terça-feira, 20 de novembro de 2012

A pisada do povo do semiárido é uma pisada segura

Por Flávia Cavalcanti
O VIII EnconASA, realizado na cidade de Januária, Minas Gerais, abre as portas do encantamento do povo do Semiárido, representado pela ritualização da dança do Toré da etnia Xakriabá,  pelos os batuques dos quilombolas e as boas vindas da família sertaneja.

A mística de abertura aconteceu no Cais, nas margens do rio São Francisco, o velho Chico, ou melhor, o novo Chico. Um rio que é símbolo de resistência do povo brasileiro, um rio que se renova e se transforma, um rio que tem a tradição de preservar e validar as famílias que convivem com o Semiárido.

Neste lugar histórico-cultural, quem inicia a ritualização da mística é o povo Xakriba, uma das maiores nações indígenas do norte de Minas Gerais. A dança do Toré, segundo o pajé Vicente, é uma dança de purificação, de oração, de espiritualidade. A roda, formada pelos Xakribas, foi embalada por maracás e pelas batidas ritmadas das pisadas deste povo.
Os deuses foram evocados, trazendo a esperança de um futuro melhor, de união e paz para o povo do Semiárido, assim nos conta o pajé Vicente. As vozes agudas das mulheres ecoavam a resistência deste povo, as expressões vocais entoadas pelos homens, simbolizavam a natureza e um estado de oração e de ritualização. Assim, VIII EnconASA foi purificado pela as benções do senhor Tupã, como nos releva o pajé Vicente. “O toré é um grande segredo dos Xakribas. Precisamos ter boas energias, agradecendo pela nossa vida ao deus Tupã. Isto é nossa cultura”.

O batuque dos tambores afros veio simbolizar a força do povo quilombola. Os atabaques resoavam a pulsação de um povo que luta e resiste, mostrando que somos feitos de cores e de ritmos.

Os estados presentes no VIII EnconASA também ecoaram seus cantos e suas palavras de ordem. Pernambuco trouxe a lembrança de Luiz Gonzaga, enquanto Alagoas lembrou de Zumbi dos Palmares, e o Ceará, do Padre Cícero. Cada delegação também apresentou uma pétala, trabalhada artesanalmente com motivos regionais, que deverá compor a flor representativa da marca do encontro na manhã da terça-feira (20).
Por fim, a canção “Disparada”, de Geraldo Vandré, chamou a multidão que ocupava as ruas do Cais para a caminhada. Um casal sertanejo surgiu, simbolizando o coração bondoso e o povo trabalhador do Semiárido brasileiro.

É na figura da família sertaneja que percebemos o quanto a vida pulsa no semiárido, é no desejo de boas vindas que o povo celebra, é na união de ritmos que nos tornamos todos irmãos no VIII EnconASA.

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