domingo, 30 de março de 2014

O ser e o nada

O retorno de Roberto D’Ávila à TV trouxe uma interessante entrevista, do ponto de vista do entrevistador, com Joaquim Barbosa. Por Nirlando Beirão
por Nirlando Beirãopublicado 30/03/2014 09:28, última modificação 30/03/2014 10:18
Comments

Reprodução de vídeo
TV
O ego inflado de Barbosa enfrenta a elegância de D'Ávila
Foi uma interessantíssima entrevista, do ponto de vista do entrevistador. Para o entrevistado, um desastre. Mostrou que, por trás da toga punitiva, existe um vazio abissal. Barbosa é um nada estrepitoso. Duvido que um único dos torcedores partidários do ministro não tenha chegado ao fim daquela hora inteira de platitudes sem saborear insuportável decepção. Barbosa não produziu uma escassa ideia. Ele não tem nada a dizer além dos autos de sua particular Inquisição. Foi constrangedor.
D’Ávila, com luvas de pelica, jogava a isca e Barbosa, encouraçado em sua arrogância, nem sequer percebia. D’Ávila indicava, na delicadeza das perguntas, saída lisonjeira para a resposta. “O senhor lê muito, não é? Balzac?” Barbosa estufou o ego: “É, Balzac”. E mais não disse. “O que o senhor escuta?” “Tudo.” “Beatles ou Rolling Stones?” “Os dois.”
O único momento em que Barbosa demonstrou alguma emoção foi ao falar de racismo. Daquele jeito. O rancor pauta a vida dele. Deve ter sido mesmo muito humilhado. Sugeriu até que Lula nomeou-o para o STF de olho na cota, não em reconhecimento por seu currículo, brilhante, cosmopolita. Fica difícil assim: deixar de nomear um negro teria sido racismo. Nomear também é?

Nenhum comentário:

Postar um comentário