Durval e a "nordestinidade": a opção pelo atraso
As zelites se encantam com os louros de Santa Catarina
publicado
29/04/2018

Empresário que vive de mesada do papai comemorou queda da Dilma com rojão no Mall... (Reprodução/Brechando)
A Fel-lha
desse domingo 29/ab/ se lambuza na retumbante prosperidade de Santa
Catarina: o estado escapou da recessão, gera empregos e as contas
públicas estão "ajustadas".
Não há menção ao fato de ser o Estado que levou ao suicídio o Reitor Cancellier, em quem nem a Veja encontrou um fiapo de corrupção.
Não se menciona também o fato de Santa Catarina ter abrigado o maior partido Nazista fora da Alemanha, durante a II Guerra.
Santa Catarina é também fonte de encantamento da Míriam Lúcia, o que provocou o post sobre o Etno-Neolibelismo!
Pelo professor Durval a Míriam Lúcia não esperava!
O amigo navegante conhece o professor Durval Muniz de Albuquerque Jr., que concedeu à TV Afiada imperdível entrevista.
Ao ler o post sobre o Etno-Neolibelismo, Durval escreveu uma mini-obra-prima:
Nordestinidade: a opção pelo atraso
Essa semana o jornalista Paulo Henrique Amorim, através de seu blog Conversa Afiada, chamou atenção para um dos sucessivos atos falhos que os promotores do golpe de 2016 estão cometendo: a jornalista de economia do grupo Globo - uma Cassandra que previa o fim do mundo seguido de um apagão, todas as manhãs, durante o governo Dilma, que foi a fada madrinha do golpe, prometendo verdadeiros milagres de “crescimento econômico” ao toque da varinha mágica do impeachment da presidenta eleita com 54 milhões de votos, que nos infelicita toda manhã com seus penteados e suas ideias -, em um dos seus inúmeros comentários sobre “economia”, deixava claro que o problema da economia brasileira era as regiões Norte e Nordeste. Se não fosse esses dois estorvos a forçar para baixo os índices de crescimento da indústria, a “recuperação”, prometida para o dia seguinte do golpe, já teria acontecido. A comparação entre os índices de crescimento industrial de Santa Catarina com os de Pernambuco, Bahia e Ceará, só faltou tomar como explicação que os catarinenses são mais eugênicos, são brancos, europeus e, portanto, ao contrário dos afrodescendentes da Bahia ou dos mestiços e caboclos do Ceará, são mais afeitos ao trabalho, são mais inteligentes, empreendedores, são menos preguiçosos e, além de tudo, mais diligentes e sábios politicamente porque não votam na gentalha petista, coisa para nordestino que vota com o bucho e não com a cabeça.
Paulo Henrique chamava de etno-neolibelismo
essa forma de pensamento que costuma transferir para as vítimas do
sistema econômico vigente e das políticas que implementa a culpa pelo
que seria seu fracasso e a sua miséria. Para mim, estamos diante da
atualização de enunciados e imagens pertencentes ao discurso eugenista,
que fez enorme sucesso entre os fins do século XIX e a primeira metade
do século XX, até que a hecatombe nazifascista o desmoralizasse. Para o
eugenismo o mundo se dividia em raças. Sendo uma resposta conservadora
aos pensamentos de esquerda, ele colocava no lugar da luta de classes, a
luta entre as raças, daí porque o nazismo se nomeava de nacional
socialismo (o que levou a um procurador da República a procurar e achar o
nazismo na esquerda, ideia tão sábia que continua vez em quando a
circular nas redes sociais). Haveria uma hierarquia natural entre as
raças e, por conseguinte, entre os povos, nações e culturas. Às raças
superiores, arianas, brancas, estaria destinado a prevalência social e
política. As hierarquias e desigualdades sociais eram assim
justificadas. Elas não eram um problema, como afirmou o sábio candidato a
presidente da República do partido do bispo Edir Macedo, pois eram
fruto da partilha desigual de qualidades e atributos pelo nascimento,
pela hereditariedade, pelo sangue. As raças inferiores: negros,
vermelhos, amarelos estavam destinados a ocupar as posições subalternas
socialmente, a ser governados e explorados, pois a natureza assim o
dispôs. Os cristãos eugenistas, e eles haviam em grande quantidade, como
os fascistas italianos, completavam que se a natureza foi uma criação
divina, logo essas hierarquias ditas naturais entre as raças era um
desígnio do Senhor, Ele havia estabelecido essas divisões e essas
distinções, cabendo ao cristão a elas se conformar e delas procurar
extrair o melhor visando sua salvação (não ficava claro se na hora do
Juízo Final essas divisões raciais também seriam pesadas na balança de
S. Pedro). Esse tipo de pensamento era perfeito para justificar a
própria dominação imperialista e colonial dos europeus sobre os povos da
Ásia e da África.
