PROPINAS SERVIAM PARA ENRIQUECIMENTO PESSOAL DE SERRA
sab, 01/04/2017 - 13:19
Atualizado em 01/04/2017 - 14:32
A informação da coluna Radar (https://goo.gl/EsZI00)
da Veja, de que a Odebrecht teria feito pagamentos milionários ao
senador José Serra na conta de “uma parente” e através do lobista José
Amaro Pinto, é a pá de cal na carreira do senador. Desvenda-se o maior
segredo de Polichinelo da história da república: o processo de
enriquecimento de Serra na política.
A
parente de Serra obviamente é a filha Verônica. Completando a delação
do executivo da Odebrecht, há a famosa tarja preta que a Polícia Federal
colocou na agenda telefônica de Marcelo Odebrecht, antes de vazar a
agenda para a mídia. Amadores, chamaram imediatamente a atenção de todos
e não se deram conta de que um bom editor de imagens eliminaria as
tarjas revelando os nomes. O compromisso tarjado era de Marcelo
Odebrecht, com uma reunião com José Serra justamente no escritório de
Verônica.
Com
a possibilidade aberta, agora, de quebrar o sigilo das contas de
Verônica Serra, especialmente dos seus fundos de investimentos, será
bastante simples desvendar todo o sistema de lavagem de dinheiro de
Serra, que o transformou em um dos políticos mais ricos do país.
Os
dois caminhos de Serra para a lavagem de dinheiro foram o mercado de
tecnologia e o de obras de arte – ambos propícios à lavagem devido às
precificações bastante voláteis e subjetivas.
Pessoas
que visitaram Serra em sua casa, aliás, se espantaram com a quantidade
de obras de arte espalhadas pelas paredes. Na denúncia que a PGR
encaminhará ao STF (Supremo Tribunal Federal), se saberá qual o estágio
atual de Rodrigo Janot em relação à blindagem de Serra. Se não incluir
abertura de contas de Verônica e arresto de obras de arte, não será uma
investigação séria.
Aqui está um roteiro simples e algumas pistas para destrinchar os métodos de lavagem de dinheiro de Serra:
-
O caso Santander-Banespa
Desde
os idos de 2.000, Serra já se valia das incursões de Verônica no
mercado de tecnologia para lavar dinheiro. Quem a conheceu na época
sabia ser uma moça limitada, sem noção clara sobre empresas startups.
Mesmo assim, conseguia feitos extraordinários.
O
primeiro deles foi sua aproximação com argentinos da Patagon – um
sistema de banking eletrônico. Verônica conseguiu vender para o
Santander por US$ 700 milhões, uma soma impossível. O próprio presidente
do banco participou das negociações.
Anos
depois, procurei mapear os interesses do Santander na época. O maior
deles era relacionado com a compra do Banespa. Para conseguir
viabilizá-lo economicamente necessitava que fossem mantidas no banco as
contas dos funcionários públicos e do Estado. A lei impedia.
De
alguma forma, o Santander obteve a autorização. Embora o tempo
transcorrido seja grande, provavelmente o rastro do dinheiro mostraria
os beneficiários desse jogo e a maneira como conseguiu atropelar as leis
e preservar as contas públicas, mesmo após a privatização do banco.
Pouco
tempo depois, o Santander pagou US$ 5 milhões para os argentinos
receberem o software de volta. Hoje em dia, ele repousa em um computador
desligado, em um banco médio paulista.
-
O caso Experian-Virid
O
grupo britânico Experian adquiriu a Serasa e avançou como um leão
faminto sobre o mercado de avaliação de devedores e de bancos de dados.
Nessa ocasião houve a entrega para Experian do banco de dados do
Tribunal Superior Eleitoral pela presidente Carmen Lùcia. A operação
voltou atrás depois do protesto de Marco Aurélio de Mello. Carmen Lúcia
provavelmente não sabia dos valores envolvidos no mercado de banco de
dados. Mas seria interessante saber dela quem a convenceu a oferecer o
banco de dados do TSE.
A
operação mais suspeita da Experian foi com os Cadins (Cadastro dos
Devedores) estaduais. No final do seu governo, Serra entregou à Experian
o Cadin do estado. Além do mais valioso, abriu as portas da Experian
para os demais Cadins estaduais.
Pouco
tempo depois, Verônica adquiriu participação em uma empresa de e-mail
marketing, a Virid – que, na opinião de analistas de mercado não deveria
valer mais de R$ 30 milhões. Em seguida revendeu-a para a Experiência
por R$ 104 milhões. Na época, consultei o setor de relações com o
mercado da Experian, em Londres, e me informaram que o valor da operação
era sigiloso.
-
Os negócios com Daniel Dantas
No livro “A Privataria Tucana”, o repórter Amaury Junior esmiuça os jogos de offshores de Verônica.
Há
dois episódios pouco analisados e escandalosos. Um deles, o site de
comércio exterior que Verônica montou com a irmã de Dantas e que
conseguiu o acesso a informações sigilosas do Banco Central e do Banco
do Brasil. Se não fosse denunciado, valeria dezenas de milhões de
dólares.
Na
campanha de 2002, Serra esquentou a casa onde morava, perto da Praça
Pan-americana, com recursos supostamente enviados por Verônica dos
Estados Unidos. Foi um esquentamento feito às pressas, depois que o PT
levantou suspeitas sobre a casa.
Aliás,
a história da casa é relevante. Serra a adquiriu quando Secretário do
Planejamento de Montoro e quando corriam rumores da montagem de uma
indústria de precatórios no Estado: mediante propinas, conseguia-se
furar a fila de anos. Serra sempre dizia que alugara a casa – enorme –
porque conseguira um aluguel especial com o proprietário.
-
Os fundos de investimento
O
fundo de investimento de Verônica Serra possui 10% do Mercado Libre,
portal cotado até pouco tempo na Nasdaq em US$ 2 bilhões. Quebrando o
sigilo de Verônica, será fácil rastrear a maneira como em tão pouco
tempo ela acumulou um capital de US$ 200 milhões em apenas um
investimento.
-
O fator José Amaro Pinto
O
lobista José Amaro Pinto sempre teve ligações estreitas com o lado FHC
do PSDB. Foi colega de Sérgio Motta e FHC na Sociologia e Política. É um
senhor já de idade, culto, cortês e que, até esta última informação,
era conhecido como lobista dos grupos franceses junto ao Brasil. Dentre
seus clientes estava a Dassault, que fabrica os Mirage, a Tales, de
radares, e a notória Asltom.
Com
a informação de que foi o intermediário entre a Odebrecht e Serra,
surge a verdadeira face de Ramos: em vez de lobista da França no Brasil,
era lobista do PSDB junto a interesses franceses.
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