quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Miniplenárias aprofundam o debate sobre lutas e resistência para manter-se na terra

Por Tárzia Medeiros
Na tarde do dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, os participantes do VIII EnconASA se reuniram em miniplenárias que tiveram como objetivo lançar um olhar sobre as nossas lutas e histórias de resistência, além de refletir sobre as experiências que construimos enquanto rede nesses 12 anos. Outro objetivo desse momento era trazer propostas, a partir da caminhada da ASA, que podem ser potencializadas nos próximos anos.
A maioria das falas deu conta de que a situação de todas as comunidades que lutam e resistem é a mesma. Todas encontram-se ameaçadas por “projetos da morte” que são insustentáveis, predatórios e que querem expulsar camponeses e comunidades tradicionais de suas terras e territórios. O agricultor Edilson, presidente do sindicato rural de Apodi, disse que é preciso unir as lutas de todos os estados e organizar a resistência, pois estão expulsando as e os camponeses em nome do desenvolvimento. E questiona: “Será que o que temos lá hoje não é desenvolvimento? Será que em pouco tempo vamos ser impedidos de trabalhar como agricultores para sermos obrigados a trabalhar como escravos?”

A discussão sobre a necessidade de reforma agrária e do direito de permanecer nos territórios apareceu com bastante ênfase. Segundo Júnior, da CPT do Rio Grande do Norte, estamos vivenciando uma reforma agrária ao contrário, com expulsão de camponeses de suas terras para entregá-las às grandes empresas. Ele ressalta que temos que sair do EnconASA com uma orientação de como nos articular para fazer esse enfrentamento. Como falar em universalização das cisternas, em assistência técnica e em moradia rural se não há reforma agrária e se os territórios não são reconhecidos pelo governo? Para Diassis, do STTR de Açu, não tem sentido o governo falar de Brasil sem miséria se não distribuir riquezas e não fizer reforma agrária.
Ao final, ficou o entendimento de que devemos avançar numa proposta atualizada de convivência com o semiárido, que garanta uma integração de políticas. Carlinhos, de Minas Gerais, disse que “temos que eleger as coisas das quais não abrimos mão e, a partir daí, definir as nossas pautas, definir estratégias para seguir resistindo e avançando. Para isso, é preciso estarmos conscientes de que algumas pautas, como a reforma agrária, precisam ser abraçadas pela ASA e só serão conquistadas com mobilização e luta, a exemplo do que a ASA fez em Petrolina há quase um ano e que garantiu a renovação dos termos de parceria com o governo federal.

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