O discurso
da eugenia também exerceu um papel fundamental na construção dos
discursos regionalistas no Brasil. As diferenças crescentes de
desenvolvimento entre o Norte e o Sul do país, desde o final do século
XIX, eram interpretados a partir da ideia de que o fato das terras
sulinas terem recebido a “transfusão benfazeja de sangue ariano” através
da imigração de brancos europeus estaria dando a essa região uma
capacidade de crescimento que faltava às províncias do Norte entregues a
uma população produto da secular mestiçagem com as raças inferiores.
Não é mera coincidência que parte de um intelectual ligado aos grupos
agrários dominantes no antigo Norte, um dos formuladores da ideia de
Nordeste, no início do século XX, a mais brilhante contestação a essas
ideias eugenistas e racialistas. Em Casa Grande e Senzala,
no início dos anos trinta do século passado, Gilberto Freyre defende a
mestiçagem como aquilo que constituiria a própria raça nacional, que nos
conferiria uma singularidade no conserto das nações. O discurso
regionalista que surgiu nas províncias do Norte do Império, ainda no
final do século XIX, e que se tornou o regionalismo nordestino após a
invenção dessa região, no início do século XX, teve que conviver com
esses discursos de matriz eugenista e a eles dar respostas, muitas vezes
utilizando seus próprios princípios, como o de conferir a ideia de raça
uma centralidade na explicação da história e da sociedade, mesmo que
para isso tivesse que fazer malabarismos mentais dignos de Rosa Weber.
Elites que haviam utilizado o discurso racialista para conferir
legitimidade a escravização dos negros agora se viam apanhado em suas
malhas e buscavam uma saída apelando, principalmente, para a figura do
sertanejo, o mameluco fruto do cruzamento de brancos e indígenas, que
por não ter sangue africano seriam eugenicamente superiores e destinados
a construir a nova região.
Mas o que é
relevante nesse episódio de eugenismo à la carte, servido no café da
manhã pela musa do neoliberalismo pátrio (cada um tem a musa que faz por
merecer) é constatarmos que mais uma vez as zelites nordestinas (elites
compostas de Zés Agripinos, Zés Sarneys), apesar de ser tratadas como
gente de segunda categoria, apesar de ser consideradas por luminares do
sul, como a economista da catástrofe neoliberal, como uma gentinha
corrupta e preguiçosa a viver das verbas e dos recursos produzidos pelos
empreendedores do sul maravilha, ela optou mais uma vez pelo atraso,
como já fez em vários momentos da história do país. Agarradas a seus
privilégios locais, pensando exclusivamente em salvar a sua própria
pele, em fomentar os seus interesses (no que não é diferente e nem fica a
dever a nenhuma outra elite regional do país), as zelites nordestinas
mais uma vez optaram pelo atraso. Se olharmos para o que significou os
governos Lula e Dilma para os estados do Nordeste, para a economia
nordestina, é de causar espanto que a bancada da região no Congresso
Nacional tenha aderido majoritariamente ao golpe. Teríamos que recorrer à
fábula do escorpião para entendermos a posição tomada por elites que
viram as desigualdades regionais se reduzirem como nunca e a economia
regional crescer acima das taxas de crescimento da economia nacional, ou
seja, seria da natureza das elites nordestinas optarem pelo atraso e
pelo golpe quando qualquer mudança aparece no horizonte de nossa
história. Em 2007, a região Nordeste atingiu taxas de crescimento
econômico chinês, chegando a crescer 9% em um ano. Nunca a região
recebeu tantas obras de infraestrutura (duplicação da BR-101, ferrovia
transnordestina, transposição das águas do rio São Francisco, refinarias
de petróleo, modernização de portos e aeroportos, novas universidades
federais, uma rede impressionante de institutos federais de educação,
estações de energia eólica, a criação do Instituto Nacional do
Semi-Árido, construção de quase um milhão de cisternas), nunca a região
recebeu tantos investimentos, foi tão bem tratada. Esse tratamento
preferencial as duas regiões mais pobres do país se inscrevia na própria
lógica do política de governo que visava privilegiar os menos
aquinhoados.
