sábado, 28 de dezembro de 2013

Ativistas do Greenpeace voltam para casa após 100 dias presos na Rússia
Comentários 25

S¥O PETERSBURGO, 28 dez 2013 (AFP) - Chegaram a Londres, nesta sexta-feira, os cinco britânicos do grupo de 30 ativistas do Greenpeace detidos por 100 dias na Rússia e finalmente anistiados.

O grupo não poupou críticas ao presidente Vladimir Putin e a seu governo.

"Era o mais fácil para a Rússia: livrar-se da gente, antes do início dos Jogos Olímpicos" de Sóchi, em 7 de fevereiro, disse a militante Alex Harris, ao chegar à estação londrina de Saint Pancrass.

A anistia "não é o ideal", mas "não estou em posição de rejeitá-la. Não posso aguentar sete anos de prisão", disse Alex, referindo-se à pena que poderia ser aplicada aos ativistas pelo protesto contra a exploração de petróleo no Ártico.

"Não sofri violência física, mas foi uma tortura. Passamos dois meses em uma cela russa e detidos por 100 dias por um crime que não cometemos", acrescentou, descrevendo as condições como "realmente difíceis".

Ela e outros quatro britânicos - Anthony Perrett, Phil Ball, Iain Rogers e Kieron Bryan - chegaram de trem. Eles procediam de Paris, onde haviam desembarcado nesta sexta do voo da Rússia.

"Não sentimos muita gratidão por termos sido libertados", disse Anthony Perrett, tachando de "absurdas" as acusações que levaram o grupo para a prisão.

Para Perret, valeu a pena. "Bom, olha toda a imprensa que está aqui hoje. Estamos tentando divulgar a mensagem de que é preciso salvar o Ártico, e acho que fizemos nosso trabalho muito bem", declarou.

Bryan disse não se arrepender de ter viajado para o Ártico e considerou que não é uma coincidência que os ativistas do Greenpeace tenham sido libertados na mesma semana que as integrantes do grupo punk Pussy Riot e que o ex-magnata Mikhail Jodorkovsky, a poucas semanas dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sóchi, na Rússia.

"É um grande problema o dos direitos humanos, e espero que Sóchi permita à imprensa internacional tratar mais do tema e que continuemos falando disso", frisou.

Dois ativistas holandeses, Faiza Oulahsen e Mannes Ubels, chegaram ao aeroporto Schiphol, de Amsterdã, às 20h (17h de Brasília), confirmou uma porta-voz do Greenpeace.

Vinte e seis dos 30 ativistas libertados eram estrangeiros, e todos receberiam vistos de saída no máximo até esta sexta-feira, de acordo com as autoridades locais. Quatro militantes eram russos.

A ativista brasileira Ana Paula Maciel e a argentina Camila Speziale receberam seu visto na quinta-feira.

Os 30 membros da tripulação do barco do Greenpeace Artic Sunrise foram presos no fim de setembro após uma ação de protesto contra uma plataforma petroleira no Ártico para denunciar os riscos da exploração de hidrocarbonetos na região.

Acusados em um primeiro momento de pirataria, um crime punido com até 15 anos de prisão, os militantes finalmente foram acusados de vandalismo, punido com uma sentença de até sete anos de prisão.

Depois de um período de detenção em Murmansk (noroeste), os membros da tripulação foram levados para São Petersburgo antes de serem anistiados na semana passada, graças à nova lei do Parlamento russo por ocasião do 20º aniversário da Constituição.

Após ter posto fim oficialmente às ações judiciais contra os militantes do Greenpeace, a Rússia começou a entregar, na quinta-feira, os vistos àqueles que não têm nacionalidade russa.

Detidos em alto-mar por um comando de forças russas, os ativistas não tinham visto de entrada ao território russo, o que também os impedia de deixar o país.

O Greenpeace ainda espera que os investigadores russos devolvam todos os equipamentos apreendidos durante a operação, assim como o navio Artic Sunrise, que se encontra no porto de Murmansk.

A anistia da qual se beneficiaram os militantes do Greenpeace é vista como uma tentativa do Kremlin de melhorar a imagem da Rússia com vistas aos Jogos Olímpicos de Inverno de Sóchi, que serão disputados em fevereiro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário