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ITALO NOGUEIRA
DO RIO
DO RIO
Os protestos fazem parte da Jornada Nacional de Lutas, promovida pelo MST todo abril, a fim de pressionar o governo federal a acelerar o processo da reforma agrária. Haverá também marchas em cada um dos Estados, de acordo com o líder sem-terra.
Ueslei Marcelino - 17.abr.2012/Reuters |
Sem terra durante protesto no ano passado pela morte de 19 pessoas durante o massacre de Eldorado dos Carajás (PA) |
Stedile criticou o governo federal pela lentidão na desapropriação de terras para a reforma agrária. Ele eximiu a presidente Dilma Rousseff de culpa e atribuiu a "puxa-sacos que a cerca" a redução no número de famílias assentadas.
"Provavelmente vamos dar a taça para a Dilma do pior governo desde a ditadura, que menos assentou gente. Acredito que ela está sendo enganada por um bando de puxa-sacos que a cerca, que ficam utilizando argumentos pró-agronegócio, dizendo que a reforma agrária é cara" disse o coordenador nacional do MST.
A Folha revelou em janeiro que o governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais para fazer reforma agrária nos últimos 20 anos. Na primeira metade do mandato, 86 unidades foram destinadas a assentamentos.
Comparado ao mesmo período das administrações anteriores desde o governo Sarney (1985-90), o número supera só o de Fernando Collor (1990-92), que desapropriou 28 imóveis em 30 meses. Dilma disse que vai acelerar a reforma agrária "com terra de qualidade".
Questionado sobre quem eram os "puxa-sacos", ele afirmou: "É o segundo escalão que está no Incra, na Casa Civil, no Ministério do Desenvolvimento Agrário que, imagino, informam a presidente com informações não adequadas com a realidade. Não permitem que cheguem críticas."
Stedile afirmou ainda que a composição da base governista dificulta a realização de mais assentamentos.
"É uma conjugação de fatores. Por isso não coloco a culpa pessoal dela. O governo Dilma é um governo de composição. Dentro dele tem a bancada ruralista, o agronegócio", disse ele em coletiva de imprensa na ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
O líder do MST disse que há ainda fatores econômicos que impedem a reforma agrária. O principal deles é a compra de terras por multinacionais, disse ele.
"Há também uma conjuntura nacional em que, na agricultura, em função da crise do capitalismo internacional, entrou muito dinheiro de capital estrangeiros. Vieram para o Brasil investir em terras, usinas, etanol. São eles os responsáveis pela especulação agrícola."
Ele atribuiu a essa entrada do capital estrangeiro a inflação nos produtos agrícolas registrado nas últimas semanas.
"A tal da inflação agrícola não tem nada a ver com custo de produção. A inflação agrícola que existe no Brasil é fruto da especulação que os grandes capitalistas estão fazendo com as commodities da agricultura."
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