terça-feira, 20 de novembro de 2012

FEIRA VALORIZA SABERES DO SEMIÁRIDO

Feira valoriza saberes e sabores do Semiárido

Por Carolina Barros

Junte um punhado de sonhos, acrescente várias porções de cultura popular, vá adicionando diversidade, agroecologia, economia solidária e agricultura familiar, depois misture todos os conhecimentos até resultar em dignidade e qualidade de vida. Esta é receita de sucesso da Feira de Saberes e Sabores, que acontece durante a oitava edição do Encontro Nacional da Articulação do Semiárido (EnconaASA). Durante os dias 19 a 23 de novembro, uma amostra da riqueza do universo de experiências do Semiárido brasileiro estará aberta à visitação pública no SESC de Januária em Minas Gerais.

O encontro é mais que uma exposição de produtos alimentícios e artesanato. A feira segue a lógica do intercâmbio de ideias, partilha de vivências e aprendizado entre os dez estados que emendam a costura do Semiárido nordestino.

A linha que transpassa estas fronteiras é construída pelo saber. Na feira, ele vem representado de formas múltiplas, pelas tecnologias sociais, como as implementações para a captação de água de chuva, ou pelas experiências agroecológicas trazidas pelos produtores da cada lugar.

Destaque para os núcleos criados dentro da feira, destinados à troca, de saber e de sabores entre os participantes. O articulador da feira, Rodrigo Vieira, observa a importância da área destinada à troca de sementes. “O local foi criado para permitir a troca entre cada estado e dessa forma, favorecer a agrobiodiversidade do produtor e a transmissão de saberes”, diz ele.

Os cuidadores da casa de sementes Guardião da Biodiversidade, na comunidade do Touro em Serranópoles (MG), trouxeram para feira mais de 40 variedades, somente de sementes de feijão. “Pode levar moça! Aqui só tem semente crioula, livre de veneno, é tudo natural, sem agrotóxico”, fala o expositor Geraldo, um dos responsáveis pelo resgate das sementes, no Semiárido. “Algumas destas sementes estão conservadas há mais de cem anos, nossos avós plantaram e viemos mantendo a tradição com propósito de evitar a mistura com as sementes transgênicas e garantir a segurança alimentar”.
Neste celeiro de atividades, o artesanato também ganha força na feira e ocupa boa parte dos espaços de exposição e comercialização dos produtos, das formas mais variadas. Passando pela madeira até a produção de cosméticos, alimentos e a popular cachaça artesanal, degustada e bastante apreciada pelos visitantes.
Já Antônio Francisco da Silva é um dos produtores que vieram ao VIII EnconASA mostrar com orgulho, o trabalho que vem realizando em Sergipe na comunidade de Emendada. Ele utiliza o talento de artesão para talhar em madeira figuras que retratam o Nordeste e Semiárido. O diferencial que este agricultor artesão trouxe à feira de Saberes e Sabores, além do talento, é o modo ecológico de produzir, pois trabalha utilizando apenas rejeitos de madeira.
E se os saberes estimulam a movimentação da feira, os sabores não deixam a desejar. As variedades de doces artesanais são uma festa para aqueles que adoram sentir o sabor da culinária caseira regional. Na tenda reservada aos sabores, uma prateleira repleta de geleias, doces, farinhas, beiju e tapioca. Alimentos de todas as origens e paladares do Semiárido, que mais que matar a fome dos nordestinos revelam o desenvolvimento de uma região onde a vida pulsa e o povo resiste.

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