Povo brasileiro pagará R$ 21 bilhões para cobrir golpe nas contas de
luz
Governo
autorizou nesta quinta-feira (13) o pagamento de um golpe bilionário das
empresas de energia elétrica.
Os R$ 21
bilhões que a população terá que pagar, referente ao ano de 2014, vai beneficiar
as empresas estatais dos governos estaduais do PSDB de São Paulo (CESP), Minas
Gerais (CEMIG e LIGHT) e do Paraná (COPEL) e empresas transnacionais como Duke
(EUA), Suez Tractebel (FRA) e AES (EUA). O valor pode ser ainda maior.
O valor é
referente a cerca de 3.500 MW médios de energia que as empresas de distribuição
de energia estão comprando das empresas de geração no chamado Mercado de Curto
Prazo (energia a ser entregue em menos de 6 meses) a um preço de R$ 822,83/1.000
kW. Por exemplo, a Cemig distribuidora compra de outra empresa do grupo, a Cemig
geração.
O povo
brasileiro vai pagar a conta. Cerca de R$ 13 bilhões sairão do tesouro nacional
e outros R$ 8 bilhões serão repassados nas contas de luz da população, em
futuros aumentos após as eleições de outubro. Até lá, as empresas farão
empréstimo a juros altíssimos junto ao capital financeiro
internacional.
O MAB
vinha denunciando constantemente que no interior do setor elétrico nacional, um
conjunto de empresas privadas e outras tucanas estavam operando um grande golpe
nas contas de luz, e que os futuros aumentos nas contas de luz poderiam ficar
entre 18 e 31%. Estes aumentos seriam autorizados pela Agencia Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) nas vésperas das eleições presidenciais - das 64
distribuidoras, 50 teriam o aumento autorizado entre abril e outubro.
Desde
2012, quando o governo anunciou uma redução nas tarifas, estas empresas não
aceitaram a intervenção do governo para controlar os preços da energia elétrica
e passaram a fazer uma grande disputa, chantageando o governo e a população com
as chamadas “crises” no setor elétrico, com ameaças de apagões, etc.
Na
renovação das concessões no final de 2012, os cerca de 7.700 MW médios das
hidrelétricas da estatal Eletrobrás, controladas pelo Governo Federal, passaram
a vender sua energia a R$ 33,00/1.000 kW e isso permitiu uma redução da conta de
luz da população.
No entanto
as empresas Cesp, Cemig e Copel, que possuíam cerca de 5.500 MW médios,
negaram-se a renovar as concessões e não aceitaram abaixar o preço. Além disso,
a Light (de propriedade da Cemig) e a Duke possuem outros 800 MW médios que
também ficaram livres para serem vendidos a R$ 822, já que seus contratos de
venda se enceraram em 2013.
É a
energia destas empresas que está faltando para as distribuidoras e que ao mesmo
tempo está disponível para as geradoras especular e cobrar R$ 822. É energia de
hidrelétricas construídas há mais de 30 anos, todas já amortizadas, que poderia
ser comercializada a R$ 33. Para justificar e esconder o golpe, a propaganda
ideológica, através dos grandes meios de comunicação e dos “especialistas em
manipulação”, alega que o custo é alto por culpa da falta de chuva e do
acionamento de térmicas. Uma grande mentira!
Como pode
a hidrelétrica Luiz Carlos Barreto, de Furnas, localizada no rio Grande, divisa
entre MG e SP, vender energia a R$ 33,00/MWh e, 30 Km abaixo, uma hidrelétrica
(Jaguara) da CEMIG cobrar R$ 822,83/MWh por uma energia gerada pela mesma água?
Que aumento de custo tão grande teria ali? Térmica elas não são! E se fosse
falta de chuva afetaria as duas usinas de forma igual. Não seria melhor
chamarmos de golpe especulativo?
O Governo
cedeu à chantagem dos especuladores e certamente este enorme volume de dinheiro
será utilizado na luta política contra os trabalhadores e contra o próprio
governo em ano eleitoral.
As
empresas privadas e as tucanas, além de colocar R$ 21 bi no bolso, estão
esvaziando os lagos para forçar aumentos nas contas de luz e, de quebra, gerar
um grande desgaste político eleitoral ao governo de plantão.
O que
realmente esta em jogo é a busca para manter a alta taxa de exploração sobre os
trabalhadores e sobre a população, através da manutenção das tarifas de energia
elétrica em patamares internacionais. E, com isso, garantir aos acionistas e
especuladores taxas de lucro extraordinárias.
E não há
dúvidas sobre a origem desse golpe que se gestou no interior do setor elétrico
nacional: a privatização do modelo energético nacional, hoje, controlado por
empresas privadas.
Água e
energia com soberania, distribuição da riqueza e controle
nacional!
14 de março, 2014
Movimento dos Atingidos por
Barragens - MAB, São Paulo
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