Tárzia Medeiros - comunicadora popular
Cooperativa TECHNE: 15 anos de caminhada contribuindo para a convivência sustentável com o semiárido
Em 19 de abril de 1998, um grupo de idealistas, que acreditavam na reforma agrária como instrumento de transformação política, econômica e social, criavam a TECHNE- Cooperativa de Trabalho Multidisciplinar Potiguar.
Decidimos que o nosso público alvo seria os excluídos, que o nosso território de atuação deveria ser nas áreas de assentamentos rurais e comunidades tradicionais. Decidimos também que a instituição que estávamos criando deveria ser composta de profissionais multidisciplinares (Agrônomos, Técnicos em agropecuária e pedagogia, assistentes sociais, sociólogas, psicólogas, comunicadora social, nutricionistas e estudantes). A maioria da turma vinha ou ainda atuava no Movimento Estudantil ou militavam em algumas organizações políticas e/ou sociais.
Nascíamos numa conjuntura adversa, onde o governo FHC perseguia os movimentos sociais e, a reforma agrária, uma das nossas bandeiras, não era prioridade daquele governo. O agronegócio tinha avanços significativos em detrimento dos recursos naturais e das políticas governamentais. As privatizações avançavam e as perspectiva no campo e na cidade caminhavam para a escuridão. Os sonhos de toda uma geração estavam comprometidos.
Nascíamos numa conjuntura adversa, onde o governo FHC perseguia os movimentos sociais e, a reforma agrária, uma das nossas bandeiras, não era prioridade daquele governo. O agronegócio tinha avanços significativos em detrimento dos recursos naturais e das políticas governamentais. As privatizações avançavam e as perspectiva no campo e na cidade caminhavam para a escuridão. Os sonhos de toda uma geração estavam comprometidos.
Nesse cenário, criávamos a TECHNE. As adversidades tornaram-se a mola propulsora na nossa caminhada. Era chegada a hora de colocar em prática a agricultura alternativa, que idealizávamos nos bancos da universidade. Muitas lideranças de comunidades rurais, sindicatos, organizações sociais, ex-militantes do movimento estudantil e gestores sociais, abraçaram a nossa idéia e contribuíram para o surgimento e funcionamento da TECHNE. E assim começávamos a caminhar.
Na nossa caminhada, tivemos como principais protagonistas as camponesas e os camponeses, que desenvolvem as experiências mais exitosas que assessoramos. Experiências de soberania alimentar, de economia solidária, de transição agroecológica e de convivência com o semiárido, que foram despertadas através das nossas ações. Aprendemos muito nesta caminhada com os erros e acertos, mas sempre respeitando o conhecimento empírico e secular dos homens e mulheres do campo, os saberes tradicionais e ancestrais.
Quinze anos depois, estamos aqui, resgatando um pouco dessa nossa história. Boa parte das adversidades ainda existe, principalmente a concentração fundiária, a pouca prioridade dos governos (municipais, estadual e federal) para com a agricultura camponesa e a privatização dos bens comuns (água, terra, minérios) a serviço do agronegócio e patrocinado pelo Estado Brasileiro. Continuamos acreditando que só com a democratização e o acesso a terra e a água haveremos de construir uma sociedade sem opressores e sem oprimidos. Depois de 15 anos, vemos que a nossa missão institucional e nosso compromisso político com o projeto de convivência sustentável com o semiárido permanecem mais atuais do que nunca. E seguimos em frente!
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