sábado, 22 de abril de 2017


O comportamento das empresas em tempos de golpe
por Matê da Luz
Recebi hoje cedo uma newsletter de uma empresa que muito me agradava pelo conteúdo, que relaciona economia com sustentabilidade e, sinceramente, trazia artigos bacanas sobre minha área de atuação. Gostava dos bichinhos.


Daí que ao abrir minha caixa de emails hoje, me deparo com o subtítulo: "um ano sem o governo Dilma, PARABÉNS!". Chocada, resolvi abrir pra ver se era algum tipo de teaser para insitigar a leitura do conteúdo, algo parecido com uma ironia de certa forma perigosa mas, sério, sério mesmo, era apenas um subtítulo "engraçadinho". Nenhum conteúdo interno dava conta da chamada, quer dizer, nenhuma linha a mais sobre o que mais chama atenção antes da abertura do email, nada, nadica, apenas aquela celebração que, aos meus olhos, comemora um golpe.
Imediatamente, cliquei em desativar recebimento e, no campo que dá conta dos motivos, escrevi: adorava o conteúdo de vocês, fazia diferença pra mim mas, já que são uma empresa que festeja a derrubada ilegal de um governo que pode ter sido desagradável mas que foi eleito legitimamente, não mereço investir energia intelectual em vocês. Golpistas não passarão!
Contei pra algumas amigas que deram risada e perguntaram se eu acho que minha opinião terá alguma relevância pra essa empresa, essa mesma que parabeniza o golpe em um email marketing. Individualmente, com honestidade, acho que não. Aliás, acho que quem recebe estes emails vai também comemorar que eu saí da lista deles porque obviamente não compartilhamos a mesma opinião. Mas daí, como empresária, surgiram alguns questionamentos:
- uma corporação deve manifestar posicionamento político quando não está diretamente relacionada ao governo, seja esta posicionamento em favor de ou contra a?
- qual o limite das opiniões pessoais de um gestor?
- qual o real impacto deste posicionamento nas vendas de uma empresa? o consumidor realmente pensa neste tipo de psicionamento no momento da compra e/ou aquisição de serviços?
Como empreendedora, faço valer a máxima de que futebol, religião e política não se discutem e, enfim, não manifesto minhas opiniões pessoais no conteúdo que produzo, incansável, para minhas empresas. Aliás, este é um dos meus maiores desafios, já que uma delas anda de mãos dadas com minha veia religiosa, esta que tanto celebro e compartilho sem medo de ser feliz na vida pessoal. Mas penso que, assim como eu, meus potenciais clientes também mantém posicionamento e preferências que podem não ter nada a ver com meu produto ou serviço e, então, não são sequer interessados em conhecer minhas opiniões sobre estes assuntos.

Como cliente, confesso, vou estar mais atenta a este tipo de conduta e cortar da lista de compra as marcas que se posicionam contra meus ideais. Já que eles escolheram um posicionamento público, eu também posso - e devo! - me manifestar contra ou a favor desta ou daquela opinião, não é mesmo?

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