A MINHA DESPEDIDA DE LUIS ROBERTO BARROSO
dom, 02/04/2017 - 17:31
Atualizado em 03/04/2017 - 15:48
É a última vez que critico o Ministro Luís Roberto Barroso, e por uma razão bastante objetiva.
Até
então, minha indignação com ele era devido ao fato de aparentar ser uma
referência em direitos civilizatórios (termo, aliás, que ele gosta de
utilizar). Quem tem essa dimensão, tem que ter uma responsabilidade
correspondente.
Mas,
à medida em que o tempo passa, fica claro meu erro de avaliação: o
Ministro Luís Roberto Barroso é apenas um Ayres Brito ao creme brulle.
Os
grandes humanistas – os agentes “civilizatórios”, como gosta de
apregoar Barroso – sempre conseguiram enxergar o outro como expressão de
toda a humanidade. Seriam capazes de se indignar com reformas que
condenam idosos pobres à morte antecipada, que tiram direitos de pessoas
com deficiência, que abrem mão da universalização da educação, que
reduzem o acesso dos mais pobres à universidade.
Por
outro lado, os verdadeiros estadistas enxergam nas políticas públicas o
modo de garantir a coesão social, criar um país próspero e justo,
através do aproveitamento das potencialidades de toda a população, com a
universalização de oportunidades.
O
humanismo seletivo, que não consegue olhar além do seu meio social, é
próprio do humanismo de boutique, que trata os grandes valores
civilizatórios apenas como um modismo, o deslumbramento de brilhar em um
salão, desfilando como "moderno", do mesmo modo que anunciam o último
filme da moda, ou passam dicas sobre o último livro da temporada.
Minhas desculpas, então, ao Ministro Barroso, por exigir
dele algo que estava a léguas de distância de sua verdadeira dimensão
como homem público. Barroso está despedido de minha relação de
implicâncias. Entre outros motivos por não passar de um intelectual do
eixo Rio-Miami.
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