TALITA BEDINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
Para promotor e defesa, júri mostrará perfil de PM que a sociedade quer
Julgamento do Massacre do Carandiru foi dividido em quatro partes
Tese de que 'bandido bom é bandido morto' pode afetar júri, diz promotor
"TV Folha" mostra início do julgamento sobre Carandiru
Os dados são de uma pesquisa Datafolha inédita realizada entre 4 e 5 de abril, com 1.072 entrevistados com mais de 16 anos. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Parte dos 84 PMs acusados pelo Ministério Público de cometer os homicídios no Pavilhão 9 do Carandiru, em 2 de outubro de 1992, começa a ser julgada amanhã, no Fórum da Barra Funda (zona oeste).
O processo foi desmembrado em quatro partes --dividido por andares do prédio.
Amanhã, sentam no banco dos réus 26 policiais, responsabilizados pela morte de 15 detentos no primeiro andar (também chamado de segundo pavimento).
Para a maioria dos entrevistados pela pesquisa (51%), eles sairão de lá condenados pelo júri. Mas apenas 10% acham que, além de condenados, eles serão presos.
"Isso reflete uma sensação na sociedade de impunidade, de que as leis são muito brandas", afirma o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
Os dados também apontaram que a maioria (65%) dos entrevistados considera que os acusados deveriam ser condenados, mas só 41% acham que eles deveriam ser presos.
Para 36%, os PMs agiram certo na forma de reprimir a rebelião. A porcentagem dos que concordam com a ação da PM aumentou em relação a outra pesquisa Datafolha, feita quatro dias após o episódio, em 1992. Na época, 29% disseram que os policiais agiram corretamente.
Já a porcentagem dos que acreditam que os policiais foram os principais responsáveis pelas mortes no Carandiru diminuiu: de 38% para 30%.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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MEMÓRIA
Os dados também mostram que, apesar de distante no tempo, o massacre não foi esquecido pela população: 91% dos entrevistados pela pesquisa disseram lembrar do fato.
O número é alto, inclusive, entre os que ainda não eram nascidos ou eram muito crianças na época --oito em cada dez jovens entre 16 e 24 anos dizem conhecer o episódio.
O massacre foi tema de músicas, do livro "Estação Carandiru", de Drauzio Varella, que vendeu mais de 500 mil exemplares, e do filme "Carandiru" (2003), de Hector Babenco, que com 4,7 milhões de espectadores teve o quarto maior público da "retomada" do cinema brasileiro.
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