PEDRO SOARES
DO RIO
DO RIO
Atualizado às 09h26.
Diante da saída de trabalhadores temporários do mercado de trabalho, a taxa de desemprego subiu para 5,4% em janeiro --havia sido de 4,6% em dezembro, a mais baixa da série história do IBGE, iniciada em março de 2002. Os dados são da Pesquisa Mensal de Emprego do instituto e foram divulgados nesta terça-feira. O desemprego cresce tradicionalmente em janeiro quando muitas pessoas voltam a procurar uma vaga após as festas de final de ano, quando a busca é reduzida. Além disso, empregados temporários são dispensados, principalmente no comércio.
A taxa de janeiro deste ano, porém, é a mais baixa para o mês em 11 anos. O primeiro resultado do IBGE para janeiro é de 2003, já que esta série foi iniciada em março de 2002. Em 2012, o percentual havia ficado em 5,5%.
Com esse cenário, o número de pessoas ocupadas cresceu 1,2% em janeiro na comparação com igual mês de 2012 e caiu 1,2% em relação a dezembro. De dezembro para janeiro, 293 mil pessoas perderam seus empregos.
Já o total de desocupados subiu 17,2% de dezembro para janeiro, o que corresponde a 195 mil pessoas à procura de trabalho. Na comparação com mesmo mês do ano passado, houve alta de 1,4% ou 18 mil pessoas a mais nas seis regiões metropolitanas onde a pesquisa é realizada.
Para Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, a taxa de desemprego em janeiro seguiu seu padrão sazonal e subiu em janeiro na esteira da retomada da busca por trabalho e da dispensa de trabalhadores temporários.
Segundo o técnico do IBGE, a taxa de desemprego subiu de dezembro para janeiro exatamente no mesmo ritmo registrado de dezembro de 2011 para janeiro de 2012 --de 0,8 ponto percentual. "É normal a taxa de desocupação aumentar em janeiro. Já era esperado e manteve o mesmo padrão do ano passado."
SETORES
Dentre os setores, os que mais fecharam vagas de dezembro para janeiro foram construção civil (-5,2%), comércio (2,1%), serviços domésticos (-5,9%) e o ramo de educação, saúde e administração pública (-2,1%).
Em números absolutos, ocorreram mais dispensas no comércio (96 mil vagas de um mês para o outro) e na construção (95 mil). Num primeiro sinal positivo após um ano de 2012 ruim para o emprego industrial, o número de ocupados no setor cresceu 1,5% --ou 55 mil postos de trabalho abertos nas seis regiões pesquisadas.
Considerando a forma de inserção da mão de obra no mercado de trabalho, o emprego com carteira ficou praticamente estável (alta de apenas 0,1%) de janeiro para fevereiro. A maior parte das vagas fechadas em janeiro foi de empregados sem carteira assinada, categoria que registrou queda de 5,4% na comparação com dezembro --ou 134 mil pessoas ocupadas a menos.
Em relação a janeiro de 2012, o emprego com carteira subiu 4,1% (459 mil pessoas a mais). Já as contratações sem contrato de trabalho recuaram 1,6% nessa base de comparação.
Segundo o IBGE, o rendimento teve variação de -0,1% de janeiro para dezembro e foi estimado em R$ 1.820. Em relação a janeiro de 2012, houve alta de 2,4%.
PANORAMA
O mercado de trabalho não refletiu em 2012 o fraco crescimento econômico: o desemprego foi o mais baixo desde 2003, início da atual série histórica, e a renda do trabalhador cresceu no maior ritmo desde 2004, segundo o IBGE.
O descompasso resultou do alto custo de demissões e da escassez de mão de obra em alguns setores, o que fez empresários segurarem trabalhadores e aceitarem pagar melhores salários.
Foi reflexo ainda do crescimento maior do PIB em atividades que ocupam mais pessoas, como comércio e serviços, dizem analistas. Os dados do PIB de 2012 serão divulgados na sexta-feira e analistas preveem alta de apenas 1%.
Nesse cenário, a taxa média de desemprego ficou em 5,5% em 2012, a menor desde 2003. Já o rendimento subiu 4,1%, o melhor desempenho da série história, graças também ao forte reajuste do salário mínimo, segundo especialistas.
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