Psicólogo com atrofia muscular cria método para digitar e conclui mestrado
Flávio Ilha
Do UOL, em Porto Alegre
Do UOL, em Porto Alegre
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Thiago Cruz/UFRGSCláudio Luciano Dusik defendeu nessa terça-feira (26) dissertação de mestrado na UFRGS
A dissertação "Tecnologia virtual silábico-alfabético: tecnologia assistida para pessoas com deficiência" foi defendida no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ele foi o primeiro aluno com deficiência física a concluir mestrado no programa.
Desde a infância, o psicólogo vem paulatinamente perdendo os movimentos de pernas e braços – hoje ele conserva ativos, e ainda assim parcialmente, apenas a cabeça e a mão esquerda. A atividade cognitiva permanece intacta.
A tecnologia exposta na dissertação de mestrado permite que ele utilize o mouse para digitar e acessar conteúdos na internet apenas com o movimento de um dedo. O aplicativo desenvolvido por Dusik, um autodidata em computação, é usado por outras cinco pessoas com limitações físicas a partir de pequenas adaptações. Atualmente, ele atua como tutor em cursos da Universidade Aberta do Brasil.
Ampliar
Em
1994, no momento em que foi anestesiado para uma cirurgia nos olhos,
Valdemir Pereira Corrêa enxergou pela última vez. Nasceu com glaucoma,
mas "uma sucessão de erros médicos" em clínicas de Campinas (SP) e São
Paulo lhe tirou definitivamente a visão, aos 24 anos. Após entrar em uma
escola de surfe e redescobrir o prazer do aprendizado, Corrêa decidiu
prestar vestibular para educação física e, aos 43 anos, formou-se pela
Unisanta (Universidade Santa Cecília), em Santos (SP) Leia mais Francisco Arrais/Divulgação - Prefeitura de Santos
Difícil inclusão
Na dissertação, Cláudio detalhou o teclado virtual que utilizava em casa para superar as limitações da doença. Diagnosticado ainda criança, o agora mestre em educação enfrentou inúmeras dificuldades para estudar junto com alunos normais e superar a expectativa de morte iminente. Sob orientação da professora Lucila Maria Costi Santarosa, a dissertação sistematizou a nova tecnologia assistida – o aplicativo de um teclado virtual – e relatou os casos de cinco usurários que se beneficiam do método.O estudante pretende agora colocar sua criação livremente à disposição de pessoas que, a exemplo dele, necessitam do recurso para poder escrever com apoio do computador e interagir virtualmente.
O uso da cadeira de rodas não impediu Dusik de levar adiante sua pesquisa. Nos deslocamentos de Esteio até Porto Alegre, o estudante contou com a companhia da mãe no transporte especial. Muitas orientações da professora Lucila foram realizadas pelo Skype para que ele não precisasse se deslocar até a Faculdade de Educação.
A mãe de Cláudio, Elza Arnoldo, festejou a conquista. "Ele é um exemplo de que é possível às pessoas com deficiência vencer o medo, a vergonha e o receio e enfrentar as batalhas do mundo. Quando criança, os médicos diziam que o Cláudio teria de sete a quatorze anos de vida. Vivíamos em luto. Ele foi para a escola só para brincar e ter amigos. Hoje está defendendo seu mestrado", disse Elza.
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