O ser e o nada
O retorno de
Roberto D’Ávila à TV trouxe uma interessante entrevista, do ponto de vista do
entrevistador, com Joaquim Barbosa. Por Nirlando Beirão
Reprodução de vídeo
Foi uma interessantíssima entrevista, do ponto de
vista do entrevistador. Para o entrevistado, um desastre. Mostrou que, por trás
da toga punitiva, existe um vazio abissal. Barbosa é um nada estrepitoso. Duvido
que um único dos torcedores partidários do ministro não tenha chegado ao fim
daquela hora inteira de platitudes sem saborear insuportável decepção. Barbosa
não produziu uma escassa ideia. Ele não tem nada a dizer além dos autos de sua
particular Inquisição. Foi constrangedor.
D’Ávila, com luvas de pelica, jogava a isca e
Barbosa, encouraçado em sua arrogância, nem sequer percebia. D’Ávila indicava,
na delicadeza das perguntas, saída lisonjeira para a resposta. “O senhor lê
muito, não é? Balzac?” Barbosa estufou o ego: “É, Balzac”. E mais não disse. “O
que o senhor escuta?” “Tudo.” “Beatles ou Rolling Stones?” “Os dois.”
O único momento em que Barbosa demonstrou alguma
emoção foi ao falar de racismo. Daquele jeito. O rancor pauta a vida dele. Deve
ter sido mesmo muito humilhado. Sugeriu até que Lula nomeou-o para o STF de olho
na cota, não em reconhecimento por seu currículo, brilhante, cosmopolita. Fica
difícil assim: deixar de nomear um negro teria sido racismo. Nomear também
é?
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