domingo, 24 de março de 2013

ÍNDIOS PARTICIPAM DE AUDIÊNCIA NO CENTRO DO RIO

Índios participam de audiência pública no centro do Rio

DE SÃO PAULO
DO RIO

Uma parte do grupo de índios, que foram desalojados do antigo Museu do Índio na sexta-feira (22) , participa no começo da tarde deste domingo de uma audiência pública na sede da Justiça Federal no centro do Rio de Janeiro. Eles reivindicam o retorno a aldeia Maracanã, na zona oeste da capital fluminense.
 O juiz Wilson José Witzel está em audiência com o grupo que não aceitou a proposta do governo do Estado de ir para um terreno em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. Nesse momento, a audiência está suspensa à espera de um representante da Funai (Fundação Nacional do Índio) para realizar um acordo entre ambas as partes.
Na madrugada deste domingo, o grupo ocupou a atual sede do Museu do Índio, no bairro de Botafogo, na zona sul do Rio. A entrada do museu, que fica na rua das Palmeiras, foi bloqueada pelos manifestantes, e policiais da tropa de choque foram enviados ao local.
ABRIGO
Os índios estão abrigados temporariamente num hotel no centro da cidade usado como abrigo de "vulneráveis" desde sexta-feira (22). De acordo com o cacique Carlos Tukano, os índios estão sendo "forçados mais uma vez".
Numa longa reunião com assistentes sociais no sábado (23), os índios pediram para visitar os outros dois locais na zona norte oferecidos anteriormente pelo Estado como alternativa para a construção de uma aldeia. A primeira é uma área em Bonsucesso --no antigo Abrigo Cristo Redentor, para onde são levadas algumas das pessoas recolhidas nas ruas da cidade. A outra fica em São Cristóvão, onde há um presídio que seria demolido.
Enquanto a reunião ocorria, a assessoria de imprensa da secretaria informou que a área de Jacarepaguá era a última proposta, já que os próprios índios teriam desistido de visitar as demais áreas por terem gostado do terreno na zona oeste.

Indígenas deixam Aldeia Maracanã

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Adriano Ishibashi/Frame/Folhapress
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Manifestantes a favor do museu do Índio da aldeia Maracanã entram em confronto com polícia no centro do Rio em frente a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) Leia mais
No local estão sendo construídos alojamentos temporários, diz a secretaria. De acordo com a pasta, os alojamentos têm beliches, contêiner cozinha e contêiner banheiro (um feminino e um masculino).
Tukano disse que após o confronto com a tropa de choque na aldeia Maracanã, os índios ficaram sem documentos, roupas e pertences, pois tudo foi levado para um depósito em Irajá, na zona norte.
A secretaria confirmou que um caminhão entregará os pertences até 24 horas após a transferência para Jacarepaguá. A assessoria culpou os índios por não portarem documentos nem terem mudas de roupas, afirmando que eles foram avisados de que ficariam até 72 horas no hotel.
O cacique também reclamou da falta de informação sobre oito índios, dizendo que não tinha notícias sobre cinco crianças. A secretaria informou que todas estão na casa de parentes em Thomaz Coelho, na zona norte da cidade.
De acordo com os índios, um andar inteiro do hotel foi reservado para eles. A maioria dos quartos, dizem eles, não têm janela nem ventilador e são bem apertados. Ninguém pode entrar ou sair do hotel depois das 22 horas. A entrada de jornalistas no hotel não foi permitida.
REMOÇÃO
A aldeia Maracanã foi desocupada na manhã de sexta-feira (22) com a presença Batalhão de Choque da Polícia Militar. As crianças e idosos já tinham sido retirados pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos quando a polícia invadiu o local. Sete manifestantes foram presos.
Homens do Choque empurraram os índios para fora na propriedade. Eles também usaram spray de gás pimenta e bombas de efeito moral. O coronel Frederico Caldas, relações públicas da PM, informou que 200 policiais participaram da ação, entre homens do Bope, do Batalhão de Choque e do 4º Batalhão da PM.
Durante a invasão da polícia, manifestantes fecharam uma pista da Radial Oeste, no sentido leste. Quatro bombas de efeito moral foram detonadas para dispersar os manifestantes que ocupavam a avenida. Um índio ficou ferido e precisou de atendimento médico.

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