Além da redução das desigualdades
sociais, os governos petistas realizaram uma redução das desigualdades
regionais como nunca havia ocorrido. É compreensível que as elites de
outras regiões, que setores da população de regiões como o Sul e Sudeste
lançassem mão do velho discurso eugenista e dos discursos
preconceituosos para demonstrarem seu descontentamento com essa mudança
de patamar entre as distintas partes do país. Assim como é compreensível
que as camadas populares do Norte e do Nordeste, que foram extremamente
beneficiadas pelas políticas sociais e de combate pobreza implementadas
por esses governos, se coloquem como eleitores do PT. Não há nenhuma
falta de racionalidade nesse gesto, não é por ignorância ou por votarem
com o bucho que assim fazem, é uma adesão racional a um partido e a
governos que olharam para suas necessidades básicas como nenhum outro
olhou. O que é aparentemente incompreensível é grande parte da bancada
nordestina ter participado entusiasticamente do golpe que agora
infelicita a região. Se não olharmos para a história e vermos que essa
não é a primeira vez que as elites nordestinas deram um tiro no próprio
pé ao apoiar governos nascidos do arbítrio e da reação a processos de
mudança na sociedade brasileira, não compreenderemos o fato de que
governadores como o de Pernambuco e do Rio Grande do Norte aderiram ao
golpe, quando esses estados foram beneficiados como nunca nos governos
do PT.
Claro, que
discursos que remetem ao eugenismo tentarão culpar esse ser genérico,
sem rosto, sem classe, sem etnia, chamado nordestino por todas as suas
desgraças. O tombo da economia regional, o desemprego galopante, a
miséria que retorna a patamares anterior, a paralisia de todas as
grandes obras de infraestrutura, o desmonte dos programas sociais que
representavam, na região, um grande impulso econômico, serão agora
debitado na conta desse ser amorfo chamado nordestino, uma espécie de
Geni nacional, inventando pelas próprias elites dominantes desse espaço.
Para se ter uma ideia do resultado do golpe - que um dos flamejantes
representantes do empresariado nordestino, aquele que não quer pagar
salário, nem imposto, mas ainda vive de mesada do papai, dizia que ia
trazer a prosperidade imediata, comemorando com rojão o golpe
transmitido por um telão colocado no Shopping Midway Mall (o nome já diz
da mente colonizada que o concebeu), um palácio do consumo inaugurado
graças ao período de bonança do governo do presidente agora trancafiado
em 12 m quadrados por receber um apartamento que não está nem em seu
nome, nem em sua posse - na cidade do Natal, onde está a sede do grupo
empresarial que o rei das facções dirige, a miséria cresceu 130% em um
ano, levando cerca de 74 mil pessoas de volta a linha da miséria. As
ruas da cidade se enchem de pedintes, meninos nos sinais, vendedores
ambulantes, moradores de praças. Próximo ao campus da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, uma placa de sinalização está sendo
usada para suster uma plástico, que preso na outra ponta por um carrinho
de supermercado, abriga uma família. No cruzamento em frente a um dos
principais supermercados da cidade, durante quase duas semanas, um homem
ficou parado com um cartaz na mão se oferecendo como motorista. Diante
de tal quadro o teórico da desigualdade ainda fala que ela não é
problema e se fosse seria facilmente resolvida. Como vemos, as elites
nordestinas são eugenistas no pior sentido da palavra: elas não se
comovem com o fato de que sua adesão ao atraso, ao conservadorismo, que a
defesa de seus privilégios signifiquem a miséria e até a morte de fome
de milhares de pessoas.
