quinta-feira, 4 de abril de 2013

ABSOLVIÇÃO DE ACUSADO DE MATAR CASAL DE ATIVISTAS GERA REVOLTA NO PARÁ

Absolvição de acusado de matar casal de ativistas gera revolta no Pará
KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
Militantes provocaram um princípio de tumulto e apedrejaram o fórum de Marabá (PA) na noite desta quinta-feira (4) após a divulgação da absolvição do acusado de matar os extrativistas e ativistas ambientais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.
O agricultor José Rodrigues Moreira era apontado como mandante do crime --teria uma disputa de terra com o casal. O crime, em maio de 2011, teve repercussão internacional e expôs o agravamento da violência agrária na Amazônia.
France Presse
José Cláudio e sua mulher, mortos em maio de 2011
José Cláudio e sua mulher, mortos em maio de 2011

Preso desde setembro de 2011, Moreira foi solto logo após o julgamento, que durou cerca de 30 horas. Familiares das vítimas e militantes sociais presentes ao fórum de Marabá se revoltaram com o resultado, recebido a gritos por "justiça".
Alguns manifestantes jogaram pedras e tinta na fachada do fórum. A Polícia Militar reforçou a segurança --não houve feridos nem presos.
Os dois acusados de efetuar o crime foram condenados. Irmão de Moreira, Lindonjonson Rocha recebeu pena de 42 anos e oito meses de prisão, e Alberto Lopes do Nascimento, de 45 anos.
O Ministério Público do Pará recorreu da absolvição de Moreira. "Ele tem que ser submetido novamente ao Tribunal do Júri. A decisão foi de forma contrária as provas do processo", afirmou o promotor Danyllo Pompeu.
Pompeu disse que a decisão dos sete jurados, que são todos da região sudeste do Pará, transpareceu receio de condenar mandantes, a exemplo do assassinato da missionária americana Dorothy Stang, em 2005.
No primeiro julgamento do caso, apenas pistoleiros foram condenados --o acusado de ser o mandante foi condenado posteriormente.
"A sociedade em si tem um pouco de receio de condenar mandantes. Se criou um mito de que todos têm poder econômico e influência política", disse o promotor.
Os dois condenados foram levados ao Centro de Recuperação Agrícola de Marabá, onde já cumpriam prisão preventiva desde 2011.

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