terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

Desigualdade de renda

por: outrasmídias

A maior queda relativa do rendimento de todas as fontes de 2020 para 2021 ocorreu no estrato do 5% da população que ganha menos: variação negativa de 33,9%, em termos reais. No comparativo com o início da série histórica, em 2012, essa parcela dos brasileiros também foi a que perdeu mais: 48% a menos de rendimento.

A segunda faixa que mais perdeu foi a dos brasileiros no 5% a 10% que menos ganha: queda de 31,8% de 2020 para 2021, e de 25,3% desde o início da série.

Na outra ponta, a dos brasileiros mais ricos, a perda de rendimentos foi muito mais suave. Na faixa do que ficam entre o 95% e 99% da distribuição, a queda de rendimento real de 2020 para 2021 foi de apenas 3,4%, e de 4,3% desde o início da série.

No topo da pirâmide, o 1% com melhores rendimentos, que no ano passado equivaleu uma renda mensal per capita superior a R$ 15.940, a queda foi de 6,4% de 2020 para 2021 e de 6,9% desde o início da série.

Como resultado desse impacto mal distribuído, houve aumento da desigualdade, que pode ser medida pelo coeficiente de Gini, sendo 0 a igualdade absoluta e 1 a desigualdade absoluta.

Um cálculo do Gini feito pelo Observatório das Metrópoles para os moradores de vinte regiões metropolitanas do Brasil identificou ligeira queda da desigualdade de 2018 para 2019, no primeiro ano do governo – de 0,563 para 0,562 – e no segundo ano, para 0,555, devido ao pagamento do auxílio emergencial de R$ 600. Mas, no ano seguinte, houve alta da desigualdade, para 0,565, o maior nível da série histórica iniciada em 2012.

Ribeiro atribui a piora sensível da desigualdade em 2021 ao não pagamento do auxílio emergencial nos primeiros quatro meses do ano e à inflação. “Quando ele passou a ser pago, sob esse valor [de R$ 400], já estava em um contexto de aumento do processo inflacionário. Houve perda do nível de renda, o que fez com que aumentasse o nível de pobreza e a desigualdade”, diz.

Também não ajudou a combater a pobreza e a desigualdade o fato de que, no governo Bolsonaro, os reajustes anuais do salário mínimo foram suficientes apenas para cobrir a inflação do período. O valor em vigor atualmente, de R$ 1.212, é ligeiramente menor do que o que em outubro de 2017, que corrigido pelo IPCA seria hoje equivalente a R$ 1.226.

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