Costumamos
nos comover e indignar, justificadamente, com as cenas do Holocausto
judeu. Mas é interessante que nunca tenhamos nos comovido e indignado
com a verdadeiro Holocausto secular de que os pobres da chamada região
Nordeste são vítimas. As elites ditas nordestinas nunca se abalaram com o
espetáculo de milhares de pessoas a perambular pelas estradas, a migrar
com tudo que lhes restava, se sujeitando à fome, à sede, à morte por
inanição e doenças causadas ou agravadas pela desnutrição. Nunca o país
se abalou com as cenas de meninos esfomeados a lamber os pingos de
garapa de cana que caíam de uma barrica na terra batida. Nunca nossos
eugenistas sulinos e sudestinos tiveram dor na consciência pela
exploração brutal do trabalho que os migrantes nordestinos sofreram e
sofrem em suas regiões, contribuindo para o progresso e desenvolvimento
de que tanto se orgulham (só não o mental e civilizacional, pelo visto).
Para nordestinos, como Lula, temos o relho pedagógico da senadora que
confunde Al Jazeera com Al Qaeda, lembrando eugenicamente que mestiços,
que negros e índios foram destinados pela natureza ao trabalho braçal,
essa história de nordestino ser presidente da República é um acinte.
Elites, como as nordestinas, que só mostravam comoção e piedade pelos
retirantes nas páginas de seus discursos político e parlamentares, ou
nas páginas de sua literatura, para usá-los como argumento para
conseguir do Estado benesses econômicas e políticas, que nunca teve pejo
de se apossar de todos os mecanismos institucionais criados para
“resolver o problema da seca” (uma jabuticaba inventada pela elite
nordestina, que pretende resolver um problema natural e não conviver com
ele, é como se a elite sueca se dispusesse a resolver o problema do
inverno rigoroso) e colocá-los para funcionar a favor de seus
interesses. O programa Pró-Sertão, que atende os interesses de uma única
empresa, é típico do uso do Estado para beneficio privado em nome de
resolver o problema da falta de emprego e oportunidades nesse espaço
associado a ocorrência das secas. O DNOCS, a Sudene, o Banco do
Nordeste, o Pró-Álcool, o Prodetur, o Projeto Sertanejo e tantos outros
órgão e programas foram apropriados pelos interesses privados das elites
nordestinas, que ainda têm a cara de pau de se apresentarem como
vítimas da discriminação do Estado e como vítimas das secas. A seca
sempre foi um teta gorda que deu muitos frutos e foi muito produtiva
para as elites agrárias do Nordeste. A mudança que os governos petistas
promoveram nas política de combate as estiagens, retirando das mãos dos
proprietários rurais os mecanismos de combate ao fenômeno, começa a
explicar do porque das elites nordestinas terem se perfilado do lado do
golpe. Gente que havia acabado de ser ministros do governo Dilma, sem
possuir nenhum atributo político ou intelectual para ocupar tal cargo,
somente fruto dos acordos políticos, que se mostraram desastrosos para
Dilma, se tornaram golpistas de primeira hora. Aqui no Rio Grande do
Norte, tivemos dois ex-integrantes do governo participantes do golpe em
nome do combate a corrupção, sendo que um deles encontra-se preso
justamente por isso.
