economia brasileira (2016-2021), os resultados foram decepcionantes, para dizer o mínimo.

Enquanto a média de crescimento do PIB brasileiro foi de 2,64% a.a, entre 1980 e 2014, o crescimento médio no período 2017-2019 (período no qual a política econômica do Brasil foi conduzida totalmente pelos economistas liberais) foi de apenas 1,44% a.a, valor que corresponde a apenas 54,6% do crescimento do período 1980-2014.

Os dados não permitem chegar a outra conclusão que não seja dizer em alto e bom som: o experimento liberal no Brasil foi um fracasso retumbante.

Quando confrontados com a realidade inescapável do seu fracasso, os economistas liberais reagem afirmando que o Brasil ainda não adotou todas as reformas necessárias para a retomada do crescimento econômico ou foram insuficientes aquelas levadas a cabo.

Choque de privatização

Além das reformas já mencionadas, voltaram a afirmar que ainda é necessário um choque de privatizações, com a venda do que resta das empresas estatais brasileiras, especialmente da Petrobras e do Sistema Eletrobras, os bancos do Brasil e Caixa Econômica, além da adoção de uma reforma administrativa que modernize o setor público brasileiro.

A onda de privatizações nos países desenvolvidos foi largamente revertida no período 2000-2017, ou seja, verificou-se um intenso movimento de reestatização devido as ineficiências manifestas das empresas privatizadas, as quais aumentaram os preços dos seus produtos ao mesmo tempo em que reduziram a qualidade dos respectivos serviços prestados.

Reforma administrativa

Na análise dos economistas, a reforma administrativa prevista pela PEC 32 (Proposta de Emenda Constitucional) não tem por objetivo modernizar o serviço público no Brasil, mas tornar os servidores públicos em serviçais dos políticos de plantão; uma vez que a reforma cria novos meios de acesso ao serviço público e tende a reduzir, fortemente, os cargos em que deve haver estabilidade.

Segundo eles, a reforma propõe, também, a criação dos cargos de liderança e assessoramento, algo na linha contrária a tudo o que foi feito no Brasil desde 1930, quando se passou a priorizar a estabilidade dos servidores públicos como forma de incrementar a profissionalização das atividades de Estado.

Por fim, ela abre possibilidade para acumulação de cargos em carreiras menos prestigiadas, o que aumenta a possibilidade de interferências privadas e conflitos de interesses para esses cargos.

"Portanto, se a reforma administrativa for aprovada, o Estado brasileiro irá retornar aos padrões prevalecentes na "República Velha", um retrocesso de quase um século, uma reinserção ao Estado pré-moderno", diz o manifesto dos economistas.

Pouco a comemorar no bicentenário

Nesse contexto, os acadêmicos afirmam que, no aniversário de 200 anos da independência do Brasil, temos pouco a comemorar. Isto porque o modelo econômico, adotado nas últimas três décadas, abandonou o projeto "Varguista" de desenvolvimento econômico como instrumento para garantir a soberania e a independência de fato do Brasil.

Na visão dos pesquisadores, os conselhos dados pelos economistas liberais não têm por objetivo tornar o Brasil uma nação rica e soberana; mas apenas reforçar os laços coloniais que o país voltou a ter a partir dos anos 1990 com as "reformas liberais" implementadas pelos governos Collor e FHC.

Desde 2016, as rédeas da política econômica no Brasil têm estado com os economistas liberais, os quais depois de um período de serviços prestados ao colonialismo, exercendo altos cargos na administração pública, são regiamente recompensados com postos de trabalho altamente remunerados no setor financeiro privado.

"Infelizmente, muito pouco teremos a comemorar no dia 07 de setembro de 2022. Contudo, mantido o processo democrático, o Brasil continuará sendo o país do futuro", dizem os oito economistas.

O artigo-manifesto é assinado pelos professores José Luís Oreiro (UnB/UPV/CNPq), Luiz Fernando Rodrigues de Paula (IE-UFRJ, CNPq), Lauro Mattei (UFSC/NECAT), Fábio Guedes Gomes (UFAL), Maurício Weiss (UFRGS), Kalinka Martins da Silva (IFG/Campus Luziânia), Adalmir Marquetti (PUCRS) e Daniel Moura da Costa Teixeira (PPGECO/UnB).

Fonte: + Brasil News

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