segunda-feira, 3 de abril de 2017

É a última vez que critico o Ministro Luís Roberto Barroso, e por uma razão bastante objetiva.
Até então, minha indignação com ele era devido ao fato de aparentar ser uma referência em direitos civilizatórios (termo, aliás, que ele gosta de utilizar). Quem tem essa dimensão, tem que ter uma responsabilidade correspondente.
Mas, à medida em que o tempo passa, fica claro meu erro de avaliação: o Ministro Luís Roberto Barroso é apenas um Ayres Brito ao creme brulle.
Os grandes humanistas – os agentes “civilizatórios”, como gosta de apregoar Barroso – sempre conseguiram enxergar o outro como expressão de toda a humanidade. Seriam capazes de se indignar com reformas que condenam idosos pobres à morte antecipada, que tiram direitos de pessoas com deficiência, que abrem mão da universalização da educação, que reduzem o acesso dos mais pobres à universidade.
Por outro lado, os verdadeiros estadistas enxergam nas políticas públicas o modo de garantir a coesão social, criar um país próspero e justo, através do aproveitamento das potencialidades de toda a população, com a universalização de oportunidades.
O humanismo seletivo, que não consegue olhar além do seu meio social, é próprio do humanismo de boutique, que trata os grandes valores civilizatórios apenas como um modismo, o deslumbramento de brilhar em um salão, desfilando como "moderno", do mesmo modo que anunciam o último filme da moda, ou passam dicas sobre o último livro da temporada.
Minhas desculpas, então, ao Ministro Barroso, por exigir dele algo que estava a léguas de distância de sua verdadeira dimensão como homem público. Barroso está despedido de minha relação de implicâncias. Entre outros motivos por não passar de um intelectual do eixo Rio-Miami.

 

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