As
políticas sociais como o bolsa família, ao contrário do que raciocinam
muitos intelectuais de fancaria, no país, libertou as pessoas do
cabresto político, pois não se constituía em favor pessoal mas numa
política pública anônima e impessoal. Política que empoderou os pobres e
as mulheres, recebedoras preferencial do benefício. O programa de
cisternas e a transposição do São Francisco, com a construção de
adutoras e sistemas de abastecimento d´agua, rompeu com a lógica secular
de se tentar resolver a seca com panaceias que só interessavam as
elites locais. Passou-se a pensar a convivência com o semiárido, com a
criação de um Instituto de pesquisa visando o desenvolvimento de
tecnologias adequadas a esse meio. O resultado foi que os governos
petistas acabaram com os retirantes, com os saques de fome em feiras e
armazéns públicos, mas nada disso comoveu as elites nordestinas, que
perderam assim o domínio que possuíam sobre a população. Basta olharmos
para o quadro político do Nordeste e ver as mudanças políticas
importantes que esses últimos anos trouxeram. Já nas primeiras eleições
após a implantação das políticas sociais, da melhoria do salário mínimo e
das aposentadorias rurais, o PFL, atual DEM, foi praticamente varrido
eleitoralmente da região, ocorrendo as históricas derrotas da oligarquia
Sarney no Maranhão e o destronamento de Antônio Carlos Magalhães na
Bahia. O rancor e o ressentimento se espalhou entre as velhas raposas da
política nordestina que viram a ascensão de novas lideranças em toda a
região. E o interessante nisso tudo, é que o Nordeste continuou sendo
visto e dito, inclusive pela mídia e pelos discursos reativos nas redes
sociais como a região conservadora e coronelística, enquanto São Paulo
hiberna sob o tucanistão há mais de vinte anos (os tucanos só têm de
moderno os métodos do desfalque aos cofres públicos), enquanto o Paraná e
Santa Catarina elegem sempre os mesmos oligarcas, as mesmas famílias,
atoladas até o pescoço com a corrupção.
Como a mídia é concentrada no
Centro-Sul e não tem ideia do que se passou ou se passa em outras áreas
do país, podemos entender (mas não aceitar) a ignorância crassa com que
tratam do que ocorreu nos doze anos de governos petistas no Norte e no
Nordeste. Quem vive nessas regiões e não têm os olhos cegos por seus
próprios interesses ou pelos discursos ideológicos mais rasteiros, não
pode negar as grandes transformações pelas quais a região passou e que
agora se perdem numa velocidade assustadora. O desmonte que se faz em
todo país, adquiriu no Nordeste e no Norte, aspectos dramáticos. Para se
ter uma ideia do que está ocorrendo, vou terminar contando uma história
que me foi repassada por um funcionário aposentado da Petrobras e que
hoje, provisoriamente, dirige um Uber. Enquanto a Petrobras ameaça
“descontinuar” (o neologismo pedante mais usado pelo governo golpista, o
governo da descontinuidade de tudo que é benefício social, política
pública em benefício da maioria da população, em tudo que representa
soberania nacional) a produção de petróleo no Oeste potiguar, destruindo
a economia já frágil dessa área do estado de elites entusiastas do
golpe, realizou um Plano de Demissão Voluntária que ofereceu cerca de
200 mil reais para cada técnico, para cada engenheiro, para cada membro
do corpo diretivo da empresa que quisesse se demitir. Ele me contou que
muitos jovens entre 28 e 35 anos, muito bem formados nas universidades
brasileiras, que receberam treinamento especializado pago pela
Petrobras, no Brasil e no exterior, saíram da empresa diante dessa
oferta tentadora e, muitos deles, dadas as suas capacidades e
especializações, estão sendo contratados por multinacionais do petróleo.
Todo um investimento em cérebros que se vê assim perdido. O mais
estarrecedor é que ele me disse que, agora, precisando de mão de obra
especializada para tocar a produção que está sendo retomada com a
redução da crise internacional, a Petrobras está oferecendo a
engenheiros e técnicos aposentados, como ele, salários altíssimos para
que eles retornem à empresa. Isso é o que podemos denominar de política
de lesa pátria. Essa gente, quando a canoa virar, como diz o Paulo Henrique Amorim, têm que responder judicialmente por esses crimes.
No entanto, muita gente ainda se deixa levar pelo
discurso regionalista nordestino, ainda se deixa ludibriar por um
discurso que nos reserva um lugar de subalternidade no país, porque
subalternas e com complexo de inferioridade são as elites que o
elaborou. Se a elite brasileira como um todo tem complexo de vira lata
quando se trata da relação do país com as potenciais centrais do
capitalismo, os ditos nordestinos têm um complexo que os leva a se ver
como menor e aceitar esse lugar de segunda categoria. Nossas elites não
param de atirar o espaço que dominam na miséria e no atraso, desde que
seus mesquinhos e paroquiais interesses sejam preservados.
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