segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vontade de conviver: agricultor José Nobre cria seu próprio sistema de abastecimento de água - Agência Adital | 23.11.12

Rogéria Araújo
Jornalista da Adital
Adital


Em meio ao VIII Encontro Nacional da Articulação no Semiárido Brasileiro – EnconASA, uma experiência chamou a atenção de muita gente que participou da oficina temática da água ou mesmo que transitou pelos espaços do evento. José Nobre, um agricultor de 68 anos, apresentou seu próprio sistema de abastecimento de água da chuva, inventou sua própria cisterna. Nem de placas, nem de plástico. "Eu sabia que tinha que inventar isso. E dá muito certo, viu?”, falou. O evento acontece até hoje (23), em Januária, Minas Gerais.

Ele conta que já tinha uma cisterna de placas em sua casa, mas inquieto que é, viu que podia ir mais além e criar seu próprio sistema de abastecimento. E lá foi. Com a maquete, devidamente testada e aprovada, Seu José, morador da comunidade de Pedra Grande, no município de Nossa Senhora da Glória, em Pernambuco, conta com toda paciência e orgulho como funciona seu projeto chamado de "Terreiro Aéreo de Captador de Água.

A tecnologia popular é construída com uma estrutura de madeira, lonas fortes e canos grossos. A água da chuva cai na lona, da lona – que funcionam como bolsões de água, desce pelos tubos e dos tubos para um tanque ou tonel E aí está.

Utilizando a estrutura há um ano para irrigação de sua produção de hortaliças, José Nobre conta que nunca teve nenhum problema com o terreiro aéreo. "Não tem como dá problema. A minha cisterna de placa rachou e essa daqui é só eu trocar a lona se acontecer alguma coisa. Eu estimo que posso usar ela por dez anos, dependendo da qualidade da lona”, afirmou.

A dele comporta até 52 mil litros de água. Mas é possível fazer a estrutura do tamanho que quiser, dependendo do tamanho da propriedade. "É muito fácil, de baixo custo e funciona”, complementou.
Num entendimento maior, para José Nobre, sua invenção só comprova que o Nordeste tem solução, que a vontade de viver no semiárido é maior do que qualquer adversidade.

"Os vizinhos acham um pouco estranho, mas todo mundo vê que não é mentira minha, porque eles veem a água caindo, veem que eu utilizo a água. Se alguém quiser é só chegar pra mim que eu ensino com o maior prazer”, falou.

Perguntado sobre como surgiu essa ideia, ele fala que antes de tudo é um apaixonado pela terra e pela água. Foi isso que o motivou a criar suas próprias tecnologias. Sim, seu José não fez somente a irrigação aérea, também fez seu próprio sistema para irrigação das hortas.

"Eu acho que quando a gente nasce recebe uma poeira do lugar que a gente vive. Esse pó entra na alma e não sai mais. Você pode rodar o mundo, mas sabe onde é o seu lugar. É lá onde você pegou aquela poeirinha. Daí vem essa vontade minha de amar a terra e água. Acho que é daí que vem tudo o que faço”, disse emocionado. 

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