AS PERDAS E OS "RESSARCIMENTOS" DA OPERAÇÃO LAVA JATO
seg, 03/04/2017 - 18:20
Atualizado em 03/04/2017 - 18:22
Foto: Divulgação
Jornal GGN - Após mais de três anos do início da
Operação Lava Jato, a estatal brasileira Petrobras já respondeu a mais
de quarenta ações judiciais por empresas e pessoas pedindo indenizações
por danos morais e perdas de dinheiro, e a Advocacia Geral da União
(AGU) e o Ministério Público Federal (MPF) pediram outros cerca de R$ 70
bilhões de multas a empreiteiras e alvos.
Se no caso da estatal, a Petrobras já conquistou 22 vitórias de um
total de 47 ações judiciais, também obteve uma derrota, outros 24
processos em andamento e ainda recursos em instâncias superiores que
impedem um resultado claro de quanto pode pagar a empresa nacional pelo
preço da Lava Jato.
Reportagem da Folha de S. Paulo
fez um levantamento dessas ações. Em quatro delas, os autores são
acionistas da própria Petrobras que alegam ter sido prejudicados pelo
escândalo de corrupção. Alegam que o esquema influenciou na cotação das
ações, que sofreu grande queda.
Outro pedido requer R$ 780 mil apenas por danos morais, outro disse
ter sofrido "forte abalo emocional" na leitura de jornais. Em resposta,
a Petrobras destacou nos tribunais que não passa de vítima dos fatos
investigados.
"Admitir que a Petrobras responda por tais atos, além de implicar
no absurdo de fazer a principal vítima empobrecer para ressarcir
terceiros indiretamente afetados, poderá proporcionar enriquecimento sem
causa às autoras caso não vendam as ações e estas, terminadas as
apurações e restabelecido o curso normal da empresa, voltem a se
valorizar no mercado", disse a Petrobras em um dos processos.
Por outro lado, enquanto a Petrobras recorre de não ter que arcar
com mais custos do que o próprio esquema de corrupção impactou na
estatal, a Advocacia Geral da União e o Ministério Público Federal
totalizam cálculos de quase R$ 70 bilhões de empresas, pessoas e alvos
da investigação, segundo reportagem do Estadão.
Apesar de a maior afetada ser a própria estatal, a empresa
brasileira obteve de ressarcimento apenas R$ 19,6 bilhões deste total de
montante arrecadado. Isso significa especificamente 28% do total
cobrado pelos órgãos de investigação. Os demais 72% são referentes a
"multas por danos morais e cíveis".
A reportagem destaque que o MPF de Curitiba, da força-tarefa do
Paraná, já entrou com 13 ações na Justiça contra grupos econômicos
brasileiros, entre eles a Mendes Junior, Engevix, Galvão Engenharia, OAS
e Camargo Corrêa.
Os próprios acordos de leniência fechados entre as empreiteiras com
a Justiça traziam como exigências o pagamentos de multas. Em uma delas,
a Odebrecht teve que assumir R$ 8,5 bilhões de ressarcimento aos cofres
públicos.
Entretanto, como mostrou o GGN em reportagens no último ano,
parte dos acordos de delação, seja com empreiteiras ou réus da Lava
Jato, estabelecia que a multa não seria dedicada 100% a ressarcir a
Petrobras, sendo parte destinada ao próprio Ministério Público Federal.
A reportagem do Estadão mostra, inclusive, que as multas equivalem a
até três vezes mais do que o prejuízo comprovado e identificado pela
empreiteira.
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