terça-feira, 4 de abril de 2017

Foto: montagem com reprodução de capas da Veja
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Do blog de Marcelo Auler
Perderam a classe média
Arnaldo César  (*)
Âncora, por 19 anos, do telejornal “Evening News”, da rede de televisão CBS, Walter Conkrite foi considerado o norte-americano de maior credibilidade junto à opinião pública do seu País. Ele morreu em 2009, aos 92 anos de idade. Ficou célebre um editorial que pronunciou da bancada do seu telejornal, no final dos anos 60, depois de uma série de reportagens que produziu no Vietnã.
O então presidente Lindon Johnson ao assistir esse pronunciamento comentou: “Perdemos o Conkrite, perdemos a classe média”. Perderam também a guerra. Depois disso, Johnson desistiu de se candidatar à reeleição. Volta e meia, a historinha narrada acima é relembrada pelas escolas de jornalismo dos Estados Unidos, especialmente quando querem demonstrar o papel da imprensa nas tomadas de decisões de uma nação.
Não é o caso da grande mídia brasileira. Por aqui, ela sempre rezou de acordo com a cartilha e os interesses dos poderosos. Por isso, a capa da Veja desta semana, a de número 2524, com a manchete “A vez de Aécio”, chama a atenção.
Aliada, de primeira hora, do ex-governador de Minas nas eleições presidenciais de 2014, a revista de maior circulação do País revela que Aécio Neves e sua irmã Andrea eram mimoseados com propinas depositadas pela empreiteira Norberto Odebrecht, em contas sediadas em Nova Iorque.
A reação dos irmãos Neves não fugiu ao figurino de todos que foram alcançados por delações premiadas. Andrea, visivelmente, emocionada, com os olhos rasos d’água, esbravejou: “por que tanto ódio?”.
Só para não deixar passar em brancas nuvens, na edição 2.397, de 23 de outubro de 2014, ou seja, três dias antes do pleito do segundo turno que se realizou no dia 26, Veja estampou uma capa, igualmente espalhafatosa, com letras vermelhas, entre as imagens recortadas de Dilma e Lula em que apregoava: “Eles sabiam de Tudo”.
Reproduzida aos milhões, essa capa foi espalhada por todos os cantos do País, como se fosse um galhardete de campanha. Nem o adereço de mão e tampouco a denúncia contida naquela edição conseguiram derrotar nas urnas a dupla Dilma e Lula.

 

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