segunda-feira, 16 de abril de 2018

Sem-teto desocupam tríplex atribuído a Lula após chegada da polícia. “O recado ficou”, diz Boulos


Reprodução
Moradores do condomínio Solaris prometeram denunciar manifestantes

Um grupo de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo deixou há pouco o tríplex do Guarujá (SP) atribuído ao ex-presidente Lula, e que o levou à condenação e prisão na Operação Lava Jato. O imóvel do Edifício Solaris, em frente à praia de Asturias, foi ocupado por algumas horas na manhã desta segunda-feira (16) em reivindicação pela libertação do petista. Segundo o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, a Polícia Militar chegou ao local sem ordem judicial para desocupação.
“Em uma ação arbitrária, sem ordem judicial, a polícia deu prazo para saída do MTST do tríplex, sob pena de prisão de todos os ocupantes. O tríplex foi desocupado, mas o recado ficou. É evidente que não tinham ordem [judicial para desocupação]: quem pediria a reintegração de posse?”, questionou Boulos, pré-candidato do Psol à Presidência da República.
Nesse sentido, Boulos questionou a sentença do juiz federal Sérgio Moro, de nove anos e seis meses de prisão, aumentada para 12 anos e um mês no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, em 24 de janeiro. Para o dirigente, não há razão para a condenação de Lula com o argumento de que ele é dono do imóvel – Moro o condenou por lavagem de dinheiro e corrupção por ter dissimulado a posse do tríplex em relação criminosa com o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, supostamente beneficiado pela influência do petista.
“Bom, se é do Lula, o povo foi convidado e pode ficar lá. Se não é do Lula, o Judiciário vai ter que explicar porque prendeu o Lula por causa desse tríplex”, acrescentou Boulos.
Veja o que disse o coordenador do MTST:
Com bandeiras, palavras de ordem e faixas com dizeres como “Lula Livre”, a ocupação incomodou moradores do prédio, que fizeram registro fotográfico e prometem denunciar a ocupação à Justiça. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, uma moradora identificada como Renata Simões pediu a prisão dos manifestantes. “Tirei foto de todos eles e estou indo para a delegacia denunciar. Estou com medo dentro da minha própria casa. Eles não estão no apartamento do Lula. Eles invadiram um condomínio que é de várias pessoas. Têm que sair daqui algemados”, reclamou.
Líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ) foi ao Twitter comunicar a desocupação e fazer críticas à polícia paulista. “O MTST foi retirado do tríplex sob a alegação de flagrante. Disseram que não precisavam de reintegração e ameaçaram prender todos se não saíssem no prazo, levando a uma intervenção do [Batalhão] de Choque. Totalmente arbitrário. Nenhuma novidade”, escreveu o petista.
Em 24 de janeiro, quando a pena de prisão foi aumentada, Lula fez discurso inflamado na Praça da República, centro histórico de São Paulo, e fez a seguinte exortação: “Se eles me condenaram, que pelo menos me deem o apartamento. Eu até já pedi para o Guilherme Boulos mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupem”!
Em 5 de abril, após receber ofício do TRF-4, o juiz Sérgio Moro determinou a execução da prisão. Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril, quando decidiu se entregar à PF.

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