terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

A economia sob Bolsonaro: radiografia do desastre

Análise de quatro anos de retrocesso a partir de sete indicadores. Postos precários e péssimos salários marcam a “retomada do emprego”. O custo de vida disparou e, apesar do auxílio emergencial, a renda média da população foi carcomida

Por Bruno Lupion, na DW Brasil

Os brasileiros foram às urnas em primeiro turno neste domingo (02/10) responder se Jair Bolsonaro merece ou não ficar mais quatro anos no comando do país. Além de temas relacionados às instituições democráticas, sob seguidos ataques do presidente de extrema direita, estará em jogo a avaliação da condição de vida dos eleitores, como trabalho, renda e preço dos alimentos.

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A evolução de indicadores econômicos e sociais do Brasil no governo Bolsonaro mostra três fases distintas. O ano de 2019, o primeiro de sua gestão, marcado por fraco crescimento econômico, inflação sob controle e desemprego relativamente estável. Os dois anos seguintes, sob o impacto da pandemia de covid-19, com recessão e desemprego em alta. E o ano atual, influenciado também pela guerra na Ucrânia, com alta inflação e desemprego no primeiro semestre, mas melhora dos indicadores no segundo.

O quadro socieconômico de 2019 a 2021, até quando existem dados anuais consolidados, também mostra piora sensível da renda média da população, da desigualdade de renda e da pobreza, que atingiram seus piores valores desde o início da série histórica, em 2012. Dados mais recentes, sobre o ano atual, indicam leve reversão dessa tendência.

Crescimento econômico

O Produto Interno Bruto (PIB), medida das riquezas produzidas por um país, teve um desempenho fraco no primeiro ano do governo Bolsonaro, e já estava em tendência de queda antes do início da pandemia de covid-19.

O economista Claudio Considera, pesquisador associado do FGV-IBRE e ex-secretário de acompanhamento econômico do Ministério da Fazenda (1999-2002), afirma que o baixo crescimento em 2019 pode ser em parte atribuído ao clima de caos institucional promovido pelo presidente.

“Teve a ver com aquela bagunça que o Bolsonaro fazia. Todo dia tinha confusão, isso espanta consumidores e empresários. A taxa de investimento foi muito baixa, o governo estava saindo e o setor privado não estava entrando, por conta da incerteza daquele momento”, diz.

Em 2020, com a pandemia, o PIB entra em retração profunda, e termina o ano com queda de 3,9%. No ano seguinte, a tendência começa a se reverter e há uma recuperação da economia.

Essa retomada, diz Considera, deveu-se principalmente ao setor de serviços, beneficiado pela ampliação da taxa de vacinação e a retomada das atividades.

Contudo, o PIB já está desacelerando novamente. Se no segundo trimestre deste ano ele cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior, no terceiro trimestre a variação deve ser de 0,4%. As perspectivas para o próximo ano tampouco são boas. Ele estima que o crescimento será de 0,5%, como reflexo da atual política monetária restritiva para conter a inflação.

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