terça-feira, 11 de outubro de 2022

 

II. Coronelismo digital, enxada virtual e o curral dos devotos eletrônicos: a engenharia reversa do bolsonarismo

por: Luiz E. Soares

Os resultados do primeiro turno das eleições de 2022 mostram que Bolsonaro se ajustou à política brasileira, enraizou-se nas lógicas tradicionais e integrou-se, organicamente, à dinâmica do conservadorismo nacional. Quem prefere ler essa constatação com indulgente otimismo, vê nesse fenômeno o sinal positivo da domesticação de um populista autoritário, fadado a “normalizar-se”, isto é, forçado pelos imperativos da realidade a respeitar as quatro linhas do jogo constitucional. Nessa perspectiva benfazeja, a despeito de “bravatas” e grosserias, Bolsonaro seria apenas mais um ator da democracia, cuja legitimidade mereceria ser reconhecida. Esta conclusão me parece tão absurda, intelectualmente, quanto abjeta, moral e politicamente. De meu ponto de vista, quando um líder fascista acopla sua máquina de guerra às estruturas orgânicas tradicionais do conservadorismo político brasileiro, o que se prenuncia é o ocaso de nossa frágil, precária, contraditória e limitada experiência democrática. Para explicar minha tese, preciso expor meus argumentos sobre o funcionamento de ambas, a máquina de guerra fascista e a lógica convencional da política conservadora brasileira. Começo pelo segundo tópico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário