segunda-feira, 8 de abril de 2013

VAR-Palmares roubou cofre de governador de São Paulo; conheça a história

VAR-Palmares roubou cofre de governador de São Paulo; conheça a história
da Livraria da Folha

Em 18 de julho de 1969, integrantes da VAR-Palmares, executaram um dos crimes mais audaciosos da história do Brasil. Os revolucionários roubaram US$ 2,5 milhões da casa da amante de Adhemar de Barros (1901-1969).
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Vanguarda Armada Revolucionária Palmares era uma organização clandestina lutava contra a ditadura militar, grupo que a atual presidente, Dilma Rousseff, fazia parte.
Dois livros relatam a ação, ao mesmo tempo ousada e atrapalhada, de jovens idealistas que roubaram o governador de São Paulo durante a ditadura militar.
O jornalista Tom Cardoso, o autor de "O Cofre do Dr. Rui" --Rui era o apelido que Adhemar de Barros usava para não despertar suspeitas sobre seu caso extraconjugal--, apresenta os desencontros políticos no combate à ditadura militar quando milhões de dólares estão em jogo.
Com depoimentos de Roberto Espinosa, uma das lideranças da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) e da VAR-Palmares, "O Cofre do Adhemar" foi escrito por Alex Solnik, jornalista que ficou preso no DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operação de Defesa Interna) de São Paulo.
Leia um trecho de "O Cofre do Adhemar".
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Introdução
No auge da Guerra Fria, o mundo se dividia em dois: os capitalistas - cuja bandeira era carregada com alarde pelos Estados Unidos -, e os comunistas, liderados por russos, chineses e, na América Latina, pelos cubanos.
Reprodução
Livro conta a vida atrapalhada de jovens idealistas e determinados
Livro conta a vida atrapalhada de jovens idealistas e determinados

Na década de 1960, o Brasil também "estava irremediavelmente dividido" entre essas duas correntes ideológicas: por um lado, os Estados Unidos ajudavam a criar em nosso país instituições como a Escola Superior de Guerra (ESG), que tinha por objetivo "preparar civis e militares para desempenhar funções executivas nos órgãos de política de Segurança Nacional. Entre 1948 e 1960, uma equipe de militares norte-americanos esteve no Brasil para ajudar na formação da ESG a pedido da Força Expedicionária Brasileira", bem como do Ipes (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), coordenado pelo então coronel Golbery do Couto e Silva.
Por outro: "Em 1961, manobrando pelo flanco esquerdo do PCB, Fidel hospedara em Havana o deputado Francisco Julião. Antes desse encontro, com olhar e cabeleira de profeta desarmado, Julião propunha uma reforma agrária convencional. Na volta de Cuba, defendia uma alternativa socialista, carregava o slogan "Reforma agrária na lei ou na marra" e acreditava na guerrilha como caminho para se chegar a ela. Julião e Prestes estiveram simultaneamente em Havana, no ano de 1963. Foram recebidos em separado por Castro. Um já enviara 12 militantes para um breve curso de capacitação militar e estava pronto para fazer a revolução. Durante uma viagem a Moscou, teria pedido mil submetralhadoras aos russos. O outro acabara de voltar da União Soviética".
Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou à presidência. Embora a constituição fosse clara - assumiria o vice em caso de renúncia do presidente -, os ministros militares se opuseram à posse de João Goulart, o Jango - que se encontrava em viagem diplomática na China -, pois viam nele uma ameaça ao país por seus vínculos com políticos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
O cunhado de Jango e governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, correu em sua defesa e começou, então, a Campanha da Legalidade. Depois de extensa campanha, e sem sinal de retrocesso por parte dos militares, o Congresso propôs uma conciliação. Jango, que aguardava o desenrolar da crise em Montevidéu, no Uruguai, voltaria ao Brasil como presidente, porém o governo adotaria um modelo parlamentarista, no qual parte do Poder Executivo se deslocaria para um primeiro-ministro. Esse modelo de governo durou até janeiro de 1963, quando, em plebiscito, o povo votou pela volta do presidencialismo, com quase dez milhões de votos.
O Brasil da época era um país de sérios contrastes. Enquanto seu Produto Interno Bruto (PIB) crescia a impressionantes 6% ao ano, sua infraestrutura era precária. As medidas propostas pelo presidente João Goulart eram, entre outras, as reformas agrária, da educação, tributária e do sistema de habitação.
Além disso, Jango propunha que, em nome da independência econômica brasileira, se atacasse o FMI e o Banco Mundial. À época, essas medidas eram vistas como comunistas.
Não era de espantar, portanto, o descontentamento dos setores conservadores da sociedade - notadamente o alto escalão das Forças Armadas, o alto clero da Igreja Católica e algumas organizações da sociedade civil, apoiados fortemente pelos Estados Unidos -, que temiam a transformação do Brasil em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba.

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