YURI GONZAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A legislação eleitoral brasileira é atrasada por equivaler a internet à chamada mídia tradicional, como TV, rádio e jornal impresso, disseram durante debate nesta sexta (1º) Marcel Leonardi, advogado do Google, e coordenadores das campanhas virtuais de Gabriel Chalita e José Serra durante o pleito pela prefeitura de São Paulo, que aconteceu no ano passado.
A mesa aconteceu durante a Campus Party, encontro de tecnologia que ocorre até este domingo (3) em São Paulo.
Yuri Gonzaga/Folhapress | ||
Marcel Leonardi, advogado do Google, Caio Tulio Costa, coordenador da campanha digital de Marina Silva durante a corrida presidencial de 2010 e Jader Rossetto, diretor de criação da campanha de Fernando Haddad em 2012 |
Leonardi diz que o código eleitoral, datado de 1965, cria problemas de interpretação que comprometem a liberdade do discurso on-line. "A gente fica embasbacado com o quanto o Judiciário discute maneiras de como controlar a internet. Eles simplesmente não deveriam pensar em tentar."
"Devemos pensar maneiras de alinhar essa legislação ao Marco Civil [Projeto de Lei 2.126/2011, sobre os direitos do internauta], mas haverá setores reacionários que vão se opor."
Para Caio Túlio Costa, jornalista que foi um dos coordenadores da campanha de Gabriel Chalita (PMDB), o período durante o qual os candidatos podem arrecadar fundos deveria ser estendido.
"O momento de arrecadação é o mais importante da campanha na internet, e isso é muito curto atualmente", diz Túlio Costa, que diz que os brasileiros têm "um longo caminho" para adequar a legislação eleitoral à internet.
"A legislação está incorreta ao equiparar a internet à mídia tradicional. Ainda vamos levar três, quatro eleições para melhorar uns 40% dessas terríveis limitações."
MILITÂNCIA
Os debatentes enalteceram o papel da internet no período eleitoral.
"A internet trouxe esse aspecto importantíssimo que é a interação", diz Leonardi. "O que precisamos é usar ela própria, que é hoje o meio que dá a maior repercussão, para reivindicar o direito de usá-la para o debate político."
Já Eden Wiedemann, coordenador de mídias sociais durante a campanha de José Serra, disse concordar com o papel importante da "militância virtual", mas que "um internauta turrão pode mais atrapalhar do que ajudar."
"Ninguém vai mudar de voto porque um candidato é feio ou chato", disse, criticando o tom empregado por alguns usuários de redes sociais durante as eleições.
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