quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Xadrez do lema somos todos nordestinos, por Luis Nassif

Peça 1 – a argamassa cultural e dos valores da civilização

Nas capitais nordestinas não se vê a raiva crônica e a polarização que se observa no Sudeste. Há problemas de segurança, sim, mas não o ódio disseminado que se alastrou pelo centro-sul do país. É um povo afável, musical, profundamente ligado na sua cultura, orgulhoso dos seus valores. Um fim de semana em Salvador, ou Recife, em Natal ou Maceió tem o condão de carregar as baterias com o colorido, a musicalidade, a solidariedade de uma Nação que, em outras regiões, sucumbiu ao ódio, ao preconceito.
Mais que isso, o Nordeste conseguiu eleger um grupo de 9 governadores dividindo os mesmos valores: a importância do trabalho consorciado; o foco no cidadão; a relevância da cultura e da educação no desenvolvimento; o respeito ao meio ambiente e às políticas sociais; a abertura para desenvolver, compartilhar ou identificar práticas modernas de gestão.
É por isso que o Consórcio Nordeste, o pacto federativo dos 9 governadores da região, tem tudo para se transformar em um divisor de águas para o país.

Peça 2 – a central de compras

O passo inicial do consórcio foi desenvolver um jogo de ganha-ganha, permitindo aos governadores identificar rapidamente as vantagens do trabalho consorciado. Foi criada uma central de compras, inicialmente para medicamentos.
Constatou-se que havia medicamentos pelos quais a Bahia pagava 17 reais e Sergipe pagava 54 reais. A diferença se devia aos acordos dos atravessadores, que acabavam representando os laboratórios nas licitações.
Com a central, a compra passou a ser feita diretamente dos laboratórios.E os representantes mantiveram seu quinhão responsabilizando-se pela distribuição dos medicamentos pelos hospitais estaduais, com margens decentes de Comissão.
Já tem cinco editais na saúde, entre medicamento, materiais (cirúrgicos, fios, seringas) e equipamentos. Nas primeiras rodadas, conseguiu-se até 50% de redução nos preços dos equipamentos.
Outro caminho óbvio será um Programa de Aquisição de Alimentos para escolas e hospitais, através da organização de cooperativas.

Peça 3 – o nordeste conectado

Uma das experiências mais bem-sucedidas da região foi o Piauí Conectado, implementado pelo governador Wellington Silva, o “Índio”.
Hoje em dia, em qualquer lugar do Estado pode-se acessar a rede Piauí Conectado, com mais de 110 mbps para donwload e mais de 100 para upload.
O modelo foi de PPP (Parceria Público Privada), O difícil na conexão é a montagem da rede, ou de fibra ou de antenas, que exige o pagamento de aluguéis pelo uso do espaço público,
O que Wellington fez foi negociar com as empresas. Facilitou a passagem, deu algumas isenções para a passagem dos cabos, em troca do fornecimento de serviços à população e participação do Estado nos negócios,
Apenas no ano passado, além dos serviços prestado aos cidadãos, o modelo permitiu uma arrecadação adicional de R$ 400 milhões ao estado.
O consórcio está preparando duas alternativas de projeto. Uma delas será aproveitar a rede da Chesf, de propriedade da RNP (a rede que liga todas as universidades).

Peça 4 – a infraestrutura

Um dos temas preferenciais será a criação de um grande gasoduto, aproveitando as recentes descobertas da Petrobras em Sergipe. Todos os estados têm empresas públicas de gás, em parceria com a Petrobras. Com a Petrobras saindo do mercado, dentro do processo de destruição de Paulo Guedes, o sócio minoritário é a Mistui. Com as 9 empresas de gás, será possível abastecer todo o Nordeste, dependendo da construção de um ramal Piauí-Maranhão. O gás será peça chave nas propostas de desenvolvimento sustentável da região.
A China já fez o Metrô da Bahia e a ponte ligando Salvador a Itaparica, de 11,2 km de comprimento.
Além disso, existe uma Associação das Empresas de Saneamento, com uma fundação com capacidade de produzir projetos próprios.

Peça 5 – o softpower do Nordeste e o investimento externo

Esses e outros projetos foram reunidos em um Mapa de Investimentos a ser apresentado a investidores externos.
A imagem do Brasil no exterior sempre foi um grande trunfo, graças à alegria do povo e à tradição de soft power da diplomacia brasileira. Essa imagem foi trincada pelo governo Bolsonaro. Mas a imagem do Brasil permaneceu incólume e, agora, começa a ser transferida para o Nordeste.
Proximamente, os 9 governadores irão à Europa. Se apresentarão como o Brasil que dá certo, respeita o meio ambiente, as pessoas, os direitos humanos. Explorarão a imagem do país nordeste, com valores humanos, simplicidade e alegria.
Já manifestaram interesse, através de suas embaixadas, a França, Alemanha, Espanha, Rússia, China, Emirados Árabes, Arábia Saudita e União Europeia, se dispondo a oferecer toda a logística.
Justamente para reforçar e projetar a identidade da região, o Consórcio prepara também uma campanha para levantar a auto-estima do nordestino, O leva será tipo somos todos nordestinos.

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